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O CARNAVAL NA TV BRASILEIRA
Se inscreva no canal SAMBARIO no YouTube O CARNAVAL NA TV BRASILEIRA - CAPÍTULOS SEGUINTES Coluna seguinte: O Carnaval na TV Brasileira - A TV Coloriu Coluna seguinte: O Carnaval na TV Brasileira - O Carnaval na Era da Televisão Coluna seguinte: O Carnaval na TV Brasileira - Aconteceu, Virou Manchete Coluna seguinte: O Carnaval na TV Brasileira - Na Tela da TV, no meio desse Povo Coluna seguinte: O Carnaval na TV Brasileira - O Canto dessa Cidade é Meu! Coluna seguinte: O Carnaval na TV Brasileira - Enfim, o Carnaval da Liberdade - Anos 2000 Coluna seguinte: O Carnaval na TV Brasileira - É o teu Futuro que me Seduz - Anos 2010 Coluna seguinte: O Carnaval na TV Brasileira - 202? - Como será o Amanhã? COLUNAS MAIS RECENTES Coluna anterior: Top 10 Sambario - Samba-Enredo de um Compositor Só Coluna anterior: LP's Maiores Sambas-Enredo de Todos os Tempos - Volumes 4 e 5 6 de fevereiro de 2019, nº 37 Inspirado
no material fantástico pesquisado, produzido e escrito por Felipe dos Santos Souza
sobre "A História das Copas do Mundo na Televisão Brasileira", postado
pelo site Trivela nos meses de maio e junho de 2018, me atrevi em tentar contar
um pouco da cobertura do carnaval do Rio de Janeiro na TV. O material cobre desde os primórdios das primeiras transmissões, nos anos 60, até os dias de hoje. A ideia é postar dois capítulos por semana (já estou com quatro capítulos de frente). Vamos ver se bato a meta de publicá-los antes do carnaval. CAPÍTULO
1 – Os primórdios
impossível falar sobre as transmissões de
desfile de escolas de samba pela televisão e não retroceder a um período
pré-telinha e também não mencionar a imprensa escrita. A
primeira Escola de Samba surgiu no ano de 1926, criada por um grupo de
sambistas do Largo do Estácio, antigo e tradicional reduto de admiradores do
carnaval e das rodas de samba no Rio de Janeiro. O mentor, o compositor Ismael
Silva (1905 – 1978), também alegava para si a autoria do termo ”Escola de
Samba”. O nome escolhido para dar à entidade sambística foi Deixa Eu Falar (ou
Deixa Falar), a primeira de muitas outras que surgiram logo depois. Em
1932, o jornal Mundo Sportivo de propriedade do jornalista pernambucano Mário
Filho (1908 – 1966), irmão do dramaturgo Nelson Rodrigues, decidiu organizar e
patrocinar o primeiro Desfile de Escolas de Samba, na Praça Onze. A vencedora
deste concurso foi a Estação Primeira de Mangueira (em resultado contestado). O Mundo Sportivo encerrou
suas atividades antes do carnaval seguinte, mas o sucesso de público fez com
que o jornal O Globo assumisse a organização do evento em 1933. Novamente a
campeã do concurso foi a Estação Primeira de Mangueira, seguida da agremiação
Unidos do Salgueiro em segundo e da Unidos da Tijuca em terceiro lugar no
campeonato. O
ano de 1935 estabelece o ponto inicial dos concursos oficiais das escolas de
samba da cidade do Rio de Janeiro. Com o reconhecimento, as entidades
carnavalescas ingressam no calendário oficial do carnaval carioca, ganham a
sigla GRES (grêmio recreativo escola de samba) e o direito de recebimento de
uma verba de ajuda para a confecção dos seus carnavais, chamada subvenção. Nas
décadas de 40/50, as Escolas de Samba completam o ciclo de formação e
constituem suas ‘espinhas vertebrais’ básicas compostas pelo enredo, samba-enredo,
alegorias e fantasias. Esses itens dão identidade própria às Escolas de Samba. Rede Tupi, a pioneira das transmissões dos desfiles na TV A
primeira emissora de televisão a operar no Brasil foi a TV Tupi.
