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Coluna do João Marcos

CLIMA ESQUENTANDO

25 de janeiro de 2009, nº 35, ano V


Carnaval chegando, nervos a flor da pele, resultado: o que não falta é assunto. O clima está esquentando e começaremos o primeiro artigo de 2010 com os comentários dos sambas de Vitória-ES, Joaçaba e Herval D’Oeste e Florianópolis. Detalhe: abaixo das análises, links com os áudios dos sambas.

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No carnaval capixaba, houve uma tentativa da LIESES de lançar o CD com antecedência, estabelecendo que as escolas deveriam escolher os sambas em setembro para gravar o cd em outubro. Chegaria nas lojas em novembro. Com isso, teve escola que não conseguiu fazer eliminatória, como a Rosas, a Tradição Serrana e a Chegou o Que Faltava, o que comprometeu a safra. E o pior é que o cd empacou em Manaus e aí o jeito foi disponibilizar na internet. Quem tiver curiosidade, vá em: http://www.lieses.com.br/.

UNIDOS DE JUCUTUQUARA – A atual campeã traz um samba competente que, apesar de não ter momentos muito marcantes, é bem construído e bom de cantar. Tem uma melodia muito bonita na segunda parte, mas poderia ter uma letra um pouco mais poética. Os refrões são muito bons. NOTA: 9,0. 

MOCIDADE UNIDA DA GLÓRIA – Várias escolas falarão de Brasília este ano e a MUG é uma delas. O samba é um pouco burocrático, com alguns recursos muito utilizados em sambas do Rio de Janeiro (ganha um doce quem acertar quantas vezes a variação de melodia no refrão principal, no verso “E hoje todo capixaba é candango” foi utilizada nos últimos cinco anos). A letra é descritiva e tem bons momentos, fora um clichê aqui e outro ali, como e, “A luz divina iluminou”, p.ex. É um samba mediano que não atrapalha e nem abrilhanta a safra. NOTA: 7,9.

UNIDOS DE BARREIROS – A comparação com os sambas das duas escolas anteriores é interessante – aqui está mais presente o samba capixaba. Você vê que os clichês não são utilizados como no Rio de Janeiro e aparecem até de forma inocente. Exemplo “o naaaaaaaaaaa poesia”, do primeiro verso do refrão principal, no Rio, seria “na_pooooooo eeeeeeeeeee siiiiiiia”, para evitar erro de métrica. Mas ao mesmo tempo, essas coisas é que fazem os sambas locais serem mais interessantes. O refrão do meio, por exemplo, é muito forte em sua simplicidade, que acaba remetendo às marchas mais legais dos anos 80. Às vezes, você percebe que os compositores não conseguem resolver algumas passagens – os versos “Movendo civilizações / No avanço da ciência construiu” têm uma melodia espetacular que, no entanto, não é desenvolvida nos versos seguintes, que jogam para uma conclusão prematura. Enfim, é um samba interessante dentro de suas imperfeições. NOTA: 8,2.

UNIDOS DA PIEDADE – É um samba inocentíssimo, com muitas imperfeições técnicas, porém é tão gostoso de cantar que mesmo as rimas manjadas e a letra pouco poética não impedem que você fique com o refrão, em ritmo de música de quadrilha de festa junina, na cabeça por dias a fio. E por ser curto, fica ainda mais gostoso de aprender e se divertir. NOTA: 8,6.

BOA VISTA – Este é indefensável. Refrão de cabeça com todos os clichês possíveis, rimas manjadas e melodia requentada; primeira parte atropelada com problemas sérios de métrica; refrão do meio derrubado por falta de recursos técnicos dos compositores – a aceleradinha daria resultado se a melodia se resolvesse com algo mais criativo do que “comunidade” e “felicidade”. Fraquíssimo. NOTA: 6,5.

