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BELEZA APRESSADA NO DESFILE DE 1991

No decorrer das décadas, o povo se acostumou a ver os desfiles sem se preocupar se os horários seriam cumpridos ou não. Desfiles terminando às altas horas da manhã e, por vezes, avançando as primeiras horas da tarde, faziam parte da tradição do Carnaval Carioca e isso, de certa forma, dava ainda mais grandiosidade ao evento.

Para o Carnaval de 91, a Liga e a Riotur decidiram que o desfile teria início às dezoito horas (cinco da tarde, se considerarmos que estávamos no horário de verão) e, mesmo várias escolas tendo problemas para cumprir o tempo de noventa minutos no carnaval anterior, resolveram também baixar o tempo máximo para oitenta minutos. Tais decisões desagradaram muita gente logo de cara.

Outra novidade do desfile foi referente ao sistema de avaliação das escolas: seriam permitidas notas fracionadas em meio ponto. O novo regulamento também diminuía o número máximo de alegorias permitidas: de vinte para quinze. Aliás, toda vez que esse tipo de restrição acontece, observa-se o fenômeno do aumento do tamanho dos carros, contribuindo para o surgimento do que hoje muitas pessoas, inclusive eu, chamam de “trambolhos alegóricos”.

O desfile começou rigorosamente no horário previsto, com o sol ainda forte.


Detalhes do abre-alas da Grande Rio, com as baianas ao fundo

ACADÊMICOS DO GRANDE RIO – As arquibancadas ainda estavam longe de estarem cheias quando o foguetório anunciou o início do desfile da escola de Caxias, que fazia sua estréia no Grupo Especial. O enredo “Antes, Durante e Depois, o Despertar do Homem”, dos carnavalescos Wany Araújo e Fernando Lopes, era de difícil entendimento: falava da criação da vida, dos conflitos humanos e terminava com uma mensagem de paz e otimismo. A Grande Rio entrou com pinta de escola grande, com carros e fantasias luxuosas, mas logo se viu que entre os 3800 componentes, poucos eram aqueles que estavam empolgados. Muitos componentes chegaram atrasados na concentração e a harmonia da escola apresentou falhas terríveis durante todo o desfile. Alguns componentes literalmente andaram na pista. Em frente ao bonito carro do apocalipse, havia uma ala em que os componentes pareciam estar em um agrupamento do exército, tamanha era a timidez das evoluções. Mas o momento mais grave foi observado a partir da indecisão da bateria em entrar ou não no boxe. Preocupados com o tempo, os dirigentes optaram por não recuarem a bateria e o resultado foi um enorme buraco, que prejudicou, além de todo o conjunto da escola, a apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira: Élcio PV e Dóris. Além de pouco entusiasmados, alguns componentes tiveram que correr para preencher os buracos e, com esses percalços, todo o dinheiro gasto no barracão acabou indo por água abaixo.


As belezas naturais da Lins Imperial

LINS IMPERIAL - A noite estava começando a cair quando a Lins iniciou o seu desfile. A escola, que apresentou o enredo “Chico Mendes, o Arauto da Natureza”, enfrentou sérios problemas para colocar seus destaques sobre as alegorias, além de ter perdido seu abre-alas, que quebrou ainda na Presidente Vargas. A comissão de frente teve uma boa performance e veio vestida de verde, representando os arautos da natureza. Atrás, ao invés do abre-alas, veio uma bonita ala, toda vestida de branco, representando a própria escola. Só então surgiu a primeira alegoria, que trazia garças que giravam em um carro bonito, mas que não tinha um acabamento dos melhores. Os problemas enfrentados pela Lins fizeram com que a escola só atingisse o meio da pista com mais de trinta minutos de desfile. Os carnavalescos Ricardo Ferrador, Solange Almeida e Paulo Costa perderam–se um pouco no uso das cores, mas, no geral, a apresentação do enredo foi correta, embora o acabamento de várias alegorias tenha deixado a desejar. Nos figurinos, além da primeira ala, destaco a fantasia multicolorida dos componentes da bateria, que veio vestida de arara, e a ala das baianas, que trouxe vitórias-régias sobre os chapéus. Alguns buracos aqui e ali também prejudicaram o conjunto da escola, mas seus componentes estavam bastante animados e evoluíram bem, preenchendo os espaços com rapidez. O samba foi muito bem interpretado pelo Celino Dias e a bateria esteve muito firme durante todo o desfile, que, infelizmente, não foi tão bonito quanto o do ano anterior.