Inaugurado em 18 de setembro de 1950 pelo jornalista e
empresário paraibano Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira
de Mello, o Chatô (1892 - 1968), o canal tinha sua matriz
geradora na cidade de São Paulo. Chatô também
controlava vários outros veículos de
comunicação, formando um grande conglomerado, os
Diários Associados. A
TV Tupi Rio de Janeiro entrou no ar pouco tempo depois da
inauguração da coirmã paulistana, em 20 de janeiro
de 1951. A Tupi Rio foi a segunda emissora de tevê a ser
inaugurada no Brasil. A
primeira transmissão de televisão dos Desfiles das
Escolas de Samba do Rio de Janeiro que se tem notícia aconteceu
em 1955. A TV Tupi Rio exibiu a apresentação das 19
agremiações que desfilaram no tablado (ainda não
havia o nome de passarela) montado na Avenida Rio Branco, no centro do
Rio. Império
Serrano foi a campeã do desfile de 1955, ano em que houve a
primeira transmissão de carnaval pela TV brasileira
(Crédito: Revista O Cruzeiro e Canal Fábio Freitas)
A primeira transmissão dos desfiles de escolas de samba pela
televisão aconteceu em caráter muito precário em
termos de tecnologia, muito diferente do que assistimos hoje em dia.
O mesmo Diário da Noite, que anunciou a cobertura da Tupi no carnaval de 1955, criticou a jornada em sua edição de 24 de fevereiro, na coluna “TV em Revista”: CARNAVAL – Preparou a TV Tupi atraente roteiro para os dias de Carnaval. Entretanto, pelo que vimos, a tele-emissora Associada ainda não se encontra tecnicamente preparada para tal empreendimento de tamanha envergadura. Em verdade, porém, não nos foi possível ver a transmissão de Baile do Municipal, como nos préstitos na Avenida. Vimos, sim, o concurso das Escolas de Samba e duas reportagens de rua. Durante o mencionado concurso, sofremos aqui a falta de nitidez de imagem, e mesmo uma certa desordem na exibição das Escolas. Não fosse a promessa da TV Tupi, teríamos comparecido à Avenida Presidente Vargas, para, pessoalmente, ver a famosa iniciativa do Departamento de Turismo. Mas de qualquer maneira, sempre aproveitamos algo da transmissão pela televisão. Provavelmente não haja registro das primeiras transmissões de desfiles realizadas pela TV Tupi nos anos 50. Grande parte dos programas de televisão da primeira década de existência da televisão se perdeu no tempo. Como não existia videoteipe (VT) e tudo era transmitido ao vivo, as recordações só são possíveis graças à memória de muitos pioneiros e das raríssimas gravações que ainda resistem ao tempo. No final dos anos 50, com o advento do VT, passaria a ser possível a gravação. Isso facilitou muito as produções, principalmente das séries e novelas. Mas como as fitas eram muito caras e, a televisão ainda estava longe de ter as verbas milionárias como tem hoje em dia, a palavra de ordem era reutilizar. Assim, mais uma vez, muita coisa se perdeu no tempo. E para piorar a situação, trágicos acidentes castigaram as emissoras de televisão nos anos 60 e 70. Locais com uma quantidade absurda de cabos, fios, lâmpadas e material cenográfico seriam um prato cheio para o fogo. E realmente foi! Nos anos 60 e 70 quase todas as emissoras tiveram momentos de “chamas”. Anos 60 – TV Continental e a revolução do videoteipe Chegamos
à década de 60, fase marcante para as Escolas de Samba.
