MAURICIO MELO - O FORREST GUMP CHAVESMANÍACO


Entrevista com Soldado Chespirito: seria honra demais para os chavesmaníacos...

            Um legítimo contador de histórias. E que histórias... Assim podemos definir Mauricio Melo, mais conhecido pelos foristas CH como Soldado Chespirito. Humilde, relutou em aceitar participar do ChaPapo alegando não ter informações a acrescentar, não se considerando digno de uma entrevista. "E posso ser chamado de mentiroso devido a minhas respostas", alertou. Depois de alguma insistência, Mauricio pôs a cara pra bater ao resolver contar tudo o que promoveu em prol da causa chavesmaníaca. Discreto, admite não se expor tanto a fim de atuar apenas nos bastidores. "Muita gente nem sabe que eu existo", brinca. Entretanto, realizou um magistral trabalho enquanto foi membro da diretoria do Fã-Clube Chespirito-Brasil. "Portonto", não se trata de um idiota que faz idiotice, segundo o legendário personagem Forrest Gump, protagonista do filme homônimo. Muito pelo contrário...
            Mauricio Melo é desenhista e autor dos desenhos presentes nas capas do oitavo box da Amazonas Filmes, além de ter feito diversas caricaturas dos personagens - muitas delas ilustram a sua entrevista, como você deverá acompanhar. Seu trabalho também aparecerá nas duas últimas caixas de DVD's, cuja dublagem ele não só acompanhou de perto como também registrou em vídeo as ações dos dubladores nos estúdios Gábia a fim de produzir documentários para os eventos e material para o site do Fã-Clube, do qual foi webmaster. "Ainda t
emos muito material inédito e precioso nos cofres do Fã-Clube, que só não compartilhei ainda por falta de tempo e oportunidade", justifica. Entre suas incríveis histórias, Mauricio relata a emoção de seu encontro com a família do saudoso Marcelo Gastaldi (dublador original de Chaves e Chapolin), a entrevista que fez com os produtores do Ánima Studios (responsável pelo desenho do Chaves), as aventuras que viveu na organização dos eventos CH, seu trabalho no site do Fã-Clube, o fato de ter testemunhado a indiferença de um funcionário do SBT sobre a existência de episódios inéditos de Chapolin e, por fim, o relato mais incrédulo de todos: ser amigo de ninguém menos do que Carlos Villagrán (o Quico) no Messenger, com direito a provas. Seu grande objetivo para algum outro evento próximo é trazer um ator das séries ao Brasil. Ficaremos na torcida!
            Os detalhes dessas histórias e de muitas outras você passa a acompanhar a partir de agora. Com vocês, nosso humilde Forrest Gump CH e "militar" Mauricio Melo, "Chespirito por parte do Bolaños e Soldado por parte do Serviço Militar Obrigatório".

Mestre Maciel - Qual o seu nome completo, a cidade natal e data de nascimento?

Soldado Chespirito - Mauricio de Oliveira Melo, Poá - SP, 03/03/1980.
 
MM - Onde você mora atualmente?
SC - Sigo em Poá, cidadezinha "toscana" da grande São Paulo: tosca e bacana ao mesmo tempo.
 
MM - Qual a sua escolaridade?
SC - Sou burro de nascimento. E me formei em Publicidade e Propaganda pela Universidade de Mogi das Cruzes em 2004. Mas não exerço a profissão, trabalho como desenhista para o mercado editorial brasileiro e norte-americano.
 
MM - Desde quando você acompanha as séries CH? Quando você começou a gostar de fato delas?
SC - Uuuuuuuuh, acompanho desde que me conheço por gente... não, melhor reformular porque me conheço por gente há pouco tempo :-p. Acompanho desde a estréia, em 84. Tinha 4 anos, mas me lembro como se fosse há 24 anos. Comecei a gostar, de fato, com uma história que meus amigos do Fã-Clube conhecem bem: assistindo, em algum momento dos anos 80, ao episódio que hoje chamam de "Festinha na Vila"... apesar de eu ser pequeno na época, ver um episódio tão diferente chamou muito minha atenção. Fora que aquela primeira versão do cão arrependido (que sempre que recito arranca expressões de incredulidade nos amigos do Fã-Clube) me fez literalmente mijar de tanto rir... foi vergonhoso, mas "Chaves" ganhou de vez minha simpatia aí. O amor às séries perdurou, mas a almofada onde eu estava sentado foi pro lixo no dia seguinte.
MM - Não, não seja porco: agüenta firme!!!
 
MM - Por que o apelido Soldado Chespirito?
SC - Sou Chespirito por parte do Bolaños e Soldado por parte do Serviço Militar Obrigatório =). Sempre gostei da esquete do soldado, e eu que me dei esse apelido, porque queria um nick bacana e diferente quando me cadastrei na lista de e-mails Chespirito-Brasil, hoje a lista do Fã-Clube. Acho que foi em 2000 ou 2001. Usei o mesmo nick quando me cadastrei no primeiro FUCH, onde postei uma meia-dúzia de mensagens. Alguns dos amigos chavesmaníacos que me conheceram nessa época ainda me chamam assim de vez em quando.

