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Coluna "Quesito Bateria"

ANÁLISE DAS BATERIAS DE 2009
por Bruno Guedes

Império Serrano: Uma bateria show, assim pode-se resumir a Sinfônica do Samba. Segura, manteve o ritmo do início ao fim, imprimindo um andamento quase perfeito pro desfile imperiano. Apresentou a mais criativa paradinha de 2009, onde os ritmistas, fantasiados de fuzileiros navais, prestavam continência aos jurados. Uma bela sacada e que gerou um efeito visual belíssimo. As terceiras e os agogôs como sempre foram os destaques. Parabéns ao Mestre Átila e seus ritmistas.

Grande Rio: Não esteve brilhante como em outros anos, mas longe de estar ruim. Pelo contrário, é uma bateria tão espetacular que quando vem apenas "bem", exigimos algo a mais. Apresentou diversas convenções e a costumeira segurança e competência, com o padrão Grande Rio de qualidade. Só achei que pro final do desfile a bateria não foi tão segura... Não sei se foi apenas uma dúvida, por causa do "clarão" que se dá após a saída do box, onde abrem-se as arquibancadas e o som tem um retorno diferente. Isso se deve aos setores 6 e 13, que são mais afastados que os anteriores. A lamentar, a saída do Maestro Odilon. Fará falta, apesar da substituição à altura, com o Ciça.

Vila Isabel: A bateria começou acelerada, assim como toda a escola. Com quase 20 minutos, a comissão de frente já passara do meio da Avenida. Isso leva a crer que o andamento acelerado partiu de uma ordem da direção. Apresentou uma paradinha super criativa, que imitava uma valsa e citei numa coluna anterior. Achei injustas as notas, porém os quarenta pontos seriam um exagero.

Mocidade: Outra bateria acelerada. E logo a que menos pode ser, por causa da batida de caixa que "pede" um andamento "mais pra trás". Não só para o efeito do swing das mesmas, mas porque é extremamente cansativa. Achei a bateria mais firme que em anos anteriores, porém menos criativa. E pela primeira vez a vi subir no repique, sem uma costumeira bossa, como sempre foi. Mas não esteve mau, talvez tenha sido o destaque do fraco desfile de Padre Miguel.

Beija-Flor: Outra que é excelência em andamento. Perfeito, sem correria, mesmo quando exigem isso da mesma. Esteve mais ousada, com diversas paradinhas ao longo da Avenida. Manteve um ritmo firme do início ao fim. Há uma forte presença dos surdos de terceiras tocando "livres", ou seja, sem desenho e de forma tradicional, no contra-tempo dos demais surdos. Muito boa.

Unidos da Tijuca: Diferente do ano anterior, apresentou um andamento quase perfeito. E a bateria ajudou demais o que considerava o melhor samba de 2009, com paradinhas e conveções perfeitas. Novamente o destaque para o forte ritmo das caixas e dos tamborins. Peças leves dão uma sonoridade mais gostosa às baterias e, na Tijuca, isso é padrão há anos. Gostei demais.

Porto da Pedra: Não me recordo de ter visto uma apresentação tão boa da bateria do Tigre. Bastante ousada (Não como nos ensaios técnicos), apresentou firmeza e um equilíbrio entre os naipes que me contagiou. Não entendi as notas. Achei extrema má vontade do júri com a escola, o que sabemos que ocorre há algum tempo. Mestre Thiago estreiou com pé direito e merece uma segunda chance.

Salgueiro: Gosto da bateria do Salgueiro, mas acho muito acelerada. Percebi algo que não ouvia nos outros anos com o Mestre Marcão, as terceiras tocando como o Mestre Louro fazia nos áureos tempos da Furiosa. Marcando, sem aquelas costumeiras viradas e direções que as outras agremiações fazem. Excelente restauração. As caixas sustentaram demais a bateria. Há um grande número de bossa, o que particulamente sou contra, mas todas de perfeita execução e sintonia com o samba. Destaque para a do refrão do meio, excelente!

Imperatriz: Mais uma brilhante apresentação da bateria da Leopoldina. Tem hoje, os surdos de terceiras mais ousados do carnaval. Mais até que da Grande Rio, que inventou essa maneira de dirigí-las. Paradinhas ousadíssimas e de uma firmeza excepcional. É sem dúvidas uma das melhores baterias atualmente. A nova diretoria transformou água em vinho. Parabéns ao Mestre Marcone e seus ritmistas.

Portela: A Tabajara do Samba veio como de costume num andamento ideal, diria que perto do perfeito. Senti a bateria levemente embolada no primeiro recúo, mas quando saiu do mesmo, melhorou. Apresentou uma convenção no final do samab que era espetacular. É muito segura e tem um belo naipe de tamborim. E trouxe uma novidade pra 2009: frigideiras. Som metálico que já é presença há anos na Beija-Flor, vem tomando conta de algumas baterias. Além da Portela, Rocinha também levou para a Avenida o naipe. Esses tipos de instrumentos ajudam a garantir um andamento contínuo, "freiando" uma possível correria. Ouvi num trecho do samba as terceiras da Portela com um estilo mais ousado, fugindo do contra-ponto costumeiro.

Mangueira: É a Mangueira voltando a ser Mangueira, em sua bateria. Ano passado já registrei isso aqui e, em 2009, de novo. Andamento maravilhoso e forte presença dos surdos. O naipe de tamborins estava um pouco embolado em alguns trechos, mas nada que apagasse a boa apresentação. Sou TOTALMENTE contra a Estação Primeira fazer paradinha, o que para mim é a mesma coisa que a Mocidade "passar reta", foge às suas características. Mas como o regulamento pede ousadia, a mesma levou diversas e com execução magistral. Destaque para uma que era "pergunta-e-resposta" de diversos naipes, como caixa e tamborim. Muito boa.

Viradouro: Sou suspeito para falar da bateria do Ciça. Acho ele o mais ousado entre todos os mestres e um ídolo. Apesar do andamento acelerado da escola, talvez seja a única onde meus ouvidos não reclamam. Certeza é de que porque ouço todos os naipes, vejo uma firmeza única e uma identidade própria na Viradouro. A paradinha dos atabaques eu enxergava como totalmente desnecessária e sem graça, mas o gênio me provou o contrário. Funcionou e muito na Avenida e garantiu quarenta pontos para a agremiação. Diga-se de passagem, única a conseguir tal façanha no quesito. Um belo naipe de caixas e uma afinação "agressiva", estilo a que outras escolas fazem, como o Salgueiro e Estácio. Ao todo, foram mais de 50 tamborins, algo que desde os tempos do Mestre Celinho na Tijuca não acontecia na Sapucaí. Tudo em perfeita ordem e um show. Parabéns ao Mestre Ciça e boa sorte na nova escola.

Ewerton Fintelmann
etho_vp@globo.com

Bruno Guedes
bruno_guedes1986@yahoo.com.br