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Os Carros das Capas

Os Carros das Capas
por Carlos Fonseca
Twitter: @eucarlosfonseca

Num expediente inédito, a série "Os Carros das Capas" relembra neste espaço as alegorias e componentes que foram eternizados nas capas dos CDs dos sambas-enredo do Grupo Especial. Em meio a citações aos protagonistas, o leitor vai encontrar algumas curiosidades sobre a produção dos discos, divulgação e desfiles.

Inicialmente, o texto abordou as capas entre 1990 e 2016, com sua primeira atualização esticando sua abordagem até o álbum de 2019. Agora, em sua segunda atualização (publicada em maio de 2024), são destacadas as capas de 1990 até 2024. Confira:

1990

Começamos então por 1990. Ano em que o bamba foi brindado com uma grande novidade: os sambas do Grupo 1 (em seu último desfile com esta denominação) passariam a ser comercializados em CD, sem abandonar o LP e o K7 – ao menos por estas terras, já que o álbum de 1986 fora lançado para o mercado internacional. Para estampar a capa, a imagem que centraliza o histórico abre-alas da Imperatriz, campeã do “carnaval que não acabou, que representava as asas da Independência. No meio dos tripés de frente, aparecia o nome do produto todo em amarelo. Além do principal, isto é, a alegoria da escola campeã vigente, a tarja vermelha trazia o patrocínio da Kaiser - aliás, propagandas de marcas no disco do Carnaval eram bastante comuns, como veremos mais a frente por aqui. Porém, para a tristeza dos amantes da folia, o inesquecível Cristo mendigo da Beija-Flor foi ignorado na contracapa, sendo preterido por uma imagem da Comissão de Frente. 

A título de curiosidade: quando o comercial que anunciava o disco era veiculado na TV, vários sambas eram executados no fundo musical ao invés da trilha sonora da campeã vigente, num expediente que seria fixado com o passar dos anos. Em uma das propagandas disponíveis na internet até pouco tempo, o disco do Carnaval era anunciado com o samba da Mocidade tocando. Mal sabíamos que a propaganda televisiva acabara profetizando quem seria a capa do ano seguinte...


Fotos de capa e contracapa: Arquivo Manchete (Bloch Editores)


1991

O já denominado Grupo Especial, como conhecemos desde os tempos atuais, trazia na capa do álbum o lindo abre-alas da Mocidade Independente de Padre Miguel, da inesquecível abertura do consagrado desfile que levou a taça e todo o povo aplaudiu. Mas um detalhe nela chama atenção: a verde e branca foi a terceira escola da segunda-feira de Carnaval, ou seja, fazendo seu desfile todo à noite - segunda foto do parágrafo. E a imagem que foi eternizada na capa retrata a alegoria no desfile das campeãs, quando o “Vira-Virou” passou pelo Sambódromo com o dia claro – uma prática comum dos discos de samba-enredo até fins da década de 2000. Fora isso, a Kaiser mantinha o patrocínio pelo terceiro ano consecutivo e o verso do encarte nos LPs oficiais trazia fotos da terceira (Salgueiro) e quarta (Imperatriz) colocadas do ano anterior, outro expediente costumeiro. 

Não satisfeita, a Mocidade voltou ao Sambódromo e, fazendo outro desfile memorável, garantiu o bicampeonato e, consequentemente, a segunda capa seguida. Fazendo o povo delirar. Delirar, delirar...


Foto de capa: Arquivo Manchete (Bloch Editores)
Foto de contracapa: Wilson Pastor


1992


Delirando e delirando numa overdose de alegria, lá estava a Mocidade outra vez na primeira página do encarte. O banho de felicidade foi retratado na capa de 92 com um belo ângulo da inesquecível abertura com a comissão de frente vestida de "Os Mergulhadores" e o abre-alas "A Dança das Águas Submarinas". Mais ao fundo na imagem aparece a segunda alegoria "Terra: Planeta Água" e o restante dos primeiros setores da escola. Com mais um ano de patrocínio da Kaiser, uma imagem frontal do desfile vice-campeão do Salgueiro na contracapa e a ausência da Santa Cruz (que conseguira o direito de desfilar na elite semanas antes do Carnaval) na lista de faixas participantes, o povo de Padre Miguel sonhava estampar a capa de 93. Mas, como veremos adiante, não foi bem assim...