MM - Fale sobre o Fã-Clube Chespirito-Brasil. Como você ingressou nele? Que cargo você ocupou em sua diretoria e quais suas ações executadas?
SC - Conheci meus amigos do Fã-Clube na lista de e-mails, antes da idéia de Fã-Clube existir. Nos comunicávamos por meio dessa lista que existe até hoje, e às vezes nos reuníamos na casa do meu amigo Lippe para os Encontros da Boa Vizinhança (EBVs, reuniões de sábado à tarde pra assistir Chaves & Chapolin regados a cerveja e afins). Ficamos cada vez mais amigos... lembro que em 2001 minha amiga Neiva organizou, no meu aniversário, um encontro da galera na extinta Cachaçaria Paulista, com bolo e tudo. Mas depois fui obrigado a me distanciar deles temporariamente por conta de trabalho e faculdade. Nem fui ver o Vivar no Brasil, de tão corrido que eu estava. Quando voltei a postar na lista em 2005 vi que estavam tentando organizar um evento em São Paulo, nos moldes do que o Berriel fazia no Rio. Me ofereci pra ajudar e me reencontrei com todos. Naquela reunião na casa do Lippe percebi que todo o processo caminhava lento e que eu podia fazer a diferença pro evento, e fiz: Consegui descolar desde a locação do Colégio Maria Imaculada, até os patrocínios em poucas semanas. Minha lábia levou a multinacional General Brands a dar os refrescos no evento, provando que qualquer empresa pode patrocinar Chaves. Fui responsável pela maioria dos contatos com a imprensa (até o SBT foi lá), ajudei na divulgação... até panfletar nas ruas a gente foi. E você não sabe o trampo que é conseguir um barril. Mas uma semana antes do evento acontecer, eu e o Lippe soubemos que as freiras (donas do colégio) queriam cancelar o contrato, pois elas se assustaram com a grande repercussão e tinham medo que o "megashow" (como diziam) acabasse destruindo o colégio. Nós tivemos que ir lá e convencê-las de que tudo ocorreria bem... Depois de horas sinistras dobrando as freiras, ficamos doidos pra ir até o Shopping Paulista tomar um bom chopp e rir de tudo aquilo. Não sei se vou pro céu, mas o primeiro Festival da Boa Vizinhança aconteceu, foi um sucesso espantoso e o colégio ficou inteiro! Depois do FBV percebemos que formávamos um ótimo time e resolvemos criar a diretoria, numa lista particular de e-mails, pra que começássemos a levar mais a sério a administração do FC. Nessa lista estão registradas todas as nossas conversas, brigas, votações e piadinhas infames. Ajudei a tomarmos as decisões, a organizarmos a participação do Fã-Clube em eventos de anime em que somos convidados, etc. Já fiz muita doideira por Chespirito, incluindo hospedar o meu amigo Valette em casa por uns dias: o cara teve a manha de coçar o sovaco com um cubo mágico que eu tinha ganhado de uma namorada, e depois desse hilário e nojento acontecimento eu joguei o cubo fora... depois de uns meses o namoro terminou, ahuauhauhauhauha!! Também fui o responsável pela identidade visual do Fã-Clube. De logotipos a banners, passando pelos cartazes e as ilustrações nas camisetas que são vendidas, fiz tudindinho.
MM - Você fez só isso????

"Você não sabe o trabalho que deu conseguir um barril para o evento"
 
MM - Como surgiu o convite para a adaptação dos textos da dublagem dos boxes, além do seu acompanhamento aos trabalhos nos estúdios Gábia? Comente sobre essa memorável experiência, relembre quais episódios e dubladores você acompanhou.
SC - Com o FBV o Fã-Clube ganhou uma grande visibilidade, e até eu que sou mais besta tive que falar de Chaves pro Jornal da Tarde, Folha de SP, Rádio Gazeta, etc. Como conseqüência dessa exposição, o Berriel contou que ele havia sido convidado pra acompanhar o processo de adaptação e dublagem dos DVDs e pediu ajuda pro restante da diretoria do Fã-Clube. Primeiro ajudei a acompanhar as dublagens, depois passei a dar os pitacos nos textos. Acompanhei tudo desde o primeiro box, mas não pude ir com muita freqüência pois meu trabalho me toma todo o tempo. Eu estava lá pra ver o clima chato no ar enquanto o Paulo Duarte conversava com o Nelson Machado no celular. Estive presente no dia em que o saudoso Mario Vilela dublou... depois levei o baque no dia em que nos disseram que já haviam gravado o Vivar com outro dublador. Até que no box 10 eu adaptei todo o texto do Chespirito, revisei o Melhor do Madruga e já tava mais do que acostumado a palpitar muito na direção da dublagem, hehehehehe!! (atenção fãs-chavesmaníacos-xiitas-nerds-esperneantes-e-resmungões: têm mais um pra culpar). É realmente inesquecível e indescritível a sensação de estar ao lado dos responsáveis pelas vozes que marcaram sua infância. Vou guardar pra sempre aquele sábado em que vi o primeiro dia de Carlos Seidl dublando o Seu Madruga pro box 1, no Gábia. Foi emocionante, e eu não parava de dizer, indignado, pro Lippe e pro Berriel que aqueles momentos deviam estar registrados em vídeo. O Lippe também não esquece da minha cara quando ouvi a primeira vez o Tatá, dizendo "sim, senhor" na piada da matraca gigante do episódio da bandinha, no box 1. Essa sempre foi uma das minhas piadas favoritas, e na hora o choque foi tanto que fiquei boquiaberto enquanto o Lippe me dava passes dizendo "esquece Gastaldi!". Ele ri até hoje. Graças a essa minha inquietação em registrar tudo em vídeo, consegui autorização pra filmar tudo lá, e registrei a todos em vídeo enquanto trabalhavam: Cecília, Sandra, Nelson, Tatá, Osmiro, Seidl, Helena... temos muito material inédito e precioso nos cofres do Fã-Clube, que só não compartilhei ainda por falta de tempo e oportunidade. A Amazonas também fez umas filmagens, mas parou depois que a Televisa proibiu de incluírem qualquer material adicional nos DVDs. Minha intenção era editar e colocar todos esse vídeos no site do Fã-Clube, mas depois quando surgiu a oportunidade de fazer um 2º FBV eu roteirizei um documentário pra montar em parceria com o meu amigo Igor C Barros e passar no evento. Ele tá com uma cópia de todo o material bruto, e também ficou besta em assistir ao Mario Vilela dublando o Botijão. Ainda bem que vi isso ao vivo, entre outras pérolas registradas. Se ainda conseguir fazer outro FBV, todo mundo que babou ao ver o documentário do Gastaldi (e o rosto dele pela primeira vez) no primeiro evento também vai se surpreender com essas novas imagens. "E sem chorar!"
 