Primeiro porque é nessa
época em que se ampliam as transmissões por outras
emissoras de televisão. O período também marca o
início dos governos militares no Brasil, que interfere na
relação da classe média da sociedade com as
entidades carnavalescas. Acuada diante da repressão militar da
época, a classe média se sente atraída para os
ensaios e desfiles com o chamado “povão”. A TV Continental (1959 - 1972) passou a transmitir os Desfiles das Escolas de Samba do grupo especial do Rio de Janeiro no ano de 1960. A emissora operava no canal 9 VHF na cidade do Rio de Janeiro, antes capital federal do Brasil e, posteriormente, Estado da Guanabara. A sede ficava no bairro de Laranjeiras. Fachada
da TV Continental, no bairro Laranjeiras, nos anos 60
A
Continental teve seu auge logo no início, um ano após
começar a operar. Em 1960, contava com um cast de artistas do
porte da cantora Elizeth Cardoso (1920 - 1990) ou dos cantores Agnaldo
Rayol e Ivon Cury (1928 - 1995). Para o carnaval daquele ano não
havia condições técnicas de se transmitir a
apresentação das entidades ao vivo, na íntegra,
por ser um evento bastante longo. Notícias coletadas na
época davam informação de que os desfiles
ultrapassavam 15 horas de duração! A
solução foi recorrer aos flashes, como se fazia no
rádio, e também como em anos anteriores na Tupi,
já que ainda não havia no Brasil as transmissões
via satélite. Tudo
isso graças a uma verdadeira revolução chamada
videoteipe. O equipamento, mais conhecido como VT, surgiu nos Estados
Unidos em 1956, no formato quadruplex. Tratava-se de uma fita de
material plástico, muito fina, com uma cobertura de
partículas magnéticas usadas para registrar imagens
televisivas. A estreia do videoteipe no Brasil aconteceu em 1959, em
uma transmissão realizada no Hotel Copacabana Palace, no Rio de
Janeiro, pela própria TV Continental. O
novo equipamento facilitou e barateou a produção para a
televisão, já que os programas podiam ser gravados e
editados previamente, e transmitidos posteriormente. O VT também
permitiu que o mesmo programa passasse a ser enviado e colocado no ar
por várias emissoras espalhadas pelo Brasil. Voltando
ao carnaval de 1960 e à TV Continental, os cinegrafistas com
suas pesadas câmeras RCA TK-11 captavam momentos dos desfiles das
escolas e corriam para o estúdio da emissora para que as cenas
fossem exibidas durante a programação normal. “Fique
de olho no nove” era o slogan da emissora. Foi o início
também do estilo “programação normal e o
melhor do carnaval”, que tanta ojeriza provoca nos aficionados
pela festa, que querem assistir pela telinha tudo ao mesmo tempo agora
Fique
de olho no 9, slogan da TV Continental nos anos 60
Neide e Delegado, eterno casal de mestre-sala e porta-bandeira da Estação Primeira de Mangueira, em 1960. Império Serrano adentra à avenida, apresentando “Medalhas e Brasões”, no carnaval de 1960. Memórias de um sargento de milícias: o jovem Martinho da Vila, nos tempos de quartel e de compositor da Aprendizes da Boca do Mato Natalino José do Nascimento: com um braço só, Natal da Portela estapeava vagabundo, dava a volta pelo mundo mas também fazia o bem “Rio, Capital Eterna
do Samba” foi o enredo da Portela, uma das cinco campeãs do carnaval de 1960 “Esses
revoltosos / Ansiosos pela liberdade / Nos arraiais dos Palmares / Buscavam a tranquilidade
(...)”. Primeiro título da história do Salgueiro, em 1960. (Crédito da foto:
Site Marcelo Guireli)
Fernando
Pamplona e Arlindo Rodrigues, carnavalescos do Salgueiro nos anos 60.
É
também em 1960, que essa nova demanda com a participação dos meios de
comunicação de massa acabou levando a construção de arquibancadas para assistir
ao desfile (antes o público era separado apenas por corda das Escolas), o que
foi um passo para a cobrança de ingressos de lugares para os admiradores das
escolas assistirem aos desfiles, o que acabou acontecendo mais precisamente no
ano de 1962. Carnaval do Rio Quatrocentão
O carnaval de 1965 foi celebrado de 27 de fevereiro a 3 de março e marcou a comemoração dos cariocas pelos 400 anos da cidade do Rio de Janeiro. Tornou-se o primeiro registro jornalístico da TV Globo, antes mesmo de sua inauguração, em abril daquele ano. Sob a direção de Roberto Farias (1932 - 2018), a equipe de jornalismo global, ainda em fase experimental, mostrou a festa do povo nas ruas, o desfile das escolas debaixo de chuva, as beldades nos bailes do Theatro Municipal e o lança-perfume, depois proibido. O material foi exibido pelo Jornal Nacional no dia 2 de janeiro de 2015, ano em que a cidade do Rio de Janeiro completou 450 anos, e a Globo comemorou seu cinquentenário.
