PRINCIPAL    EQUIPE    LIVRO DE VISITAS    LINKS    ARQUIVO DE ATUALIZAÇÕES    ARQUIVO DE COLUNAS    CONTATO

FILMES, SÉRIES E JOGOS QUE PODERIAM VIRAR ENREDO NO CARNAVAL
       

31 de dezembro de 2023, nº 33

FILMES, SÉRIES E JOGOS QUE PODERIAM VIRAR ENREDO NO CARNAVAL


Amigos do Sambario! Quem vos escreve é Túlio Rabelo, do canal TR - Sambas de Enredo. Medida pouco usual é, sem dúvida, ver enredos no Carnaval a respeito de filmes, séries e jogos.

Os poucos que conheço, devem ter origem em livros/peças, que depois viraram filmes nacionais, como “O Auto da Compadecida”, enredo da Pérola Negra em 2013, que foi baseado em peça teatral de 1955 de Ariano Suassuna e que virou filme em 1969 e 2000, além de minissérie em 1999. Vale lembrar também de “O Papel e o Mar” (2010), curta-metragem dirigido por Luís Antônio Pilar e gravado com os atores Zózimo Bulbul e Dirce Thomas, que rendeu um lindo desfile na Renascer de Jacarepaguá em 2017. Caso oposto é Chica da Silva, cuja primeira lembrança histórica foi em parte de um livro chamado “Memórias do Distrito Diamantino”, do advogado Joaquim Felício dos Santos, mas que ficou esquecida desde então e foi ressuscitada pelo Salgueiro no Carnaval de 1963, tendo em somente em 1976 sido retratada em filme protagonizado por Zezé Motta.

Então, dito isso, essa coluna, busca citar Filmes, Séries, Jogos e Novelas que poderiam virar enredo de Carnaval. Logicamente, este é um universo muito grande, que renderia várias e várias colunas, e que por este motivo representa material de cunho pessoal deste colunista, a partir de sua vivência com essas mídias audiovisuais. Em realidade, creio que quase todos esses produtos audiovisuais poderiam ser carnavalizados, desde que o artista tenha criatividade e faça um esboço convincente a respeito do tema. Talvez não o sejam, devido a alguma questão de direitos autorais, que gera proibição de virar enredo.

Antes de ir para as sugestões, vale citar dois exemplos de criações originais que já se tornaram enredo! Vale dizer que a Unidos de Vila Maria, cantou o México em 2018, ao passo em que estende homenagem também a Roberto Gómez Bolaños, de memoráveis personagens como Chaves e Chapolin Colorado. Em 2022, a Unidos do Madruga desfilou na LIESV - Carnaval Virtual com “As Five, Viva a Diferença”, em homenagem a série “As Five” do Globoplay. Hoje em dia já é possível simular estes enredos via ferramentas de inteligência artificial, que criam imagens.


1 - Alan Wake (franquia de jogos), Oppenheimer (filme), Supernatural (série)

A primeira sugestão desta Coluna é de um franquia de jogos de terror e suspense chamada “Alan Wake”, que contou com o recente lançamento de “Alan Wake 2”. Com uma história bem complexa, surrealista, recheada de nuances, seria um prato cheio para a carnavalização. Com a evolução constante do mundo dos games, a parte estética das atuais produções podem ser vistas como fontes de inspiração para os artistas do Carnaval. Em “Alan Wake” a luz representa o bem, um ponto seguro, enquanto a escuridão, deixa o personagem em risco, perante uma presença obscura. Com trama ligada a loop temporal, a reescrever a história enquanto joga, com inspiração em Stephen King e outros grandes escritores, o jogo daria um lindo desfile de Carnaval, tanto pela estética, pelo fio-condutor que dá caldo, quanto pela curiosidade de carnavalizar isso. Eu poderia citar outros jogos de terror aqui, como a franquia “Resident Evil”, popular no Brasil, mas optei por dar ênfase em “Alan Wake”.