NOVO IMPÉRIO – Samba burocrático, que lembra muito algumas obras não tão felizes dos grupos inferiores do Rio. Você percebe logo os recursos técnicos que são repetidos em dezenas de sambas cariocas todo ano – p.ex., no refrão principal, tem a manjadíssima caidinha para tom menor no meio. A letra descritiva acaba enrolando o discurso: na primeira parte, até agora eu não entendi o que o homem foi buscar. E dá-lhe clichê: “sopro de inspiração”, “luz de um novo tempo”, os versos que se forçam ao infinitivo por falta de criatividade, como em “sociedade a prosperar”, “criatividade a florescer”. Na entrada da segunda parte, a melodia aponta para algo interessante em “À luz de um novo tempo...” para se resolver logo no verso seguinte, sem força, com “O trabalho então se transformou”, matando o que poderia ficar bonito. NOTA: 6,9.

SÃO TORQUATO – O samba tem um refrão de cabeça interessante por ser curto e algumas variações melódicas que não são bem cantadas no início da primeira parte. A segunda é um pouco travada, quando poderia explodir a partir do verso “E hoje na avenida”. Mediano. NOTA: 7,5. 

ANDARAÍ – O problema do samba é a letra pouco poética e muito descritiva – as soluções são pobres: “No Nilo”, “Na Grécia”, “Em Roma”, é quase uma lista dos tópicos do enredo. Além disso, tem o mesmo problema do samba do Novo Império, forçando o infinitivo por falta de criatividade: a imperar, a inspirar. O refrão do meio entra melodicamente muito mal e, na segunda, a letra fica ainda mais fraca, com versos inacreditáveis como “Moinhos causavam espanto”. Muito fraco. NOTA: 6,8. 

IMPERATRIZ DO FORTE – O melhor samba do ano em Vitória, com uma melodia bem construída e agradável. É um samba que mantém um bom nível o tempo todo, e tem momentos diferenciados no final da primeira parte e no excelente refrão do meio. A segunda parte entra bem em tom menor, com variações inteligentes, como no verso citando Gabriela, Cravo e Canela. O único “senão” é a entrada do refrão de cabeça, que dá uma caidinha, mas nada que comprometa muito a obra. NOTA: 9,1.

PEGA NO SAMBA - É um samba bem digno, mas tem uma letra excessivamente descritiva, que acaba tornando a audição cansativa. O refrão de cabeça, apesar de remeter a uma melodia de um samba antigo da Vila Isabel, traz uma variação interessante que dá um pequeno diferencial à obra. Poderia ser mais poético, poderia ser mais forte, mas está de bom tamanho. NOTA: 7,1.

TRADIÇÃO SERRANA – O enredo sobre alimentação traz um samba confuso, com versos curtos que forçam esticadas de sílabas para ocupar espaços vazios na melodia. A audição, por isso, acaba ficando muito entediante, como se o samba não se desenvolvesse. As poucas variações, aliada a uma letra burocrática e a um refrão estranho (“Acendi o meu fogão / E botei lenha pra queimar”?) fazem este um dos mais fracos do ano. NOTA: 6,3.

ROSAS DE OURO – Parece saído de uma escola do Grupo do Acesso do Rio do início dos anos 80 (por volta de 1980, 81, por aí). O refrão de cabeça tenta ser poético, mas acaba melodicamente confuso - a falta de definição da melodia é perceptível, principalmente na sua resolução. Não há um refrão do meio, o que chama atenção. Tem um bom momento na citação de “As rosas não falam”, mas apresenta uma quebra de melodia esquisita em “Chegou trazendo a felicidade”, que, se tivesse uma preparação mais bem feita, poderia ser bem interessante. É muito ingênuo. NOTA: 7,0.

CHEGOU O QUE FALTAVA – O intérprete tenta cantar como Luizinho Andanças e o samba tem um cara parecida com os da Porto da Pedra. O começo é bonitinho, mas a melodia na primeira parte fica indefinida em “Pelas veredas do mundo real”. O refrão do meio é interessante em letra, reparem: “Na engenharia - construí, No campo do direito - me formei, Salvei vidas - na medicina, Nas letras me realizei.” Depois de tudo isso, só uma coisa posso falar – ESTE CARA É BOM PRA CARAMBA, HEIN? Mas enfim, na segunda, o samba se perde um pouquinho e a entrada do refrão de cabeça acaba ficando bem forçada, quebrando a melodia. É fraco, mas é simpático. NOTA: 6,9.

Link: http://www.lieses.com.br/.