MM - A arte das capas do oitavo box é sua. Como você realizou este trabalho? Quem lhe deu o aval?
SC - Realizei este trabalho com lápis (diz que é giz!). No meio de uma reunião que tive com o Paulo Duarte (da Amazonas Filmes) para as negociações do segundo FBV que quase aconteceu em 2007, mostrei a ele todo o material de divulgação que eu havia criado para o evento. Duas ilustrações chamaram a atenção dele (que usei no site do Fã-Clube, pra divulgar os "RPGs" que o Berriel fazia nos fóruns), pois tinham estilo de cartaz de cinema. Ele também é doido por cinema e por coincidência escreveu o prefácio de um livro sobre o Benício, artista brasileiro que criou cartazes de filmes (dos Trapalhões, por exemplo) e é uma de minhas influências. No meio do papo ele fez o convite para eu ilustrar as capas seguintes, e eu aceitei porque já conhecia o sofrimento dele com o descaso e a falta de apoio por parte da Televisa, que nem imagens decentes de Chespirito tinham pra mandar pra compor as capas. Fiz as 4 primeiras capas em alguma semana de junho do ano passado, nas horas de folga, sozinho, sozinho, sem ajuda de ninguém. O interessante é que as imagens já foram mandadas finalizadas, pois normalmente no meu trabalho é mostrado um rápido layout feito a lápis primeiro, pra aprovação. E a lenta, quadrada, burocrática e conservadora Televisa nos surpreendeu aprovando tudo. Só pediram uma alteraçãozinha: na capa do box pediram pra tirar o boneco do Chapolin que estava sobre a mesa do doutor Chapatin. Não entendi, porque o boneco nunca foi comercializado, só aparecia nas aberturas. Por falta de tempo, só redesenhei aquele pedaço rapidamente e a capa saiu com o Chapolin apontando para o nada. E fiquei triste, porque resolveram apagar minha assinatura das capas... se tirassem a assinatura do Drew Struzan dos pôsteres do Indiana Jones, tenho certeza que ele não ia gostar!
MM - Só pela Televisa ter autorizado, você tem que agradecer aos céus...


"A capa do box 8, primeiro somente com os traços simples e cor base; depois como foi mandada pra Televisa; em seguida a imagem já alterada; por último os detalhes do boneco e da minha assinatura".

MM - Nos dois últimos boxes (9 e 10) também poderemos conferir seu toque artístico nas capas?
SC - Seria honra demais para mim. Digo... se os DVDs forem lançados, sim. Já tá tudo pronto faz tempo, todas as outras 8 capas foram feitas tudinho de montão na segunda semana de janeiro e enviadas pra Televisa, e parece que aprovaram tudo. O Paulo gostou muito da capa do Melhor de Chespirito que fiz pro box 9, e disse que ia fazer um pôster, auhuhauhauha... ele também curte as séries, e nessa capa acredito que há uma ótima surpresa.
  
MM - Fale sobre a idéia da criação de um site: o do Fã-Clube. Quais as funções que você exerceu na página?
SC - Fazer um site era um projeto antigo nosso, porque o FC não tem uma sede de verdadinha no mundo real e precisava reunir seus dados, prestar sua homenagem ao velho Don Roberto e ter um canal de comunicação com a galera em geral que não curte lista de e-mails. E eu dei o primeiro passo mostrando o design da página inicial pros amigos da diretoria, que se empolgaram e ajudaram a construí-lo. Fiz de tudo um pouco. Era webmaster, webdesigner... tudo "with a little help from my friends". O que me dava mais trabalho eram as imagens. Fazia questão de tratar uma a uma no Photoshop, e acho que o site ficou bonito assim, mesmo que a maioria das pessoas nem percebam. Mas o site ficou inacabado, pois não tive mais tempo de terminar até que saí da diretoria. Há várias páginas sem imagens, e muitas fotos, notícias e matérias não foram colocadas. Coisas bacanas como a entrevista feita com os donos da Ánima Estúdios ficou inacabada e a segunda parte da matéria nunca foi publicada, apesar de já traduzida e cheia de imagens inéditas, por que não arranjei mais tempo pra fuçar nos meus backups, pegar os layouts antigos e montar tudo nas páginas.

"São algumas das trocentas imagens que fiz pro fã-clube, e destacado embaixo um exemplo dos tratamentos de imagens que me davam muito trabalho".

