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EDITORIAL SAMBARIO

Edição nº 21 - 17/2/2009

Malha malha, malhador... - Uma das histórias mais célebres do carnaval carioca foi a ocasião em que Chico Buarque de Hollanda (E, em foto de 1969) foi jurado de samba-enredo no desfile de 1967. A princípio, a versão mais conhecida era de que o compositor não teria apreciado o samba-enredo da Vila Isabel, composto por Martinho da Vila, cujo refrão era simplesmente a cantiga "Ciranda, cirandinha". O samba não ganhou a nota 10 de Chico, o que levou Martinho a compor um samba de protesto chamado "Caramba", cujos versos diziam: "Caramba, nem o Chico entendeu o enredo do meu samba". A verdade é que a história não foi bem assim...

E Chico Buarque dormiu... - Nosso colaborador Gabriel Carin entrevistou na semana passada o produtor Ricardo Cravo Albin, que, entre outros feitos, foi o responsável por lançar o primeiro disco de sambas-enredo do carnaval carioca às vésperas dos desfiles de 1968. Perguntado sobre o motivo pelo qual Chico Buarque se tornou jurado do carnaval de 1967, Albin (que, na época, era jurado de harmonia) conta que partiu dele o convite para o cantor e compositor, em função da ausência de um julgador de enredo e letra do samba. "Faltava duas horas para o desfile começar. E todo o Brasil sabia que Chico Buarque de Hollanda era a grande esperança da música popular brasileira e, então, eu telefonei para ele o convidando para o cargo. Dentro de pouco tempo, já estávamos na Avenida Presidente Vargas", relembra Ricardo Cravo Albin. O desfile daquele carnaval teve início às 21 horas de domingo, prosseguindo ininterruptamente até às 13 horas de segunda. Com o calor intenso, enquanto os demais jurados deixavam a cabine para tomar cervejas nos intervalos entre um desfile e outro, Chico Buarque... dormia. Ou seja, Chico teria simplesmente adormecido durante o desfile da Vila Isabel. "O Chico não agiu de má fé para prejudicar a Vila. Aliás, ele não deu nota baixa, e sim deixou de dar nota 10 ao samba", justifica Albin, reforçando que Martinho da Vila e ele estavam cientes do talento de Chico e que o samba "Caramba" foi composto por Martinho em tom de brincadeira. Ricardo Cravo Albin, por fim, ainda confirmou o apelo que Chico - encantado com a apresentação mangueirense - lhe prestou para que não deixasse ele ser injusto com as demais escolas, conforme dito no livro "As Escolas de Samba do Rio de Janeiro", de Sérgio Cabral.

Testemunhas oculares da história - Não existem relatos mais interessantes do que os daqueles que vivenciaram tempos antecessores aos nossos. É gratificante ouvirmos os contos carnavalescos de bambas mais experientes. Bem como Ricardo Cravo Albin, o internauta portelense Roberto Netto, de 56 anos, mandou um e-mail para o SAMBARIO revelando ter saudade dos antigos carnavais e, durante seu relato, disse ter presenciado de perto a famosa "atravessada" da bateria da Portela em 1973, durante o desfile do enredo "Pasárgada, sou Amigo do Rei", onde era um dos empurradores. "Todo o compasso de um samba muito lindo morreu na avenida e eu, com os meus 21 anos, chorava", conta, ressaltando que o precário retorno do som da avenida foi o responsável pelo colapso da bateria portelense. "Mas no ano seguinte, o velho Natalino de Oliveira (o Natal da Portela), inovara na avenida espalhando radios à pilha nas alas, para tentar não correr novo risco", esclarece. Outro testemunho agradável é o do nosso colunista Rixxa Jr. em seu último texto, relembrando o programa "Rio Dá Samba", comandado por João Roberto Kelly (D), que apresentava em primeira mão os sambas-enredo concorrentes e as obras campeãs dos carnavais no início dos anos 80. Bons tempos aqueles! Tempos que eu, infelizmente, não vivi. Mas que as testemunhas oculares ajudam a mantê-los intactos na memória de todos!

Críticas ou ofensas? - É impressionante como os bambas de hoje em dia não sabem assimilar ou aceitar uma simples crítica. Equivocadamente, os torcedores das respectivas escolas que amargam uma crítica negativa com respeito ao samba já tomam como ofensa pessoal. Ou seja, trocam totalmente as bolas. A espetacular última coluna do João Marcos - que avalia os sambas-enredo de São Paulo, Porto Alegre, Florianópolis e Manaus - foi prato cheio para os chamados "xiitas" do samba arregaçarem as mangas. Numa comunidade de carnaval paulista no Orkut, apareceram mais mensagens ofensivas do que as com recomendável tom de debate. Já os blogs de carnaval do portal ClicRBS (voltado para RS e SC), o Samblog (RS) e o Tamborim (SC), postaram as avaliações de João Marcos (agradecimentos à Alice Schreiner e à Ângela Bastos pela amável atenção despertada). Nas caixas de comentários, infelizmente também despontaram alguns recados insatisfeitos, de gente que crê que, com uma crítica negativa a um samba, estamos desrespeitando tal agremiação. Esse povo precisa entender que não temos nada contra nenhuma escola e tampouco queremos rebaixar qualquer pavilhão. Nossas avaliações são realizadas das formas mais imparciais e coerentes possíveis, e, é claro, de forma construtiva. Daqui a pouco, a discussão sobre a folia vai ser tão quente quanto às flautas futebolísticas, algo que ultimamente anda sacrificando a vida de muitos torcedores alheios à violência. Pô, não nos levem a mal! É apenas carnaval!