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Em Joaçaba e Herval D’Oeste, o nível é interessante. A presença de intérpretes das escolas do Rio, apesar de exercer influência evidente nos sambas, não descaracteriza AINDA o estilo musical da cidade. AINDA podemos encontrar soluções bem específicas do carnaval catarinense, p.ex., no refrão de cabeça do samba da atual campeã, a ALIANÇA. Que a influência carioca não acabe com essas especificidades, que dão um molho especial ao carnaval da cidade. Ah, e já ia me esquecendo – a clássica escola Dragões do Grande Vale, que nos motivou a escrever sobre o pior samba da história após a audição do hino de 2008, como não desfilou em 2009, desfilará em 2010 com um enredo sobre a dengue, mas não entrará na disputa. O áudio do samba ainda não foi disponibilizado.

ALIANÇA – Com o enredo “Paraiso Imaginado, Eldorado conquistado”, a escola traz um samba interessante, que casa bem com o estilo de Wantuir. O destaque absoluto da obra é o forte refrão, com suas pausas e sinuosidades melódicas. Outros destaques são o bis antes da entrada do refrão do meio (recurso que foi bem utilizado) e a bela segunda parte. A letra, apesar de não deixar muito claro o enredo, é interessante pela ingenuidade e a ausência de “aspas” ou sacadas pseudo-intelectuais. Bem interessante. NOTA: 9,1.

VALE SAMBA – Das três, é a única que não conta com intérprete do Rio. No entanto, os intérpretes Kako SP e Edson Lizz mandaram bem e a escola tem um samba que, se não possui momentos espetaculares, mantém um clima forte o tempo todo. O ponto fraco é o refrão de cabeça. O refrão do meio é muito bom, e a entrada da segunda, com a aceleração no canto das sílabas dá um efeito interessante. A letra é bem didática, sem grande poesia, mas sem grandes erros. NOTA: 8,8.

UNIDOS DO HERVAL – A presença de Ito Melodia é marcante, mas o samba em si não tem grandes momentos. É bem simples, segue bem o padrão dos sambas atuais, conta o enredo sem muita firula, até com certeza pobreza poética. A palavra aqui é “funcionalidade”. Na gravação, está um pouco mais lento do que o necessário. É fraco, mas pode render bem no desfile. O refrão de cabeça é fácil de memorizar e é o destaque do samba. NOTA: 7,5.

Link: http://www.4shared.com/file/205751126/1fe5d21c/joaaba.html

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Em Florianópolis, o clima esquentou mesmo. Numa coluna anterior, que você pode acessar aqui, comentamos o caso da Consulado do Samba, que se envolveu num escândalo de reaproveitamento de sambas de outros estados. Pois bem: em uma decisão sem precedentes, a Liga resolveu desclassificar a escola do carnaval de 2009 e, como ela tinha sido a campeã, perdeu o título. E ainda foi condenada a devolver os valores que recebeu. Evidentemente, há a possibilidade de a decisão ser revertida, inclusive acionando-se o Judiciário, mas isso só se verá com o tempo. Vamos analisar os sambas. Lembramos, como sempre, tendo em vista a repercussão da avaliação do ano passado, que os comentários levam em consideração o valor artístico e não são a previsão da nota dos jurados e nem estão limitados aos parâmetros do julgamento oficial:

UNIDOS DA COLONINHA – A escola vem com um bom samba, com dois refrões fortes, em especial o de cabeça. A entrada é muito bonita, mas acaba se perdendo um pouco pelo tamanho da primeira parte, que é maior do que o necessário – os compositores ficam tentando encontrar variações melódicas para manter o interesse e algumas soluções não deram muito certo, como, p.ex., no verso “Canto ao ver tanta beleza”, que acaba difícil de cantar por estar num tom muito mais grave que o resto do samba, exigindo muita extensão vocal do intérprete. Pode atrapalhar o canto na avenida. A letra é correta, sem grandes erros. NOTA: 8,7.

EMBAIXADA COPA LORD – O intérprete da escola, Mara, dá um verdadeiro show, uma excelente interpretação para o bom samba da escola. O único pecado grave do samba é o erro de português em “Arte, cinema, magia / Dança e poesia faz o show” – o verbo não combina com o sujeito. Não adianta vir gramático falar que o “faz o show” diz respeito apenas à "poesia" - o correto seria “fazem”, que, para não dar erro de métrica, forçaria mudança na melodia. Tirando isso, o resto está muito bonito. O destaque do samba, para mim, são as soluções melódicas arrojadas e belíssimas no final da primeira parte, coisa de quem sabe o que está fazendo. NOTA: 8,8.