MM - Por que você deixou o site e a diretoria do Fã-Clube no fim de 2007? Quem é o responsável por ele agora?
SC - Saí porque cansei de sustentar burros a pão-de-ló... digo... você só fez essa pergunta porque usei isso como argumento numa tentativa frustrada de elegantemente declinar do convite pra essa entrevista, né? Hahuahuauha... Deixei a diretoria por falta de tempo, logo após o evento "Vamos ao Chiuaua com o Polegar Vermelho". Meu trabalho ocupa quase todo meu dia, e gosto de me dedicar a ele. Saí sem fazer alarde, porque não gosto de confete e sempre atuei "nos bastidores"... muita gente nem sabe que existo. Sabia que ia largar a diretoria, e queria fazer um grande evento pros fãs no ano passado, como despedida. Mas depois de muitos esforços a idéia de fazer o 2º FBV não deu certo e acabei apelando pro plano B: dois finais de semana no restaurante mexicano Chiuaua - outro evento de sucesso. Até o site do 2º FBV tá praticamente pronto, tem arte de ingressos e etc, mas tá tudo engavetado enquanto o evento não acontece. Sempre disse pra galera da diretoria que outro evento de Chaves só faria sucesso e atrairia público e mídia se trouxéssemos um ator das séries como atração. Tenho um grande projeto encaminhado e resolvi no começo de 2007 que era hora de "internacionalizar os contatos do Fã-Clube". Em parceria com o meu amigo Thomas Carlyle, da diretoria, (que fala espanhol mais fluentemente que eu) saímos ligando pra todos os mexicanos relacionados à Televisa que íamos conseguindo contato. Isso rendeu uma ótima entrevista com os chefões da Ánima Estúdios que já tá traduzida e tudo, mas não tive mais tempo de montar na página e a segunda parte da matéria nunca foi publicada. Temos um bom contato no escritório do Roberto Gómez Fernandez, e a Betty, acessora do velho don Roberto foi muito simpática e encaminhou nossa carta pra ele. E de quebra, ainda consegui algo muito interessante: sou o único brasileiro que tem Carlos Villagrán no Messenger. Também troquei uns e-mails com ele e tenho registradas todas as vezes que conversamos, além de gravar algumas fotos de avatar que ele usava. Ele foi simpatissississississíssimo, e talvez com medo de eu não acreditar que era ele próprio no início, me mandou fotos dele em casa e vestido como Kiko. Foi quando ele me disse que estava abrindo a cadeia de restaurantes, e mandou a imagem do logo que o filho dele, desenhista, criou. Usamos isso como notícia no site. Tanto Nelson Machado quanto Paulo Duarte tentaram sem sucesso encontrar o cara, e eu ganhei a corrida, ahuauhauh... Ele a princípio se mostrou muito interessado em vir ao Brasil de novo. E conheceu as capas dos DVDs dele no Brasil porque eu mandei pra ele. Mas acredite, mesmo buscando negociar diretamente com ele o projeto de trazê-lo não deu certo. É estranho falar com um tiozão sessentão no Messenger, não sei se você já tentou isso... me passava a impressão de falta de habilidade com internet. Além disso, na última vez que ele apareceu online ele não me deu muita bola e ficava trocando suas fotos de Avatar pra mostrar pra alguém. Todas tinham uma mesma menina, que me chamou a atenção. Depois soube que era a neta dele que havia morrido... o cara devia estar passando por um momento muito ruim e isso deve ter contribuído pras negociações não irem adiante. Mas quando consigo um tempinho meus esforços ainda estão concentrados em trazer um ator, de preferência Kiko ou Chespirito. Tenho ótimas cartas na manga e, se conseguir, faço outro grande evento em parceria com o Fã-Clube e quem mais for capaz de ajudar. E ficou muita gente na diretoria que sempre "deu sangue", como meus amigos Ricardo Manfredini, Flávio Pelozin e Tiago Frazão, esse último responsável pelo site... ele está há um (bom) tempo projetando um novo design, e deu uma boa reformulada na loja do Fã-Clube, que tá a todo vapor. Mas mesmo longe, dei uns toques e fiz umas imagens pra Balada da Boa Vizinhança... velhos hábitos não se perde tão fácil. E deixei uns tesouros pro Fã-Clube... traduzi um documentário sobre os atores e o filme "El Chanfle" (meu preferido do Chespirito), que o amigo Gustavo Nightmare legendou. Ficou formigável!
MM - A "poprósito", qual é o messenger do Carlos Villagrán para eu e toda a torcida do Flamengo o adicionarmos?


"Duas das imagens que o velho me mandou pelo messenger, uma ilustração que mandei pra ele e uma das fotos da neta Zara, que havia falecido recentemente, e ele usava no avatar".

"Carlos Villagrán foi muito simpático, e talvez com medo de eu não acreditar que era ele próprio no Messenger, me mandou fotos dele em casa e vestido como Quico. Tanto o dublador Nelson Machado quanto o produtor da Amazonas Filmes, Paulo Duarte, tentaram sem sucesso encontrar o cara, e eu ganhei a corrida".

MM - Qual o primeiro site CH que você conheceu?
SC - O do Cleotais, em 99 ou 2000. Naquela época a internet funcionava a lenha e acho que só tinha o site dele e do Doutor Chapatin. Na época também achei trechos curtíssimos de vídeos de Chaves em espanhol, e eu vibrava!!! Hahuauhahuauhahu... hoje com o Youtube tudo ficou muito mais fácil.
MM - Nunca me esqueço da minha euforia quando acessei em agosto de 2000 o www.chapolinbrasil.cjb.net, o primeiro site CH que conheci e que se mantém até hoje no ar intacto, do mesmo jeito que o conheci.
 
