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![]() FERNANDO VANUCCI E O CARNAVAL NA TV: A TRAJETÓRIA DE UM ÂNCORA QUE VIROU PARTE DA FESTA
3 de novembro de
2025, nº 15
Fernando
Vanucci foi, por mais de uma década, uma das vozes e rostos mais
reconhecíveis das transmissões televisivas do Carnaval do
Rio — presença constante nas noites da Marquês de
Sapucaí e figura lembrada até hoje por quem acompanhou as
coberturas da festa nas décadas de 1980 e 1990. Sua carreira no
universo das transmissões de festa popular se cruza com a
história recente da televisão brasileira: profissional de
formação no rádio, ele migrou para a TV Globo e
tornou-se referência no jornalismo esportivo e nos eventos ao
vivo da emissora.
Sejamos justos: quando o assunto é carnaval na TV, a maioria esmagadora dos aficionados pelos desfiles das escolas de samba irão citar o nome de Paulo Stein, única voz das jornadas da Rede Manchete entre 1984 a 1998. Não chega a ser injusto, uma vez que a linguagem técnica utilizada, a percepção de pontos críticos do regulamento e a emissão de opiniões que, via de regra, "casavam" com as pessoas que estavam na audiência, fizeram a fama desse grande narrador. Dito isto, é igualmente inegável que Vanucci deixou uma marca importante no seu período de globo. O "timing" da emoção que Vanucci trazia para o telespectador é única, e ainda não foi reproduzida com o seu padrão de excelência pelos narradores que se seguiram. Até por não acreditar que se trate de algo que seja perseguido pelos mesmos. Fernando Vanucci era a voz do sofá, tecia comentários bem humorados, tiradas típicas de quem está comentando os desfiles no conforto de casa, ou mesmo conversando com os seus interlocutores. Com isso, criou uma nova narrativa para a Rede Globo de Televisão: Mais dinamismo, descontração é uma visão mais festeira do que existia quando Hilton Gomes, Léo Batista e Eliakim Araujo faziam o mesmo papel. Vanucci começou na comunicação ainda jovem, no rádio de Minas Gerais, e já na Globo consolidou-se como apresentador de blocos esportivos — mas também como um dos responsáveis pelas transmissões do Carnaval carioca. Na programação da emissora, foi o âncora das transmissões da Sapucaí entre 1985 e 1999, período em que a cobertura televisiva ganhou cada vez mais audiência e produção técnica. Sua postura descontraída — que vinha do rádio — e facilidade com o improviso ajudaram a compor o tom das transmissões, que precisavam conciliar informação, entrevistas e o espetáculo das escolas de samba ao vivo.
Ao
longo daquele período, o formato das transmissões passou
por evoluções técnicas e estéticas:
incremento de câmeras, inserção de
repórteres em pontos estratégicos da avenida e maior
ênfase em entrevistas pós-apuração. Vanucci
atuava como um dos apresentadores-âncora desse formato
híbrido, que exigia rapidez para descrever os desfiles,
conversar com jurados e apresentar reportagens que contextualizassem
histórias de enredos e carnavalescos — tudo ao mesmo tempo
em que a festa acontecia. Reportagens da época e retrospectivas
posteriores destacam tanto a competência técnica quanto o
carisma do apresentador na interação com o
público.
O fim do ciclo na Globo, contudo, veio carregado por um episódio que ganhou repercussão: em 1998, Vanucci foi alvo de comentários depois de aparecer ao vivo num momento descontraído — o episódio do lanche ao vivo — que acabou virando manchete e gerou atrito com a direção em um momento em que a emissora buscava maior controle sobre a imagem nos eventos ao vivo. Pouco depois, em 1999, Vanucci deixou a Globo e passou a trabalhar em outras emissoras e projetos — incluindo coberturas de carnaval em outros centros, como a Bahia, e programas esportivos em outras redes. Esse movimento marcou a transição de um profissional que havia se tornado sinônimo da cobertura do Carnaval carioca para uma carreira mais plural, em que continuou presente no jornalismo esportivo e em coberturas ao vivo. Mesmo após deixar a posição de narrador dos desfiles, o legado das transmissões comandadas por Vanucci permaneceu na memória do público e de colegas: sua maneira de ancorar grandes festas ao vivo, conciliando informação e leveza, é frequentemente lembrada nas narrativas sobre como a TV cobriu o Carnaval nas décadas finais do século XX. Ao mesmo tempo, sua trajetória profissional — marcada pela cobertura de Copas do Mundo, Olimpíadas e grandes eventos nacionais — ajuda a entender por que sua voz era tão requisitada para encargos de pauta ao vivo e de grande circulação. A morte de Fernando Vanucci, em novembro de 2020, motivou uma série de notas e manifestações: veículos de grande circulação e colegas reconheceram a importância de sua contribuição ao telejornalismo esportivo e às coberturas de eventos populares; relatos oficiais e obituários reconstituíram a trajetória profissional e lembraram momentos emblemáticos de sua carreira. Dessa maneira, a história das transmissões de Carnaval na TV brasileira incorpora Vanucci como um dos nomes que ajudaram a moldar o tom e a linguagem dessas transmissões em um período de transição tecnológica e cultural. Victor
Raphael
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