PROTEGIDOS DA PRINCESA – O pecado do samba da Protegidos é o refrão de cabeça – o verso “que um raio de luz iluminou” não se resolve na primeira vez que é cantado - apesar de, na repetição, jogado uma oitava acima, ficar muito bonito. Também senti falta de mais um refrão, no trecho “Maravilhas construiu, foi preciso navegar” em diante, mas aqui eu dou um desconto – é difícil fugir muito dos padrões no carnaval atual, mesmo quando a melodia pede. O samba tem momentos até mais belos do que o do ano anterior, com ótimas variações melódicas e trechos difíceis de sair da cabeça, mas é um pouco menos técnico. NOTA: 9,2. 

UNIÃO DA ILHA DA MAGIA – Cantado por Nego, é de autoria de Fernando de Lima e tem a marca registrada do compositor. Para quem gosta dos refrões de resposta e daquele tom maior que domina os sambas da Acadêmicos de Santa Cruz na última década, é um prato cheio. Para quem já escutou pelo menos metade dos sessenta sambas que o compositor já ganhou, é apenas mais do mesmo. É um pouco superior ao do ano passado, tem uma letra mais bem resolvida, mas não convence quem quer algo mais sofisticado – é o típico samba formatado e padronizado do carnaval atual, sem grandes erros e sem qualquer brilho. Outro aspecto negativo é a semelhança melódica do refrão do meio com o refrão do meio do “Peguei um Ita no Norte” – ano passado, ocorreu o mesmo, só que com um refrão de um samba antigo da Vila Isabel. Enfim, artisticamente muito ruim, mas deve dar boas notas para a escola. NOTA: 7,3. 

CONSULADO DO SAMBA – Apesar da polêmica envolvendo a obra - que originalmente, como a do ano anterior, tinha um refrão de cabeça retirado de um samba derrotado no carnaval paulista - tem uma melodia bonita, com poucos erros, só um de métrica em “Entre os Deuses despertou a ira divinal”. A letra erra quando trata o fogo em segunda pessoa, em “és fonte de luz e fé”, depois de ter definido que o trataria em terceira pessoa nos versos anteriores. O maior problema do samba, no entanto, é justamente o novo refrão de cabeça, que é genérico demais, sem ligação com o enredo, apenas uma resposta aos críticos da escola, além de possuir erro de métrica em “Sou Consulado, respeita o meu pavilhão”. Enfim, não é ruim, mas não chama a atenção. NOTA: 7,9. 

Link: http://www.4shared.com/file/205748224/b3c56b53/floripa.html

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Pílulas:

. No Rio, os ensaios técnicos esquentaram os debates sobre funcionalidade de sambas considerados ruins pela crítica. Não vou fica aqui defendendo samba fraco, até porque vimos em anos anteriores que treino é treino e jogo é jogo. Então, vamos ao que interessa - o rendimento do samba da Vila surpreendeu toda a imprensa carnavalesca e os elogios foram quase unânimes. No entanto, não ouvi ninguém falando sobre a desaceleração do samba – ficaram olhando o metrônomo e esqueceram o ouvidômetro. Apesar de a escola querer um andamento moderno, o samba leva a bateria a desacelerar naturalmente. O ouvido pede, a mão acaba seguindo. Em momentos, principalmente no fim do primeiro ensaio, a bateria desacelerou e o samba ficou melhor ainda. Esperam que sintam o samba – quanto mais lento, mais a melodia se sobressai, mais bonito fica. 