Eu sei que é um tema que é de maior conhecimento dos americanos, mas com o lançamento do filme “Oppenheimer” em 2023, o mundo passou a ter mais entendimento a respeito da história deste emblemático físico, que vai de herói a vilão. O tema é sim possível de ser carnavalizado e ao meu ver a partir de um enredo crítico. “Oppenheimer” encaixa em uma abordagem a respeito da responsabilidade que a humanidade, representada pelos governantes, têm em mãos. É duro ver que: “o mundo onde impera a ambição / pode ir pros ares no aperto de um botão” e que “no pensamento há solução / pra salvar nosso mundo ou pra destruição”. Sim, de alguma forma estes assuntos já foram citados em desfiles, como nestes versos extraídos do samba enredo de 2001 da Portela e no verso do refrão da Mocidade 1996 “A mão que faz a bomba, faz o samba”, mas creio que um enredo abordando especificamente o Oppenheimer, poderia dar caldo, até porque é uma história que impactou todo o planeta e, portanto, é de nosso interesse refletir a respeito.

Ainda seguindo na linha do bem contra o mal, finalizando essa trilogia, cito aqui a série “Supernatural” (ou “Sobrenatural”), muito popular no Brasil. Os irmãos Winchesters, Dean (Jensen Ackles) e Sam (Jared Padalecki) travam nesta série,  de 15 Temporadas, uma grande batalha, que envolve Deus, anjos, demônios e outros diversos seres sobrenaturais. Portanto, são tantas as histórias e os modos de fazer desta produção audiovisual, um enredo de Carnaval.

2 - Feitiço do Tempo (filme)

Em “Alan Wake”, eu já havia citado a questão de loop temporal, recurso que também pode ser visto no episódio 11 da 3ºTemporada de “Supernatural”, no qual o mesmo dia se repete várias vezes. Mas o filme que mais se destaca nesse ramo é “Feitiço do Tempo” (“Groundhog Day”), de 1993. Mas como carnavalizar um loop temporal? Boa pergunta e é isso que deixa a ideia fascinante. No filme, o repórter Phil Connors (interpretado por Bill Murray), que faz previsões de metereologia, visita uma pequena cidade com a finalidade de criar uma matéria especial sobre o "Dia da Marmota", celebrado naquela localidade. Ele queria ir embora rápido da cidade, mas, inexplicavelmente, ficou preso no tempo, revivendo os eventos daquele dia várias vezes. O filme traz uma mensagem de amor em seu final, uma lição de vida que podia ser ensinado em um enredo de Carnaval.
 
3 - Tempos Modernos (filme) e Romeu e Julieta (filme)

O amor é um tema fascinante e ajuda na popularização de um desfile, por isso vejo a necessidade de sempre o dar destaque. “Tempos Modernos” (“Modern Times”), filme de 1936 idealizado por Charles Chaplin, é, em verdade, uma crítica social, que expõe a exploração e desumanização dos trabalhadores, a repressão aos movimentos sociais e a busca por melhores condições de vida, o que por si só já daria um ótimo enredo. Soma-se ao tema, o fato de em meio a tudo isso, o filme mostrar uma história de amor entre Carlitos e Ellen.

Já a peça “Romeu e Julieta” (“Romeo and Juliet”), de William Shakespeare, é um drama, uma história de amor que marcou gerações, sobretudo com as adaptações no cinema, dentre as quais, destaca-se a de 1968, dirigida por Franco Zeffirelli. Este enredo tem imenso potencial e poderia levar-nos a um ótimo samba e um ótimo desfile.

4 - James Stewart: A Mulher Faz o Homem (filme) e A Felicidade Não Se Compra (Filme)

Neste momento faço a lembrança de dois filmes protagonizados por James Stewart (1908-1997), ator estadunidense que marcou época por seu carisma em cena.

