E O OSCAR DA DUBLAGEM VAI PARA... FLY


David Denis Lobão, um homem que respira animes, dublagem... e Chaves

           Ele não é dublador, mas um grande admirador do ofício. Tanto que merecia uma condecoração por parte desses profissionais que não obtêm nem metade do reconhecimento que merecem. "Poderia ficar horas aqui dissertando sobre isto, melhor guardar pro meu mestrado", brinca David Denis Lobão, jornalista, crítico teatral e editor do site OhaYO!, dedicado não só à dublagem como também à animes, mangás e séries em geral, incluindo Chaves e Chapolin, que seguidamente possuem notícias publicadas na página.
           Nesta entrevista, além de considerar Paty uma personagem mal aproveitada no seriado, Fly também comenta sobre o Oscar da Dublagem, do qual é um dos organizadores, e fala dos eventos promovidos pela empresa Yamato, responsável pelas convenções de fãs não só de animes como também de Chaves e Chapolin, que costumam marcar presença nestes eventos.
           Contemplem "o pequeno guerreiro" Fly.

Mestre Maciel - Qual o seu nome completo, a cidade natal e data de nascimento?
Fly - David Denis Lobão, nasci em São Paulo em 15 de julho de 1984.

MM - Onde você mora atualmente?
Fly - São Paulo, Capital

MM - Qual a sua profissão? Onde se formou?
Fly - Me formei primeiro em processamento de dados pela Faculdade Colégio Módulo. Depois na Universidade Anhembi Morumbi, me formei em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e no Curso Superior de Criação de Roteiros para Cinema, Teatro e Televisão. Recentemente busquei a formação de ator no Teatro Escola Macunaíma e agora vou começar minha especialização com uma pós-graduação em Cinema, Vídeo e Fotografia. Busco sempre unir todas as minhas formações e exercer todas em paralelo.

MM - Qual a origem do apelido Fly?
Fly - Nasceu durante meu primeiro colegial, quando comecei a usar a internet, seja por fóruns ou salas de bate-papo. E por conseqüência, foi o nick que eu usei pra assinar meu primeiro site de animês, o Poke Z. Ele tem origem no desenho “Fly, o pequeno guerreiro” (“Dragon Quest”), que passava no SBT. Escolhi-o, pelo personagem e seu amor pelos animais e também por sua dubladora, Noeli Santisteban, que eu considero a melhor dubladora brasileira de todos os tempos.

MM - Desde quando você acompanha as séries CH? Quando você começou a gostar de fato delas? 
Fly - Eu assistia Chaves muito raramente e rapidamente na casa da minha tia até os meus seis anos, por isto desta época lembro muito pouco, somente ‘flashs’. Isto porque minha família era mais humilde e não tínhamos televisor em casa. Quando meu pai comprou nossa primeira TV, o primeiro programa que eu vi foi “Chapolin”, lembro até hoje o episódio, foi um que o Doutor Chapatin foge de um louco e aí aparece o Chapolin para colocá-lo para dormir com um sonífero.

MM - Fale sobre o site OhaYO! Como ele surgiu? Quais os assuntos tratados pela página? 
Fly - O OhaYO! surgiu como um site de animê e mangá da empresa onde eu trabalho, ele foi criado para ser um Portal do UOL, mas eu não participei muito da fase inicial dele. Fui chamado mais pra frente, quando assumi como editor. Hoje é dia ele é mais pop e trata de diversos assuntos como TV e cinema. Vale destacar que eu não sou somente o OhaYO!, sou editor das revistas Mundo OK (da ZN Editora, distribuída gratuitamente em São Paulo), redator da Neo Tokyo e agora fui convidado pra ser editor da Crash junto com um amigo meu, o Junior Fonseca, com quem anteriormente tinha fundado o site Anime Pró. O OhaYO! foi a conseqüência de muito trabalho e o reconhecimento disto tudo. Por isto eu vejo ele como um presente da Yamato e não um trabalho. Eu ganho pra fazer o que gosto.

"Tem até internautas, muitos deles metidos a intelectuais, querendo apagar perfis de dubladores na Wikipedia, por julgarem desnecessárias aquelas informações".