. O especial da TV Globo, apresentando os sambas para o público, pecou por não se decidir qual o público alvo. As apresentações ao vivo, com direito a microfone de apoio no mesmo volume do intérprete principal, foram interessantes para quem vive mais ou menos o dia-a-dia das escolas e conhece as obras, mas, para o público em geral, nem as letras apareciam na tela. Faltou explicar para os intérpretes que deveriam se focar em passar e não “puxar” os sambas – em algumas apresentações, a gritaria foi tamanha que o “cantado” era indecifrável para o leigo. Para o sambista, o especial também desagradou pela edição confusa (chegaram a inventar um refrão com o final do samba da Vila) e pelos cortes desagradáveis – geralmente, depois da primeira passada, eles cortavam para a última vez que o refrão final era cantado na apresentação. Ainda sobre o especial, um destaque negativo foi a apresentação da Mangueira. Um intérprete atrapalhou o outro e o tom do samba ficou indefinido. E, por incrível que pareça, como se demonstrou nos ensaios, o intérprete da escola que melhor casa com a obra é o Ciganerey, que, justamente, não entra na jogada dos “três tenores”. Quem não conferiu o programa, pode ver as vinhetas durante a programação normal – não toca uma passada do samba, mas pelo menos passa o refrão, que geralmente é o que as escolas querem mesmo que o público aprenda.

. Em São Paulo , a UESP disponibilizou, de graça, os CDs dos quatro grupos que comanda, além do CD com os sambas dos blocos. Alguns dos principais intérpretes de São Paulo estão presentes no CD – Royce do Cavaco, p.ex., gravou o samba da Tatuapé. Não escutei os áudios ainda, mas é sempre bom dar uma conferida no que está aparecendo por aí no mundo do samba-enredo. Link: http://www.uesp.com.br/index1.htm 

. Ainda em São Paulo – a registrar a péssima safra do Especial e do Acesso, a pior da história de São Paulo sem sombra de dúvidas. O CD chega a ser assustador de tão ruim. Não sei se comentarei aqui porque, sinceramente, acho que nenhum samba chegará na casa da nota 9. Meu e-mail ficou lotado de mensagens de leitores desesperados com as escolhas estapafúrdias. No Rio, geralmente quando um samba excelente é descartado, a escolha recai num samba de qualidade um pouco inferior, porém respeitável. Em São Paulo , um samba excelente perde para qualquer lixo. Sinceramente, não dá para entender... ou melhor, até dá, mas é melhor não entramos neste assunto. E aí, tome bateria não tocando samba escolhido na final, componentes e diretores saindo de eliminatórias com cara de enterro, fusões bizarras, enfim, tudo que é ruim no samba atual. São Paulo, este ano, quis mesmo se tornar o túmulo do samba. Enfim, o cacau não é mais show.

. O nosso comentarista específico do carnaval de São Paulo, Weinny Eirado, por ter feito críticas às escolhas, a meu ver, extremamente leves e responsáveis, sofreu inúmeras ameaças em quadras de algumas escolas. Inclusive, físicas. Teve compositor fazendo queixa por escrito para as duas ligas de São Paulo e para a LIESA, como se o SAMBARIO tivesse qualquer ligações com tais entidades. Em um ano anterior, alguns comentários meus foram postados no Orkut por um menino e um diretor imbecil de uma das escolas achou que a opinião era do rapaz e quis agredi-lo. O SAMBARIO é o único dos grandes sites de carnaval ligados ao samba do Rio que fala um pouco do carnaval de São Paulo. No entanto, parece que alguns, que eu poderia chamar de “pseudo-sambista”, não estão acostumados com críticas. Não querem críticas? Façam o certo. Se fizerem o errado, agüentem o rojão. E não será com ameaçazinhas que o site mudará de postura – nossos leitores sabem disso. 

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Gravação do CD do Especial do Rio. Um intérprete resolve alterar a melodia de um determinado samba no estúdio e começa a gravar. Um famoso dono de “escritório” o chama no canto. 

_ Fulano, você está cantando errado... 

 _ P... nenhuma. 

_ Tá cantando errado o samba, pô. 

_ Tô cantando errado o c... 

Pega a folha com a letra do samba.

_ Pêra aí, deixa eu ver se tem teu nome aqui... Não tem teu nome aqui! Não tem teu nome aqui, o samba não é teu. O samba é teu? É teu? 

Silêncio. E vira as costas. O dono do escritório fala: 

_ Se der m..., a culpa é tua. 

_ Pode deixar, é comigo mesmo. 

Agora é esperar o que vai dar na avenida. 

Abraços a todos!

João Marcos
joaomarcos876@yahoo.com.br