As baianas da Ilha lembraram Cosme e Damião

UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR – Já estávamos as nove da noite quando Aroldo Melodia começou a entoar o samba-enredo de autoria de Franco. “De Bar em Bar, Didi, um Poeta”, uma idéia de Fernando Pamplona, era o enredo em homenagem a um dos maiores compositores de sambas de todos os tempos: Gustavo Adolfo Carvalho Baeta Neves, o Didi. Desde os primeiros momentos do desfile, a alegria tomou conta das arquibancadas e houve uma comunhão maravilhosa entre o público e os componentes da Ilha. Os carnavalescos Ely Perón e Rogério Figueiredo desenvolveram muito bem o enredo, mostrando todo o universo dos bares e biroscas, sem esquecer de mostrar em carros e fantasias alguns bares famosos do Rio de Janeiro, tais como o Assírios, no Teatro Municipal; o Gaivota, na Ilha do Governador e o Amarelinho. O momento mais bonito aconteceu na passagem do carro em homenagem a São Jorge, santo presente em todo bar que se preze. Os mais de 4000 figurantes, mesmo tendo que “carregar” alguns esplendores um tanto quanto exagerados, evoluíram com bastante vigor, mas, no momento em que houve o recuo da bateria, a escola se esgarçou e demorou algum tempo para que a harmonia corrigisse o erro. A bateria, dessa vez dirigida pelo Mestre Odilon, foi um show à parte. Além de muito bem trajados de São Jorge, os ritmistas mantiveram uma cadência excepcional, com destaque para o naipe de chocalhos, que dava um colorido especial ao samba. Com quase sessenta minutos, a Ilha ainda ocupava toda a avenida e o resultado foi uma ligeira pressa para cumprir o tempo regulamentar. A escola fechou o seu alegre e bonito desfile com setenta e nove minutos e meio.


A saborosa banana d'água da Imperatriz

IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE - O desfile da escola de Ramos era aguardado com muita expectativa, pois marcava o retorno de Viriato Ferreira, que desde 82 não assinava sozinho um enredo, como carnavalesco. O enredo “O que é Que a Banana Tem” já estava pronto havia alguns anos, mas o Viriato queria fazer esse enredo em uma escola verde, branca e dourada. Com uma comissão de frente irretocável, toda tradicional, mas com elementos do enredo sobre os ombros e cartolas, a Imperatriz abriu alas para os seus mais de 3000 componentes. Logo após a comissão de frente vinham dois tripés e uma coroa imperial feita de bananas. O primeiro setor tratou da origem do fruto na Ásia, através de fantasias de rara beleza. Os chapéus tinham formas muito elegantes e as cores das fantasias iam do bege ao laranja, mas com uma suavidade incrível. O carro da colheita, que vinha a seguir, tinha um acabamento primoroso, como, aliás, todas as demais alegorias. Uma grande nau simbolizou a chegada do fruto ao Brasil. A partir daí, Viriato começou a mostrar as diversas espécies da banana, mas não se limitou a isso, pois ele “carnavalizou” o tema e criou um enorme candelabro, para tratar da banana prata; uma fonte (na qual um destaque banhou-se durante todo o desfile), para representar a banana d’água e uma maravilhosa Corte do Maracatu, para apresentar a banana ouro. A bateria esteve muito harmoniosa e os tamborins, que sempre foram o seu ponto forte, mantiveram a tradição e ajudaram a valorizar o samba. A fantasia dos ritmistas também merece destaque. Mais de cem penas de avestruz, num tom de verde bem suave, encimaram os chapéus. Sobre os ombros, folhas de bananeira deram um toque a mais de elegância. As baianas também desfilaram belíssimas e evoluíram de forma impecável. A Imperatriz foi a primeira escola a usar o novo tempo com competência, fazendo um desfile muito alegre, sem correria em momento algum e que causou um impacto inesquecível. Na minha opinião, em termos plásticos, nenhuma escola foi tão bem quanto a Imperatriz. Foi um belíssimo desfile e um dos momentos mais bonitos da década de noventa.