MM - Muitos dubladores expõem descontentamento, alegando que suas vozes são usadas indevidamente. Como você enxerga o tratamento dado à dublagem e seus profissionais no Brasil e no mundo? Eles merecem mais reconhecimento?
Fly - Acho que é um assunto muito delicado e que já foi abordado diversas vezes por revistas, jornalistas, trabalhos de faculdade, estudantes... Eu dar opiniões em um espaço tão pequeno e jogado no meio de uma entrevista seria por demais superficial e eu poderia ter meus pontos de vista mal compreendidos. Mas sim, são mal reconhecidos em muitos aspectos os dubladores brasileiros. Tem até internautas, muitos deles metidos a intelectuais, querendo apagar perfis de dubladores na Wikipedia, por julgarem desnecessárias aquelas informações. Isto é falta de reconhecimento com nossa cultura. Mas isto é um tema muito abrangente e eu poderia ficar horas aqui dissertando sobre isto, melhor guardar pro meu mestrado (risos).

MM - Fale sobre a empresa Yamato. Quais as atividades que esta empresa exerce e a sua função nesta?
Fly - A Yamato é a principal empresa sobre animê e mangá do Brasil. Atualmente ela atua com eventos sobre o tema em sete Estadosbrasileiros e em mais de dez cidades. Sua principal convenção é o Anime Friends, a maior de animês do continente americano, que reuniu mais de 86 mil pessoas no ano passado.

MM - Explique a respeito do Oscar da Dublagem, o Prêmio Yamato. Como é a sua organização? 
Fly - O Oscar da Dublagem é uma premiação para dubladores pioneira, criada pelo dono da Yamato Takashi Tikasawa e pelo cantor Ricardo Cruz, com a colaboração do diretor de dublagem José Parisi Jr. Ela visava incentivar e divulgar a dublagem brasileira. Infelizmente nem todos os dubladores enxergam assim a premiação e muitos a observam como uma atração oportunista do Anime Friends pra conseguir público. Graças a Deus não é a maioria, pois muitos profissionais valorizam nosso trabalho e comparecem na cerimônia de entrega de prêmios.

MM - A Anime Friends está incluindo, em seus últimos eventos, atrações voltadas para os fãs de Chaves. Como está sendo a aceitação, nestas festas, da presença de uma série sem relação com mangás e animes?
Fly - Na verdade o Anime Friends sempre foi um evento bem pluralista. Logo na primeira edição cosplayers de Chaves já participaram do concurso do evento. O que ocorre é que só recentemente um fã-clube teve interesse em montar uma sala temática no evento. Ele foi muito bem vindo e ajudou a divulgar as marcas Chaves e Chapolin entre os fãs de animês. Ela está muito bem aceita e é muito respeitada pelos visitantes da convenção.
 
MM - Na sua opinião, qual é o(a) melhor(a) dublador(a) brasileiro(a) de todos os tempos e também da atualidade?
Fly - A melhor dubladora de todos os tempos pra mim é Noeli Santisteban, a voz do Goku na dublagem original de “Dragon Ball”, da Marine de “Reyarth” e do Fly, claro. Atualmente acho que temos grandes dubladores no mercado. Se eu pudesse destacar só dois, eu colocaria o Marcelo Campos (Mu de Áries de “Cavaleiros do Zodíaco”) entre os homens e Cecilia Lemes, a Chiquinha, entre as mulheres. Ambos por serem artistas completos. Unindo um ótimo trabalho com humildade e profissionalismo. 

MM - E os melhores animês e mangás da história? Conseguiria apontar?
Fly - Eu tenho esta relação de amor com FLY, mas ele não é meu animê favorito. O melhor desenho japonês na minha opinião é “Efeito Cinderela” (“Cinderella Boy”), que é bem alternativo e já passou no Brasil pelo Cartoon Network. Eu também adoro dois mangás, “Paradise Kiss” (Conrad Editora) e “Angel Sanctuary” (Panini). Ambos eu li e virei fã antes mesmo deles chegarem às bancas.

"Nem todos os dubladores enxergam assim o Oscar da Dublagem e muitos a observam como uma atração oportunista do Anime Friends pra conseguir público."

MM - Qual o primeiro site CH que você conheceu?
Fly - Eu sinceramente não vou lembrar. Sei que o primeiro que me cadastrei foi o do Fã-Clube Chespirito Brasil, na época que ele ainda tinha muitas visitas e postagens.

MM - Qual outro site, não sendo de Chaves, que você recomenda (além do Ohayo)?
Fly - Gosto muito de sites de humor como o Jacaré Banguela, o Charges.com.br e o Kibeloco. Acho humor essencial pra vida.

MM - Qual o melhor site CH na sua opinião?
Fly - Acho que o que eu mais gosto é na verdade do FUCH, o Fórum Único Chespirito. Mas ok, é um fórum. Como não gosto de ficar em cima do muro, deixa eu pensar em um site. Acho que o Chespirito BR, eles fazem um bom trabalho jornalístico, com atualizações constantes de noticias.

