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Editorial Sambario

Edição nº 57 - 19/01/2015

Quem nunca cantou um samba-enredo assim? - Que atire a primeira pedra!
- POVO DOCE do sertão ("Ocultou-se no Sertão" - Em Cima da Hora 1976)
- Colhiam FRUTOS E FAZ CIRURGIA ("Colhiam frutose e faziam orgia" - Beija-Flor 1977)
- No meu tempo de criança DESDE BEBÊ ("No meu tempo de criança dei de beber" - Mocidade 1982)
- ESSA ARTE UNE orixás ("Reza, ajeum e orixás" - Vila Isabel 1988)
- Quando O BOI CHEIRAVA, parecia que falava ("Quando gorjeava, parecia que falava" - Mocidade 1990)
- Soltar AS VELAS ("São caravelas" - Unidos da Tijuca 1990)
- NEGO vem e NEGO vai, que nem maré ("Bebo vem e bebo vai, que nem maré" - União da Ilha 1991)
- O SAMBA RENASCENDO meu astral ("O Sol vai renascer do meu astral" - União da Ilha 1991)
- Das sete cidades governadas por ALMIR ("Das sete cidades governadas por Auí" - Beija-Flor 1998 - Na época, Almir Gabriel era governador do Pará, cantado pela escola naquele Carnaval)
- OLÍVIA, LÚCIA, China ("Bolívia, Rússia, China" - Grande Rio 1998)
- Vai vai CABRAL ("Vai vai balão" - Beija-Flor 2002)
- O imperador das liberdades QUE TE QUIS ("O imperador das liberdades bem-te-vis" - Grande Rio 2002)
- Jovem ainda se EMBANANA ("Jovem ainda se engalana" - Porto da Pedra 2002)
- Moisés desafia o MEDO ("Moisés desafia o rei" - Mangueira 2003)
- Eu passo fome em BH ("Deus Baco vou me embriagar" - Santa Cruz 2006)
- Depois fabricou motor GAVIÃO ("Depois fabricou motor de avião" - Grande Rio 2007)
- QUEM HAJA ACUSA agora explode a minha voz - "Em Azakusa agora explode a minha voz" - Porto da Pedra 2008)
- Banho de gato amor ELA TE dá calor - "Banho de gato amor relaxa e dá calor" - Beija-Flor 2009)
- De CAIR MINHA Cartola ("De Caymmi a Cartola" - Estácio de Sá 2011)
- BATATA quente é Orunmilá ("Lapa tá quente é Orunmilá" - Estácio de Sá 2012)
- ROSANE, Ogum, caô meu pai Xangô ("Ossain, Ogun, caô meu pai Xangô" - Salgueiro 2014)
- Vem COMIGO cirandar que eu vou ("Vem sorrindo cirandar que eu vou" - União da Ilha 2014)
- SEIVA, árvore da vida ("Ceiba, árvore da vida" - Beija-Flor 2015)
- O SELFIE cou ainda mais bonito ("O céu ficou ainda mais bonito" - São Clemente 2015 - Reconheço: essa última foi forçada, mas é só para aproveitar a expressão do momento)

O retorno dos Sambas Eliminados - Desatualizada desde 2010, a subseção dos Comentários dos Sambas que relembra grandes concorrentes derrotados nas eliminatórias será reativada com sambas de 2011 a 2015. Os comentários aparecerão primeiramente em dois Editoriais, onde relembraremos 20 grandes sambas-enredo deste período que não conseguiram a vitória na quadra, mas que até hoje são lembrados pelos bambas. Os mesmos serão analisados da mesma maneira que fazemos para as obras depois de registradas no CD oficial. Os comentários dos 10 primeiros concorrentes estão presentes abaixo. O restante será publicado em 1º de fevereiro.