Na Beija-Flor, Dom Lagarta manda Alice e todos nós seguirmos em frente, para vencermos a grande partida de xadrez da vida

BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS – Já passava da meia-noite quando a escola de Joãozinho Trinta começou a desfilar com seu enredo: “Alice no Brasil das Maravilhas”, uma crítica social muito criativa, que já tinha sido nome de uma exposição montada pelo próprio Joãozinho. A estória de Lewis Carroll era apenas o pano de fundo para as criticas que a Beija-Flor se propunha a fazer. A comissão de frente, embora criativa, não me agradou muito, pois muitas máscaras insistiam em pender para os lados. O abre-alas, que tinha os contornos do mapa do Brasil, era gigantesco, assim como todas as demais alegorias. Ainda na primeira parte, foi mostrada uma ala de baianas monumental, com fantasias nas cores da escola. Houve, na minha opinião, uma certa irregularidade nos figurinos. Alguns, como aqueles que representavam os “licores e pudins”, eram de grande efeito, outros nem tanto. O mesmo vale para as alegorias. Os últimos carros me pareceram muito pesados e isso chegou a causar alguns pequenos claros na pista. A bateria fez uma boa apresentação e a escola passou com garra, apesar do samba limitado. Mesmo apresentando mais um carnaval grandioso, a escola não fez dos seus melhores desfiles. Foi apenas mais uma bonita exibição da Beija-Flor, mas sem passar a sensação de que a escola pudesse, de fato, estar na briga pelo campeonato.


Conjunto visual da Mangueira

ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA – Eu não faço parte do pessimismo exagerado em relação a esse desfile. O enredo dos carnavalescos Ernesto Nascimento e Cláudio Rodrigues era de difícil entendimento, mas nem por isso era ruim. “As Três Rendeiras do Universo” foi um tema que teve inspiração numa lenda que abordava a criação do mundo e contava toda a trajetória humana após a expulsão do Paraíso. A primeira rendeira (Renda de Luz) era a mais velha e detentora do fio da luz. Era uma grande sábia que ficou encarregada de tecer as rendas que uniriam todos os astros, estrelas e planetas. Foi a responsável pela criação do dia e da noite e pela divisão do ano em quatro estações. A segunda rendeira (Renda da Terra) “teceu” as matas, os ventos, as florestas e os animais, determinando que alguns deles tivessem o dom de tecer fios de seda, redes de mel e teias de luz. A terceira rendeira (Renda da Água) era a mais jovem e coube a ela dar volume aos mares com espumas tecidas com seus fios de cabelos. Foi ela quem ensinou as rendeiras das populações costeiras a tecer. Aliás, foi com uma rendeira dessas populações que o carnavalesco Ernesto Nascimento se encantou com esse tema e decidiu levá-lo para a avenida. Com a perda de pontos no ano anterior, provocada pelo atraso de quatro minutos, notava-se que os diretores da escola estavam muito preocupados com o tempo e a Mangueira acabou fazendo um desfile frio, sem evoluir à altura de sua tradição. Com 56 minutos de desfile, seus últimos componentes já estavam em frente ao boxe da bateria. Em termos plásticos, o grande problema, a meu ver, foi em relação à distribuição cromática. Os carnavalescos misturaram laranja, amarelo e coral ao verde e rosa tradicionais e o resultado, em muitos momentos, não foi bom. O samba-enredo não era bom como o do ano anterior, mas foi maravilhosamente bem interpretado pelo mestre Jamelão. A bateria deu seu recado com competência, com os tamborins “falando” bastante alto.


Abre-alas da Estácio de Sá

ESTÁCIO DE SÁ - Com leões enjaulados, a Estácio abriu alas para contar o enredo “Brasil, Brega e Kitsch”, de autoria do carnavalesco Mário Monteiro. Os figurinos, mais uma vez, ficaram a cargo de Chico Spinoza. O enredo foi um grande protesto contra o consumismo e a perda de nossas referências culturais. O grande problema, a meu ver, é que a concepção estética do desfile atendia, por vezes, ao título do enredo, com fantasias e carros pouco elegantes. O desfile até que começou bem, quando foi mostrado o quadro denominado de “Circo Brasil”, com alas representando palhaços, mágicos, domadores, mestres de cerimônias e até empresários. Mas, em seguida, começaram as oscilações e os bons momentos seriam quebrados com passagens de carros e alas de gosto mais do que duvidoso, a começar por um carro que representava o palco do Rock’n Rio, criado pelo próprio Mário, em 85. As cores usadas nas fantasias também estavam longe de uma harmonia favorável ao conjunto. Um elogio que se pode fazer é em relação à qualidade do acabamento, tanto de carros, quanto de figurinos. Além de um visual de altos e baixos, o samba, que era considerado um dos melhores do ano, fez com que os componentes fizessem uma apresentação morna, sem muita empolgação. O samba, aliás, tinha em suas linhas uma critica a Carmem Miranda que eu achei exagerada. O desfile terminou com um carro muito bem feito que representava uma favela e resgatava “os nossos valores culturais”, como dizia o samba.