Os
26 minutos de imagens, registrados em filme 16mm, passaram por um processo de
restauro. Um laboratório francês com experiência na recuperação de filmes
antigos concluiu que a tarefa não seria possível, mas uma equipe do Rio de
Janeiro aceitou o desafio. Foi um trabalho artesanal que demorou um ano para
ser concluído. A única cópia não tinha condições de rodar em uma máquina porque
tinha deformado e perdido as faixas nas laterais. Foi necessário refazer 312
metros de borda e mais de 50 mil perfurações. Caso contrário, não poderia ser
digitalizado. Reportagem
de Mônica Sanches com imagens de acervo sobre a primeira cobertura do
jornalismo da Globo, realizada no ano de 1965, ano de aniversário de 400 anos
do Rio de Janeiro, Jornal Nacional, 02/01/2015. Assista neste link
Enquanto
a estrela global subia, a estrela continental começava a entrar
em decadência. Apesar de a TV Continental possuir um elenco
estelar e ter marcado época em cobrir o carnaval, a emissora
logo entrou em crise. Salários atrasados e uma precariedade
técnica e artística se refletiam na tela. O quadro se
agravava: atores esqueciam os textos, cenários caíam,
lâmpadas estouravam no palco. Em
1970, a Continental entra em falência e dois anos depois o Dentel
(Departamento Nacional de Telecomunicações), antigo
órgão executivo do Ministério das
Comunicações, extinto com a criação do
super Ministério da Infraestrutura, em 1990, pelo Governo
Collor, cassa a concessão da empresa. As
transmissões no canal 9 carioca só voltariam a partir de
1982, quando o canal se constitui na TV Record Rio de Janeiro, de
Silvio Santos. Em 1987, ainda sob o comando de Sílvio e
integrando o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), muda de nome
para TV Copacabana, assumindo no mesmo ano o nome definitivo TV
Corcovado, que em 1992 é vendida para as
Organizações Martinez, passando esse canal a ser a Rede
OM Rio, atual CNT Rio. Outro meio audiovisual que divulgava o carnaval era o Canal 100, um cinejornal fundado pelo produtor e cineasta carioca Carlos Niemeyer (1920 - 1999) no ano de 1957. O Canal 100 era exibido nas salas de cinemas, antes do filme principal. Durante cinco décadas o cinejornal foi exibido semanalmente por todo o Brasil e realizava, sobretudo, documentários cinematográficos de eventos importantes do país e do futebol. Imagens
do carnaval carioca de 1965, produzidas pelo Canal 100, quando o Rio de Janeiro
completava 400 anos. São mostrados os desfiles de escolas de samba, os bailes
nos salões e os concursos de fantasia. A narração é de Cid Moreira.
Fotograma
do Canal 100 nos anos 60. Por quase 50 anos, o cinejornal (exibido semanalmente
nos cinemas antes do filme principal) apresentava documentários de eventos,
como o futebol e o carnaval. Em
meados da década de 70, a televisão a cores chega ao
Brasil e, como consequência disso, uma revolução estética na transmissão dos
desfiles das Escolas de Samba. É nessa década que surge também o mecenato do
jogo do bicho, uma nova interferência nas escolas, muito comum até hoje no
interior das grandes agremiações. Mas
isso é assunto para o próximo capítulo. Referências
FREITAS, Fábio. Os desfiles no tablado - 1953 - 1959. Youtube, 19 de março de 2022. Disponível em: <https://youtu.be/JdrgBYVDAyA> Acesso em 20 mar. 2022. SOUZA,
Cássia Helena Glioche Novelli. O desfile
das escolas de samba na televisão: vinte anos de sambódromo. Monografia
apresentada como exigência parcial do Curso de Comunicação Social da
Universidade Estácio de Sá – Habilitação Jornalismo. Orientadora: Profa Dra
Beatriz Schmidt. Rio de Janeiro. 2004. REVISTA VEJA, Edição 402, de maio de 1976 - página 102 PORTAL MULTIRIO. A história dos desfiles das escolas de samba. Disponível em http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/reportagens/8651-a-historia-dos-desfiles-das-escolas-de-samba Acesso em 17 de janeiro de 2017. O CARNAVAL NA TV BRASILEIRA - CAPÍTULOS SEGUINTES Coluna seguinte: O Carnaval na TV Brasileira - A TV Coloriu Coluna seguinte: O Carnaval na TV Brasileira - O Carnaval na Era da Televisão Coluna seguinte: O Carnaval na TV Brasileira - Aconteceu, Virou Manchete Coluna seguinte: O Carnaval na TV Brasileira - Na Tela da TV, no meio desse Povo Coluna seguinte: O Carnaval na TV Brasileira - O Canto dessa Cidade é Meu! Coluna seguinte: O Carnaval na TV Brasileira - Enfim, o Carnaval da Liberdade - Anos 2000 Coluna seguinte: O Carnaval na TV Brasileira - É o teu Futuro que me Seduz - Anos 2010 Coluna seguinte: O Carnaval na TV Brasileira - 202? - Como será o Amanhã? COLUNAS MAIS RECENTES Coluna anterior: Top 10 Sambario - Samba-Enredo de um Compositor Só Coluna anterior: LP's Maiores Sambas-Enredo de Todos os Tempos - Volumes 4 e 5 Gerson
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