Foto de capa: Wilson Pastor
Foto de contracapa: Manchete (Bloch Editores)

1993



Pois um desvairado Leão vindo do Morro de São Carlos acordou a Estrela-Guia do sonho da terceira capa consecutiva. A estonteante e inesquecível Paulicéia Desvairada levou a Estácio de Sá ao primeiro (até hoje único) campeonato e à (até hoje única) capa do CD do carnaval. O histórico desfile foi bem representado pela imagem de seu abre-alas, que retratava o Theatro Municipal de São Paulo. Assim como ocorrera dois anos antes com a Mocidade, a foto da capa foi feita durante a passagem pelo Desfile das Campeãs - percebe-se que o letreiro do abre-alas, que enfrentou problemas durante o cortejo oficial, está aceso. Mas a mudança perceptível no álbum de 1993 não foi apenas na escola da capa: a produção foi diferenciada, já que foi o primeiro (do total de seis) disco de samba-enredo gravado no Teatro de Lona da Barra da Tijuca. A Kaiser patrocinou a capa do álbum pela última vez.


Fotos de capa e contracapa: Bloch Editores

1994


Aquele que é considerado um dos melhores álbuns de samba-enredo da história em termos de produção merecia estampar na capa uma bela imagem de um dos melhores desfiles da história, certo? Certíssimo! O abre-alas "A Festa do Círio de Nazaré" foi escolhido para retratar o Ita que explodiu o coração da Sapucaí e levou o Salgueiro à vitória depois de 18 anos - pena que depois dela a Academia teve que esperar mais 16 anos para soltar o grito de campeão novamente. Quanto aos detalhes técnicos da capa: pela primeira vez o letreiro de campeã era estampado tanto no CD quanto no LP, apesar de que em 94 colocaram "Salgueiro campeã" ao invés de "campeão". Ah, as licenças poéticas da língua portuguesa... 

Na parte dos patrocínios, a cerveja foi trocada: saiu a Kaiser e entrou a Brahma, que voltava a estampar sua marca no CD/LP do carnaval após 7 anos. Na contracapa, evidentemente, aparecia o abre-alas da vice Imperatriz. A título de curiosidade: o encarte do disco cometeu algumas gafes, indo dos misteriosos versos "Saber para crescer/Saber para orientar/Saber para amenizar" acrescidos na letra da União da Ilha do Governador à colocar a Mocidade como vice-campeã do ano anterior na última página e creditar o falecido Edmilton di Bem também como intérprete da Imperatriz...

Já que falamos em Salgueiro e Imperatriz, as duas inverteram posições (e não seria a primeira vez disso na história) no ano seguinte, como veremos em seguida.



Fotos de capa e contracapa: Bloch Editores

1995


Cinco anos depois, lá estava a Imperatriz de volta à capa do disco, “empurrando” o Salgueiro para a contracapa. Num recurso similar ao do álbum de 1992, uma imagem tirada da antiga torre de TV focando o primeiro setor do desfile gresilense, com o belo abre-alas em primeiro plano. Também é perceptível, na parte de baixo e com menos destaque, a comissão de frente (“A Dança da Corte Francesa”) marcante pelo famoso “jogo” de leques. Até mesmo o letreiro temático da Brahma pela Copa do Mundo vencida pelo Brasil meses depois apareceu, embora que no fundão da foto e coberta pelo título do disco. Sublinhando os detalhes técnicos: destacar a volta definitiva dos arranjos de teclado nos sambas - o que permaneceria até o fim da década – e as mesmas 16 faixas pelo segundo carnaval consecutivo, fato inédito “ajudado” pelas ausências de São Clemente e Villa Rica no compilado oficial.