O desfile compacto da São Clemente

SÃO CLEMENTE – Animados com o sexto lugar conquistado no ano anterior, os componentes da escola de Botafogo pisaram na Sapucaí dispostos a brigar por uma boa colocação. O enredo: “Já Vi este Filme”, dos carnavalescos Carlinhos Andrade, César D’Azevedo e Roberto Costa, começava no carnaval de 2991, mais precisamente na quarta-feira de cinzas, o dia do Apocalipse, que, segundo os carnavalescos, deixará sobre a Terra somente vestígios de nossa civilização. “Já Vi Este Filme” foi um enredo que começou apocalíptico e terminou com uma mensagem pessimista. Segundo o enredo, um governador chamado Clementius I desceria dos céus e reorganizaria a vida em uma cidade espacial. Na verdade, os carnavalescos traçaram um paralelo entre os acontecimentos históricos vivenciados pela humanidade desde a Antiguidade, passando pelas mazelas políticas da história do Brasil e terminando com uma profecia pessimista para o ano de 3991. Ao contrário do que acontecera em outras oportunidades, a escola, dessa vez, surpreendeu a todos com carros bem acabados, ainda que simples, e fantasias mais caprichadas. Principalmente no início, as cores da escola me agradaram bastante e as fantasias feitas com materiais metalizados conseguiram um bom efeito. Eu gostei bastante do segundo carro, que trazia os escombros da nossa civilização. Outro carro interessante foi o que mostrou a chegada de Clementius com suas treze naves. Do meio para o final, começou a haver uma certa irregularidade no nível das alegorias e também na harmonia de cores. Em termos de fantasia, o destaque ficou por conta de uma bonita ala de baianas, vestida de dourado, com nuances de amarelo e detalhes alaranjados. Na minha opinião, dois quesitos foram decisivos para que a São Clemente não repetisse a leveza do ano anterior: enredo e samba-enredo. O enredo, como já comentei, era muito pessimista e o samba era muito ruim. Esses foram fatores que prejudicaram muito a apresentação da escola, aliados ao fato da São Clemente ser a última a desfilar, uma experiência nova para a escola de Botafogo. O desfile de domingo se encerrou por volta das cinco e quinze da madrugada, com o sol ainda longe de começar a colorir a linha do horizonte.


A beleza do desfile da Viradouro

UNIDOS DO VIRADOURO – Muitas vezes campeã em Niterói, a escola fez sua estréia no Grupo Especial como se fosse uma das veteranas do Carnaval Carioca. O enredo em homenagem a Dercy Gonçalves tinha o título de: “Bravo, Bravíssimo – Dercy, o Retrato de um Povo”. Os carnavalescos responsáveis por essa homenagem foram Max Lopes e Mauro Quintaes. A tarde foi chuvosa no Rio de Janeiro e mais uma vez o desfile começaria às dezoito horas do horário de verão, para desespero dos diretores e componentes que faziam o que podiam para não haver danos às fantasias e carros. Com a passarela recebendo um público mediano e com uma chuva fina, a escola começou o seu desfile com a disposição de brigar pelas primeiras posições. Uma linda comissão de frente, seguida por um abre-alas cheio de cisnes, provocou o primeiro encantamento em quem assistia o espetáculo. No alto do carro, que era todo branco, prata e rosa, estava a homenageada, que desfilou com os seios nus e com uma bengala, pois ela havia sofrido um acidente meses antes do carnaval. Uma das primeiras alas após o abre-alas foi a das baianas, toda prateada e decorada com pompons vermelhos e detalhes em rosa. Max não se esqueceu de nenhum momento da vida de Dercy: contou desde sua infância pobre em Madalena até seus grandes sucessos no teatro e no cinema. Muitas alas trouxeram alegorias de mão, o que sempre me agrada, pois elas proporcionam uma movimentação maior à ala, além de favorecer a estética. O samba não era nenhuma obra-prima, mas era bonito e foi bem cantado pelo intérprete Quinzinho. A bateria veio com um naipe de frigideiras e o ritmo não caiu em momento algum. A ala das crianças talvez tenha sido a melhor entre todas as alas mirins daquele carnaval; veio vestida de perereca, fazendo referência ao sucesso de Dercy: “Perereca da Vizinha”. O desfile terminou, como começou: muito bonito e bastante empolgante.


