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Sambando por aí...
     
NO IFÁ DAS ENTRELINHAS, UM RESUMO DO QUE SE VIU NA SAPUCAÍ

2 de maio de 2022, nº 64


Boa noite, moça, boa noite, moço. Exu venceu! Exu abriu os caminhos e o Acadêmicos do Grande Rio enfim tornou seu sonho realidade: soltou da garganta o grito de "é campeão". Duque de Caxias, o seu templo de fé, está em festa. Na coluna de hoje, um breve resumo do que se viu no carnaval da Marquês de Sapucaí em 2022, onde o SAMBARIO esteve credenciado pela primeira vez através deste que vos escreve. Aos rascunhos, abaixo.


Exu venceu! Detalhe do abre-alas da Grande Rio (Foto: Carlos Fonseca/Sambario)


GRUPO ESPECIAL



- O campeonato da Grande Rio, justissimo, tem vários pontos a se destacar. O primeiro: premiou um desfile deslumbrante, irretocável, seja pela narrativa do enredo, pelo belo visual, pela parte musical... enfim, tudo funcionou. Segundo: premia, de novo, novos talentos que vêm despontando nos últimos anos. Gabriel Haddad e Leonardo Bora são os contemplados da vez. Terceiro: a comunidade de Duque de Caxias, que tanto esperava a vitória, engasgada por quatro batidas na trave. Por fim: o grande significado que o título pode representar para além do carnaval. Caxias, infelizmente, é uma das cidades que mais registrou casos de intolerância contra terreiros nos últimos anos.

"Fala, Majeté! Sete Chaves de Exu" se cacifa a ser um dos melhores desfiles que a Sapucaí viu neste século.


- A Beija-Flor fez um desfile que merecia a volta ao Sábado das Campeãs, resgatando sua imponência estética que andou perdida nos útlimos carnavais. Todavia, o vice-campeonato parece que foi mais do que se esperava no prognóstico.


- Cada qual na sua proporção, Viradouro (que passou bem na maioria dos quesitos, mesmo com o samba-carta ter tido um desempenho frio), Vila Isabel (que seria minha vice-campeã), Portela e Salgueiro fizeram desfiles que fizeram valer sua presença nas Campeãs.


- Com o perdão do palavreado, as notas e - principalmente - as justificativas da Unidos da Tijuca são um escárnio sem tamanho. Ela ter ficado de fora do G-6 (o que poderia ter tirado a vaga do Salgueiro) foi um dos grandes absurdos do resultado final.


- Tão absurdo quanto foi o 10° lugar da Imperatriz Leopoldinense. Uma ou até duas posições mais acima seria aceitável, dado o equilíbrio pelas últimas vagas no Sábado.


- A queda da São Clemente era, lastimavelmente, uma tragédia anunciada. Uma sucessão de equívocos que acabaram custando caro. Que a aurinegra reconheça os erros, junte os cacos e se reerga.


- A nova gestão do carnaval carioca conseguiu retroceder em tudo: na iluminação do sambódromo, camarotes, acessos à pista - o festival de bicões que circulavam a todo momento é um escárnio, trato à imprensa especializada (falaremos mais no fim da coluna) e até as justificativas - que pavor esse julgamento.

Acordem, LIESA e Rio Carnaval! Tem muita coisa a rever para 2023.



SÉRIE OURO


Da patente de Ogun! Império Serrano venceu a Série Ouro e retorna ao Grupo Especial (Foto: Bruno Surcin)


- A instituição Império Serrano é uma gigante da cultura brasileira, jamais pode ficar de fora da elite e merece a volta ao Grupo Especial - inegável que ela fez valer o acesso na pista. Infelizmente, contudo, não era pra ter sido dessa forma. A apuração da Série Ouro foi uma das coisas mais vergonhosas já vistas no carnaval do Rio de Janeiro. Um descalabro sem fim. Em algum lugar do andar de cima, Walter Teixeira (presidente da AESCRJ naquela famosa apuração de 2003) dá altas gargalhadas.


SEÇÃO DE CURIOSIDADES


- Fundada a partir da fusão de duas agremiações, o Acadêmicos do Grande Rio esperou exatos 33 anos, 7 meses e 4 dias, ou então 12.269 dias, para chegar a conquista mais importante de sua história. Para chegar lá, acumulou quatro vice-campeonatos (2006, 2007, 2010 e 2020) e um título do Grupo 1 (atual Série Ouro) em 1992.


- Neste 2022, a Grande Rio quebrou o jejum de 25 anos sem campeã inédita no carnaval do Rio de Janeiro. A última havia sido a Viradouro em 1997.


- O intérprete Evandro Malandro conquistou seu primeiro título no Grupo Especial. Oriundo de Nova Friburgo, ele está na Grande Rio desde 2014 como cantor de apoio, assumindo o microfone oficial em 2019.


- A Beija-Flor voltou a ser vice-campeã depois de 9 anos. No quadro geral, é o décimo terceiro vice-campeonato da escola de Nilópolis, empatando com a Portela.


- Pela primeira vez na história, a Viradouro termina entre as três primeiras colocadas por três carnavais consecutivos. A escola de Niterói obteve um vice-campeonato (2019), um título (2020) e um terceiro lugar (2022).