MM - Qual outro site, não sendo de Chaves, que você recomenda?
SC - Visito sempre o www.omelete.com.br e o www.universohq.com, prato cheio pra vidrados na indústria do entretenimento, como eu. E faz tempo que eu não atualizo, mas quem quiser ver uns trabalhos antigos que fiz e meu lindo rosto, é só entrar em www.comicspace.com/mauricio_melo.
MM - Alguém se habilita?
 
MM - Qual o melhor site CH na sua opinião?
SC - Não gosto mais de nenhum. Estão todos iguais e raramente trazem algo de novo porque não há tanto assunto - e tiveram que apelar pra postar vídeos, o que eu acho uma solução bacana porque já fiz muito download por aí. Quando fiz o site do Fã-Clube a idéia inicial era fazer algo muito diferente dos que a galera costuma reproduzir por aí, e acho que consegui - a começar pelo design... notou que todos os sites têm um quilométrico menu (sem ofensa aos presentes), às vezes até dos dois lados da página, com títulos inúteis de seções só pra ostentar seu "conteúdo"? Não responda! Fora que a impressão que me passam é de que muitos parecem adolescentes que mal sabem ler e escrever brincando de colunistas e celebridades (outra vez sem ofensa aos presentes, claro, pois relutei a dar essa entrevista por outros motivos, huauhauha). E aí vão seguindo as modinhas no que chamam de "meio CH"... no momento são as transmissões em streaming... em outra época julgavam sites pelo logotipo no topo... costumo dizer que eu sou da "beirada CH" e sou contrário a tudo isso. Mas é claro que não sou um ranzinza, digo isso tirando sarro: sempre racho o bico quando me deparo com bobagens tipo "entrevistaremos Fulano-CH, polêmico no meio CH", ahuhuauha!! Sempre tive um projeto de fazer um site com os filmes e todos os episódios dos programas de Chespirito para serem vistos gratuitamente, divididos por temporada, cronologicamente organizados, com todas as opções de áudio, junto a um grande guia de episódios, como o watchthesimpsonsonline.com.
MM - Putz, e eu pensava em anunciar sua entrevista desta maneira: "Soldado Chespirito, o perseguidor de empregadas".

MM - Você tem outros ídolos fora Chespirito?
SC - Sou viciado em cultura pop e gosto de grandes comediantes, como Jerry Seinfeld, Charles Chaplin e Jerry Lewis. Mas sou fã mesmo é de roteiristas de quadrinhos e desenhistas, como Drew Struzan, Alex Ross e Alan Moore.

MM – Você prefere Chaves ou Chapolin? Por quê?
SC - Chapolin, porque deu maior liberdade criativa não só ao velho don Roberto, que viajava nos textos, mas também aos atores que interpretavam papéis diferentes.

MM - Qual o seu episódio favorito do Chaves?
SC - Não tenho só um favorito. Sempre digo que gosto do Aniversário do Madruga e do Filme de Terror, além das trilogias dos Churros, Acapulco e Aniversário do Quico (que termina no julgamento do Chaves).

MM - Qual o seu episódio favorito do Chapolin?
SC - O da Cleópatra, do Porca-Solta e o da Picada da Serpente são sensacionais. E qualquer episódio que tenha como tema o velho oeste norte-americano, piratas ou as múmias do Egito também é bacana.

MM - Qual o episódio mais chato do Chaves?
SC - Não tem. Noto que tem muito cidadão por aí que curte dizer que não gosta do episódio "Los Niños Faltan a la Escuela" (acho que o nome é esse), que passaram a chamar de "Matando Aula no Domingo"... culpam o enredo, mas parece que ninguém nota a grande burrice que é esse que eu chamo de "o primeiro título-spoiler criado pra uma série". Se o filme "O Sexto Sentido" se chamasse "O Bruce Willis tá Morto Desde o Início", ele também não teria graça nenhuma porque o final tá entregue no título! Buuuurroooooos!!
 
MM - Qual o episódio mais chato do Chapolin?
SC - Não tem.

MM - Qual o seu personagem favorito do Chaves?
SC - Dependendo da época eu gosto mais de um ou outro personagem. Já fui muito fã do Madruga e do Quico, mas acho que no momento é a Bruxa do 71. Só esse nome já me faz rir. =D

MM - Qual o personagem que você menos gosta no Chaves?
SC - O Higino.
 
MM - Qual o melhor vilão do Chapolin?
SC - O Racha-Cuca.

"Você não imagina o quanto foi surreal um vídeo de aniversário de uma das filhas do Marcelo Gastaldi, onde ele com a câmera na mão e vai narrando e fazendo piada com os convidados... parecia o Chapolin conversando!!"
 
MM - Qual o melhor ator/atriz das séries?
SC - Todos os atores contribuíram muito em determinado momento, e a boa química entre eles aliada ao excelente timing de comédia e aos textos deixava todos no mesmo patamar. Ramón Valdés, por exemplo, rouba a cena e parece que realmente quer cagar no episódio dos churros, me dá aflição até. E não é qualquer ator que se fantasia de pantera-cor-de-rosa atendendo à tiração de sarro do amigo roteirista. Até a María Antonieta, que eu não simpatizo tanto, dá um banho interpretando uma velha esclerosada ou um menino peralta. Não é qualquer atriz que deixa cortar o cabelo de verdade em cena, se errar alguma coisa não tem como voltar. Pra mim, até o Jaiminho engoliu um rato no café. Durante a dublagem da saudosa Helena Samara num esquete pros DVDs, mostrei pra Pat Scalvi (diretora de dublagem) que a Angelines havia tirado a dentadura pra interpretar uma velha. Isso arrancou elogios da Pat, que reconheceu que são poucos os atores que têm esse nível de desapego, ainda mais pra quem foi considerada uma das mulheres mais lindas do México.

