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Sangue Negro

SINOPSE ENREDO 2014

Sangue Negro

Autor: Fernando dos Santos

 

Cansei de escrever livros que entram no cotidiano das pessoas, cansei de escrever livros românticos onde o final feliz está mais do que manjado,l ivros infantis não é minha "praia", quero algo novo, quero um mundo totalmente diferente do que eu e as pessoas estamos acostumados a ver, quero um mundo onde a simplicidade reina e não a tecnologia, quero que minha mente transcreva tudo aquilo que faria qualquer um parar o que está fazendo e ler cada palavra escrita com atenção e fascinação...só preciso de um pouco de inspiração para escrever o meu novo projeto, viver uma sensação que jamais poderei sentir novamente. Essa inspiração que tanto procuro já sei onde encontrar, pode ser uma ideia louca e insana, porém é o que procuro no momento, e é pra lá que eu vou, AFRICA!!

 

Essa é a primeira vez que escrevo em um diário e que faço uma viagem longa para uma terra que só tinha visto através da televisão e fotos.

Qual é a sensação?

Mágico, parece que todas aquelas fotos que eu via, agora são reais, com cheiro e movimentos. Estou na África, na cidade de Namíbia, onde uma tribo chamado Himba, vive. Esse primeiro cenário que vejo é como um paraíso selvagem, pois no meio da savana essa tribo construiu sua espécie de tribo. Arriscado, pois em meio das "ocas" de palha e barro, e de todos que moram aqui, animais selvagens (leões, zebras, búfalos, elefantes, girafas),rodeiam há alguns metros, parece que os Himbas não se importam muito, acho que já é costume, porém todo cuidado é pouco .O clima é pesado, sol forte, calor intenso, sempre com o nascer e o pôr do sol como uma cena mágica de filme, não existe muito vegetação ,porem existem muitos tipos de plantas, em uma espécie de plantio que a tribo usa, que faz com que insetos fiquem voado por todos os lados, o jeito é se acostumar, pois o "Capica (líder)" deixou claro que a minha missão é viver como um deles, e se no final eu for aceito poderei ter todas as informações para escrever o meu livro. A minha chegada foi com muita festa e cantoria, nunca vi um povo tão alegre, porém com costumes meio estranhos, a sua receptividade é feita com roda de danças e cantos altos, uma espécie de gritos animados, e no final as mulheres cospem em seu rosto, isso mesmo, elas enchem a boca de água e cospem em sua cara, sem entender aceitei a suposta receptividade e entrei na dança. O povo Himba são pessoas de cor negra avermelhada por causa do barro que passam em seus corpos e muito simples, são totalmente primitivos, não usam roupas, apenas alguns pedaços de pele de animais, não tomam banho, não possuem nada elétrico, dormem em esteiras de palha, gostam de usar bastante acessórios como brincos de madeiras, colares ,pulseiras e moram em "ocas" feitas de barro e palha, falando em barro e palha são os matérias que mais são usados para criação de tudo, desde protetor para pele (barro), até a criação de artesanatos, vasos, cestas, roupas feitas de pele de animais e muito mais, eles também tem o costume de pintar o corpo para se sentir mais atraentes. A tribo é bem diversificada, existe crianças, mulheres, homens e idosos, cada um tem sua função: as crianças brincam com brincadeiras mais brutais, com a intenção de já ir preparando o corpo para futuros músculos, assim controlando a resistência, para quando crescerem já estarem preparados para as funções de homens da tribo, as mulheres além de todo o artesanato feito tanto para suas famílias tanto pra tribo como vasos para guardar água, cestas para frutas e outros tipos de objetos que são usados em seu dia a dia, elas cozinham e cuidam das crianças. Os mais jovens cuidam do plantio e na criação de cabras, os homens caçam, trazem alimentos e frutas, cuidam da segurança da tribo, e os mais idosos que são os mais sábios, passam seus ideias, suas histórias e ensinamentos para as crianças e jovens além de ajudarem na organização da tribo. Claro que tive que viver o dia-dia deles, como homem, ajudei a caçar, carregar coisas pesadas, dormir em esteira, se vestir com um deles, criar minhas próprias ferramentas de caça e outras coisas, é difícil você ter que caçar animais que correm mais que você, subir em arvores para colher frutos, passar algumas noites acordado mantendo a segurança da tribo, viver sem banho, mas minha missão era mais importante, eu tinha que ser aceito.

Tive que participar de rituais que os mais sábios e os mais idosos da tribo organizavam, a cada caça, a cada alimento tínhamos que agradecer ao próprio animal morto, tínhamos que fazer o ritual de agradecimento a sua alma, por nos fornecer sua carne que iria alimentar todos integrantes da tribo, era meio cansativo, pois todo dia que nós homens trazíamos a caça tínhamos que fazer esse ritual de agradecimento independentemente do tipo de animal morto, mas conforme o tempo foi acostumando e até entendo com mais razão por que é tão importante agradecer a alma desses animais. Esse ritual era o mais tranquilo por que era só o agradecimento, tinha também rituais mais macabros que eram realizados durante a noite com algumas tochas acesas, onde envolvia crânios, sangue e ossos de animais mortos, para eles era uma coisa normal, mais pra mim era pavoroso, mas olhando com outros olhos, rituais eram simplesmente manifestações de fé e agradecimento sempre com celebração e festa no final. Participei de rituais de passagem da fase infantil, juvenil e adulta, rituais para os ancestrais e muitos outros. Foi de grande aprendizado as lições sobre ervas que os mais velhos xamãs nos passavam e foi muito bom participar das celebrações da tribo onde instrumentos musicais feitos a mão eram entoados com muita alegria e dança. Ao fim da minha missão fui aceito pela tribo, pela minha coragem, integridade e cabeça a aberta ao novo, fui coroado com muito canto e dança em uma celebração selando nossa amizade, onde ganhei muitos presentes feitos pelas mulheres, crianças e homens, mostrando o respeito de cada um por mim. No final das contas, essa minha experiência foi magnífica e mágica, com muitos momentos difíceis e momentos tensos, porém o meu maior aprendizado foi que nós podemos ser felizes sem ter um pingo de luxo, é muito bom conhecer uma nova cultura um novo ser humano, que apesar das nossas cores serem diferentes, todos nós temos o sangue negro, um sangue guerreiro.