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Samba Paulistano

25 de fevereiro de 2011, nº 8, ano II

CASOS E DESCASOS DO PRÉ-CARNAVAL
Por Ronaldo Figueira

Companheiros leitores,

É com muito prazer que assumo esta coluna que é dedicada à divulgação do Carnaval e do samba paulistas. O Weinny Eirado me deixou o nobre legado de conduzir esse espaço que deve ser dedicado ao samba e a cultura carnavalesca de nosso estado. Primeiramente, eu gostaria de falar um pouco sobre mim, já que em vários fóruns foram levantadas questões sobre minha origem.

Sou paulistano do bairro da Cangaíba, tenho 34 anos, formado em comunicação social e pai de uma linda filha, Millena. Vivi na capital paulista até 2003, quando decidi me mudar para o interior devido a uma oportunidade de trabalho. Matildense de coração, desfilei nas alas da escola até o carnaval de 2002. Nesses meus anos dedicados a folia, conquistei bons amigos em quase todas as nossas agremiações, apaixonados assim como eu, que me ajudam fornecendo notícias e longas conversas sobre os andamentos dos bastidores do nosso espetáculo. Todo ano compro meus ingressos e assisto os desfiles no Anhembi!

Dito isso, acho que devo fazer um breve comentário sobre a minha análise dos sambas e explicar minhas posições.

Pela importância do tema e também pela época, achei que comentar os sambas seria o primeiro passo, anterior mesmo à minha apresentação. Minhas opiniões sobre os SAMBAS das escolas de SAMBA explicitam muito do que eu penso e idealizo sobre carnaval.

Pelo que pude acompanhar nos fóruns, poucos foram os que discordaram fortemente das minhas opiniões ou que me xingaram por dizê-la em público. Acredito que isso se deva muito porque eu adjetivei pouco os sambas, preferindo apontar os trechos e dizer o que achava deles. A polêmica veio (e minha intenção não é gerar polêmica, embora não quero perder o direito de me expressar para evitá-la) na avaliação da Águia de Ouro e quanto à métrica que usei nas notas.

Quanto à avaliação da Águia de Ouro, reconheço, fui bastante breve, principalmente se for comparar com as avaliações das outras escolas, onde escrevi de maneira muitas vezes prolixa. Mas entendam: um colunista não é, necessariamente, jornalista. Um colunista cumpre a função de dar opinião sobre algo, desde que conheça do que está falando e não ofenda gratuitamente. O samba da Águia foi o que menos me agradou e eu não poderia falar muito detalhadamente sobre ele, pois não o ouvi (e não o ouço) com o mesmo afinco dos demais.

Já quanto à métrica de notas, é fácil explicar. Usei a que o site onde eu escrevi já usa: de zero a dez, fracionada em décimos. Claro que uma avaliação com métrica tão diferente da dos jurados oficiais vai ter notas absurdamente diferentes (nem se a Águia de Ouro, a quem atribuí a nota mais baixa, desfilasse tocando axé tiraria a nota que tirou). Mas a minha intenção, e a de todos os comentaristas do site, é fazer uma avaliação pessoal, baseada no que senti ouvindo os sambas.

Como sambista, acredito que um samba não é só uma música. Nenhum gênero musical, que é só uma música, cria uma manifestação tão rica e diversa em torno de si, apenas para cantá-lo. Como sambista, acredito que um samba pode causar diferentes emoções. Meu manual do julgador é bem mais simples que os oficiais: o meu dez é praquele samba que dá vontade de largar tudo e sair gritando e abraçando os vizinhos. Como sambista, acredito que isso é possível e bastante comum.

Meus vizinhos, coitados, também acreditam.

