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Rainha Divina, a Deusa Encantada (Acadêmicos de Jacarepaguá - 2020)
Rainha Divina, a Deusa Encantada (Acadêmicos de Jacarepaguá - 2020)

Sinopse

“A pombagira Mulambo

A deusa encantada”

Laroiê!

Abrem-se os caminhos para saudar uma rainha negra tornada entidade. Um Marafo, uns cigarros nos acompanham nessa caminhada. Vem a noite e com ela tudo aquilo que o sol mascara e que o dia tenta esconder.

Laroiê! Save Maria Mulambo!

“Tem no gongá a segurança

Ela tem seu caminho marcado”

Princesinha, como era chamada Maria, sempre bonita delicada uma bela menina, talvez a mais linda do pequeno reino que seus pais coordenavam. Aos quinze anos foi obrigada a se casar com o príncipe do reino, bem mais velho que ela, um casamento obrigado, imposto e sem amor, com o objetivo dos pais de ambos aumentarem fortunas e expandir seu reinado. Mesmo amargurada com seu casamento forçado era uma praticante do bem, sempre disposta a ajudar os necessitados e os doentes, sua maior qualidade era fazer caridades. Maria encontrou em uma das suas idas ao povoado um homem, seu verdadeiro amor, sem coragem de assumir o sentimento os dois continuaram suas vidas. No reino, o rei morreu os pais da princesa já tinham falecido, o príncipe virou rei e Maria, uma linda rainha negra.

“Ela pisou em tapete de flores

Nem se quer se importava”

O povo adorava Maria por sua simplicidade. No dia de sua coroação seus súditos não tinham o que lhe dar de presente, então decidiram fazer um tapete de flores para a rainha passar. Ela muito emocionada não sabia como retribuir a gratidão.

O rei com inveja iniciou uma série de agressões, Maria agora rainha era espancada, sofria, vivia trancada e cada vez mais amargurada. Mesmo machucada não abria mão de praticar caridade, um dia no povoado seu amado a viu com muitas marcas e propôs a fuga.

“Ela deixou seus súditos chorando

E foi morar no meio da perdição”

Fugiram, a rainha agora tinha uma vida simples, mas regada de amor, não vestia mais luxo, apenas roupas velhas e usadas, mesmo assim continuava linda, mas agora tratada como escrava por ser negra, no entanto era feliz.

O sonho virou pesadelo, traída e jogada na rua Maria Mulambo como ficou conhecida a rainha, por usar trapos e panos velhos, os mulambos, vagava pelas ruas desnorteada sem saber que fim levaria sua vida ainda mais por estar grávida, passou muita fome e frio e perdeu o filho.

Vem vindo uma mulher bonita e famosa, dona de cabaré que avista Mulambo: “Moça, és tão bela por que está esmolando?”

Mulambo desviou o olhar e nada respondeu, a moça chamada de dona Sete Saias do Cabaré fez um convite para que ela voltasse a ser rica e amada por muitos homens. Com seu coração agora trancado, sendo rigorosa e fechada para o amor Maria aceita o convite e logo consegue o dobro de sua riqueza, refez sua vida e tinha muitos homens a seus pés.

Dia de casa cheia, o homem que traiu Mulambo foi conferir o boato que a essa altura já corria cidades, ao ver seu amado seu coração ainda batia mais forte, mesmo ela sabendo de tudo que ele fez.

“O verdadeiro amor é único feitiço que nunca é desfeito.”

O homem implorava seu perdão, disse ter sido burro e egoísta. Queria sua esposa de volta e rapidamente marcou um encontro com ela em uma encruzilhada.

Na noite seguinte Mulambo sai escondida e com uma capa preta, chega no local e seu amado diz: “Você foi a mulher mais linda que conheci em toda minha vida e sua beleza não dividirei com ninguém, farei isso por amor.” Mais seis homens apareceram e sacrificaram a linda mulher negra Mulambo.

“Ela é rainha! Ela é mulher!

Ela é rainha! Ela é mulher!

Pedacinho de Mulambo

Para quem tem fé”

Após a morte foi jogada em um rio sujo e sem vida que após sete dias floresceu. Os peixes surgiram em abundância e até pulavam fora d’água. No fundo do leito seu corpo podia ser visto, intacto, a capa preta e as marcas do corpo tinham dado lugar a jóias e a um vestido de rainha, seus súditos fizeram uma cerimônia de despedida digna para a rainha.

Em outro plano espiritual a pombagira Mulambo agora se junta a outros exus e pombagiras que estão presentes nos cultos de umbanda, e quando vem ao plano material é feita uma grande festa para celebrar esses espíritos que contribuem para evolução humana e agora dona Maria Mulambo é sempre invocada para ajudar em casos de amores difíceis, sendo sempre presenteada nas encruzilhadas e louvada por muitos “súditos”.

“Ela é rainha! Ela é mulher!

Ela é rainha! Ela é mulher!

Pedacinho de Mulambo

Para quem tem fé”

Autor

Gabriel dos Anjos