Yaô mandou chamar (Portela 2015 - Parceria de Toninho Nascimento) - Ao ouvi-lo pela primeira vez, a sensação que tive foi de estranheza. Algo até muito próximo do surrealismo que a Portela pretende trazer no próximo mês. Um refrão principal interminável, em que o verso Yaô mandou, yaô mandou chamar proliferava. Tanto que a brincadeira vigente quando do lançamento do concorrente era que a Yaô ficaria sem voz de tanto mandar chamar. Passada a pioneira audição esquisita, a admiração foi imediata, pela ousadia da repetição de sete versos, com o refrão iniciando cadenciado e terminando gingado, de maneira ao Okê meu São Rio de Janeiro ter nítido problema de métrica (se ganhasse, era só retirar o "são"). Já na primeira apresentação do samba na quadra, a repetição do trecho da Yaô foi excluída, assim como o que menciona o troco do bonde. Na ocasião tricampeões portelenses com louvor, a parceria de Toninho Nascimento e Luiz Carlos Máximo apostou em mais um samba-enredo considerado perfeito tecnicamente, requintado poética e melodicamente. A obra reúne as características dos três vitoriosos sambas da Águia de 2012 a 2014, com refrões espalhados na letra, partes envolventes, tão distantes da padronização atual do gênero. Mas talvez tenha faltado emoção neste hino para cativar a torcida portelense, algo que o lindo samba da parceria de Noca da Portela tinha de sobra, apesar de inferior tecnicamente. No vídeo acima consta a primeira versão do samba, com a repetição das yaôs. NOTA: 9,7.
Clique aqui para ver a letra do samba


Vem pra Imperatriz olerê (Imperatriz 2015 - Parceria de Me Leva) - No começo das eliminatórias, era apontado como o maior oponente da obra de Zé Katimba. De autoria de um timaço encabeçado por Me Leva, Tuninho Professor e Jeferson Lima e defendido por Nêgo, é um samba forte, de bela melodia, mas um tanto pesado, com uma natural tendência de arrastamento. No entanto, há um trecho que destoa do restante da obra. E é justamente o melhor do samba e seu único momento de explosão. Vem pra Imperatriz olerê, abre a roda oh raiz olará é um refrão primoroso, inserido no meio da segunda parte, numa tentativa dos compositores de deixar o lugar-comum da atual estrutura 12-4-12-4 de samba-enredo. Após o alegre refrão, o samba volta a pesar uma tonelada, com mais cinco versos antes do refrão principal. Durante a disputa, Nêgo foi confirmado como o intérprete da Imperatriz, o que acarretou em boatos de favorecimento a este samba na disputa gresilense. Entretanto, acabou cortado na semifinal. NOTA: 9,5. Clique aqui para ver a letra do samba


O que seria do verde sem o rosa (Mangueira 2015 - Parceria de Lequinho) - Então tricampeã na Mangueira, a parceria de Lequinho apostou num refrão principal curto, mas arrebatador. Lá vem Mangueira maravilhosa, o que seria do verde sem o rosa? É de forma disparada o melhor trecho da obra, cujo restante reúne as características que o compositor costuma imprimir, que é a valentia e o estilo pra cima. Alguns trechos deste samba não me agradaram, como Vovó me dizia, cultive valores pra dar bons frutos (neste trecho, eu particularmente cantava pagar com juros) e Conduz o estandarte, fasciiiiiinaaa. Mas há outras boas partes, como o refrão do meio e o final da segunda. Muito em virtude do samba mangueirense de 2014, da mesma parceria, não ter tido um bom desempenho na avenida, a Mangueira conduziu a parceria de Renan Brandão ao triunfo.
NOTA: 9,3. Clique aqui para ver a letra do samba


Vai ressoar o atabaque de um bamba (Império da Tijuca 2014 - Parceria de Samir Trindade) - Seria o melhor samba de todos os grupos do Carnaval Carioca em 2014. Uma obra perfeita em todos os sentidos. A parceria de Samir Trindade, autora do magnífico "Negra, Pérola Mulher" que embalou o título do Acesso de 2013, nos brindou com um samba-enredo ainda melhor para a disputa do enredo "Batuk". De três refrões, sua melodia primorosa não cai em nenhum momento, te envolvendo do primeiro ao último verso, com o refrão do meio e, sobretudo, o principal explodindo maravilhosamente. Um expediente muito bonito por parte da escola nesse ano, em que retornava ao Grupo Especial depois de 18 anos de ausência, foi se autointitular "o primeiro Império do samba", já que é sete anos mais velha que o Império Serrano. A obra de Samir e companhia chegou à final como a grande concorrente do samba da parceria de Márcio André e seu refrão arrasa-quarteirão "vai tremer" (outro concorrente magnífico, da parceria de Bola, caiu na semifinal). E o chão tremeu mesmo a favor deste refrão. Mesmo bastante inferior tecnicamente, com uma melodia mais animada do que requintada e considerado mais recomendado para uma escola que seria a primeira a desfilar no domingo, o samba de Márcio André saiu-se vitorioso contra um antológico concorrente. O atabaque de um bamba não ressoou naquela noite. NOTA: 10. Clique aqui para ver a letra do samba