Bom gosto nas alegorias da Caprichosos

CAPRICHOSOS DE PILARES – A noite estava chegando e as luzes da Sapucaí ganhavam brilho para receber a escola de Pilares, com seu enredo “Terceiro Milênio, Em Busca do Juízo Afinal”, do carnavalesco Alexandre Louzada. Um carro muito bonito, que trazia os quatro cavaleiros do Apocalipse, abriu alas para os 3800 componentes. À frente da alegoria, vinha uma bela comissão de frente vestida de Cordeiro de Deus, que também serviu de inspiração para o riquíssimo destaque do abre-alas. Tons bastante escuros tomaram conta da pista no primeiro setor do desfile. Depois, os tons foram clareando de maneira harmoniosa, seguindo as necessidades do enredo, que foi muito bem apresentado. O carro do CTI estava grandioso e passou com clareza a idéia do carnavalesco. Aliás, deve ser ressaltada a boa qualidade do acabamento dos carros e fantasias. A bateria, que veio coberta de plumas azuis, não parou no boxe e isso, a meu ver, prejudicou bastante a Caprichosos, pois atrás dela ainda vinham dois terços de escola. As baianas vestiram-se de branco para abrilhantar o último setor do desfile, referente à paz universal.


As baianas da Unidos da Tijuca

UNIDOS DA TIJUCA - A escola do Borel abriu seu desfile com uma enorme queima de fogos. O enredo era “Tá na Mesa Brasil”, do carnavalesco Oswaldo Jardim. O tema era mais um passeio pela culinária brasileira, mas, dessa vez, o carnavalesco optou por mostrar uma festa no palácio de Momo, o rei da folia, na qual os convidados eram os seus súditos. Foi um enredo muito bem planejado, pois foi montado de forma a justificar a presença de fantasias características do carnaval, tais como palhaços, pierrôs e colombinas, além de piratas, sultões e odaliscas, todos convidados para o banquete do rei, que mandou buscar a alegria do carnaval de rua do Nordeste e casou-se com a “Folia”. Nessa festa carnavalesca inventada por Oswaldo Jardim, a cozinheira era Chica da Silva, uma “feiticeira” dos temperos, segundo o enredo. Eu gostei muito dos tripés que abriram o desfile, antes da passagem do também belo abre-alas, que além de um estilizado pavão, trouxe elementos do enredo. As fantasias eram bastante simples, mas eram bonitas. A bateria veio com chapéus ornamentados com penas de pavão e fez uma das melhores exibições entre todas as baterias. A ala das baianas trouxe a “Folia”, com chapéus ornamentados em verde, precedendo o carro do casamento. Também gostei bastante do carro da feijoada, que trazia uns bonecos feitos em espuma, que estavam bem interessantes. O samba não era um primor, mas tinha bom andamento e contava muito bem o enredo. A meu ver, pela originalidade e perfeito desenvolvimento, um enredo nota dez!


A Portela desfilou com destaques riquíssimos

PORTELA – Havia uma polêmica na fase pré-carnavalesca em relação ao samba da escola. Para muitos, os autores se esqueceram do enredo e abordaram apenas a vaidade da própria Portela. O fato é que o samba era dos melhores do ano, talvez o melhor. O enredo apresentado foi “Tributo à Vaidade”, do carnavalesco Silvio Cunha. Esse título foi inspirado na última fantasia apresentada por Evandro Castro Lima, dias antes de morrer, em 85. Quando a escola entrou na pista, alguns minutos antes das dez da noite, a platéia logo se levantou e com entusiasmo cantou junto com Dedé da Portela e os mais de 4500 componentes. À frente da escola, mais uma vez, estava a tradicional comissão de frente e a águia, abrilhantando o abre-alas. O enredo, segundo a sinopse, abordaria os motivos que levam o homem a querer ser admirado e homenageado. De fato, essa proposta ficou muito clara no desenrolar do desfile. Eu gostei muito do trabalho do carnavalesco. A Portela apresentou um conjunto visual belíssimo, do princípio ao fim, e não apelou para carros exageradamente grandes para chamar a atenção. As alegorias tinham dimensões elegantes e estavam lindas. Um dos carros que mais me chamou a atenção foi o que representou as três raças. A combinação de cores também estava muito harmoniosa, com o azul e o branco predominando bem entre as cores que realçavam o conjunto. A ala das baianas, com nuances de azul e rolinhos na cabeça, me agradou bastante. O único senão ficou por conta do puxador, que cantou o samba num tom acima do normal e acabou perdendo a voz no terço final da apresentação. A bateria também teve uma ótima performance. Eu gostei muito dos “desenhos” feitos pelo naipe de tamborins, principalmente na segunda parte do samba. Aliás, ainda era um tempo em que as baterias não passavam com andamento muito acelerado, salvo algumas raras exceções. Grande desfile da Portela, um dos melhores do ano e o segundo melhor da escola, de 1990 até os dias de hoje.


