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OSVALDINHO DA CUÍCA

OSVALDINHO DA CUÍCA

  

                  

 

 

        Nome completo: Osvaldo Barro

       


        Ano de 
nascimento: 1940

    

                                                                  

Osvaldinho da Cuíca é carnavalesco literalmente desde o dia em que nasceu. O músico veio ao mundo no bairro do Bom Retiro, na cidade de São Paulo, no dia 12 de fevereiro de 1940, uma semana após o Carnaval daquele ano. Desde então, tem estado presente nos principais momentos históricos do samba e da música popular brasileira.

Foi na porta de uma gafieira no bairro do Tucuruvi que Osvaldinho começou. Tinha uns 14 anos e trabalhava como engraxate em frente à casa de dança. Aos quinze anos já se fazia notar nos batuques e cordões carnavalescos da zona norte de São Paulo, participando do surgimento de várias escolas de samba. Em 1958, compôs seu primeiro samba, para o cordão Garotos do Tucuruvi. Foi naquele grupo que começou a fazer instrumentos por notar que tinha vocação para a percussão, então começou a aprender a tocar tudo.

Ingressou no Teatro Popular criado pelo poeta pernambucano Solano Trindade em 1959, dedicando-se à cultura afro-brasileira. Foi do próprio Solano que recebeu o apelido de Osvaldinho da Cuíca devido à habilidade que o músico tinha de fazer sons diferentes. No mesmo ano, junto ao grupo do sambista carioca Monsueto Menezes e participou da trilha sonora do filme “Orfeu Negro”, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes e do Oscar de melhor filme estrangeiro.

Sua presença como percussionista é uma constante. Atuou em programas de rádio, televisão, gravações, shows e festivais, tocando com grandes artistas nacionais e internacionais, como: Adoniran Barbosa, Nelson Gonçalves, Ângela Maria, Geraldo Filme, Germano Mathias, Nelson Cavaquinho, Cartola, Clementina de Jesus, Beth Carvalho, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Yoko Ono, Living Colour, Rolling Stones, entre outros.

A relação de Osvaldinho com a Vai-Vai se estreitou em 1972, quando o percussionista foi convidado a participar do processo de oficialização do então cordão carnavalesco em escola de samba. Ele já era famoso e trabalhava numa boate perto da quadra. Como tinha experiência, começou a mexer na estrutura, com mão de ferro. Osvaldinho foi o fundador da ala dos compositores da preto e branco do Bixiga, em 1975. Desde então, teve seis sambas seus desfilados pela Vai-Vai, sendo três campeões do carnaval (1978, 1982 e 1988).

Ainda teve sambas selecionados em outras escolas. O primeiro samba a pisar no Anhembi foi de sua autoria e de Maurinho da Mazzei, “Cabeças e Plumas”, da Passo de Ouro, a primeira escola a adentrar o sambódromo, inaugurado em 1991. Osvaldinho também ajudou na fundação das escolas Gaviões da Fiel (1974) e Acadêmicos do Tucuruvi (1976. A música “Vai Corinthians”, composta em 1976, virou refrão da torcida corintiana nos estádios e foi samba-enredo do então bloco carnavalesco Gaviões da Fiel dois anos depois.

Osvaldinho foi o primeiro paulistano a ser eleito Cidadão Samba, em 1974, uma época em que era preciso saber tocar, dançar e cantar. Tanto que é sambista, ritmista, passista, cantor e compositor. Na avenida, foi puxador de samba na Vai-Vai em 1976, no samba que a escola homenageou Solano Trindade e nos carnavais que compôs o samba da Gaviões da Fiel nos tempos de bloco. Participava das gravações dos discos de samba enredo nos sambas de sua autoria, geralmente fazendo cacos e tocando cuíca. Produziu os primeiros LP's de samba-enredo das cidades São Paulo, Santos, Guaratinguetá e São Luís do Maranhão.

Pelo grupo Demônios da Garoa foram três passagens. A primeira teve início em 1968, quando ele foi convocado pela gravadora Chantecler a comparecer ao estúdio. O grupo participaria da 1ª Bienal do Samba, na TV Record, com a música “Mulher, Patrão e Cachaça” (Adoniran Barbosa e Oswaldo Moles) e precisava de alguém no instrumento para fazer as firulas na cuíca que Osvaldinho fez na gravação. A música não ganhou o festival, mas estourou. “Aí eles foram obrigados a me contratar, porque tinham que tocar aquilo da gravação, e só eu sabia fazer”, conta Osvaldinho.