Fotos de capa e contracapa: Bloch Editores

1996


Para retratar o [até hoje discutível] bicampeonato da Imperatriz, a capa do álbum de 1996, marcado pela enorme proeza de espremer 18 escolas num CD de 80 minutos (o LP duplo teve durações normais, com faixas ultrapassado seis minutos), optou por um recurso utilizado até 1989: não destacar o abre-alas e fazer “colagens” de outros momentos-chave do desfile campeão dividindo a imagem. A alegoria escolhida foi “Palácio na Argélia”, originalmente a quinta do desfile, que divide a arte com recortes do abre-alas e de uma componente da Ala das Baianas. O tal recurso fez com que o álbum não tivesse patrocínios pela primeira vez em 11 anos, limitando-se a estampar o selo "Imperatriz Bicampeã" num círculo verde. Na contracapa, avistamos a histórica imagem da inesquecível águia da Portela com a máscara nos olhos, aquela que muitos (a exceção dos leopoldinenses, claro) queriam que realmente fosse a capa de 96...


Fotos de capa e contracapa: Bloch Editores
Arte da capa: André Teixeira

1997



Para eternizar a grandiosa vitória da Mocidade com seu “Criador e Criatura”, a imagem não poderia ser outra: a abertura do desfile campeão, com os “Frankensteins” da comissão de frente e o abre-alas "A Criação da Terra" em primeiro plano. O momento foi destacado numa arte de capa em formato similar a uma moldura simples e com um fundo verde claro (bem sugestivo, não?) onde acima estava o título do álbum e embaixo os dizeres "Mocidade Independente - campeã". Nos detalhes técnicos: foi a última vez que os sambas-enredo do Rio de Janeiro eram comercializados em LP, a última vez que Brahma patrocinava o álbum e também a última vez da Mocidade sozinha numa capa de CD do carnaval – voltando a ela quando a dividiu com a Portela, em 2018.



Foto de capa: Armando Borges/Arquivo Mocidade Independente
Foto de contracapa: Manchete
Arte da capa: André Teixeira e Emil Ferreira

1998


O ano que apresenta uma capa que aparentava ser simples mas que escondia uma sacada daquelas brilhantes: retratando a primeira capa da Viradouro na história, uma imagem que focava o destaque principal do impactante abre-alas (“As Trevas”) que ainda serviu para colocar o título do álbum na curva que a fantasia fazia. Mas quem pensa que foi “apenas” isso se engana: conforme o encarte vai se abrindo, a foto se transforma num pôster - foto abaixo – com a imagem da alegoria em ângulo aberto. O abre-alas da vice-campeã Mocidade estampava o verso da embalagem. Fechando com a parte técnica: a partir daquele ano, a ordem de execução do CD (e passava a ser apenas CD, como foi até 2023) passou a ser de acordo com o resultado do carnaval anterior. Ordem que só não foi seguida à risca devido a ausência do Salgueiro no disco oficial por divergências com a gravadora – a escola lançaria seu samba em um CD independente. Aliás, pela vez última os sambas do carnaval carioca foram gravados no Teatro de Lona da Barra, desativado anos depois. Mas ficou para a história uma safra de sambas populares e uma capa daquelas coisas que só a genialidade de Joãosinho Trinta foi capaz de fazer – e desafiar - à direção de arte gráfica do disco.



Foto da capa: Bloch Editores
Foto de contracapa: Fabrizia Granatieri
Arte da capa: André Teixeira

1999


Essa é uma daquelas que requer uma explicação minuciosa. Com duas campeãs pra colocar em uma só capa, a produção gráfica teve de se virar pra solucionar o empate da maneira mais criativa... ou pelo menos tentar. No fim, duas alegorias de Mangueira (“Sanatório Geral”) e Beija-Flor (“Casa de Açum”) foram “divididas” por um efeito visual do arco da Praça da Apoteose. Aliás, as imagens dos dois carros (autoria não informada) estão em ângulos bem diferentes do que era usual, dando a impressão que foram feitas na curva do Setor 1. Só pra constar: naquela máxima de que em empate não tem vice, a Imperatriz – terceira colocada de 98 - foi ignorada na contracapa, recorrendo-se à montagem reproduzida na capa. Após um ano sem patrocínio, o disco do Grupo Especial recebeu um novo apoio: o finado banco Bandeirantes, à época pertencente ao Grupo Caixa Central de Depósitos. E a história da capa rachada ganharia um novo capítulo 18 anos depois.