MM - Qual o seu bordão favorito?
SC - Também depende da época. É impressionante como dá pra encaixar as falas de Chaves em várias situações do dia-a-dia, e já repeti praticamente todos os bordões por aí. Meu favorito do momento é "fiz intencionalmente!", o cúmulo do cinismo.
 
MM - Qual o melhor dublador das séries CH, na sua opinião?
SC - Sem dúvida o Marcelo Gastaldi. Ele é o dono da voz que marcou muito minha infância, seja no Chaves, no Minduim ou no Super-Herói Americano. Quando fui à casa da família Gastaldi em 2005 com o Lippe e o Thomas Carlyle, tive oportunidade de dizer isso à Olga (viúva dele) e seus filhos. Foi uma tarde sensacional e inesquecível também, onde batemos papo sobre a vida desse que além de grande profissional era uma pessoa muito bacana. E olha que no mesmo dia nós passamos no apartamento do Mario Vilela pra deixar um cartaz do FBV e convidá-lo pro evento... ele gostou demais e contou muita piada pra gente. Já na casa da Olga ficamos boquiabertos ao ver "Feroz e Maumau", que nem as filhas dela conheciam, e sabíamos que isso precisava ser divulgado. Saímos de lá com uma real sensação de tristeza por termos chegado tarde demais, pois cresceu uma vontade grande de tê-lo conhecido pessoalmente. Você não imagina o quanto foi surreal um vídeo de aniversário de uma das filhas do Gastaldi, onde ele com a câmera na mão e vai narrando e fazendo piada com os convidados... parecia o Chapolin conversando!! Pegamos tanto material que eu saí de lá com praticamente toda a idéia do documentário na cabeça, e vim anotando no caminho pra casa. A família nem sabia que iríamos fazer uma homenagem tão grande. Escaneei trocentas fotos e passei toda a madrugada anterior ao evento narrando e editando os vídeos do Gastaldi e do Osmiro Campos/Marta Volpiani junto com o meu amigo Daniel Bakune. Costumo dizer que o FBV valeu a pena porque consegui prestar uma grande homenagem ao Maga. Ver todo aquele auditório em silêncio assistindo ao vídeo, e depois muita gente chorando de emoção me deu a sensação de missão cumprida. Lavou minha alma (e era sábado!).

MM - Cite uma cena inesquecível de Chaves ou Chapolin (pode ser a cena mais engraçada ou a mais emocionante).
SC - Gosto de ver o Chavinho dando a moeda pro Madruga varrer o pátio. E que fique bem limpinho! E eu não quero ver uma só rodinha! Heheheh...
 
MM - Qual o programa que você mais gosta na televisão, fora as séries de Chespirito?
SC - Gosto muito de sitcoms e séries enlatadas em geral, como Seinfeld e Simpsons. Por isso, ultimamente estou viciadíssimo em Lost, um show de roteiro. Mas quando ligo a TV zapeio muuuuito, vejo telejornal, documentário do History Channel, CQC, Pânico...
 
MM - Já havia assistido a algum episódio perdido antes do SBT exibir alguns deles regularmente? Se assistiu, qual o seu favorito?
SC - Sim, claro. Sempre gostei de ver os Espíritos Zombeteiros e o Planeta Vênus, com o Potiguara gritando "foooooooooogooooooooooooo!!!".
 
MM – O que você achou da volta de nove dos episódios perdidos de Chaves? Por que você acha que o SBT não exibe os restantes?
SC - Isso só demonstra a incompetência daquela espelunca que é o SBT. Os episódios devem estar mofando, esquecidos num canto daquela zona que chamam de acervo!

MM - Chapolin foi cancelado novamente. Você acha que a série voltará, um dia, à grade do SBT?
SC - Talvez sim. Ou talvez não. O mais certo é "quem sabe?".
 
MM - De novembro de 2005 a março de 2007, o SBT apresentou episódios nunca vistos antes de Chapolin. Por que você acha que só agora a emissora exibiu esses episódios?
SC - Pela mesma incompetência de sempre estavam passando inéditos sem saber. Cheguei a ligar pra lá na época, em nome do Fã-Clube, e o departamento de Marketing ficou tão alarmado com a informação que me encaminharam pro setor de programação. Foi lá que tudo desandou... o cara, mal-humorado, não me deu muita bola: "Você tá me dizendo que estamos exibindo Chapolin inédito depois de 20 anos??? Não é possível". Foi checar, esperei, e o cara voltou dizendo "Olha, parece que a informação pode proceder porque muitos episódios foram remasterizados recentemente do acervo, tinha muito episódio em fita velha, e por isso vamos apurar. Se for o caso, a gente coloca a chancela de Inédito nas chamadas e pronto". Insisti dizendo que eles tinham um tesouro nas mãos e que isso seria um diferencial muito grande pra divulgar e alavancar a audiência, e ainda sugeri que mandassem uma lista de episódios para que fossem apontados quais eram inéditos... mas o cara desconversou e se despediu. Nunca fizeram nada.
MM - SBT: Somente Burros e Tapados.

