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Coluna "Samba Paulistano"

Numa excursão da Mocidade Alegre no Rio de Janeiro, após o carnaval desse ano, foi dita esta frase:

“Isso prova o quanto o samba não tem fronteira. Ele é do Brasil!”
Solange Cruz Bichara Rezende, Presidente da Mocidade Alegre

Por mais de meia década, o carnaval carioca teve uma plena superioridade e hegemonia sobre os desfiles e sambas de outras cidades. Porem, nas ultima década e meia, o samba paulistano começou a ganhar força, tanto na qualidade, quanto na beleza dos desfiles. E por isso, a partir de hoje, o SAMBARIO abre suas portas para o samba de São Paulo! E eu, Weinny Eirado, que assim como você, já fui leitor desse site, e terei a honra de redigir essa coluna, na qual não apenas falarei dos grandes momentos do nosso samba, mas também das novidades que aqui acontecem. Também deixarei minhas opiniões sobre os sambas daqui, na seção “Comentários dos Sambas”. E em breve, algumas fichas dos nossos intérpretes também entrarão para o site.

Agradeço ao nosso jornalista e webmaster Marco Maciel pela oportunidade e ,é claro, convido todos vocês a ficarem mais perto do samba paulistano nessa coluna quinzenal!

Weinny Eirado

 SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO – ISSO DÁ O QUE FALAR... 

São Paulo e Rio têm muitas diferenças. No samba, isso não podia ser diferente. Rivalidades acabam surgindo quando cariocas “dizem que nós não sabemos fazer samba”.

Mas, se você acha que São Paulo é o túmulo do samba, mude de opinião! Grandes nomes do samba carioca fizeram participações aqui. Como por exemplo os intérpretes: Jamelão (no Peruche, em 1988, 1994 e 1998), Neguinho da Beija Flor (na Mocidade Alegre, em 1999), Quinho (na Rosas de Ouro, em 2000; e na Vila Maria desde 2008), Rixxa (na Tom Maior, em 2000; e na Leandro de Itaquera, em 2001), Carlinhos de Pilares (na Leandro, em 1992), Preto Jóia (na Acadêmicos do Tucuruvi, em 2000), Roger Linhares (na Império de Casa Verde, em 2003), Gilsinho (que começou aqui, na Vai-Vai, em 2001; também esteve na Barroca, em 2004; e na Vila Maria, em 2005; estará na Vai-Vai em 2010), Paulinho Mocidade (na Águia de Ouro, em 2005); Wantuir (na Vai-Vai, em1999), Bruno Ribas (na Império, em 2008); Mauricio Maia (na Perola Negra em 1996); Quinzinho (na Leandro, em 1998), e muitos outros que me fogem a memória. 

Mas, tudo isso sem contar os cariocas “convertidos”: Serginho do Porto (Águia de Ouro), Vaguinho (Hoje na Mancha Verde; Com passagens pela Leandro, Tucuruvi, Mocidade e Vai-Vai), Clovis Pê (Mocidade Alegre), Moises Santiago (Imperador do Ipiranga), Leandro Alegria (começou na Beija-Flor; hoje no Peruche), e outros.  

  
Moises Santiago, Serginho do Porto e Clóvis Pê vieram do Rio para animar o carnaval da cidade de São Paulo.

Os sambas das duas cidades têm algumas diferenças. Se usarmos o Rio como o padrão, São Paulo teria algumas características diferentes da Cidade Maravilhosa. Como por exemplo, o andamento da bateria, que aqui é mais rápido do que no Rio e aposta em surdos de 3º.

Outras diferenças estão nos formatos de desfile. No Rio o tempo mínimo é de 65 minutos e o máximo de 82; Em São Paulo, o mínimo é 55 e o maximo é 65 minutos. Na Cidade Maravilhosa tem o limite de oito alegorias por escola; Em Sampa, esse limite é cinco. Os cariocas usam carros alegóricos motorizados; os paulistas empurram. Em São Paulo, o Grupo Especial conta com 14 escolas, com sete em cada dia; No Rio, desde 2007, são 12 agremiações, com seis em cada dia. O Acesso carioca contará com 12 escolas em 2010; o paulistano terá oito.

Segue abaixo um quadro comparativo entre a divisão dos grupos nas duas cidades. Importante lembrar, que aí também estão os locais e dias de desfile, e o órgão administrador do grupo. 

Aqui, como é possível ver no quadro, por causa de desavenças após a eleição do Presidente da Liga, em 2008, as escolas dividiram-se em duas associações: a Liga e Superliga (fato será destaque nessa coluna em breve). 

Os sambódromos são diferentes também... 

A passarela do samba carioca é a primeira obra feita desse tipo no país. Com 700 metros de comprimento, a avenida conta com a capacidade de 88.500 espectadores. Foi construída para o carnaval de 1984, sob a Rua Marques de Sapucaí. Recebeu o nome de “Passarela do Samba Darcy Ribeiro”, mas foi com o termo sambódromo que o nome pegou. Porem, a avenida não conta com uma grande estrutura para as escolas, que todo ano sofrem para posicionarem os seus carros alegóricos na “esquina do samba”. 


