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Os Sertões (Em Cima da Hora - 2014)
Os Sertões (Em Cima da Hora - 2014)

Assim é o meu lugar,

Bem longe se ouve o canto do cardeal,

Solitário canto que anuncia a barra do dia.

Desperta o sertão, marcado pela própria natureza,

Antônio é seu nome, seu caminho é longo, chão e poeira.

“Conselheiro” em suas andanças, o sol alumia as visões,

A terra é seca e o cultivo é difícil, morrem as plantas, foge ar.

Vejo o povo, sertanejo lutador, homem forte e de valor,

No destino, triste sina de morte e vida, a verdade severina.

Sua simplicidade trança sonhos, borda arte pela arte,

Faz rima bonita, e de repente a realidade é cultura.

Quando tira um versado, musicado e arretado que só,

É pra cantar as coisas boas que esse chão tem.

A fé é o esteio que sustenta os corações firmes,

É de Nossa Senhora, Cícero Romão e São João,

Que vale o corpo e a alma no momento de aflição.

Quis o Bom Jesus guiar os passos do “Conselheiro” e assim legar uma missão,

Era preciso livrar os homens do reino do “anticristo” que se erguia nesse país.

Após muito peregrinar, eis a terra liberta dos males da sociedade,

Que do alto dos seus montes avistava-se milagres acontecerem.

As leis eram de Deus, a terra dos homens, a prosperidade era de todos,

Eis o “Belo Monte”, arraial. A resistência contra os pecados do mundo, “Canudos”.

Porém, quis a crueldade e a ganancia transformar a realidade,

Foi-se o sossego, a paz e a tranquilidade,

Veio o medo, a agonia e o desespero.

Foras da lei, homens da lei, chora de tristeza o sertão,

Choravam homens, mulheres, velhos e crianças,

Os sonhos viraram poeira, a poeira o vento levou, as marcas ficaram,

Restaram ruínas, quem sobreviveu contou o que viu.

As páginas são reais, as palavras se tornaram imortais,

E os mesmos sertões que agonizaram momentos de tristeza,

Renascem na glória de um novo carnaval.

Em azul e branco, apoteose de toda raça e valentia,

Pois os jagunços lutaram até o final,

Defendendo Canudos, naquela guerra fatal.