"Insisti dizendo que o SBT tinha um tesouro nas mãos e que isso seria um diferencial muito grande pra divulgar e alavancar a audiência... mas o cara da emissora desconversou e se despediu. Nunca fizeram nada".
 
MM - O que você acha do Clube do Chaves? Qual o quadro que você mais gosta?
SC - Acho que don Roberto conseguiu refinar mais ainda seu texto durante os 15 anos de programa Chespirito e compensou com louvor a falta de agilidade pra quedas e cambalhotas, mas sempre voltava a cair (sem trocadilhos) nos bons e velhos remakes (mais velhos que bons). Fiquei feliz quando conheci o Chaparron Bonaparte, cujo nome não saía da minha cabeça desde quando foi citado na entrevista que don Roberto deu pro Viva a Noite. Mas no momento o quadro que mais gosto é Don Caveira, acho que nessa época o programa já não era mais tão atraente pra crianças. Os remakes de 80/90 tinham muita cara de tapa-buraco, apesar de alguns terem final diferente. Mas os remakes eram um macete genial do velho: era ele quem tinha mais trabalho, de escrever os roteiros, passar os textos com o elenco, ensaiar, gravar... e o tempo deve ter diminuído à medida que aumentavam os shows pelos países... alguma parte do processo tinha que ser encurtada, e os roteiros sofreram aí. E olha que ainda assim ele produziu muita coisa nova. Se quer saber da minha opinião sobre dublagem e afins, sempre achei o Cassiano bacana, com ressalvas (muitas das palavras de baixo calão demonstram o quanto ele não entende até hoje o espírito da série). Ainda não era essa uma voz "definitiva" pós-Gastaldi. Sérgio Galvão também me passa a mesma sensação: a voz dele é boa, mas ainda não é isso. O problema do Chespirito da CNT estava na tradução, e do Clube do Chaves na direção de dublagem. Nesse último, todos os personagens do quadro Chaves falam com a mesma entonação forçada. Sempre me dão razão quando começo a imitar a voz do Jaiminho do Clube e mostro que todos os outros personagens falam igual. Não acharam o tom. Mas ainda assim não reclamo, assisto às várias dublagens e no original em espanhol, e me divirto do mesmo jeito.
 
MM - O Clube vem sendo apresentado aleatoriamente nas madrugadas. Você crê que, um dia, a série possa ganhar um horário melhor na programação?
SC - Talvez sim. Ou talvez não. O mais certo é "quem sabe?". Houve um grande erro de estratégia pro Clube não ter dado certo no Brasil. Telespectadores não gostam de mudanças radicais em seus sacrossantos programas favoritos. Já que a mudança de vozes era inevitável, deveriam pelo menos ter analisado todo o histórico ou o material da série e perceberiam que não há diferença física nos atores entre 1980/1985, em comparação com a fase clássica. Se tivessem comprado esse lote o programa teria feito muito mais sucesso, pois não causaria tanta estranheza. Seu Madruga ainda estaria lá em alguns episódios, o que faria com que o telespectador médio nem notasse a falta do Quico, como nos episódios do restaurante... "Aventuras em Marte" tá aí pra não me deixar mentir. E aos poucos se prepararia o terreno pra fase dos anos 90. Esses erros de estratégia se estendem para Chaves, Chapolin, Simpsons... os caras analisam por alto e acham que são programas exclusivamente infantis. É fatal porque acarreta em informação errada pra possíveis patrocinadores, que por sua vez não se interessam em anunciar nas séries. No estrangeiro, Chaves e Chapolin tiveram patrocinadores bons (e se não me engano ainda têm, nem que seja o desenho animado). Mas ainda há tempo de corrigir esses erros...

MM - Qual a música e clipe preferido das séries?
SC - Desde que vi em 2006 a temporada de 81 na Repretel via internet, virei fã da segunda versão de "Joven Aún" no remake do aniversário do Madruga. Adaptaram a coreografia pra terceira idade, e ver a Bruxa dançando foi... surpreendente. A segunda versão de "Qué Bonita Vecindad" (acho que é de 82) também é bacana pelos mesmos motivos.
 
MM – Surpreende-te o fato de Chaves permanecer no ar por mais de 20 anos com os mesmos episódios e até hoje incomodar a Rede Globo? Qual será a receita para tanto sucesso?
SC - Não me surpreende, nem me sobe nem me desce. Acho que essa pergunta precisa ser reformulada, porque hoje em dia Chaves não incomoda nem a Record direito, apesar de ainda dar boa audiência. De qualquer forma, a série faz sucesso pelos países afora porque as pessoas se identificam de alguma forma, o tema e os personagens são universais. Mas o roteiro é o grande diferencial, com humor inteligente e conflitos marcantes. O timing de comédia e a química entre os atores era perfeita. A direção também contribuiu, Segoviano é melhor diretor que Chespirito. Os cenários teatrais em linguagem de TV é algo brilhante. E a dublagem deu o toque final. É engraçado ver as tentativas frustradas da TV brasileira de copiar a série. "Miguelito" e "Vila Maluca" foram criados a partir de uma análise superficial: adultos vestidos como criança repetindo bordões num humor pastelão (confundido no Brasil com "roteiro fraco"). As séries de Chespirito iam além disso, e não há bons roteiristas no Brasil que poderiam ter essa visão. As séries do Villagrán pecaram pelo mesmo motivo, roteiros ruins.
 
