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Coluna do Cláudio Carvalho

DISCOGRAFIA DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO – GUIA DO COLECIONADOR (PARTE 2)

30 de novembro de 2021, nº 56

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1998 - Seis discos, nada menos do que isso, marcaram a consolidação do Compact Disc como mídia oficial do carnaval carioca (naquele ano sairia a última fita k7 do Grupo Especial). Alegando problemas de repasse de verbas dos direitos autorais, o Salgueiro ficou de fora do disco principal, como já havia feito em 1969, 1971, 1986 e 1987. A escola gravou um single onde, além do samba, há uma faixa de karaokê e as toadas dos bois Garantido e Caprichoso, já que o enredo homenageava a ilha de Parintins. Coincidência ou não, a Liga resolveu lançar, naquele ano, outros três discos: um com os sambas ao vivo, outro com sambas de esquenta (que também, por questões autorais, teve algumas faixas substituídas pelo samba do ano) e o último com as baterias das escolas. Por fim, o CD do Grupo A, um dos mais raros do acesso carioca.




1999
- No primeiro ano em que a safra de sambas-enredo foi lançada exclusivamente em CD, tivemos apenas dois álbuns. O do Grupo Especial traz os arcos da Praça da Apoteose dividindo as duas campeãs do ano anterior: Mangueira e Beija-Flor. Presidente da comissão de carnaval da escola de Nilópolis e produtor do disco, Laíla gentilmente cedeu à verde e rosa o direito de ocupar a faixa 1. O disco do Acesso, que tinha o patrocínio do Jornal O Dia, foi vendido em banca de jornal, como também aconteceria em 2001 e 2002.


2000
- No ano em que se comemorava o quinto centenário do descobrimento do Brasil, todas as escolas do Grupo Especial trouxeram sambas e enredos que remetiam a algum momento da história do pais, o que empobreceu consideravelmente a safra. No Acesso, onde não houve essa obrigatoriedade, tivemos um CD de tiragem limitadíssima, que se tornou tão raro ou mais do que o de 1998.




2001
 - Além dos CDs do Grupo Especial e do Grupo A, que, por sinal, tem uma linda capa com os pavilhões das escolas estendidos sob as areias da Praia de Copacabana, tivemos pela primeira vez, depois de muito tempo, um disco do terceiro grupo, onde também entraram escolas convidadas, que na ocasião desfilavam na Avenida Rio Branco, próxima à Sapucaí.



2002
- No disco do Especial, que traz um componente da tricampeã Imperatriz Leopoldinense, foi lançado um álbum extra com sambas históricos das escolas que desfilaram na elite naquele ano em que tivemos, mais uma vez, discos dos grupos A e B.

2003 - Novamente três discos, o que parecia se tornar uma tendência do novo século que se iniciava. Nas capas, as campeãs de cada grupo: Mangueira, Santa Cruz e Cubango, respectivamente. A escola da Zona Oeste protagonizou mais uma batalha judicial para garantir seu direito de desfilar no Grupo Especial. A vice-campeã do Grupo B de 2002, Inocentes de Belford Roxo, adotava temporariamente o sobrenome “da Baixada”, no intuito de crescer para além de seu município de origem.

2004 - Nesse ano, pela primeira vez, houve reedição de sambas-enredo. Portela e Império Serrano reeditaram seus sambas, respectivamente, de 1970 (Lendas e Mistérios da Amazônia) e 1964 (Aquarela Brasileira). A Unidos do Viradouro desfilou com o samba de 1975 da então denominada Unidos de São Carlos: A Festa do Círio de Nazaré. A escola chegou a começar uma disputa de sambas-enredos inéditos, a qual foi interrompida por determinação do presidente José Carlos Monassa. A Tradição reeditou o samba de 1984 da Portela, Contos de Areia, no ano da reconciliação entre as duas escolas. O expediente da reedição não trouxe sorte a nenhuma das escolas. A melhor colocada entre elas foi a vermelha e branca de Niterói, quarta colocada. A Beija-Flor faturou o bi com um belo e inédito samba. O CD do Grupo A trouxe uma inusitada faixa de bateria da escola de samba União do Parque Curicica, do Grupo B, cujo disco também contou com a participação de escolas convidadas, como a extinta Foliões de Botafogo.

2005 - No Grupo Especial, talvez a safra mais fraca do século, com faixas repletas de merchandising, como a da Grande Rio, que trazia na letra o slogan e produtos da multinacional Nestlé, patrocinadora do disco. A Unidos do Porto da Pedra reeditou o samba-enredo de 1989 da madrinha União da Ilha: Festa Profana. A reedição chegou ao Grupo B, com a campeã Estácio e a vice Arranco reeditando seus hinos, respectivamente, de 1976 e 1989, dentre outras escolas.

