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...E o Dia Clareou: Exewê Bábá, Epá Bábá! Um Cântico em Yorubá pela Preservação da Vida!

SINOPSE ENREDO 2015

...E o Dia Clareou: Exewê Bábá, Epá Bábá! Um Cântico em Yorubá pela Preservação da Vida!

INTRODUÇÃO:

A G.R.E.S.V. Unidos do Imperador Niterói, em sua missão ao apresentar um enredo afro-contemporâneo como proposta para o desenvolvimento do seu desfile em 2015, expondo o desenvolvimento do mundo em que vivemos sobre a visão Yorubá, abordando lendas (itãs) sobre a divindade Oxaguiã (fio condutor), e sua ligação com os dois mundos: Orum; (mundo espiritual) e Aiyê; (mundo material) e seus laços que tem com cada elemento que sustem nossa existência (fogo, ar, terra e água) através dos orixás a qual ele tem ligação e representam esses elementos: Exú e Iroko, Iogunedé, Oxóssi, Erinlé, Ogum e Xangô - (terra e fogo) e Oxum, Yemanjá, Oyá, Obá e Yewá - (ar e água), trazendo nesse contexto uma mensagem de preservação e sustentabilidade para o mundo, ressaltando a importância do equilíbrio humano em respeito ao planeta e sua diversidade. Mostrando que a preservação desses elementos contribuem para a conservação da vida, que alimenta o mundo e, assim, aos que nela vivem.


SINOPSE:

Vou lhes contar um ‘itã’ sagrado, que foi passado de geração em geração, fundamentado na cultura Yorubá; um itã sobre o orixá Oxaguiã, que nos ajuda a compreender a devoção e culto a esta divindade em diversas nações africanas (Jeje, Ketu, Nagô, Bando, Angola, Efun, etc...) Também cultuadas no brasil, (candomblé e umbanda), e sua importância na construção do mundo material e na conservação da vida humana através da forças que suprem a vida orgânica do mundo -(os orixás):

"... De lá, de onde o vento fez-se em curva, o primeiro raio de luz surgiu de Orum ao desprezado aiyê: dentro da concha de um caramujo, filho da existência, viu-se surgi o encanto que apartou a noite, clareou aos olhos da terra o axé emanado do panteão funfun: o menor dentre os celestes, o mais jovem guerreiro branco, ainda sem cabeça, mas com ideais formados, nasce Oxaguiã que, desorientado por não ter cabeça, vaga por Aiyê sem rumo, causando caos por onde passa... Orí, vendo o sofrimento do jovem oxalá, prepara para ele uma cabeça de inhame e o presenteia, o jovem aceita e fica muito feliz por ter uma cabeça branca... O problema é que a cabeça de inhame esquentava demais e isso o perturbava, fazendo-o cometer atrocidades por Aiyê. Ikú, senhor da morte, vendo que Oxaguiã sofria, ofereceu-lhe a sua cabeça fria e negra, ele, apesar do medo que sentia da morte, aceitou, pois o a dor e a
quentura eram insuportáveis. Contudo, a cabeça da morte era fria demais isso perturbava o orixá, que por conta da constante presença da morte, se perturbava, sua alma entristecia-se... Vendo Ogum o jovem Oxalá e todo o seu sofrimento, perguntou-lhe: - o que acontece contigo?
- sofro pois não tenho paz! A cabeça que Orí me ofereceu é muito quente e me causa dor, porém, a cabeça de Ikú me perturba e me causa tristeza... Responde o desorientado orixá. Ogum então tenta retirar com sua espada as cabeças que tanto o causava tormento... Porém, tanta força tinha ogum que ambas cabeças se misturaram, tornando-se em uma. Assim, a cabeça de Oxaguiã se tornou azul, e já não sentia dor nem perturbações, pois sua cabeça encontrou o equilíbrio. Ogum lhe presenteou com sua espada, para que a morte não mais se aproximasse do orixá. Muito grato pelo ato, Oxaguiã promete lhe ser amigo fiel por toda vida, e retira do manto azul de ogum um ojá, prometendo utilizar em suas próprias vestes em homenagem ao amigo que apaziguou sua cabeça..."

Oxaguiã e ogum, amigos inseparáveis, partiram pelo mundo desbravando terras, conquistando reinos, edificando cidades prosperas que emanavam fartura nas colheitas, até a chegada a cidade de Elleejegbô, onde Oxaguiã foi coroado rei desse povo. Foi com ogum que Oxaguiã aprendeu a guerrear, tornando-se o único "guerreiro funfun" (guerreiro branco) dentre os orixás ligados a criação e a Olorum. E foi Oxaguiã que criou os instrumentos de guerra e agrícolas que ogum, modelava em ferro, hoje, tão importantes para o setor industrial e desenvolvimento das nações.