MM - Você tem outros ídolos fora Chespirito?
Fly - Sou fã da cantora Rita Lee e do autor de novelas Silvio de Abreu (de “A Próxima Vitima”), eles na verdade são meus grandes ídolos. Trocaria mil autógrafos do Chapolin por um deles (risos). Eles sim são meus ídolos de infância. Virei fã da turma do Chaves pra valer depois de adulto. Eu era uma criança estranha (risos).

MM – Você prefere Chaves ou Chapolin? Por quê?
Fly - Na verdade eu prefiro três quadros do programa “Chespirito”, sou bem mais Dr. Chapatin, Pancada e Don Caveira do que as séries clássicas. Mas entre as séries clássicas eu fico com “Chapolin”. Ela tem a melhor consistência de roteiro, com a maior parte dos episódios tendo uma história contada da maneira correta com começo, meio e fim. Além de terem um cuidado maior com cenário e figurino, mesmo repetindo muitos adereços. Além dos atores criarem melhor os seus personagens. São sempre os mesmos atores com novos papéis, o que ajuda a acompanhar a versatilidade, ou não, deles.

MM - Qual o seu episódio favorito do Chaves?
Fly - Espíritos zombeteiros. Acho que é um episódio que quebra um pouco o padrão de ‘série pra crianças’ com um humor mais adulto e com piadas mais trabalhadas. Também adoro os episódios com a Paty, acho ela é uma personagem que foi muito mal aproveitada. Acho que os rolos amorosos dela com Chaves, Chiquinha e Quico poderiam ter rendido muito.

MM - Qual o seu episódio favorito do Chapolin?
Fly - A este eu tenho um sem duvida alguma. É o dos hospedes querendo sair do hotel sem pagar, porque a conta está cara e eles não têm dinheiro e o Chapolin ajuda o casal. Eu teoricamente não teria um motivo pra gostar deste episódio, sempre gostei e pronto. Mas pensando melhor agora, meu lado critico de teatro (aliás, leiam minhas resenhas em www.aplausobrasil.com.br) preciso me manifestar que este episódio é um clássico, afinal o Chapolin ajuda pessoas a cometerem um crime. Por mais injustiçados que eles estivessem, temos duas pessoas cometendo um furto, afinal estão fugindo sem pagar por um serviço. E a grande ajuda da história ajuda-os nisto. Genial, bem típico do “jeitinho” clássico dos latinos.

MM - Qual o episódio mais chato do Chaves?
Fly - Não gosto muito dos episódios que mostram o Chaves como um pobre menino de rua. Esperando sanduíche de presunto e coisas do gênero. Acho que não combina muito com a série em alguns momentos. Mas um que eu pessoalmente não suporto é o da casa da bruxa. Também não sou muito fã dos episódios envolvendo o Nhonho e a Pópis.

MM - Qual o episódio mais chato do Chapolin?
Fly - Ah são tantos... Não gosto de histórias muito paradas ou os que lidam muito com a ‘ficção’, como os que envolveram alienígenas na terra e sua pulseira de controlar movimentos.

"A Paty é uma personagem que foi muito mal aproveitada. Acho que os rolos amorosos dela com Chaves, Chiquinha e Quico poderiam ter rendido muito".

MM - Qual o seu personagem favorito do Chaves?
Fly - Como falei anteriormente da Paty, vou escolher ela, pois acho que é uma personagem mal aproveitada, que poderia ter rendido muito mais.

MM - Qual o personagem que você menos gosta no Chaves?
Fly - O Nhonho, acho ele muito chato. Era o tipo de menino que eu tiraria sarro na escola, sem dó de ser cruel. Ele é muito mimado e metido a inteligente, isto me irrita.

MM - Qual o melhor vilão do Chapolin?
Fly - A Bruxa Baratuxa pelo conjunto da obra, que inclui a atuação original da Maria Antonieta e a dublagem da Cecília Lemes no Brasil.

MM - Qual o melhor ator/atriz das séries?
Fly - Eu sou fã da Maria Antonieta, acho ela uma ótima comediante, mas acredito que ela seja um tanto limitada e sempre faz muitas caras e bocas em cena. Sendo assim, mesmo ela sendo minha preferida, não a acho tão boa atriz. Prefiro as nuances e a delicadeza da atuação da Florinda Meza, que é mais completa como atriz, na minha opinião, deixando sua atuação mais natural.
MM - Opinião de vanguarda. Pela primeira vez vejo a atuação de María Antonieta de las Nieves ser questionada.

