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ESTÁ TUDO ERRADO, LIESA 22 de abril de 2010, nº 13, ano III Enfim saíram as justificativas dos jurados de bateria do
Grupo Especial. Preferi manter-me calado durante todo esse tempo pós-carnaval,
justamente pela diferença de julgamento que tive, pessoal, com o que o júri da
LIESA teve. Antes de falarmos sobre as polêmicas justificativas,
precisamos falar do julgamento Mas eu disse daria, porque bateria não é uma orquestra
sinfônica, como os que os julgadores estão acostumados. Bateria de escola de
samba tem uma cultura própria, individual. Bem como as características de cada
uma delas deve ser respeitada, algo que nessa década foi totalmente abolido e a
maioria toca igual para atender aos critérios dos desses maestros. Cada uma
tinha sua característica rítmica própria, vinham de elementos diversos e principalmente
da tradição da agremiação. Mas se perderam nesses últimos dez anos. Seria até
injusto apontar uma bateria especificamente... Insisto e persisto nesse assunto, a LIESA pode utilizar-se
da metodologia dos Grupos de Acesso, onde os corpos de jurados são formados por
ex-ritmistas, diretores e até ex-mestres de bateria. Esse pessoal tem mais
vivência, bem ou mal conhece muito mais o quesito que os maestros da Liga. Eles
sabem como é andar e tocar, usar fantasias muitas das vezes desconfortáveis e
quentes além de, talvez o principal, o pouco conhecimento musical (em
comparação com músicos profissionais, como vem sendo exigido) da maioria dos
ritmistas que estão tocando. Essa filosofia mudou após 1997 e 1998, onde Wilson
das Neves, profundo conhecedor de baterias, tirou pontos da famosa paradinha
funk, da Unidos da Viradouro, com a justificativa de que o Dominguinhos cantava
samba e a bateria tocava funk. Coerente, mas apedrejado pela crítica e muitas
escolas. A partir de então se mudou os jurados e até a forma como o quesito é
interpretado, apenas como espetáculo, esquecendo-se da sua importância para a
agremiação. A questão não é distribuir nota máxima para todas as
baterias, até porque assim não teríamos uma campeã, mas um julgamento coerente
com o esforço que milhares de percussionistas, diretores e mestres têm durante
um ano de trabalho. Um pouco mais de conhecimento sobre cada uma das baterias
seria fundamental e, mais uma vez, a manutenção das características de cada uma
delas. Assim como os jurados atribuíram notas às baterias, vou me
espelhar nessa atribuição e também julgá-los com notas. As justificativas
estarão de acordo com o que cada um apresentou como atributos para tirar ou não
pontos das agremiações. 1ª Julgador: Jesus Figueiredo Foi responsável pelo pior julgamento do ano no quesito. Na
primeira noite só deu nota máxima para a Imperatriz e teve um julgamento muito
irregular, ao meu ver. Foi rigoroso no que diz respeito a União da Ilha e
Unidos do Viradouro, onde chegou a cobrar empolgação dos ritmistas. Baseou-se
muito na simplicidade das paradinhas das escolas, tirando ponto de todas elas
por isso. Algumas frases são pérolas, como julgou falta de criatividade nos
chocalhos e, a principal e lamentável afirmação: Questionou a afinação trocada
da Mocidade, característica, marca e uma das maiores diferenciações que a
bateria da escola tem em relação as demais. No Salgueiro, o jurado chegou a
opinar sobre achar "monótono" a falta de paradinhas no início do
desfile. Na segunda noite deu nota dez para Vila e Mangueira,
novamente penalizando todas por paradinhas pouco ousadas. Quando encontrou uma
que lhe agradava, penalizou por estar longa demais e estragar o samba, no caso
da Grande Rio. Faltou conhecimento musical sobre as agremiações e as
características de cada uma. Bem como saber que: paradinha não é sinônimo de
criatividade ou ousadia. Criatividade pode ser utilizada de N maneiras, desde a
introdução de instrumentos novos/diferentes, bem como o simples fato de ser
única na maneira de impor seu ritmo, como a bateria da Mocidade e Mangueira. PS: Para ver o grau de incompatibilidade entre os jurados
e o quesito julgado, foi um dos que se utilizou de partitura para descrever o
ritmo da escola. 2ª Julgador: Claudio Luiz Matheus Foi passear e assistir aos desfiles. Como ele mesmo
julgou: Faltou criatividade (e conhecimento). 3ª Julgador: Willian Luna Jr Até há uma certa coerência nas retiradas dos décimos e no
que justifica por eles. Realmente avalia o que está à sua frente e leva em
consideração característica de cada uma das baterias. Chega a citar os
instrumentos que causaram o mal-efeito nas bossas e/ou passagem pelo módulo em
que estava. Porém, quando chegamos ao julgamento da Vila, há um rigor que não
teve com as demais, o que é comprovado quando cita o excesso de peças agudas a
frente da bateria. Precisamos lembrar que a escola do bairro de Noel tem uma
formação semelhante a outras, com tamborins, chocalhos e cuícas como primeiros
instrumentos. Será que só ela estava com esse defeito? Faltou critério. 4ª Julgador: Sérgio Naidim Também meio incoerente e pouca visão geral. Parecia julgar
apenas as paradinhas em si, insistindo na falta de criatividade e má realização
das mesmas. Outro jurado que usou a inútil partitura para demonstrar o que
queria dizer. Vale ressaltar que 99% dos ritmistas não são profissionais ou
entendem deste recurso. Agora fica a pergunta sem resposta, pelo que questionou
aos ritmistas da Portela: como é possível tocar e ter entusiasmo ao mesmo
tempo, com fantasias quentes e que atrapalham na hora de executar a ação,
senhor Sérgio Naidim? 5ª Julgador: Leandro Osíris Nesse ano foi o melhor julgador do quesito. Tirou pontos
de vários aspectos, visou não só paradinhas, mas também questão dos arranjos e
conjugação entre os instrumentos. Em todas as justificativas descreveu o que
ouviu e julgou errado, não só citando o erro. Também se utilizou do recurso de
acrescentar observações para aprimoramento dos erros, o que acho fundamental
nesse quesito. Ainda não é o ideal, mas entre todos, o que melhor entendeu o
que é julgar bateria. Fica aqui minha esperança de que em 2011 os jurados sejam mais bem preparados, de preferência, com visitações permanentes nas agremiações e um curso intensivo de bateria com os maiores nomes desse quesito e que estão fora de atividade, como Odilon, Mug, Paulinho e outros. Assim, quem sabe, terão conhecimento maior sobre o quesito e julgando muito mais que uma harmonia sonora, mas também as características de cada uma. Bruno Guedes Ewerton Fintelmann |
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