O primeiro, “A Mulher Faz o Homem” (1939), tem um título no Brasil que ao meu ver não faz muito jus ao que é o filme. O título original “Mr. Smith Goes to Washington” é mais apropriado, embora o filme seja muito mais que isso. Um inocente cidadão do interior dos EUA, Jefferson Smith, é nomeado por políticos para se tornar Senador, sendo então levado a Washington. A ideia, obscura, é torná-lo uma marionete do sistema, dos interesses escusos. Smith, aos poucos, percebe o ambiente corrompido e moralmente degradante em que se meteu. Envolvido injustamente no jogo sujo da política, o protagonista precisa provar sua inocência, ao passo que expõe os podres daquele recinto em uma longa exposição na Câmara do Senado. Smith é fiel à democracia, à Constituição e luta pelo o que é certo. O filme transcende os tempos, continuando atual em muitas das suas mensagens, inclusive para a realidade brasileira. Portanto, traz uma mensagem que poderia virar enredo de Carnaval.

O outro filme, “A Felicidade Não Se Compra” (“It's a Wonderful Life”), de 1946, é um filme de drama e fantasia. É considerado para muitos, o mais marcante filme natalino, tendo sido produzido e dirigido por Frank Capra. No filme, George Bailey cogita tirar a própria vida na véspera do Natal. Entretanto, seu anjo da guarda, mostra todas as vidas que ele ajudou, bem como, o que teria acontecido com sua família e sua cidade se ele nunca tivesse nascido. Um filme com mensagem positiva, de alegria, esperança, amizade, de valorização a vida, culminando com a festividade do Natal com amigos e familiares. É considerado pela American Film Institute como o filme mais inspirador da história. Por todas essas credenciais, vale a pena adaptar essa história em um desfile de Carnaval.

5 - Red Dead Redemption (franquia de jogos) e Django Livre (filme)

“Tem Faroeste hoje na Sapucaí”, dizia o samba enredo “De Bufalo Bill ao cowboy brasileiro, viva o peão boiadeiro” da Engenho da Rainha de 1997, cantado por Ciganerey. Pois bem, neste momento cito aqui, no âmbito do faroeste, uma franquia de jogos e um filme que resultaria em um ótimo enredo de Carnaval.

De grande destaque no mundo dos games, a franquia Red Dead Redemption nos encantou em 2018 com seu segundo jogo, que antecede, em termos de cronologia, o primeiro. A junção dessas duas histórias, cheia de nuances e de emoção, daria caldo em um desfile, hein?! A história de Arthur Morgan, John Marston e cia é um prato cheio a se explorar.

Quanto ao cinema, o filme “Django Livre” (“Django Unchained”), de 2013, foi minha escolha para esta coluna. No sul dos EUA, o ex-escravo Django faz uma inesperada aliança com um caçador de recompensas, com a finalidade de ir atrás dos criminosos mais procurados do país e assim resgatar sua esposa, refém de um fazendeiro que força seus escravos a participar de disputas mortais. Toda essa saga do protagonista, na luta contra a escravidão, poderia muito bem virar enredo de Carnaval.

6 - Conduzindo Miss Daisy (filme) e Candyman (franquia de filmes)

Partindo desta luta dos negros por direitos, contra o racismo, já citado no filme anterior, cito agora dois filmes que traz uma mensagem muito importante para essa luta.

O filme “Conduzindo Miss Daisy” (“Driving Miss Daisy”), de 1989, é um filme emocionante, um dos mais lindos que eu já vi. Protagonizado por Morgan Freeman e Jessica Tandy, o filme conta a história de uma senhora judia que começa a conviver com um motorista negro. Inicialmente, ela recusa o novo contratado, mas com o tempo as barreiras sociais, culturais e raciais vão se quebrando e os dois tornam-se grandes amigos, cultivando uma amizade que perdura por mais de vinte anos. A mensagem transmitida por este filme merece ser levada à avenida. É muito forte a mensagem, uma lição de vida!!!