Ensaios Técnicos e Ingressos

Nesses períodos de apreensão à espera do grande dia, há uma coisa que nos conforta e ao mesmo tempo nos deixa mais ansiosos: os ensaios técnicos. Este ano, continuam os graves atrasos provocados pelas primeiras escolas (geralmente do grupo especial) para conseguir desfilar num horário “melhor”. Fica o meu puxão de orelha para esse problema de organização que ainda deve ser sanado. No último final de semana, o sistema de som oficial foi ligado, dando maior segurança para o desenvolvimento da harmonia e evolução das escolas. Ponto pra organização! Destaco também a equipe do Blog Na boca da avenida (http://nabocadaavenida.blogspot.com/) que tem divulgado excelentes áudios dos ensaios! Parabéns pessoal! A qualidade do som oficial que continua ainda deixando a desejar...

Por falar nisso, ainda deixa e muito a desejar o serviço prestado pela empresa que vende os ingressos para o nosso carnaval... Filas, quedas de sistemas estranhíssimas, ingressos que magicamente somem dos postos de venda! São tantos inconvenientes que me levam a indagar sobre a idoneidade dessa empresa e questionar a qualidade do serviço por ela prestado. Será que não poderíamos, ao menos um ano em caráter de teste, escolher outra empresa e diversificar o serviço? Na minha opinião seria de grande valia para o nosso carnaval!

Sambas-enredo de Santos

Mais uma vez, as escolas de samba de Santos gravaram seus sambas, mas não lançaram CDs. As gravações estão disponíveis no site da prefeitura de Santos (http://www.santos.sp.gov.br/carnaval). Diferente dos anos anteriores, os sambas não tem links de downloads, mas estão em um player em cada página de escola. É só ir lá e ouvir.

Não ouvi os sambas de 2011 ainda, por falta de tempo, mas pela qualidade que conferi nos últimos anos, vou confiar e recomendar mesmo assim.

Isto é: injúria

Em 1938, tempo em que o rádio era o principal meio de comunicação existente, a CBS, lá nos Estados Unidos, interrompeu a programação para transmitir o rádio-teatro "Guerra dos Mundos", sobre uma invasão marciana. O programa simulava um programa jornalístico comum da época. Devia ter ficado bastante convincente, já que houve fugas em massa e pessoas desesperadas com os alienígenas.

Estamos em 2011 e, se formos à uma banca de jornal qualquer aqui no Brasil, vemos várias revistas de ficção. Uma delas, uma das maiores delas aliás, decidiu escrever uma historinha sobre uma das escolas de samba paulistanas.

A Tom Maior, escola de samba como poucas, foi retratada na revistinha como filial de um partido político. As cores da escola, vermelho e amarelo, viraram as cores do PT. O símbolo da escola, uma lira com notas musicais, virou uma estrela, também do PT. Os componentes da escola viraram esfomeados em busca de pão com presunto e um copo de refrigerante, típico de um comunista petista.

Mas aqui vai a minha crítica literária: não pegou bem. A história tem vários furos. Esses símbolos foram escolhidos sete anos antes da fundação do partido político. Os componentes da Tom Maior estavam "perdendo" seu tempo no ensaio técnico por amor à sua escola. Nunca que uma história confusa e furada dessas conseguiria causar confusão.

Aliás, penso que é pra causar confusão que a grande imprensa brasileira em geral publica ficção, mas não conta pra ninguém.
 
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Só uma observação: não defendo a Tom Maior e seu enredo por convicções políticas. Acredito que uma escola pode contar o enredo que quer como quer, desde que siga uma ordem lógica, sem furos históricos e toda aquelas coisas que estão escritas no regulamento e no manual do julgador. Isso a Tom Maior tira de letra. Acredito que por mais que discordemos da opinião expressa por outro interlocutor devemos respeitá-la. Acredito que um veículo jornalístico devia assumir claramente suas opiniões ou pelo menos separá-las dos fatos.

Em 2002 a Leandro de Itaquera fez não uma citação, mas um enredo em homenagem à Mário Covas, um personagem com o qual não compartilho nenhuma convicção política. E o mais legal é que eu não fiquei caluniando a Leandro por causa disso.

Acredito, além de tudo o que já disse que acredito, que bater a bunda no teclado e publicar o resultado é antiético.