Com Exú, orixá ligado a criação e ao verbo, ‘o mensageiro’ que faz a ligação entre os mundos aos homens, Oxaguiã fez-se elo direto do panteão celestial a terra, aproximando-se dos homens, graças a sua ligação com este orixá, o elo céu e terra, o divino e o profano foram rompidos, e a mediunidade dada aos homens.

Sua relação com Iroko, orixá também pertencente ao panteão funfun ligado ao tempo e protetor das grandes arvores ancestrais, ensinou o respeito ao tempo, aos valores, a conservação das coisas vivas e brancas, todas, pertencentes a Oxaguiã e aos funfuns.

Com logunedé, orixá que retém em si o encanto e a magia, aprendeu a observar o encanto contido na essência das substâncias. Tudo é vivo e encantado, com isso, Oxaguiã aprendeu invocações aos animais e tudo pertencente a floresta, sendo Oxóssi, o grande caçador, que preserva as matas e dá aos homens a prosperidade do cultivo agrícola, dando-nos assim meios de sobrevivência.

Há em Erinlé, uma qualidade de ‘Odé’ conhecido como "caçador de elefantes brancos" toda a admiração de Oxaguiã: é o ‘Odé dos olhos de guiã’, e esta ternura lhes é recíproca. Erinlé presenteia Oxaguiã com grandes marfins brancos. Mostrando sua força e prudência.

Divide com xangô, orixá que comanda os trovões, rei da cidade de Oyó, orixá que comanda os instrumentos feitos a partir da madeira, o fundamento da mão-de-pilão, instrumento utilizado para o preparo de alimentos e outros fundamentos da cultura afro. Criação de Oxaguiã, para preparar seu prato predileto, o ‘inhame pilado’ que ajudou a humanidade na criação de instrumentos para o preparo dos alimentos, sofisticando e melhorando a alimentação dos povos.

Oxum, mãe dos rios de águas doces, dela flui a fonte da vida humana, dela é constituída a estrutura corporal, os tecidos, órgãos, protetora do segredo de Ifá, rainha da adivinhação e senhora da magia. Com ela Oxaguiã aprendeu os mistérios ocultos da magia, o respeito aos fundamentos, aos preceitos, e respeito a água potável, meio para o preparo dos alimentos e fonte elementar da vida.

Yemanjá Sobá -  qualidade de Yemanjá anciã, conhecida como "fiadeira de algodão" é desse material que é feito o alá, (manto branco) dos orixás funfuns e o "alá de orixalá", a qual Oxaguiã foi eleito rei sobre os orixalás, pelo seus atos de prudência, respeito e humildade. É o Babalaxó, (senhor do Axó), Oxaguiã também é o responsável pelo manto que aquece o corpo humano.

Com oyá, deusa dos ventos e tempestades, divide com Oxaguiã o fundamento que comanda os ancestrais (Egunguns) através do ‘Atorí’, vara da arvore sagrada de Iroko, divindade presente na circulação sanguínea, assim, não distingue pobres e ricos, ela conhece e está em todos.

Assim como Oxaguiã, obá é uma deusa guerreira, que faz uso da espada e do escudo para lutar pelo bem e defender a verdade. Como caçadora, também faz uso do Ofá, instrumento que pertence a Oxóssi e outros orixás das matas, os utilizando para a caça.

Yewá!... Deusa da persuasão, dona dos disfarces, da dissimulação, liga-se a Oxaguiã pela oratória, pelo dom da fala dotada a este oxalá, onde fazem um elo para arquitetar estratégias, nos ensinando o poder das ‘guerras ideológicas’ quando contribuem para o desenvolvimento da humanidade.

E assim é constituído o equilíbrio de Orum e Aiyê: cada orixá é responsável pela conservação elementar da vida. O fogo, a terra, o ar e as aguas... O respeito aos minérios, a floresta, aos animais e a vida. E Oxaguiã é o elo dos mundos, é quem sustêm esse ciclo da vida, ininterrupto, quem zela pela ordem da humanidade e nos repassa a lição que aprendeu com os orixás: sem equilíbrio não há harmonia, não haverá sub existência! É preciso que o homem aprenda a conservar as riquezas minerais do nosso planeta para a conservação da vida.

Essa é a mensagem que a G.R.E.S.V. Unidos do Imperador Niterói quer perpetuar, que no amanhecer de cada dia, possamos ser guerreiros que lutam pela paz e harmonia do nosso mundo.


Asé ô!!!


Autor do enredo: André Policarpo

Texto e pesquisa: André Policarpo