Arte da capa: L&A Studio

2000


Outra capa que merece ampla explicação. Não por complexidade de contexto, e sim por uma solução bem criativa. No carnaval temático que celebrava os 500 anos da chegada de Cabral ao Brasil, o CD “se vestiu” de verde-amarelo com a bandeira brasileira formada na fusão de capa (Imperatriz) e contracapa (Beija-Flor) com várias imagens do desfile de 99 dentro da arte. O mesmo recurso é repetido no encarte. Aos detalhes: a Imperatriz (capa) foi representada por um componente (com o rosto "dividido" na imagem), uma escultura do abre-alas (“O Barroco”, segunda foto do parágrafo), uma destaque de alegoria e uma componente da Ala das Baianas, enquanto a Beija-Flor (contracapa) foi representada por imagens do abre-alas e comissão de frente (“O passeio da corte portuguesa”) - a propósito, era a partir dali que a escola de Nilópolis se tornaria uma presença constante na contracapa... Nos patrocínios, o Banco Bandeirantes (pela segunda e última vez) ganhava a companhia da LOTERJ. Aliás, o reclame da loteria estadual no disco do carnaval carioca passou a ser bem frequente durante o governo da Família Garotinho. E o “componente com o rosto dividido” da Imperatriz ainda voltaria a aparecer na capa pouquíssimo tempo depois...


Fotos da capa: Alberto Vilar
Fotos da contracapa: José Carlos Dias
Arte da capa: Alberto Vilar e Lêka Coutinho

2001



A primeira capa do novo milênio pode não ter sido a mesma criativa da última do milênio passado, mas a escola que a estrelou seguiu a mesma. Uma imagem fechada da alegoria "As Mercadorias Africanas" foi a escolhida para eternizar o bicampeonato da Imperatriz na primeira página do encarte do CD de 2001. Aliás, deram tanto foco para a grande máscara que dá impressão da mesma estar dando aquela “encarada” em quem vê o disco. Com o abre-alas da Beija-Flor na contracapa e as baterias de campeã e vice no verso do encarte e da embalagem, o anúncio "Imperatriz Campeã 2000" (ao invés do tradicional e esperado "Bicampeã") foi jogado para a lateral da embalagem, junto com o patrocínio da LOTERJ.

Duas curiosidades: em alguns exemplares do disco, a logomarca da LIESA aparecia no canto direito baixo da capa, em outros, a mesma não aparecia. Provavelmente alguma questão de prensagem, já que o CD também foi vendido nas quadras das 14 escolas pertencentes a elite naquela ocasião. Ah, e a frase "Sambas de Enredo" ficou muito grudada, não?


Fotos da capa e contracapa: Alberto Vilar
Arte da capa: Alberto Vilar e Lêka Coutinho

2002


Se o tricampeonato da Imperatriz até hoje (e chegou a ser "saudado" por populares do Setor 1 naquele ano por vaias e latinhas atiradas na pista), a capa do CD de 2002 que retrataria o oitavo título leopoldinense não fugiria a discussão. Diferente do habitual, a imagem escolhida para a capa foi de Jamerson Oliveira (guardem este nome!), componente da comissão de frente "Mouros e Cristãos". A sua expressão sorridente na imagem foi acompanhada do anúncio "Imperatriz Tricampeã" e dos patrocínios da LOTERJ e do governo do estado. O mesmo recurso foi utilizado na contracapa, onde um integrante da comissão de frente da Beija-Flor aparece. Ou seja, foi o CD das comissões. Falando dos detalhes técnicos, a produção do disco nos presenteou com o CD Bônus (o branquinho) contendo sambas históricos das agremiações que faziam parte do Grupo Especial daquele ano - além, é claro, do CD verde com os sambas inéditos.