Em nossas mãos a vida, no coração Salgueiro (Salgueiro 2014 - Parceria de Marcelo Motta) - Foi o samba que concorreu no ano errado no Salgueiro! Se tivesse sido construído em qualquer outro ano, certamente não só teria abocanhado a disputa salgueirense como brigaria pelo Estandarte. No entanto, terminou como coadjuvante no duelo com o arrasa-quarteirão de Xande de Pilares e parceiros, cuja vitória já era mais do que esperada e que, de fato, proporcionou um Estandarte de Ouro de samba que a Academia não conquistava desde o longínquo 1978. Sobre o concorrente derrotado, é um samba muito mais dolente do que o vencedor, com o lirismo na melodia prevalecendo. O refrão principal é fantástico, com a variação melódica em Em nossas mãos a vida, no coração Salgueiro sendo muito feliz. Uma das partes mais festejadas do samba da parceria de Xande era o refrão central dos orixás. Já o concorrente não possuía exatamente um refrão do meio, e sim o estribilho Vou cuidar para que nao tenha fim, também muito bonito. Obviamente, não possuía a explosão que a obra do Meu samba vai tocar seu coração tinha de sobra. Mas este concorrente apresenta um dos melhores conjuntos melódicos dos sambas recentes. Teve o azar de medir forças com um samba-enredo invencível, de maneira a um comentarista de Carnaval citar de forma irreverente, durante a transmissão da final salgueirense num veículo de comunicação online, que o Oxum, Iemanjá, Iansã, Oxossi caçador só perderia se a chuva subisse. NOTA: 9,7. Clique aqui para ver a letra do samba


A maré vai subir, transbordar emoção (Portela 2014 - Parceria de Celso Lopes) - Logo após a escolha portelense visando o Carnaval 2014, o Fantástico apresentou uma reportagem focando a eliminatória da Águia, desde o início até seu desfecho e abordando inclusive as firmas de compositores e seus financiadores. A Rede Globo elegeu o compositor Celso Lopes como o protagonista da narrativa, com este confidenciando que reformaria sua casa caso vencesse a disputa. Durante toda a reportagem, era possível ouvir Celso cantarolando o refrão A maré vai subir, transbordar emoção, criando assim, junto ao telespectador, uma imagem de mocinho, de herói. O lendário David Corrêa, após receber a notícia de seu corte na semifinal, transpareceu com revolta na matéria que nunca mais disputaria samba na escola. Já Celso foi finalista, porém o tricampeonato de Toninho Nascimento e Luiz Carlos Máximo era inevitável, ganhando a eliminatória com total merecimento. Com o anúncio do campeão, a primeira coisa que um tristonho Celso Lopes exclamou foi "Quero ir pra casa", comovendo os telespectadores. Sobre seu samba, é forte e valente, mas bastante enquadrado na linearidade atual do gênero, com uma segunda parte mais dolente e que ganha, a partir do agudíssimo verso Em oração peço a São Sebastião, uma intepretação impressionante de Wander Pires, que defendeu a obra na quadra. Um ano depois, tanto para o próprio Wander quanto para Celso, a história seria diferente, com ambos dando o troco em Nascimento e Máximo na eliminatória para 2015, derrotando os tricampeões. A matéria do Fantástico pode ser vista clicando aqui. NOTA: 9,3. Clique aqui para ver a letra do samba