A Sapucaí, com 25 anos de história, é um dos maiores símbolos do Carnaval Brasileiro.

O sambódromo paulista, apesar de menor e mais novo, conta com uma melhor estrutura e planejamento (que alias, foi feito por Oscar Niemeyer). Nosso sambódromo tem capacidade para aproximadamente 30.000 pessoas, e conta com amplas áreas de concentração e dispersão. Foi construído em 1990, e batizado como “Pólo Cultural e Esportivo Grande Otelo”, posteriormente apelidado de Anhembi.


Em 2009, Anhembi completou 18 anos de sua inauguração, realizada em 1991.

Mas o que realmente não é diferente nas duas cidades é o amor das suas escolas pelo samba...!

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GRANDES MOMENTOS DO SAMBA PAULISTANO

1985 – Uma escola de São Paulo pisa na Sapucaí!

Por Weinny Eirado

 
Na esquerda, o grande intérprete que conduziu a escola na Sapucaí: Armando da Mangueira; Na direita, o maior símbolo da escola matildense: Seu Nenê.

Não tem como começar melhor essa parte da minha coluna. Aproveitando o tema, vou contar o grande momento em que o Rio de Janeiro “deu as mãos” a São Paulo na avenida.

Em 1985, enquanto o fabuloso samba da Mocidade Independente “Ziriguidum 2001” vencia o carnaval carioca, uma escola de samba da Zona Leste de São Paulo acabava com um jejum de 14 anos e levava o carnaval.

Por isso, talvez o maior momento do carnaval paulistano aconteceu. A escola recebeu um convite e foi para a Sapucaí, para o desfile das Campeãs. 

Comandados pelo seu Nenê, a escola matildense invadiu a Sapucaí com 2.300 foliões (que foram em uma mega operação de ônibus), ao lado de Beija-Flor e Mocidade Independente, e fez a festa no desfile das campeãs que (se não estou enganado) era realizado no domingo, e ainda por cima transmitido ao vivo pela Globo e Manchete. O carnavalesco da escola era Geraldo Cavalcanti, que organizou 20 alas no desfile; a harmonia era organizada por Betinho e a bateria comandada por Mestre Gilberto; Euclides e Maria Inês eram o 1º casal de Mestre Sala e Porta Bandeira. 

Uma vez me disseram por aí que a Nenê só levou uma grande alegoria para o Rio, e que ainda não era da escola; era alegoria do Camisa Verde e Branco. E ainda sem o consenso do Presidente da escola da Barra Funda, que se perguntava “como poderia sumir um carro desse tamanho em plena Av. Tiradentes?” (palco do carnaval paulistano na época). Mas nunca tive uma confirmação dessa história, e por isso, pode não passar de uma lenda. 

Com a voz do grande Armando da Mangueira (falecido no ano passado), o samba “O dia em que o Cacique rodou a baiana, Ó aí” é a única obra paulista a entrar no sambódromo do Rio de Janeiro. 

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Mocidade Alegre e Rosas de Ouro já lançaram seus enredos. As duas escolas não passam por grandes mudanças para o próximo carnaval

   
Celsinho fora do Camisa; Rene Sobral permanece na Tom Maior; Gilsinho chega na Vai-Vai

As eliminatórias ainda nem começaram e as mudanças nas escolas já estão fervendo! Veja algumas:

MOCIDADE ALEGRE – Rumo ao bi-campeonato, a escola do bairro do Limão já lançou o seu enredo: “Da criação do universo ao sonho eterno do criador ... Eu sou espelho e me espelho em quem me criou!”. É um ótimo gancho para falar do bamba Juarez da Cruz, fundador da escola, que faleceu no começo desse ano, após passar mal na festa da vitória. Veja a ultima frase: “eu sou espelho, e me espelho em quem me criou”... Aparentemente, a mesma equipe do ultimo carnaval deve continuar, incluindo a Comissão de Carnaval, Mestre Sombra e Clovis Pê. 

MANCHA VERDE – Com o enredo: “Aos mestres com carinho! Mancha Verde ensina como criar identidade”, a Mancha deve falar dos Mestres, tanto no ensino (professores), como no samba. Pode haver uma mudança no microfone da escola: Celsinho, que está saindo do Camisa, pode substituir Vaguinho. Fernando Dias deixa a escola e o carnavalesco “contra-mão” Cláudio Cebola assume o posto, retornando a escola após dois anos. 

AGUIA DE OURO – A escola enviou parte de sua diretoria para Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Dizem por aí, que esse será o tema da escola em 2010. Provavelmente Serginho do Porto continuará em 2010. 

VAI-VAI – Num provável momento de loucura, o presidente da escola, Thobias da Vai-Vai dispensou o interprete Carlos Junior. O único lirismo nessa decisão é a troca por Gilsinho (que estará também na Portela em 2010). Ainda assim, é inacreditável a saída do intérprete que é considerado um dos maiores nomes do carnaval de São Paulo. O tema também já foi definido: “80 anos das Copas do Mundo”. 