Destaques do carro "Arca de Noé" e o conjunto da Mocidade

MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL – Após a rápida limpeza da pista, a campeã de 90 teve autorização para iniciar seu desfile, mesmo que ainda estivéssemos meia-hora antes do horário previsto. Fazendo uma brincadeira com o próprio samba, os diretores da escola diziam que as águas iam “bi rolar”, tamanha era a confiança no bicampeonato. O enredo “Chuê, Chuá, as Águas Vão Rolar”, dos carnavalescos Renato Lage e Lílian Rabelo, abordava o elemento água e passeava por mares e rios, sem deixar de mostrar seus “moradores” (lendários ou não), além de fazer alusão ao dilúvio, à liquidez do abacaxi econômico e a tudo que pudesse ser relacionado à água. O desfile foi aberto por uma comissão de frente com fantasias de escafandristas. Era o fundo do mar, motivo presente também no abre-alas, que apresentou, com grande criatividade, uma estrela do mar, ao invés da tradicional estrela de Padre Miguel. O samba conquistou o público logo de cara, que acompanhou o desfile com o mesmo entusiasmo demonstrado na passagem da Portela. As fantasias estavam irretocáveis e formaram um conjunto belíssimo. A impressão que se tinha é que não havia uma pluma fora do lugar, tamanha era a perfeição dos detalhes. O segundo carro trouxe a representação do útero materno, que na Mocidade virou o “Planeta Água”. O setor dedicado ao dilúvio trouxe alas vestidas de animais precedendo o grande carro alusivo à Arca de Noé. As baianas se apresentaram muito bem e trajaram belíssimas fantasias com detalhes em prata e verde. O carro mais bonito foi o referente à Iemanjá, no qual várias moças vestidas de sereia eram cobertas por bolinhas de sabão “sopradas” pela própria alegoria. As esculturas desse carro eram belíssimas e causaram um impacto inesquecível. Eu também gostei muito de um carro que trouxe monstros marinhos e fez uma crítica a pesca predatória. Não gostei muito do carro “Águas de Março”, pois apesar de estar perfeitamente dentro do enredo, é um tipo de linguagem que não me atrai. Mas isso de forma alguma prejudicou de forma decisiva o conjunto da escola, que fez um desfile arrebatador, principalmente quando a bateria deixou o boxe e conquistou definitivamente o público, que aplaudia e gritava: bicampeã, bicampeã! Foi uma das maiores ovações que eu já assisti.


Carruagens imperiais na Rua do Ouvidor do Salgueiro

ACADÊMICOS DO SALGUEIRO – Na minha opinião, o samba de Sereno, Luiz Fernando e Diogo, ao lado do samba da Portela, era o melhor do ano. O belíssimo enredo “Me Masso se Não Passo Pela Rua do Ouvidor” era de autoria da carnavalesca Rosa Magalhães. A história da Rua do Ouvidor foi contada em detalhes, desde o tempo em que ainda nem tinha esse nome. Foram mais de 4000 componentes, divididos em alas que tinham a predominância do vermelho e do branco tradicionais, aliados ao rosa (nos mais diversos tons), ao amarelo e ao preto. Os carros se apresentaram ricos em detalhes e era difícil escolher o mais bonito. Eu gostei muito do carro da relojoaria e de uma outra alegoria que trazia uma carruagem da família real, além do belíssimo carro do carnaval: na Rua do Ouvidor houve desfiles das Grandes Sociedades. A ala das baianas veio no final do desfile, à frente do último carro, no qual desfilou Paula, eterna pastora salgueirense. A bateria de mestre Louro esteve, como sempre, muito bem, com belos desenhos feitos pelos tamborins durante toda a passagem do samba-enredo. Talvez um pouco cansado de tanto sambar e cantar durante as apresentações de Portela e Mocidade, o público não reagiu como era esperado e os próprios componentes do Salgueiro passaram sem a mesma empolgação observada nos dois desfiles anteriores. Um erro da escola, a meu ver, foi ter feito uma passagem rápida demais. Para se ter uma idéia, com 57 minutos, os últimos componentes já estavam bem próximos à Praça da Apoteose.