Cerca de dois anos depois, Osvaldinho se afastou d’Os Demônios da Garoa por desencontro de agendas. A parceria seria retomada na década de 1980, sendo novamente rompida pelo mesmo motivo. Voltaram a se apresentar juntos de 1991 até 1999, quando se separaram pela última vez, por um motivo carnavalesco. Acontece que o cuiqueiro é Vai-Vai de coração, e levou os integrantes do grupo para a escola. Em 1998, a escola de samba Rosas de Ouro fez um enredo em homenagem ao grupo, inclusive com Osvaldinho desfilando na escola rival. Os integrantes dos Demônios gostaram tanto que no ano seguinte quiseram mais. Aí Osvaldinho falou que não porque não ia dar tempo, o Vai-Vai desfilava e a Rosas de Ouro vinha logo depois. O cuiqueiro foi com o Vai-Vai, depois os rapazes do grupo passaram na Rosas de Ouro. Na semana seguinte, os Demônios da Garoa não o levaram a um show que o próprio Osvaldinho tinha descolado. A partir de então, não participou mais do grupo, apesar de que hoje já são amigos de novo. Com os Demônios da Garoa, Osvaldinho da Cuíca recebeu o 8º Prêmio Sharp de Música (1995) o troféu de melhor grupo de samba.

O músico ainda produziu um intenso trabalho de resgate e manutenção da memória do samba. Em 1978, participou do filme “A Cuíca – Instrumentos da Música Popular Brasileira”, dirigido por Sergio Muniz. Ajudou na produção de um documentário sobre Geraldo Filme, gravou o álbum “História do Samba Paulista 1” (1999) e é coautor de “Batuqueiros da Paulicéia” (2009). Osvaldinho também se apresenta em rodas de samba em centros culturais regadas a batuques e relatos sobre o passado.

Em 2014, Osvaldinho lançou o álbum “Velho Batuqueiro”, segundo disco depois do câncer de garganta que o fez passar por uma cirurgia que alterou sua voz no início dos anos 2000. O músico vive de direitos autorais, shows e aposentadoria de seus anos de diferentes trabalhos, como auxiliar de enfermagem.

INÍCIO: Vai-Vai, no início dos anos 70.
1976 – Vai-Vai (intérprete oficial)
1976 e 1978 – bloco Gaviões da Fiel (intérprete oficial)
1987 – Tucuruvi (apoio de Djalma Pires)
1991 – Passo de Ouro (apoio de Célio Jardim)

GRITO DE GUERRA: Não tem.

CACOS DE EMPOLGAÇÃO: Não tem muitos cacos característicos. Geralmente participa das gravações dos sambas de sua autoria, fazendo cacos conforme a letra ou fazendo a chamada com a primeira palavra dos versos do samba. Às vezes, apareciam “riiibaaa”; “canta meu povo” e “di-di-di-di-diz”; “que que tem, que que tem”.

SAMBAS DE SUA AUTORIA: “O Guarani” (Vai-Vai/1975, com Papeti); “Vai, Corínthians” (Gaviões da Fiel/1976, com Papeti); “Na Arca de Noel quem entrou não saiu mais” (Vai-Vai/1978, com Lírio); “Campeão dos Campeões” (Gaviões da Fiel/1978, com Jangada); “Sonho de Carnaval” (Tucuruvi/1978, com Jangada e Thadeu da Mazzei); “Orum Ayê, o eterno amanhecer” (Vai-Vai/1982, com Serginho); “Um canto em iorubá” (Renascença da Lapa/1984); “Show Fantástico” (Renascença da Lapa/1985, com Sidney da Conceição); “Carnaval, alegria do povo” (Tucuruvi/1986, com Maurinho da Mazzei); “Brasil em Aquarela” (Tucuruvi/1987, com Maurinho da Mazzei); “Amado Jorge, a história de uma raça brasileira” (Vai-Vai/1988, com Namur e Macalé do Cavaco); “Escreveu, não leu, o palco é meu” (Vai-Vai/1989, com Namur e Macalé do Cavaco); “Cabeças e Plumas” (Passo de Ouro/1991, com Maurinho da Mazzei); “Sangue da terra, videira da vida, um brinde de amor em plena avenida” (Vai-Vai/2013, com Zeca do Cavaco, Ronaldinho FQ, Evaldo Rodrigues e Valter Camargo)