2006 - O disco do Grupo Especial, com a tricampeã Beija-Flor na capa, não trouxe reedições, algo que aconteceria pela primeira vez no Grupo A, onde a Estácio se sagrou campeã com “Quem é Você?”, samba de 1984. Nesse disco, também estão os sambas do Grupo B, algo que se repetiria em 2007 e 2008 com o expediente do álbum duplo. Tivemos também uma novidade: pela primeira vez as escolas que desfilavam na Intendente Magalhães, na Zona Norte do Rio, foram contempladas com um CD, em parceria do produtor Chico Frota com a Associação das Escolas de Samba da Cidade do Rio de Janeiro - AESCRJ.

2007 - Mais um ano com os quatro principais grupos contemplados. A farra das reedições continuava e dessa vez chegou na Intendente. Nos quatro discos, tivemos reedições de Estácio 1987 (Especial), Tradição 1994 (Grupo A), Lins Imperial 1991 e Tuiuti 1983 (Grupo B) e Engenho da Rainha 1986 (Grupo C). As duas primeiras escolas foram rebaixadas de grupo e, embora a Lins tenha se sagrado campeã, o expediente revelava de vez sua face apelativa.

2008 - Nesse ano não tivemos CD do Grupo C, e o famigerado expediente da reedição perdia de vez a força (nos dois principais grupos, apenas a União da Ilha repetiu o samba de 1982). As capas do CD do Especial e do disco duplo dos Grupos A e B trazem, respectivamente, as campeãs do desfile principal e do acesso de 2007: Beija-Flor e São Clemente.

2009 - No Grupo Especial, a destaque da bicampeã Beija-Flor, Fabíola David, foi para a capa, lembrando o que já havia acontecido com Beth Andrade em 1986. Nesse ano, uma nova entidade, a Liga das Escolas de Samba do Grupo de Acesso - LESGA, assumiu a realização dos desfiles do Grupo A, ficando a AESCRJ responsável pelo Grupo B (que teve CD, separado do Grupo A) e pelos desfiles da Intendente Magalhães.

2010 - Após as reedições “darem um tempo”, surgiu outro expediente perigoso: o de se utilizarem sambas de meio de ano como sambas de enredo, e coube à Vila Isabel adaptar a música "Presença de Noel", de Martinho da Vila, à trilha sonora de seu desfile. No Grupo A, uma novidade: a capa do CD passaria a ser ilustrada pela vice-campeã do ano anterior, neste caso a Renascer de Jacarepaguá. No Grupo B, que passou a se chamar Rio de Janeiro 1, foi lançado um álbum duplo, com CD e DVD, que continham sambas e clipes. O cantor Marcelo D2 faz uma aparição inusitada na faixa de vídeo da Flor da Mina do Andaraí.

2011 - A Unidos da Tijuca teve de aguardar 84 anos e alguns grandes desfiles para, finalmente, ser capa de um disco de desfile principal. Junto deste, foram lançados os discos do Grupo A e do Grupo B, com Inocentes de Belford Roxo e Arranco do Engenho de Dentro na capa, no ano em que a LESGA assumiu a organização dos desfiles da terça de carnaval. A AESCRJ não se fez de rogada e lançou um álbum triplo, com sambas das escolas dos grupos C, D e E em MP3.
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2012 - Fabiola David voltaria a ser capa do CD depois de três anos e de um novo título da Beija-Flor. As faixas foram narradas, em seus inícios, por Jorge Perlingeiro. A LESGA seguiu como responsável pelo lançamento de dois outros discos: o do Grupo A, cujas faixas começavam com sambas de exaltação, e o do Grupo B. Viradouro e Curicica, respectivamente, estamparam as capas destes álbuns. Assim como em 2011, a Associação lançou álbum triplo das escolas dos grupos da Intendente Magalhães.


2013 - Após a LESGA perder credibilidade diante da RioTur, pelo cancelamento do rebaixamento e pelo polêmico título da Inocentes, cujo presidente também presidia a entidade carnavalesca, foi criada a LIERJ, e o grupo de acesso, que mudou de nome para Série A, passou a desfilar em dois dias. Há quem diga que o espetáculo deprimente protagonizado por um componente da Império de Casa Verde durante a apuração do carnaval de São Paulo em 2012 também foi decisiva para essa mudança. Seja como for, a Globo assumiu a transmissão do desfile, a qual sempre terceirizava, e a AESCRJ reassumiu a organização dos desfiles do Grupo B, que passaram a ser realizados na Intendente Magalhães. Naquele ano, a entidade também lançou três discos, dos grupos B, C e D em CD.



