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Capitães de Areia
ENREDO 2012

Capitães da Areia

Justificativa

A Guerreira está de volta à terra boa e nada melhor do que comemorar esse retorno com uma singela homenagem ao ilustre escritor baiano, no ano do seu centenário: Jorge Amado. É nas ruas da capital baiana que nós desembarcamos para acompanhar as aventuras dos Capitães da Areia, um grupo de garotos órfãos que tentam a vida nas ruas a fim de sobreviverem. Sem família, sem dinheiro, sem estudo, sem amparo... tudo parece tão assustador, mas mesmo assim, esses pequenos "guerreiros" conseguem ter vários momentos de magia, de alegria e porque não até de amor. A obra, inspiração para o desfile, retrata uma realidade do século passado, há quase 75 anos atrás, mas essa é uma realidade ainda muito viva nos dias atuais. 

Sinopse:

Toda criança tem direito a ser feliz.

Toda criança tem direito a ter amor.

Toda criança tem direito de brincar.

Toda criança tem direito a uma boa alimentação.

Toda criança tem direito a ter saúde e paz.

Infelizmente esta não é a realidade de todas as crianças do nosso país. Muitas passam fome, muitas não têm quem lhes dê amor, muitas não podem brincar, muitas estão na miséria, doentes e infelizes, muitas estão nas ruas lutando para sobreviver e vencer, para ser alguém. Essa história não é uma realidade recente, é algo que já está marcado na história do Brasil.

Em Salvador, nos anos 30, existia um grupo de crianças que não eram apenas crianças, eram muito mais que isso. A vida nas ruas forçou-as a crescer e enfrentar obstáculos que ninguém na idade deles deveria enfrentar. Eram chamadas de Capitães da Areia. Para alguns eram ladrões, para outros, apenas crianças perdidas que viviam em um trapiche na praia.

Pelas ruas da cidade baixa da capital baiana, esses jovens homens criaram fama, fizeram amizades, gente do povo que os protegia, os ajudava, mesmo sem ajuda de quem realmente poderia fazer algo por aquelas crianças. Nas rodas de capoeiras, no porto, entre malandros e mulatas, lá estavam os Capitães da Areia, pois aquele era o reino deles, o chão, o lugar onde viviam.

Na cidade alta, poucos se preocupavam com a infância dos capitães, estavam preocupados com o dinheiro, com o poder, com a ganância. Tinham medo daquelas crianças e não pena. Não conseguiam enxergar que eram apenas crianças que sonhavam em ser como as crianças da cidade alta, que tinham família, brinquedos, comida, amor.

A vida dos Capitães não era simples, não era fácil. Poucos se preocupavam com eles, poucos queriam ser vistos com eles. A igreja não os via com bons olhos, mas um padre tornou-se amigo deles e sempre que podia os amparava. As religiões Afro, também marginalizadas, ajudavam os jovens capitães e podiam contar com a ajuda deles quando necessário, mas a realidade das ruas era cruel: fome, miséria, doenças, outros grupos de meninos abandonados e a crueldade da policia, que mais se preocupava com sua imagem do que em ajudar aquelas crianças.

Os Capitães queriam apenas crescer, ter um futuro melhor, todos eles tinham sonhos e esperanças, queriam ser alguém na vida, foram em busca desse futuro, em busca de suas vidas. Eles queriam ser mais que crianças ladronas, queriam ajudar quem precisa, queriam lutar contra aquela realidade, ajudar outros como eles a lutarem por um mundo melhor.

Tanto tempo se passou e quantos Capitães da Areia existem em nosso país? Muitos, vários, tantos que também querem sonhar e acreditar em uma vida melhor, fazerem uma revolução e mostrar ao mundo que são apenas crianças querendo viver, querendo seus direitos, querendo liberdade, querendo ser mais que Capitães da Areia, querendo ser apenas CRIANÇAS. 

Autor: Murilo Sousa