Tensão pré-carnaval - Desnecessariamente, a uma semana do carnaval, o jornal O Globo veiculou polêmica matéria relatando a existência de um dossiê em que o presidente Moisés, da Vila Isabel, denuncia irregularidades em várias escolas de samba, o que teria acarretado no desligamento da Petrobrás do carnaval esse ano, com as escolas deixando de arrecadar aproximadamente R$ 12 milhões. Isso sem contar as mil e umas hipóteses levantadas sobre polêmicas ligações do presidente da Viradouro, Marco Lira, com gente mal-vista na sociedade. Por que será que resolveram divulgar isso só agora? Necessidade de vender jornal? Já não bastam o ridículo ranço entre os intérpretes Wander Pires e Bruno Ribas (até hoje mal-explicado) e a famigerada carta dos jurados ligados ao Theatro Municipal? E agora, amargamos a morte de uma menina de 14 anos vitimada por bala perdida em plena quadra da Imperatriz. Indícios de um carnaval turbulento? Bate na madeira...

Amém, Neguinho! - Uma das grandes motivações do carnaval 2009 será acompanharmos com devoção a garra e a vontade de viver de Neguinho da Beija-Flor (D), um homem a quem todos nós devemos admirar, até àquele que não gosta de samba. Eu, como todo brasileiro, venho orando mais do que nunca por sua recuperação. É impressionante como o seu sorriso e a sua simpatia, mesmo em momentos mais difíceis como este, contagiam e arrepiam a todos. Com pensamento positivo, estamos elando uma corrente em prol de sua melhora, para o bem não só da Beija-Flor e do carnaval, como também do Brasil. Neguinho da Beija-Flor é figura para ser reverenciada eternamente. Se Deus quiser, iremos desfrutar desta alegria por muitos carnavais. Amém, Neguinho!

Bambas Sambario já tem samba - O samba-enredo de nossa escola virtual foi escolhido no último final-de-semana. Para falar sobre Bezerra da Silva, optamos por uma fusão entre as obras da parceria de Imperial e Thiago Morganti e o samba de Marujo, compositor que foi parceiro de Bezerra (autor da faixa-título do LP "Justiça Social", de 1987). Tínhamos excelentes obras, não podemos deixar de destacar a linda melodia do samba de Aluizio Jr. e parceiros, a poesia de Murilo Duarte e a classe da obra de Luiz Fernando (Kabeção). Mas a nossa escolha se baseou no estilo do samba-enredo campeão que, no nosso ponto de vista, melhor resgata a irreverência e a malandragem de Bezerra da Silva. A primeira gravação do samba oficial da Bambas Sambario tem o meu registro, que pode ser conferido aqui. Mas deve melhorar futuramente com um banho de estúdio e a voz de Antônio Carlos, intérprete da Sereno de Campo Grande, já acertado com a Bambas Sambario para defender na Passarela João Jorge Trinta o nosso pavilhão vermelho, verde e ouro. Ainda nesta semana, o SAMBARIO deverá inaugurar uma seção inteiramente dedicada à LIESV (Liga Independente das Escolas de Samba Virtuais), com o histórico das escolas, bandeiras, sinopses dos enredos e os sambas já escolhidos pelas agremiações virtuais para o carnaval virtual de 2009, que acontecerá entre junho e agosto. É aguardar pra ver!

Prêmio Sambario - Após o término dos desfiles, iremos publicar um editorial especial com o anúncio dos vencedores do Prêmio Sambario, que a equipe do site irá conceder simbolicamente aos melhores do carnaval carioca em 2009. Eis os quesitos a serem julgados:

- Escola
- Samba-enredo
(não vale reedição)
- Enredo
- Comissão de frente
- Bateria
- Ala
- Ala das baianas
- Intérprete
- Personalidade
- Rainha de bateria
- Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira

- Destaque
- Alegoria
- Escola (Grupo A)
- Samba-enredo (Grupo A -
não vale reedição)
- Enredo (Grupo A)
- Intérprete (Grupo A)
- Samba-enredo (Grupo B -
não vale reedição)

O SAMBARIO deseja a todos um Feliz Carnaval!