SAMBARIO - O site dos sambas-enredo

Geraldão é cria genuína do samba feito na zona sul do Rio de Janeiro, mais precisamente no bairro de Botafogo. Dono de uma inconfundível voz rouca, começou a compor e cantar na Foliões de Botafogo, durante a década de 70.

Em 1981 aconteceu seu primeiro registro fonográfico, ao interpretar “O sonho das esmeraldas”, samba do compositor Rodrigo para a Foliões, que naquele carnaval desfilou pelo Grupo 2-A. Geraldão também acompanhou a ascensão e o auge da São Clemente com seus temas satíricos e irreverentes de forte crítica social entre meados da década de 80 até o início dos anos 90.

Revezou com Izaías de Paula o posto de microfone número 1 da escola de cores amarela e preta. Foi o intérprete principal nos carnavais de 1984, 1986 e 1989. Entre 1985 e 1991 integrou o carro de som da escola na condição de cantor de apoio, primeiro de Izaías e, em seguida, de Sidney Moreno. Afastou-se da São Clemente, logo após o carnaval de 1991.

Geraldão figurou ainda na efêmera (porém marcante) existência da Unidos de Campinho. A escola, surgida em 1987, oriunda da fusão de blocos do Morro do Fubá e do Morro do Campinho, em Madureira, teve uma ascensão meteórica até alcançar o Grupo A, em 1992. Até aquele ano, a Campinho havia sido por três anos vice-campeã dos grupos inferiores, perdendo sempre para a Acadêmicos da Rocinha, porém, sempre sendo promovida junto com essa agremiação.

Em 1992, com o enredo “Passa, passa tempo” (samba de autoria de Zé Roberto, Adilson Bispo e Valdir Brôa), a Unidos de Campinho vivenciou um fato inusitado: a bateria chegou atrasada com 20 minutos de desfile e a escola teve de parar o desfile para começá-lo de novo. Por conta dessa fatalidade a agremiação – cujo símbolo era um gavião – chegou em último lugar entre as 14 concorrentes da categoria e acabou voltando para o Grupo 2 (terceira divisão). Após a apresentação desastrosa, a Campinho não conseguiu mais nenhuma vitória e foi sendo rebaixada de grupo até que em 1997, a direção da escola não conseguiu verbas para entrar na avenida e finalmente enrolou a bandeira.

No carnaval de 1993, Geraldão cantou pela Unidos da Ponte um dos mais belos sambas-enredo da década de 90: “A face do disfarce”, obra assinada por Adilson Xavier.

A partir daí, o cantor se afasta do posto de detentor do microfone principal de escola de samba e passa a se dedicar mais ao seu trabalho como compositor e músico (era contrabaixista de grupos de samba-rock e funk).

Na condição de compositor, Geraldão teve sambas de meio de ano de sua autoria gravados por artistas do naipe de Arlindo Cruz, Dominguinhos do Estácio, Grupo Raça (“Seja mais você”, “Eu dancei, ela sambou”), Bezerra da Silva (“Malandro Consciente”) e Alcione (“Te amo”), entre outros.

O intérprete faleceu em 2014, por complicações de insuficiência renal.