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Belém, Belém acordou a feira… Que é bem na beira do Guajará. Vem Ver-o-Peso e dá licença, deixa a X-9 passar!
SINOPSE ENREDO 2016

Belém, Belém acordou a feira… Que é bem na beira do Guajará. Vem Ver-o-Peso e dá licença, deixa a X-9 passar!


POÉTICAS REALÍSTICAS DO “ÍNDIO” CIVILIZADO PARAENSE
BELÉM PARÁ BRASIL – MOSAICO DE RAVENA

Região Norte, ferida aberta pelo
progresso, sugada pelos sulistas e
amputada pela consciência nacional…
Vão destruir o Ver-o-Peso
e construir um shopping center
Vão derrubar o Palacete Pinho
pra fazer um condomínio
Coitada da Cidade Velha
que foi vendida pra Hollywood
pra ser usada como albergue
no novo filme do Spielberg
Quem quiser, venha ver
Mas só um de cada vez
Não queremos nossos jacarés
Tropeçando em vocês
A culpa é da mentalidade
criada sobre a região
Porque que tanta gente teme?
Norte não é com “M”
Nossos índios não comem ninguém
agora é só hamburguer
Porque ninguém nos leva a sério?
Só o nosso minério…
Aqui a gente toma guaraná
quando não tem Coca-Cola
Chega das coisas da terra
que o que é bom, vem lá de fora
Deformados até a alma
Sem cultura e opinião
O nortista só queria
fazer parte da nação
Ah! Chega de malfeitura
Ah! Chega de tristes rimas
Devolvam a nossa cultura
Queremos o Norte lá em cima
Porque, onde já se viu?
Isso é Belém
Isso é Pará
Isso é Brasil
Quem quiser venha vê
Mas só um, de cada vez
Quem quiser venha vê
Mas só um, de cada vez
não queremos, nosso jacaré
tropeçando em você
Quem quiser venha vê
Mas só um, de cada vez
não queremos, nosso jacaré
tropeçando, em você
tropeçando, em você
tropeçando, em você
tropeçando, em você

PÓETICA CONCEITUAL DO LÓCUS CULTURAL PARAENSE

É madrugada…  Jaci ilumina a morena Cidade Velha das Mangueiras e apresenta:
Ver-o-peso, palco de encantarias, contrastes, sincretismos e sabores…
O rio Guamá traz os alimentos que alimentam a cidade
Os barcos com suas sonoras estridentes revelam as peixarias diversas pra vender na pedra do cais da Praça do Relógio
Os trabalhadores carregam as cestas de acaí até a feira que leva o mesmo nome
Emoldurada pelo Forte do Castelo!
Os buzineiros caminhões anunciam a chegada das mercadorias do Ceasa
No caos da madrugada, se vê a arte amazônida popular paraense!
 
Amanheceu… Guaraci, o Deus sol abençoa o dia e avisa:
“Belém, Belém acordou a feira, que é bem na beira do Guajará…”
E o que tanto essa feira tem?
O vendedor, grande porta-voz do Ver-o-Peso diz:
Pra comer tem o saboroso tacacá, a maniçoba
Caldeirada do Pará, Arroz paraense, Pato no tucupi
Tudo temperado com jambu pra adormecer a boca
E realçar o sabor das comidas típicas paraenses
Tem açaí roxo, açaí branco com peixe frito, camarão ou farinha d´água
Não tem jeito, quem toma gosta e quem gosta sempre volta!
Se cansar tem guaraná da Amazônia energiza o corpo e te faz seguir até…
 
As frutas amazônicas pra saborear a vontade
Bacuri, Taperebá, cupu-açú
Tucumã, guaraná, castanha-do-pará!
 
Pra adorno tem colares de sementes, Brincos de penas
Vasos marajoaras, brinquedos de miriti
Pau-de-chuva, maracás
Tem o muiraquitã pra presentear, amuleto de sorte e vai te guiar…
 
Para te benzer e banhar de cheiros nas famosas erveiras do Ver-o-Peso
Carregam consigo todo seu axé e as energias vindas das ervas amazônicas
Para proteger do olho gordo tem os banhos “hei de vencer”, “comigo-ninguém-pode” e “vence-batalha”
Para o amor não correspondido tem o “chora nos meus pés”
Para uma boa safra de vendas tem o “chama tudo”
Ervas que curam, benzem e abençoam pela fé de Deus e Oxalá
Xêu Èpa babá!
 
No mês de Outubro, a Feira do Ver-o-Peso tem a passagem do Círio de Nazaré
“Nazica” derrama suas bênçãos com seus “lírios mimosos”, os trabalhadores que dão vida a maior feira ao ar livre da América Latina
 
A Feira do Ver-o-peso tem seus contrastes e problemas
Em meio a tanta gente que passa todos os dias por ali
A feira tem os mendigos pedintes, sejam os cegos, mulheres com crianças de colo
Os ratos passeando pelos entulhos de lixo
Os urubus rodeando as carnificinas dos animais abatidos
Os camelôs de óculos, relógios
Os assaltantes que todo mundo vê, mas nem imagina
Ao anoitecer, a feira vende corpos e orgias bacanais
As prostitutas fazem seus points
E as casas de swing ao som do tecno-brega rasgado
Corpos “lambadeando” ao som de Beto Barbosa ou “tremendo” com o Tecnomelody do Super Pop
É! Ver-o-Peso é lugar de histórias, é pai d’égua … Lugar que tudo vive!
 
Já é madrugada meu povo, começou tudo de novo…
O espetáculo natural paraense de uma feira que nunca dorme
De um Ver-o-Peso sincrético, abençoado por “Naza”, Oxalá e Tupã
Jaci novamente dar o ar da graça
Energizando nossos corações com o amor de Rudá
E Yara emana das águas da Baía do Guajará seu canto ao povo do samba:
A X-9 Carioca comemora os 400 anos da morena Santa Maria de Belém do Grão Pará
Num lugar de culturas, encantos e magias…
O Ver-o-Peso dá licença e deixa a X-9 passar!

Texto e Autor: Fernando Nunes