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História & Samba
    
TUPY DE BRAZ DE PINA - GLÓRIAS QUE O TEMPO ESCONDEU!

15 de novembro de 2021, nº 2

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1ª Coluna: Quase ninguém viu... Gravações de Samba-Enredo que o Tempo Levou!

Bem, amigos do Sambario! Aqui é Túlio Rabelo, do canal no YouTube 
TR - Sambas de Enredo. Neste meu segundo texto para o site Sambario, irei continuar a falar sobre gravações raras de samba enredo, desta vez com foco na extinta G.R.E.S. Tupy de Braz de Pina.


Conhecida pelo samba "Seca no Nordeste" de 1961, quando foi vice-campeã do Grupo 2, a Tupy de Braz de Pina tem, disponível na internet, uma discografia bastante incompleta. Isso acontece porque em muitos anos a agremiação ficou de fora dos álbuns oficiais por estar em grupos inferiores ou por não ter sido escolhida para gravar.

Embora tenha gravado oficialmente nove dos 10 sambas da década de 1970 (de 1971 a 1980 só não gravou 1980), na década de 1980 este número caiu para cinco, tendo sido gravado respectivamente: 1981, 1982, 1986, 1988 e 1989. E na década de 1990 piorou, pois nenhum foi gravado em álbuns oficiais. Após paralisar as atividades em 1998 e voltar para o Carnaval 2015, fez quatro desfiles, findando em 2018 para dar início ao Botafogo Samba Clube. Nesta volta, destaca-se a reedição do até então desconhecido samba de 1983 “Mistério das matas com Ossaim, Ossanha e Oxóssi” feita na Intendente em 2015.


Samba 1983/2015
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São, portanto, desde 1970, 13 sambas não gravados em álbuns oficiais (1970, 1980, 1984, 1985, 1987, 1990, 1991, 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997). Não se sabe se houve samba para 1998. Caso sim, são 14. Ou seja, quantas glórias o tempo levou?

Analisando os enredos da Tupy, nota-se um predomínio de homenagens a pessoas. Entre os sambas não gravados oficialmente, temos: Caymmi (1985), Marlene (1987), Armando Campos (1993), Osvaldo Sargentelli (1994) e Clóvis Bornay (1996). Com exceção do Caymmi e do Sargentelli, temos comprovada a informação que os demais (Marlene, Armando e Clóvis) se envolveram com a preparação da escola e desfilaram. Nos parágrafos a seguir, falarei de quatro Carnavais da Tupy, dos quais tenho informações da gravação do samba enredo, mas o áudio sumiu: 1987, 1992, 1993, 1996.

“Marlene, a estrela maior” - 1987
 
Em 1987, a Tupy foi vice-campeã do Grupo 3, subindo assim para o Grupo 2 de 1988. Para atingir este resultado positivo, o carnavalesco Jairo de Sousa apostou em 1987 no enredo “Marlene, a Estrela Maior”, cujo samba-enredo, segundo relatos de André Poesia e Luciano Brás, foi gravado na voz do Sobrinho, saudosa voz que tanto marcou nosso Carnaval. A homenageada Marlene, cantora eternizada como Rainha do Rádio, teve o samba-enredo em sua homenagem executado nos programas carnavalescos da Rádio Nacional. Segundo a “lenda”, houve um programa especial na rádio com a participação da Marlene. O samba, de autoria de Léo e Andrade, tinha os seguintes refrões: "Oh Marlene/ Tu és a estrela maior/ Hoje mergulhando em poesia/ Nesta festa que fascina/ O Tupy vem te exaltar"; “Lata d'água na cabeça/ A Maria vai e vem/ Mora na filosofia oh Tupy/ Zé marmita vai no trem”.

Veja abaixo, reportagens da época sobre o enredo.

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Créditos: Fragmentos do Acervo O Globo
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Créditos: Fragmentos do Jornal do Brasil (acessado pela Hemeroteca Digital)

No ano seguinte, já pelo grupo de acesso, a Marlene novamente desfilou pela escola. O enredo de 1988 era “E agora, José?” e a agremiação desfilou pelo Grupo de Acesso.

Créditos: TV Globo e Baú do Samba-Enredo 28/10/21 - Grupo de Acesso 1987


“Tributo às Raízes” - 1992

Para o Carnaval de 1992 no Grupo B, conforme relato de Luciano Brás, mais uma vez a Tupy providenciou uma gravação independente. De autoria de Ariel Matias, Roberto Alves e Silinhas (filho de Silas de Oliveira), o samba enredo “Tributo às Raízes”, tinha sua gravação executada em programas de rádio da época. No vídeo abaixo, você pode conferir uma gravação da melodia do samba a capela, na voz do Luciano Brás.



Neste vídeo curto, do quadro Cidade Carnaval da TV Globo, você pode ver uma pequena entrevista com o Silinhas (filho de Silas de Oliveira). Perceba que ao fundo está sendo cantado o samba enredo de 1992.

 

“Armando Campos, uma vida que dá samba” - 1993

Novamente no Grupo B, o homenageado de 1993 foi Armando Campos, radialista fundador da Rádio Tropical, lembrada até hoje pelos sambistas com muita nostalgia. Naturalmente, ao homenagear um radialista da Tropical, a Tupy conseguiu ali um grande espaço midiático. Para fazer jus a este espaço, contou, nada mais, nada menos, com Dominguinhos do Estácio na gravação do samba-enredo. Ah como eu queria ter esta gravação!!!

Ao menos temos um registro da melodia na voz do nosso amigo Luciano Brás.

 
Dominguinhos do Estácio, uma das maiores vozes da história do Carnaval Carioca

Bornay, a Lenda Viva do Carnaval - 1996

Para finalizar esta coluna, caminhamos para 1996, ano em que a Tupy homenageou Clóvis Bornay. Super humilde e gente boa, o homenageado se envolveu com o desfile da agremiação, que desfilou na Sapucaí pelo Grupo C (salvo engano, foi o único ano em que o Grupo C desfilou na Sapucaí). O samba enredo foi gravado e o que temos disponível é ele sendo tocado ao fundo, durante a apresentação do Clóvis Bornay no desfile de fantasias exibido pela TV Manchete.

 

Ao fim desta explanação, nota-se que a Tupy de Braz de Pina vai muito além de “Seca do Nordeste” e do sambas gravados em álbuns oficiais. Porém o tempo é cruel e infelizmente tem levado registros raros, como os citados acima. Até breve!!! Um abraço e tamo junto!

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Túlio Rabelo
Twitter: @EnredoTR
Canal TR - Sambas de Enredo