O desfile tradicional da Vila

UNIDOS DE VILA ISABEL – O desfile da Vila estava programado para as duas e meia, mas com a “pressa” da Liga, da Riotur e de algumas agremiações, a escola começou sua apresentação bem antes das duas da madrugada. O enredo “Luiz Peixoto: e Tome Polca!” foi escrito por Ney Lopes e desenvolvido pelo carnavalesco Ilvamar Magalhães. Foi um desfile simpático, feito com muito samba no pé e sem grandes recursos. Uma coisa que me agradou logo de cara foi perceber que a escola tinha optado por preservar suas cores. Uma coroa ao melhor estilo art nouveau (estilo que marcou o início do século XX) abriu o desfile. Nas fantasias e carros, todas as facetas de Luiz Peixoto foram mostradas com clareza. Como se sabe, ele fora de tudo um pouco (ou muito): compositor, teatrólogo, escultor e caricaturista. Um carro, que trouxe como destaque a vedete Virgínia Lane, lembrou as inúmeras peças criadas para o teatro de revista. As baianas se apresentaram em um dos últimos setores e rodopiaram saias em branco e ouro. Sem grandes surpresas e com uma bateria de primeira, a Vila encerrou seu desfile com o carro do Sarau na Rua Itapiru, motivo da música “E Tome Polca”.


Esses caminhões fizeram o Império perder pontos

IMPÉRIO SERRANO – O Império se preparou para desfilar às 3:50, mas com o desfile adiantado, a escola teve que iniciar sua apresentação muito antes disso e não estava pronta. A escola tinha que estar concentrada no lado do “Balança”, mas teve permissão para concentrar-se no lado dos Correios. Começou seu desfile por volta das 3:15 e apresentou o enredo “É Por Aí Que Eu Vou”, de autoria do carnavalesco Ney Ayan. O enredo era uma homenagem aos caminhoneiros, que cá entre nós, nada têm a ver com carnaval. Em homenagem aos grandes dias do Império e aos seus grandes nomes, meus comentários aqui vão se restringir apenas a exaltar a boa performance da bateria, porque de resto foi uma demonstração de como jamais deve ser um desfile de escola de samba: muito feio! Se a vida dos caminhoneiros fosse tão ruim quanto foi a idéia do carnavalesco, os índices de suicídio dessa classe trabalhadora aumentariam e muito. Não dá para entender como um bom carnavalesco, como era o Ney Ayan, tenha optado por uma estética tão grosseira e despropositada. Foi uma tristeza ver o Império, o grande Império Serrano, passar da forma que passou.

Com o término do desfile por volta das quatro e trinta do horário de verão, ainda longe do sol nascer, uma certeza melancólica abateu-se sobre mim: aquele tinha sido o desfile mais sem graça que eu tinha assistido desde quando eu comecei a acompanhar o Carnaval Carioca. Foi tudo certinho demais, rápido demais. Espera-se o ano inteiro para aquele momento e quando a grande festa chega, seus comandantes têm pressa.

Refeito da surpresa desagradável, era hora de pensar nas escolas que disputariam o título. Para mim, a Mocidade ganharia, mas eu apostava muito nas possibilidades da Portela e da Imperatriz, embora quase ninguém se lembrasse da escola de Ramos, talvez pelo fato de ter desfilado no domingo. O Salgueiro também era apontado como favorito, embora, para mim, seu desfile tenha sido apressado demais.

A apuração foi realizada na Praça da Apoteose, pelo segundo ano consecutivo. Nos primeiros quesitos apurados, a Unidos da Tijuca surpreendeu e pulou na frente. Quando chegaram os quesitos plásticos, a Mocidade passou à frente, sempre seguida de perto por Salgueiro e Portela. Na leitura das notas do quesito mestre-sala e porta-bandeira, a família Andrade já comemorava o título quando, para a surpresa de todos, a escola de Padre Miguel levou um oito, fazendo renascer as esperanças salgueirenses. A Portela, a essa altura, estava dando adeus até mesmo ao desfile das campeãs, pois já tinha também perdido dois pontos no quesito anterior: comissão de frente. Junto com a Portela, a Viradouro também ia se despedindo da possibilidade de retornar no sábado. Esses últimos quesitos foram decisivos para determinar a terceira colocação da Imperatriz, a quarta posição da Beija-flor e a quinta da Estácio. O campeonato, embora a leitura do último quesito tenha sido emocionante, ficou mais uma vez com a Mocidade e com muita justiça.

Eis a classificação geral:

1º Mocidade Independente – 297,0
2º Salgueiro – 295,5
3º Imperatriz Leopoldinense – 293,5
4º Beija-Flor – 290,5
5º Estácio de Sá – 290,5
6º Portela – 290,5
7º Viradouro – 290,5
8º Unidos da Tijuca – 289,5
9º União da Ilha – 281,0
10º Caprichosos de Pilares – 275,0
11º Vila Isabel – 274,5
12º Mangueira – 269,0
13º São Clemente – 265,5
14º Lins Imperial – 264,0
15º Império Serrano – 258,0
16º Grande Rio – 240,5

As quatro últimas colocadas foram rebaixadas de grupo, mais uma novidade do regulamento ruim de 1991.