DISCOGRAFIA DEMÔNIOS DA GAROA
•    Ói Nóis Aqui Tra Veis (1969)
•    Doido Varrido (1969)
•    50 Anos (1994)
•    Demônios da Garoa Hoje (1995)
•    Ao Vivo (1997)
•    55 Anos de Garoa (1999)

DISCOGRAFIA SOLO

•    LP "Osvaldinho da Cuíca e Grupo Vai-Vai" (selo Marcus Pereira, 1974)
•    compacto simples Velhos Amigos (Continental, 1983)
•    LP Preto no Branco (Som da Gente, 1982)
•    CD A História do Samba Paulista I (CPC UMES, 1999)
•    Em Referência ao Samba Paulista (Rio 8, 2004)
•    Osvaldinho da Cuica 70 anos (Independente, 2010)
•    O Velho Batuqueiro (Miller Produções Artísticas, 2016)
•    Movimento Samba São Paulo (Miller Produções Artísticas, 2017)
•   Sambas Enredo: Histórias de Uma Vida – Renê Sobral Interpreta Osvaldinho da Cuica (Independente, 2017).

DISCOGRAFIA SAMBAS ENREDO
•    LP Sambas Enredo Grupo 1 São Paulo 1976 (faixa Vai-Vai)
•    LP Sambas Enredo Grupo 1 São Paulo 1986 (faixa Acadêmicos do Tucuruvi, tocando cuíca)
•    LP Sambas Enredo Grupo 1 São Paulo 1987 (faixa Acadêmicos do Tucuruvi)
•    LP Sambas Enredo Grupo 1 São Paulo 1988 (faixa Vai-Vai)
•    LP Sambas Enredo Grupo 1 São Paulo 1989 (faixa Vai-Vai)
•    LP Sambas Enredo Grupo 1 São Paulo 1991 (faixa Passo de Ouro).

FILMOGRAFIA
•    A Cuíca – Instrumentos da Música Popular Brasileira (1978)
•    Geraldo Filme: Crioulo cantando samba era coisa feia (1998)

LIVRO
•    Batuqueiros da Paulicéia (2009), em coautoria com André Domingues.


MAIS FOTOS DE OSVALDINHO DE CUÍCA


O menino Osvaldo, o único branco entre os Garotos do Tucuruvi, na década de 50


A carteira de Osvaldinho como integrante do Teatro Popular Brasileiro, fundado por Solano Trindade


Roda de samba com o cantor e amigo Germano Matias (de chapéu)


Osvaldinho (carregando o bumbo e acenando) em sua primeira passagem com o grupo Demônios da Garoa, no final da década de 60


Ao longo de sua carreira, Osvaldinho acompanhou vários artistas internacionais. Na foto, o músico cumprimenta a cantora norte-americana Dionne Warwick, em turnê por São Paulo, na década de 1970


Em cena do filme "A cuica", dirigido por Sérgio Muniz, em 1978


Demonstração dos tipos de cuíca no filme de 1978


Osvaldinho da Cuíca, em foto de 1980, foi o produtor dos primeiros discos de samba-enredo de São Paulo, Santos, Guaratinguetá e São Luís (MA)


Osvaldinho fundou a ala de compositores da Vai-Vai e compôs seis sambas para a preto e branco da Saracura


Capa do livro que escreveu com o pesquisador André Domingues


A primeira escola de samba a adentrar no Anhembi no ano da inauguração (1991) teve samba de autoria de Osvaldinho (de bigode) e de Maurinho da Mazzei (à esquerda): “Cabeças e Plumas”, da Passo de Ouro. O barbudo à direita é Simonal, intérprete da agremiação


Primeiro Cidadão Samba do Carnaval Paulistano em uma época em que era preciso saber tocar, dançar e cantar


Osvaldinho (de óculos e bigode) retornou aos Demônios da Garoa na década de 90


Mestre da cuíca

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