Por muito tempo acreditou-se que Jamerson Oliveira não teria gostado de ver sua imagem na capa do CD de 2002 e acionou juridicamente a LIESA cobrando direitos autorais. E, devido a isso, a Liga teria decidido não mais colocar componentes nas capas de CD para evitar mais problemas. O boato chegou ao conhecimento do autor desse espaço através de um amigo que temos em comum (Ricardo Dias) e constava na atualização anterior da série. Foi uma grande lenda urbana que circulou no meio do carnaval por anos até ser desmentida pelo próprio Jamerson a este SAMBARIO numa reportagem de 2023. “Só ficou em história. Eu nunca procurei a LIESA pra pedir direitos autorais das capas do CD. Ouvi falar em boatos dos anos que se passaram que não colocaram mais personalidades do carnaval na capa do CD por conta disso [o suposto processo]. Isso não procede. Nunca tive acesso ligado a alguém da Liga.”, contou Jamerson, que seria a inspiração da vez que a escola de Ramos voltou a capa, 22 anos mais tarde.


Fotos da capa e contracapa: Alberto Vilar
Arte da capa: Alberto Vilar e Lêka Coutinho

2003


17 anos depois, a Mangueira voltava a estrelar sozinha a capa do CD do Grupo Especial – em 99, como já recordamos, a verde e rosa teve de dividi-la com a Beija-Flor. O momento escolhido para eternizar o arrebatador desfile mangueirense foi uma foto central da alegoria "O Forte", segunda a passar pela avenida naquela apresentação. Uma escolha que, particularmente, combinou muito bem com o projeto gráfico – apesar do abre-alas ser lindo e ter um belo efeito, não se sabe que efeito daria com o seu estilo predominantemente branco. LOTERJ e Governo do Rio seguiram firmes e fortes no patrocínio da bolacha digital. E pela quarta vez seguida, a Beija-Flor estava na contracapa – com uma componente da comissão de frente. E depois desta, a Estação Primeira teria que esperar mais 14 anos para estampar a capa do disco outra vez...


Fotos da capa e contracapa: Alberto Vilar
Arte da capa: Alberto Vilar e Lêka Coutinho

2004


No carnaval que celebrou os 20 anos da Passarela do Samba com o inédito expediente das reedições, dentre eles “Aquarela Brasileira” e “Contos de Areia”, e que alçaria o “jurado Adilson” ao sucesso na apuração, a bolacha digital de 2004 teve como capa “O Paraíso Terrestre: A Segunda Chance”, terceira alegoria do (também discutível até os tempos atualis) título da Beija-Flor, que após quatro contracapas seguidas finalmente chegava a primeira página do encarte – sozinha, a escola de Nilópolis não estrelava a capa desde o LP de 1984. Ademais, os patrocínios do disco continuaram sendo de LOTERJ e Governo do Rio de Janeiro - desta vez com outro slogan, digamos, interessante: “Trabalhando cada vez mais” – na última vez que apoios estatais apareciam. Na contracapa, Marquinhos e Giovanna representavam a vice-campeã Mangueira.


Fotos da capa e contracapa: Alberto Vilar
Arte da capa: Alberto Vilar e Lêka Coutinho

2005


O disco do “ao vivo fake” – o texto pode estar estragando a memória afetiva de alguém, pois os fogos estourando e o público vibrando em todas as faixas eram meros efeitos sonoros de estúdio – teve, além das mudanças no ambiente de gravação, a troca de patrocínio: Governo do Rio de Janeiro e LOTERJ deram lugar à Nestlé, que à época entrou com tudo (e nada prosa) no que se diz a investimentos no carnaval. Sobre a capa, o belíssimo abre-alas da Beija-Flor (“Ganância Espanhola”) cujo destaque era Fabíola David – guardem esse nome, ele será muito citado daqui pra frente... Na contracapa, a Tijuca (pela primeira vez) foi representada pela sétima alegoria do desfile (“Viagens Extraordinárias”). Até aí tudo bem. Mas o caro leitor que não possui o CD em casa deve se perguntar: “aonde foi parar o carro do DNA?” A resposta: no fundo do estojo do CD - terceira foto. Voltando a falar da Nestlé: além da capa, a empresa alimentícia também patrocinou o enredo da Grande Rio (o título “Alimentar o Corpo e a Alma Faz Bem” era o slogan da marca à época), levando a um momento impagável de Wander Pires, então intérprete da escola, que com todos os vibratos possíveis citou a patrocinadora em pleno “Sem Censura” – então apresentado por Leda Nagle – após cantar o samba...