2014 - O disco do Grupo Especial teve as faixas abertas por mini-sinopses dos enredos, nas vozes dos carnavalescos. O CD da Série A, organizada pela LIERJ, tem uma capa muito parecida com a de 2012 (talvez por trazer a mesma escola). Em seu último ano antes da dissolução, a Associação lançou um álbum triplo, em formato de DVD, com os mesmos grupos do ano anterior.



2015 - Unidos da Tijuca e Estácio de Sá, campeã e vice dos desfiles do Grupo Especial e da Série A respectivamente, protagonizaram as capas dos CDs destes grupos. Com o fim da AESCRJ, a LIERJ assumiu a realização do desfile da Intendente e lançou um álbum triplo, também em formato de DVD, o qual não foi vendido, mas sim distribuído pelas escolas durante a festa de lançamento, na quadra da São Clemente.




2016
- Pela primeira vez desde 1998, voltaríamos a ter seis CDs num único ano. Isso se deveu, em grande parte, à disputa entre duas entidades pela organização dos desfiles da Intendente Magalhães. De um lado, a Liga Independente das Escolas de Samba do Brasil - LIESB, que ficou com a Série B. Do outro, a Associação Cultural O Samba É Nosso (ACSN), que respondeu pelos desfiles dos grupos C, D e E, todos eles contemplados com discos.



2017 - O CD do Grupo Especial traz a inscrição “sambas de enredo” em diagonal, o que deu margem à teorias da conspiração de que seria um “teste” para uma capa de CD dividida entre duas escolas, algo que já poderia ter acontecido em 2015 e ocorreu justamente no ano seguinte. Bi-vice em 2016, a Unidos de Padre Miguel começou a se consolidar como “escola da capa do CD da Série A. Com o falecimento de Marcos Falcon, presidente da ACSN, e a consequente dissolução da entidade, a LIESB assumiu a organização dos desfiles da Intendente, e lançou um álbum quádruplo, com sambas dos grupos B, C, D e E.



2018 - A capa do CD do Grupo Especial traz pela primeira vez a águia da Portela, que dividiu espaço com o abre-alas da Mocidade. As duas escolas tiveram que esperar, respectivamente, 34 e 21 anos por seus títulos. Em sorteio, ficou definido que a faixa um seria da escola de Padre Miguel. A inscrição “sambas de enredo” em diagonal endossou a paranoia do ano anterior. No CD da Série A, quem apareceu foi a Viradouro, que esteve a ponto de enrolar bandeira no pré-carnaval de 2017 devido a uma gravíssima crise financeira. Na Intendente, tivemos novo lançamento de um CD triplo, com o selo Chico Frota Produções.



2019 - Com apenas uma campeã em 2018, o CD do Grupo Especial voltou a ter uma capa conservadora. Na Série A, a UPM, mais uma vez, foi protagonista. Na Intendente, outro CD triplo lançado pela CF Produções, além da inusitada proposta da LIESB de se “montar” o CD do Grupo E, baixando os sambas e a capa no site da entidade.



2020 - No último carnaval antes da pandemia de COVID-19, a loucura tomou conta dos sambistas e colecionadores quando foi anunciado que o CD do Grupo Especial não seria vendido nas Lojas Americanas, principal parceira comercial da LIESA na comercialização de CDs. O disco, no entanto, pode ser comprado em grandes franquias como as livrarias Saraiva e Cultura, embora com tiragem menor. Nada que se compare, no entanto, ao álbum da Série A, que teve apenas mil cópias, encontradas em lojas “underground” no Centro do Rio. Ao contrário do que se imagina, também foi lançado CD da Intendente naquele ano.


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2022 - E chegamos ao “primeiro carnaval do resto de nossas vidas”, que ainda nem aconteceu e já está rendendo tanta polêmica. Os CDs do Grupo Especial, da Série A e da Superliga (Intendente), cujos áudios já estão disponíveis nas plataformas digitais, já estão confirmados. O primeiro já está disponível para pré-venda no site da Universal Music. Também está confirmado que será o último ano de lançamento do CD em mídia física, para tristeza de nós, colecionadores. A migração do samba-enredo para o mundo digital parece um processo inevitável e irreversível.

Um abraço, Cláudio Carvalho!

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Cláudio Carvalho