TOM MAIOR – Com um provável enredo sobre os “50 anos de Brasília”, a escola do Sumaré, mantém o interprete René Sobral e o diretor de bateria Carlão. Porem, a grande mudança será no posto de carnavalesco, onde o ex-mangueirense, Roberto Szaniesck, assume o posto que anteriormente pertencia a Marco Aurélio Ruffin. A escola que no ano passado perdeu a sua quadra, já definiu onde acontecerão os ensaios: na quadra da torcida organizada palmeirense e escola do Grupo 3, a TUP. A única exigência “é que nenhum integrante deve vir com uma camisa de time de futebol”. 

ROSAS DE OURO – Com o lema “em time que está ganhando não se mexe”, a Roseira em 2010 aparentemente contará com a mesma equipe de 2009. O carnavalesco Jorge Freitas e Mestre Tornado permanecem. O único nome que ainda não houve uma confirmação foi o do intérprete Darlan Alves. O tema da escola da Freguesia do Ó já foi lançado e será: “O cacau é Show”. Tem cara de patrocínio! 

LEANDRO DE ITAQUERA – Poucas mudanças na escola, que até o momento perdeu apenas o mestre-sala Paulinho. Mas o enredo já foi divulgado e será uma auto-homenagem: “Quem não é Leandro tem vontade de ser. Eu sou vermelho e branco desfilando minhas cores pra você”. Anderson Paulino provavelmente será o carnavalesco. 

PEROLA NEGRA – Até o momento, a escola da Vila Madalena confirmou apenas a continuidade do trabalho do carnavalesco André Machado. Douglinhas deverá continuar no microfone da agremiação. 

PERUCHE – A escola do pavilhão verde, amarelo, azul e branco, está se reforçando após a queda em 2009. A escola não terá mais Mestre Marquinhos na bateria. No posto de carnavalesco a escola já anunciou a saída de Raul Diniz. Para o seu lugar, chega Amarildo de Melo. 

BARROCA – O grande desfalque barroquense é a saída de Agnaldo Amaral do carro de som. O interprete está a caminho do Camisa Verde e Branco. Mestre Barroquinha, continua na verde-rosa. 

IMPERADOR DO IPIRANGA – A escola da Vila carioca, que retorna ao Grupo Especial, até o momento só tem uma mudança: a troca do casal de mestre-sala e porta-bandeira. Quanto ao interprete Moises Santiago, nada foi revelado. Mas o que a escola já divulgou foi o seu enredo em 2010: “Da Antiguidade a Tecnologia: Medicina, a Nobre Arte de Salvar Vidas”. A escola abrirá o desfile na noite de sexta-feira.

X-9 PAULISTANA – Após quase entrar no desfile das campeãs esse ano, a X-9 já começa mexendo no posto de Carnavalesco: Paulo Fuhro está fora da agremiação. Para o seu lugar, anuncia Augusto de Oliveira. Ele trabalhará sobre o enredo “Do além mar, a herança lusitana nos une. Ora pois..a X-9 é portuguesa com certeza !”, ao lado de Rodrigo Cadete. Já a permanência de Daniel Colletê, é duvidosa, já que até o momento a escola nada revelou. 

IMPERIO DE CASA VERDE – Com a chegada do carnavalesco Marco Aurélio Ruffin, o “Tigre Guerreiro” busca a sua volta ao topo. Outra novidade na escola pode ser a volta do interprete Carlos Junior, que deixou a Vai-Vai. 

NENÊ – Após a queda, a escola tenta juntar os cacos para voltar em 2011 ao Grupo Especial. As mudanças são: a troca do carnavalesco Lucas Pinto (que abandonou a escola em plena evolução na avenida) por Delmo Moraes; também a troca de Mestre Pelegrino por Mestre Divino (que está retornando para a escola da Vila Matilde). Na Internet, rola um boato de que Royce estaria deixando a escola; ocorrendo esse fato, a escola traria de volta para o microfone o interprete Dom Marcos, após 13 anos da sua ultima passagem na Águia Guerreira. 

CAMISA VERDE E BRANCO – Após pedir dispensa, Celsinho não é mais o intérprete da escola. Especula-se sua mudança para o Peruche ou Mancha Verde. Para o seu lugar, chega Agnaldo Amaral, após quase 20 anos da sua ultima passagem na Verde e Branco da Barra Funda. O carnavalesco Hernani Siqueira está confirmado para 2010. 

DRAGÕES DA REAL – Após bater na trave em 2009, a agremiação já escolhe o enredo para tentar chegar pela primeira vez no Grupo Especial: “A reconstrução do mundo”. Para que a escola-torcida são-paulina chegue ao seu objetivo, a aposta é no novo carnavalesco, Eduardo Caetano. 

GAVIÕES DA FIEL – Em um enredo já quase confirmado sobre o centenário do Corinthians, a escola manterá o carnavalesco Zilkson Reis. Boatos surgiram sobre a saída de Ernesto Teixeira da escola, que estaria deixando a alvinegra para se dedicar um cargo dentro do clube. Eu garanto: é impossível. Mas, se isso acontecer, o nome de Darlan é cogitado. 

(Atenção: nem todas as informações aqui são oficializadas pelas escolas!)

Weinny Eirado
sammyeirado@hotmail.com

Fotos: SASP