No tradicional “Sábado das Campeãs”, muita chuva caiu sobre a Cidade Maravilhosa durante toda tarde e vários pontos do centro ficaram alagados, inclusive a pista da Marquês de Sapucaí, que mais parecia um rio caudaloso. O jeito foi transferir o desfile para o domingo, após muitas indecisões.

No domingo, o desfile foi aberto pela Leão de Nova Iguaçu, vice-campeã do Grupo 1. A Tradição, grande campeã daquele grupo, veio em seguida. Depois, começou o desfile das cinco primeiras colocadas do Grupo Especial: Estácio de Sá, Beija-Flor, Imperatriz, Salgueiro e Mocidade.

Marcelo Guireli

marguireli@uol.com.br

 

NOTAS DE 1991
por Denise

 

Tendo em vista que vi o desfile pelo vídeo, não vou analisar os quesitos EVOLUÇÃO, HARMONIA E BATERIA. Os quesitos MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA e COMISSÃO DE FRENTE somente vou julgar a fantasia e o seu contexto com o enredo. O quesito SAMBA-ENREDO será julgado pela gravação do LP. O quesito ENREDO será julgado pela representatividade no desfile.

 

1º) ACADÊMICOS DO GRANDE RIO
SAMBA-ENREDO: 8,5
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 9
FANTASIA: 8
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 8
COMISSÃO DE FRENTE: 8
CONJUNTO: 8
ENREDO: 8

2º) LINS IMPERIAL
SAMBA-ENREDO: 9
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 7,5
FANTASIA: 7,5
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 9,5
COMISSÃO DE FRENTE: 8,5
CONJUNTO: 7,5
ENREDO: 9

3º) UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR
SAMBA-ENREDO: 9,5
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 8,5
FANTASIA: 8,5
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 9,5
COMISSÃO DE FRENTE: 8,5
CONJUNTO: 9
ENREDO: 8,5

4º) IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE
SAMBA-ENREDO: 9
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 10
FANTASIA: 10
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 9,5
CONJUNTO: 10
ENREDO: 9

5º) BEIJA-FLOR
SAMBA-ENREDO: 8,5
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 9,5
FANTASIA: 9,5
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 9,5
CONJUNTO: 9,5
ENREDO: 8,5

6º) ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA
SAMBA-ENREDO: 8
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 7
FANTASIA: 7,5
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 9
COMISSÃO DE FRENTE: 8,5
CONJUNTO: 7,5
ENREDO: 7,5

7º) ESTÁCIO DE SÁ
SAMBA-ENREDO: 10
ALEGORIAS E ADREÇOS: 9,5
FANTASIA: 9,5
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSAO DE FRENTE: 9
CONJUNTO: 9,5
ENREDO: 10

8º) SÃO CLEMENTE
SAMBA-ENREDO: 8,5
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 8,5
FANTASIA: 8,5
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 9
CONJUNTO: 9
ENREDO: 9,5

9º) VIRADOURO
SAMBA-ENREDO: 9
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 10
FANTASIA: 10
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 9,5
COMISSÃO DE FRENTE: 9,5
CONJUNTO: 10
ENREDO: 9,5

10º) CAPRICHOSOS DE PILARES
SAMBA-ENREDO: 8,5
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 9
FANTASIA: 9
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 9
CONJUNTO: 9
ENREDO: 8,5

11º) UNIDOS DA TIJUCA
SAMBA-ENREDO: 8,5
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 8,5
FANTASIA: 8,5
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 8,5
CONJUNTO: 8,5
ENREDO: 9

12º) PORTELA
SAMBA-ENREDO: 10
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 9,5
FANTASIA: 9,5
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 9,5
CONJUNTO: 9,5
ENREDO: 10

13º) MOCIDADE
SAMBA-ENREDO: 10
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 10
FANTASIA: 10
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 10
CONJUNTO: 10
ENREDO: 10

14º) SALGUEIRO
SAMBA-ENREDO: 10
ALEGORIA E ADEREÇOS: 10
FANTASIA: 10
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 9,5
CONJUNTO: 10
ENREDO: 10

15º) VILA ISABEL
SAMBA-ENREDO: 8,5
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 8
FANTASIA: 8
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 9
CONJUNTO: 8
ENREDO: 8

16º) IMPÉRIO SERRANO
SAMBA-ENREDO: 9
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 7,5
FANTASIA: 7
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 8,5
COMISSÃO DE FRENTE: 7,5
CONJUNTO: 8
ENREDO: 7,5