- O Salgueiro completa seu 14° carnaval consecutivo no Desfile das Campeãs. De 2008 para cá, a escola obteve 1 título (2009), quatro vices (2008, 2012, 2014 e 2015), dois terceiros (2017 e 2018), um quarto (2016), cinco vezes o quinto lugar (2010, 2011, 2013, 2019 e 2020) e agora o sexto lugar (2022), colocação que não terminava desde 2004.


- Com o 7° lugar, a Estação Primeira de Mangueira não retorna ao Desfile das Campeãs pela primeira vez desde 2015, quando terminou na 10° colocação. Também foi a primeira vez que um desfile de Leandro Vieira não volta entre as seis primeiras.


- Falando nas duas partes citadas, "Angenor, José & Laurindo" marcou o fim do enlace da Mangueira com o carnavalesco Leandro Vieira, que deixou a agremiação após o sábado das campeãs. No período foram dois títulos (2016 e 2019), um quarto lugar (2017), um quinto (2018), um sexto (2020) e um sétimo (2022).


- O oitavo lugar faz a Mocidade Independente ficar fora do Desfile das Campeãs pela primeira vez desde 2016. A verde e branca de Padre Miguel não terminava nesta colocação desde o carnaval de 2008.


- É a primeira vez na história que a Unidos da Tijuca termina em nono lugar por dois carnavais consecutivos.


- Com mais um 11° lugar, o Paraíso do Tuiuti vai para o sexto ano no Grupo Especial, melhor sequência histórica da escola na elite, cujo melhor resultado foi o vice-campeonato de 2018.


- O rebaixamento encerra a nona passagem da São Clemente pelo Grupo Especial, sendo esta a mais longeva da história, com duração de 11 anos. O melhor resultado da escola de Botafogo no período foi o 8° lugar de 2015, quando homenageou o carnavalesco Fernando Pamplona. A aurinegra, aliás, agora se torna a que mais teve rebaixamentos no século - quatro.


- Pra quem gosta de coincidências: a combinação Beija-Flor vice e São Clemente rebaixada já havia acontecido outras três vezes: 1985, 1999 e 2002.  


- Leandro Vieira é o primeiro carnavalesco a conquistar o Grupo de Acesso por dois carnavais seguidos. Além do Império Serrano em 2022, ele venceu pela Imperatriz Leopoldinense em 2020.


- A Unidos do Porto da Pedra conquistou seu segundo vice-campeonato na Série Ouro. O anterior havia sido em 1999, quando a escola ascendeu ao Grupo Especial junto à Unidos da Tijuca.


- O sexto lugar é o melhor resultado da Sossego na Série Ouro, bem como o melhor desempenho da história da escola num carnaval, superando o oitavo lugar de 2020.


- O nono lugar é o pior resultado do Império da Tijuca na Série Ouro desde o 12° lugar em 2002, quando a escola foi rebaixada para o então Grupo B.


- Com o rebaixamento, a Acadêmicos de Santa Cruz deixa de desfilar na Marquês de Sapucaí depois de 41 anos. A estreia da escola do Zona Oeste foi em 1981, antes mesmo da inauguração do Sambódromo, no antigo Grupo 1-B. Neste período, a escola conquistou três títulos da Série Ouro (1989, 1996 e 2002) e desfilou no Grupo Especial em cinco oportunidades (1985, 1990, 1992, 1997 e 2003), além de disputar o Supercampeonato de 1984.


- Já a Cubango deixa à Sapucaí após 31 anos. A estreia da verde e branca de Niterói no Sambódromo foi em 1991 no então Grupo 2 com o enredo "Terra de Santa Cruz, dos abacaxis e dos filhos da fruta". No período, a escola conquistou seus únicos dois títulos no Rio de Janeiro: o Acesso B em 2002 e 2009. O melhor resultado foi o vice-campeonato da Série Ouro em 2019.


- A equipe de transmissão da Globo para os desfiles do Grupo Especial teve uma alteração: Fátima Bernardes deu lugar à Maju Coutinho na narração dos desfiles ao lado de Alex Escobar. A ex-apresentadora do Jornal Hoje já havia participado das transmissões do carnaval de São Paulo como repórter entre 2010 e 2012. Milton Cunha e Pretinho da Serrinha seguiram nos comentários, onde estão desde 2017. Também permaneceu a equipe de transmissão da Série Ouro: Mariana Gross e Pedro Bassan na apresentação, Lucinha Nobre e Leonardo Bruno nos comentários.


A nota dez

Para todas as escolas de samba. Independente de resultados, voltar a vê-las brilhando na avenida foi uma grande vitória.


A nota zero

Para a Riotur, pela falta de respeito e consideração com a imprensa especializada neste ano, começando por transferir a retirada de credenciais da Sapucaí para a Cidade das Artes, na Barra da Tijuca - provocando um deslocamento insustentável para muita gente. Por fineza, revejam isso para 2023 com urgência. Quem acompanha os desfiles o ano todo não merece isso.


A última volta do ponteiro

E a dança das cadeiras para o próximo carnaval já começou. Em destaque, a volta de Paulo Barros à Vila Isabel, a chegada do intérprete Pitty de Menezes à Imperatriz Leopoldinense e a já destacada saída de Leandro Vieira da Mangueira após seis carnavais.

Sambando por Aí volta com atenções mais que redobradas à janela de transferências do carnaval rumo à 2023.


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Carlos Fonseca
Twitter: @eucarlosfonseca