MM - Qual o seu bordão favorito?
Fly - Na verdade não gosto muito de bordões, eu gosto é das frases do seu Madruga, ele é um gênio.

MM - Qual o melhor dublador das séries CH, na sua opinião?
Fly - Complicado hein... Acho que pelo conjunto da obra na dublagem eu fico com a Cecília Lemes. Agora focando só no seriado Chaves, onde a atuação dela como a Chiquinha é cheia de altos e baixos, eu fico dividido entre o Carlos Seidel, que fez do seu Madruga o ícone que ele é no Brasil e a Martha Volpiani que fez tão bem e de maneiras tão distantes a Dona Florinda e a Pópis. E, claro, que sempre fez a personagem, independente do estúdio e da situação.

MM - Cite uma cena inesquecível de Chaves ou Chapolin (pode ser a cena mais engraçada ou a mais emocionante).
Fly - Engraçada eu citaria uma cena de um quadro de Chaves onde o Chespirito é um Marinheiro enjoado no mar e a Florinda faz uma mulher que dá seu endereço e número de telefone pra todos os homens. Aquilo marcou minha infância. Já emocionante, tem um episódio de Chapolin, onde nosso herói mata as pulgas adestradas de um homem, eu ficava com dó dele quando os bichinhos de estimação dele morriam (risos).

MM - Qual o programa que você mais gosta na televisão, fora as séries de Chespirito?
Fly - Adoro os seriados “Heroes”, “Lost” e “24 Horas”. E sempre estou acompanhando uma novela, adorei várias como “Xica da Silva” e “Belíssima”. Atualmente gostei de “Caminhos do Coração” e “Queridos Amigos”.

MM - Já havia assistido a algum episódio perdido antes do SBT exibir alguns deles regularmente? Se assistiu, qual o seu favorito?
Fly - Eu acho que vi todos os perdidos antes deles caírem na Internet. Eu era muito viciado quando criança, mesmo sem ser fã declarado e correr atrás de informações. E quando virei fã vi todos novamente. Mas dos perdidos de atualmente eu curtia muito os do Chompiras que passavam como quadros do “Chaves”. Fantásticos. Fora o Juleu e Romieta - Parte 2, que é muito bom também e que eu vi na quinta-feira a noite em que foi exibido pelo SBT. Eu vibrei de emoção naquele dia. Até o primeiro inédito de Chapolin aos sábados, que foi a Guerra de Secessão eu vi “ao vivo” quando foi transmitido.
MM - Em tempo: "O Louco da Cabana", o primeiro episódio desconhecido de Chapolin exibido pelo SBT no fim de 2005, era perdido. "Guerra de Secessão" realmente foi o primeiro inédito.

MM – O que você achou da volta de nove dos episódios perdidos de Chaves? Por que você acha que o SBT não exibe os restantes?
Fly - Difícil comentar, pois hoje em dia eu não vejo mais “Chaves”, não tenho tempo. A única coisa que vejo regularmente são as animações, adoro quase todos os episódios do Chaves animado. Gravei todos e vire e mexe quando vem amigos aqui em casa os coloco pra assistir. Quando aos perdidos da série clássica, já ouvi muitas versões, inclusive de funcionários do SBT. Como não sei em que acreditar prefiro não ficar espalhando mais boatos.

MM - Chapolin foi cancelado novamente. Você acha que a série voltará, um dia, à grade do SBT?
Fly - Acho que sim, a programação do SBT sempre é uma grande surpresa. Achei que nunca mais veria “Clube do Chaves” e voltou de madrugada. Logo, logo Chapolin aparece novamente sem ninguém esperar. O SBT é capaz de tudo, até criaram um final para “Reunião”, uma série que não teve fim nos Estados Unidos.

MM - De novembro de 2005 a março de 2007, o SBT apresentou episódios nunca vistos antes de Chapolin. Por que você acha que só agora a emissora exibiu esses episódios?
Fly - Isto é um grande mistério. Pois eles foram dublados faz muito tempo. Acho que nem o próprio SBT deve saber tudo que tem em seu arquivo. Existem muitas especulações e eu tenho minha teoria, mas prefiro não falar nada, pois acima de tudo sou jornalista e não fã e não posso ficar alardeando meus achismos, pois nada é comprovado.

"Acho María Antonieta de las Nieves uma ótima comediante, mas acredito que ela seja um tanto limitada, pois sempre faz muitas caras e bocas em cena."