Tira a máscara pra mim que eu quero ver (Salgueiro 2013 - Parceria de Moisés Santiago) - O enredo sobre a fama levado pelo Salgueiro em 2013 dividiu opiniões. Tanto que a safra de sambas da Academia não foi das melhores. Este concorrente estava longe de ser um primor, tanto que tinha um refrão principal fraco e alguns versos contestados, como No photoshoping vou deixar você mais linda. A obra se enquadra no padrão da maioria dos sambas levados pelo Salgueiro depois do Ita de 1993, sendo pra cima e de melodia apenas correta. Entretanto, o refrão do meio é sensacional. Tira a máscara pra mim que eu quero ver quem é você. O melhor trecho melódico de toda a disputa salgueirense naquela temporada. Um refrão envolvente, que levantava a quadra sempre que executado. O samba vencedor da parceria de Marcelo Motta, que representaria o enredo "Fama", era melhor, mais denso e favorito durante toda a eliminatória. Porém, nos bastidores da final salgueirense, chegou a ser discutida uma junção da obra de Motta com o refrão do meio de Moisés Santiago, com as redes sociais ventilando com força a possibilidade da fusão. Mas ela não se confirmou e, no fim das contas, o refrão central entoado pela vermelho-e-branco foi pra ver... o quê? O traço do pintor... NOTA: 9,2. Clique aqui para ver a letra do samba



Valeu João, foi o sonho do beija-flor (Beija-Flor 2012 - Parceria de Samir Trindade) - Não é exatamente um concorrente derrotado. Seu refrão principal e os cinco primeiros versos da primeira parte entraram no samba oficial da azul-e-branco de Nilópolis. Mas como a maior parte da obra de 2012 que desfilou é da parceria de J. Velloso e o melhor trecho dos dois sambas, curiosamente, não entrou na fusão, será mencionado. Enquanto a obra de Velloso era mais densa, a de Samir tinha como característica a dolência, embora ambas fossem pesadas. Uma pena que Laíla tenha deixado de fora o lindíssimo trecho em homenagem a Joãosinho Trinta. Valeu João, foi o sonho do beija-flor/João valeu, na avenida brilha o sonho seu. Dois versos singelos que explicam com sutileza tudo o que João representou no Carnaval. Eu, particularmente, experimentaria estes dois versos no fim da segunda parte da junção oficial, com estes servindo de transição para o refrão principal, com uma alteração melódica em sonho seu. NOTA: 9,3. Clique aqui para ver a letra do samba

Alô São Clemente, aquele abraço Redentor (São Clemente 2011 - Parceria de Eduardo Medrado) - Como é de costume das obras de Medrado e parceria, o concorrente apresenta uma melodia diferenciada que se torna a bandeira do samba. Tanto que os versos são curtos, impulsionados pela bela melodia de cada um, sem a necessidade de alongar as notas de maneira forçada. Os dois refrões são fantásticos, com o principal já servindo de cartão de visitas pro que virá a seguir, com o Meu Rio de Janeiro, fevereiro e março citando a canção de Gilberto Gil. A melhor parte do samba é o encerramento da segunda parte, de riquíssimo conjunto melódico: Rio, desafios há de superar/Bom humor nunca vai te faltar/Carioca que sou/Ginga, bossa e cor/Eu me ponho a cantar. Um samba-enredo primoroso, mas que não se enquadra com os atuais que são levados para a Passarela do Samba. Tanto que acabou cortado várias etapas antes da final da São Clemente para 2011. NOTA: 9,8. Clique aqui para ver a letra do samba - Baixe este samba


Tinha Agito no Egito (Mocidade 2011 - Parceria de Marquinho PQD) - Na ocasião, este concorrente não chamou tanta atenção na época, já que era notório o favoritismo da parceria de J. Giovani, que trazia um samba da mesma linha do ano anterior (Meu coração vai disparar, sair pela boca), de ótimo desempenho na Sapucaí. Mas a obra de Marquinho PQD e parceiros trazia uma melodia diferenciada, mais gingada, com um balanço gostoso e muito bom de ouvir. O refrão principal era formado por seis versos, mas nada cansativo, muito pelo contrário. Já o refrão do meio, também delicioso, trazia o antológico verso Tinha agito no Egito, para alguns uma rima forçada. A segunda parte é mais curta e cantada em tom menor, tendo como utilidade maior servir de gancho para o refrão principal. Caiu na semifinal da disputa da verde-e-branco para 2011. Mas é um samba cuja audição é gratificante.
NOTA: 9,5. Clique aqui para ver a letra do samba