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Editorial Sambario

Edição nº 51 - 30/10/2013

Começou... - Já percebo alguns intérpretes e compositores via redes sociais revelando suas inconformidades com as primeiras avaliações dos sambas-enredo divulgadas na mídia especializada carnavalesca e atacando a imprensa, a quem consideram "pseudos-especialistas, entendedores", que não frequentam quadras, não sabem compor um verso de samba e por aí vai.

Todos sabem que estas avaliações são tradicionais, com os jornais já nos anos 80 trazendo as opiniões de especialistas, muitos não-ligados às escolas de samba. Os sites de Carnaval apenas seguiriam a tradição com o advento da Internet.

Inclusive algumas opiniões há muitos anos atrás eram ainda mais polêmicas e duvidosas do que as atuais.

Em 1987, Tárik de Souza pelo Jornal do Brasil rotulou "Tupinicópolis" de Fernando Pinto, um dos mais originais e celebrados enredos da história carnavalesca proporcionado pela Mocidade, como "galhofa".

Bezerra da Silva, inigualável sambista mas um quase leigo quando o assunto era Carnaval, avaliou os sambas de 1990 para o mesmo JB praticamente ouvindo apenas o da São Clemente. "É bonito e parecido com minhas músicas por falar a verdade. Os outros (sambas) não mereceram minha atenção". Ou seja, o saudoso Bezerra só teria gostado de "O Samba Sambou" por se parecer com seus sambas.

Em 1991, o jornalista Arthur Laranjeira, em artigo para "O Dia", afirmou que o trecho "romances divinais", do clássico salgueirense daquele ano, "dói no ouvido". Trata-se apenas de um dos melhores sambas da Era Sambódromo.

Mais recentemente, Hélio Turco, consagradíssimo compositor mangueirense, considerou uma grosseria no site Carnavalesco o Salgueiro colocar no seu samba 2009 que "a furiosa bateria vai te arrepiar", desconhecendo o nome da bateria da Academia do Samba.

Enfim, quem são afinal os pseudos-sambistas?

Que a imprensa carnavalesca siga com seu magnífico trabalho. Estes mesmos profissionais digníssimos das escolas que hoje a criticam, também sentiriam e muito sua falta se ela não existisse para divulgar tudo sobre a apoteose da folia.

Quem é que sobe???? - Ouvindo o ensaio do coral portelense na Cidade do Samba publicado pelo Carnavalesco, me assustei com mais um festival de subidas desnecessárias de tons que a Águia tradicionalmente realiza após a escolha do samba. Ano passado, a melodia do segundo e do terceiro verso da primeira da obra recebeu modificações duvidosas, que felizmente não impediram as cinco notas dez. Em anos como 2006 e 2009, alguns trechos em menor também tiveram o tom elevado de forma brusca, o que geraram contestações. Particularmente, considero uma pena! Os sambas acabam perdendo qualidade ao se renderem à pasteurização, com as melodias, então mais rebuscadas, ficando menos originais e ousadas. Pior que não é apenas a Portela quem efetua tais modificações. Espero, do fundo do meu coração, que a faixa da azul-e-branco de Madureira no CD a ser lançado no fim de novembro desfaça esta minha má impressão inicial.