MM - O que você acha do Clube do Chaves? Qual o quadro que você mais gosta?
Fly - Adoro “Clube do Chaves”, adoro o Dr. Chapatin desta época mais “tarado” e com texto mais adulto. Na minha opinião, o melhor quadro. Se bem que o Don Caveira também é genial, me lembra um humor mais refinado, europeu até, mesmo reaproveitando piadas do Chaves clássico. Adoro a dublagem também, por isto me irritava as criticas ao Cassiano Ricardo. Pra mim ele deu uma personalidade diferente aos personagens do Chespirito, mas seria muita pretensão dizer que ele estragou ou desvirtuou eles, seria coisa demais pro Cassiano fazer sozinho. Ele fez só o que se espera de um bom artista, ser um ator criador e deixar sua marca.
MM - O trabalho de Cassiano foi muito bom de um modo geral, porém, na minha opinião, sua atuação precária nas dublagens de Chaves e Chapolin prejudicou não só sua reputação como também o próprio sucesso do Clube.

MM - O Clube vinha sendo apresentado regularmente nas madrugadas. Você crê que, um dia, a série possa ganhar um horário melhor na programação?
Fly - O “Clube” eu já acho mais difícil, por não ter tanto apelo popular, mas como falei acima, do SBT podemos esperar tudo.

MM - Qual a música e clipe preferido das séries?
Fly - "Se você é jovem ainda” é um clássico, que eu já citei até em uma critica teatral de uma peça da Gloria Menezes.

MM – Surpreende-te o fato de Chaves permanecer no ar por mais de 20 anos com os mesmos episódios e até hoje incomodar a Rede Globo? Qual será a receita para tanto sucesso?
Fly - Porque “Maria do Bairro” é sempre reprisada? Como “Pica-pau” dá uma audiência tão boa pra Rede Record? Porque “Xena” sempre volta ao ar com um bom Ibope? “Chaves” é uma série de fases como tantas outras. Em algum momento incomoda o Globo Esporte e ganha dele. Em outras perde pra “Xena” e “Pica-pau”. Tudo na TV brasileira é instável e surpreendente. “Casa dos Artistas” não ganhou do “Fantástico”? “Caminhos do Coração” não ganhou do Corinthians? Prefiro deixar as teorias pro meu mestrado em comunicação. É algo muito complicado e difícil de compreender, quanto mais de explicar.

MM – O que você opina sobre o entra-e-sai de Chaves na programação? Você acha que tantos episódios apresentados diariamente contribuem para a saturação da série? Comente também sobre as constantes mudanças de programação da emissora de Silvio Santos.
Fly - Silvio Santos é acima de tudo um empresário e dono de uma emissora de televisão. E mesmo esta sendo uma concessão pública, ele tem o direito de fazer o que acha melhor com a TV dele e com o produto que ele comprou. Por isto acho meio hipocrisia ficar sempre criticando. “Chaves” já ficou fora do ar e já foi exibido nove vezes no mesmo dia. Existe explicação pra isto? Não! Simples assim.

MM – Você assistiu aos episódios dos box's de DVD's da Amazonas Filmes? Se sim, o que você está achando dos episódios escolhidos, da dublagem e, sobretudo, do trabalho de Tatá Guarnieri, o novo dublador de Chespirito?
Fly - Assisti inteiro só o primeiro BOX, dos demais só vi trechos ou um ou outro episódio. Não gostei. Adoro o Tatá e muitos trabalhos dele como o Kenshin de “Samurai X”. No entanto, não consigo compreender ele como o Chaves. Não gostei também do trabalho dos dois dubladores que escalaram pro Edgar (Seu Barriga). E muito menos da adaptação do texto. Creio que citações a fãs de Chaves e outras bobagens estragaram a dublagem. Não comprei, só aluguei e nem pretendo comprar, não quero apoiar trabalhos que não me agradam. Desta dublagem acho que só algo serviu, achar um bom dublador pro Godinez, o Alexandre Marconato deu um show, pena que ele não continuará fazendo o personagem.

MM - O que você acha do desenho do Chaves e, principalmente, de sua dublagem? Qual o episódio que você mais gostou?
Fly - Meu capítulo favorito é o dos Espíritos Zombeteiros. Gosto que eles estão usando melhor a Paty e que a dublagem como um todo, está ficando muito boa. Para os que não gostou meu conselho é sempre o mesmo “desliguem a TV e vão ler um livro”.

MM - Para encerrar: cite uma frase esclarecendo por que você gosta das séries de Chespirito.

"Gosto porque, acima de tudo, é uma critica social, uma crônica da sociedade brilhantemente escrita por Roberto Gómez Bolaños".

David Denis Lobão

davidlobao@gmail.com