Já no âmbito do terror, temos a franquia “Candyman”, que possui três filmes nos anos 90 e um remake de 2021. Destaco aqui, o primeiro filme, lançado em 1992, e seu remake. Na realidade eu gosto de ambos igualmente, embora a mídia tenha gostado ainda mais da mensagem do ótimo remake. Interpretado por Tody Todd, Candyman é um assassino sobrenatural com um gancho na mão, invocado ao ser pronunciado seu nome cinco vezes no espelho. Filho de um escravo que cresceu para se tornar um talentoso e culto pintor, Candyman foi torturado e morto por racistas depois de se apaixonar pela filha de um rico fazendeiro branco. Antes de morrer, Candyman amaldiçoou todos ao redor. Note, portanto, que mais que um vilão de filme de terror, Candyman traz à tona, metaforicamente, a questão da luta contra o racismo, a luta por justiça. Sendo assim, levar a avenida este tema, seria importante.

7 - Cyberpunk 2077 (jogo) e Blade Runner (franquia de filmes)

Indo agora para uma pegada futurista, vale destacar o game “Cyberpunk 2077”, cujo o que me faz citá-lo aqui é sua estética impressionante. Um enredo, a respeito disso, poderia focar justamente em dar ênfase nesta estética, ainda que o fio condutor em si eu não sei dizer como deveria ser, ficando a cargo de quem for criar. A verdade é que o jogo banhou-se, em termos de inspiração, no clássico filme “Blade Runner”, de 1982, protagonizado por Harrison Ford e que se passa no então “futuro” ano de 2019. Ver esse filme é sonhar acordado, pois é de uma estética maravilhosa. Vale dizer, que foi lançada uma continuação em 2017, chamada “Blade Runner 2049”, que mantém a qualidade do original, enquanto dá prosseguimento a história.  

8 - A The Plague Tale (franquia de jogos)

Uma história emocionante, de uma irmã mais velha, em busca de salvar seu irmão mais novo adoentado, enquanto o mundo ao seu redor é devorado por uma praga de ratos. Essa história, contada em dois jogos, “A Plague Tale: Innocence” e “A Plague Tale: Requiem”, renderia, não tenho dúvidas, um enredo rico e de muitas possibilidades. Como este é o último jogo que abordo nesta coluna, faço menção também a franquia Mario, em especial Mario World, que marcou época e tem uma história bem bacana, além da franquia Assassin’s Creed, que por mais que tenha muitos jogos, algum deles poderia virar tema de desfile carnavalesco.

9 - Novelas

Por fim, cito aqui, que muitas novelas poderiam virar enredo. Cito aqui as que eu assisti: “Cordel Encantado”, “Chocolate com Pimenta”, “Senhoras do Destino” e “Liberdade, Liberdade”. De fato, não é foco desta coluna citar amplamente as novelas. Sei que há inúmeras outras não citadas aqui que certamente dariam até mais enredo do que as que eu citei.

10 - Filmes Nacionais

No que tange a filmes nacionais, a escolha do presente colunista, é por dar ênfase às obras de Glauber Rocha. Por mais que, em realidade, eu não conheça a fundo a obra do homenageado da Lins Imperial 1983, sei que estas possuem grande apreço dos críticos de cinema e possibilitam vários enredos culturais.

Coluna anterior: Papai Noel Rosa - Enredos em sua Homenagem

Coluna anterior:
A Paz nos Sambas de Enredo

Coluna anterior:
Os Primeiros Carnavais da Nenê de Vila Matilde

Coluna anterior:
Mulher à Brasileira - A Histórica Disputa de Samba da Portela para 1978

Coluna anterior:
Favela: o Samba, o Papa e o Reverendo

Coluna anterior:
Você sabia que a Rede Globo já foi Enredo de Carnaval?

Coluna anterior:
Há 50 Anos... Disputa de Samba da Portela para 1974 (Pixinguinha)

Coluna anterior:
Gbalá - Versão Dona Ivanisia e Cia

Coluna anterior: Parece Samba-Enredo