MM – O que você opina sobre o entra-e-sai de Chaves na programação? Você acha que tantos episódios apresentados diariamente contribuem para a saturação da série? Comente também sobre as constantes mudanças de programação da emissora de Silvio Santos.
SC - Todos os programas do SBT mudam tanto de horário porque são um brinquedo do Silvio Santos, e Chaves é só mais um brinquedo. O Silvio não precisa do SBT pra viver, é só um hobby do empresário. A grana dele vem de outras trocentas empresas que ele tem. Enquanto ele permanecer no comando do SBT, a "estratégia" vai ser essa. E quando ele morrer, Chaves vai acabar saindo do ar.
 
MM – Sobre os episódios dos box's de DVD's da Amazonas Filmes, o que você achou dos episódios escolhidos, da dublagem e, sobretudo, do trabalho de Tatá Guarnieri, o novo dublador de Chespirito?
SC - ESCOLHA DE EPISÓDIOS - mal-feita pela Televisa em muitos momentos. Reprisar episódios entre os DVDs é de uma falta absurda de visão de jogo e respeito com o consumidor. Mas não foi de todo ruim: ver o "Castigo do Quico", a parte 2 da venda da vila, "Quem Perde a Guerra, Pede Água" e "A Rosca de Reis" com Ramón no quadro do Chaparron, valeu a pena.

DUBLAGEM - Acho que todos mandaram bem no geral, com uma ou outra coisa que poderia ser alterada. Gosto do trampo do Marconato e do Baroli. Não gosto do Jaiminho do meu amigo Berriel, mas o Nhonho ele acertou com o tempo. Há algo de estranho no áudio do estúdio, que só se nota quando tenho o DVD em mãos. Ao vivo a voz do Madruga parecia perfeita, no DVD parece mais rouca. Como não manjo de técnica de áudio não sei o que houve. É melhor lavar as orelhas!

TATÁ - Gosto bastante, acho que ele mandou bem, é um cara gente fina e ótimo dublador. É só deixar o preconceito de lado e se acostumar com a mudança, já que Gastaldi não está mais entre nós... mas isso vai levar um bom tempo, se depender de mocorongos-almofadinhas-de-fóruns. Há quem realmente não goste, e nesse caso tem que ter paciência. Mas discordo das pessoas que odeiam ele mortalmente como antes odiavam o Cassiano (e parece que fazem isso por birra: hoje dizem que gostam do Cassiano em detrimento do Tatá)... acho imaturidade de fã-xiita-nerd-esperneante que não faz nada da vida além de assistir sua sacrossanta série e reclamar do quanto a pobrezinha é injustiçada por todos. Comparam o Tatá com o Cassiano, como comparavam Cassiano com o Gastaldi... a galera não perdoa. No desenho animado há uma aceitação maior, porque não tem com quem comparar e o grande público curtiu. Mas o cara mandou bem e acertou na entonação. Mesmo com a responsa e a pressão que ele sabia que tinha ao assumir a voz do Chespirito. Até a desafinadinha no "não contavam com minha asTÚcia" o cara fez igual ao Gastaldi sem precisarmos dar o toque. Mas neguinho não manja e pensa que ele tem que achar o tom logo nos primeiros episódios que tá dublando, e ainda dizem que Tatá "oscila" na dublagem... aí vem uma meia-dúzia de adolescentes-sem-opinião-própria e compram a idéia, pra serem aceitos na panela. Sou fã número 1 do Gastaldi, mas minha intenção é soltar na net um áudio com todas as "oscilações" nas vozes que ele deu para o Chaves, da série ao LP. Ele mudou várias vezes com o tempo, mas a galera se acostumou e nem nota. E vou ganhar um monte de desafetos com essa resposta, ahuahuuhauhauha!! Apesar de o Tatá ter sido sugerido por gente que manja, como o saudoso Mario Vilela, ele fez o teste com outros dubladores e passou. E confirmou tudo quando teve que fazer teste outra vez pro desenho animado: não há ninguém melhor do que ele no momento pra dublar Chespirito. O cara tem um talento bacana porque consegue no mesmo dia transitar muito bem entre um jovial Chavinho do início dos anos 70 e o Júlio César rouco e bobo de meados de 90 (box 6), e acerta na mosca, coisa que infelizmente os ótimos Sérgio Galvão e Cassiano Ricardo não fariam.
 
MM - O que você acha do desenho do Chaves e, principalmente, de sua dublagem? Qual o episódio que você mais gostou?
SC - Gostei, apesar de alguns defeitos. No geral é uma grande homenagem à série clássica e busca reviver os personagens e o mesmo clima, coisas que seriam impossíveis na vida real, por motivos óbvios. É outra técnica, outra mídia, são outras pessoas, mas acho que cumpre bem o seu papel. Os episódios com roteiros inéditos vão ser um bom desafio pra eles. Quanto à dublagem, tudo ok. A voz do Jaiminho é ótima e a do Barriga é boa. Berriel acertou 100% no Nhonho. Achei que ia estranhar muito a falta do Nelson, mas o Stern fez um trampo sensacional. Vou sentir falta da Helena (não só pela voz marcante, mas também porque era uma pessoa divertidíssima!!). O episódio que eu mais acho bacana no momento é "Don Ramon Enamorado", que vi no Youtube. É da segunda temporada.

"Involução através dos tempos"

 MM - Para encerrar: cite uma frase esclarecendo por que você gosta das séries de Chespirito.
"Fã de Chaves não bate bem da cabeça, e eu sou mais um entre tantos malhucos!"

Mauricio Melo

mauricio.melo@gmail.com

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As capas do box 8, feitas por Mauricio Melo