Foto da capa: Henrique Matos
Foto da contracapa: Alberto Vilar
Arte da capa: Fabio Oliveira


2006


Lembrado e destacado pela demasiada cadência na faixa do Porto da Pedra e por ser o último registro de Jamelão nos álbuns de samba-enredo, o CD de 2006 tem como capa o abre-alas do desfile tricampeão da Beija-Flor (“Luz Menino, A Mensagem do Divino e o Reino de Herodes”). Três detalhes: a alegoria aparece num ângulo completamente fechado, com foco para a parte da frente da mesma, cuja destaque é... Fabíola David – já avisamos ao leitor para guardar esse nome, correto? O segundo: ao contrário da Imperatriz quatro anos antes, a frase “Beija-Flor tricampeã” não aparece na arte. Terceiro e último: diferente do costume, a foto que ilustra o disco é do desfile oficial, já que a Deusa da Passarela passou pela Sapucaí por volta das sete da manhã. Na contracapa, o belo abre-alas da Tijuca (licença para uma passagem pessoal do escriba: foi uma das primeiras alegorias que tive oportunidade de ver de perto, no desfile das campeãs daquele ano). A Nestlé patrocinou o CD pela segunda e última vez. Aliás, foi a última vez que o CD dos sambas-enredo do Grupo Especial recebeu patrocínios. Na mesma tacada, a Sony/BMG fez sua despedida da distribuição comercial do álbum.


Foto da capa: Henrique Matos
Foto da contracapa: Agência Foto BR
Arte da capa: Fabio Oliveira


2007


Com patrocínios definitivamente excluídos, de gravadora nova (a Universal Music) e em pleno processo de redução do Grupo Especial, o disco de 2007 trouxe na capa uma imagem destacada de “O Esplendor do Império do Sol”, abre-alas do desfile que daria o segundo campeonato à Unidos de Vila Isabel no ano anterior – “Zona Franca Industrial” foi a alegoria que representou a Grande Rio, pela primeira vez na contracapa. Quanto aos detalhes técnicos: destaques à volta da Estácio para a elite com a reedição de "O Tititi do Sapoti", o retorno de Preto Joia à Imperatriz depois de quase uma década, as duradouras introduções de Salgueiro e Porto da Pedra, a popularidade do samba da Viradouro (levado às arquibancadas através das torcidas de Botafogo e Vasco) e um título que credenciou a Beija-Flor a estar na capa do ano seguinte.


Fotos da capa e contracapa: Henrique Matos
Arte da capa: Fabio Oliveira

2008


Com a LIESA alcançando a meta de reduzir o Grupo Especial para apenas doze agremiações, o CD de 2008 ganhou mais tempo para introduções, alusivos e trouxe na capa o enorme beija-flor cartão-de-visitas no abre-alas “O Supremo Dom Divino”, eternizando o histórico desfile sobre a África. Citando o famoso bordão de Luís Roberto, notório torcedor da escola de Nilópolis, o destaque deste abre-alas e o título de principal estrela da capa (a segunda em três anos) foi “sabe de quem?”. Ela mesma, Fabíola David! Que ganharia (ainda) mais destaque no ano seguinte, como veremos no próximo parágrafo...


Fotos da capa e contracapa: Henrique Matos
Arte da capa: Fabio Oliveira

2009


Outra vez, a mãe de Gabriel David foi a estrela da capa. No desfile bicampeão de 2008 – eternizado por ela na capa de 2009 – ela foi o destaque central do abre-alas (na segunda foto) “Brilho de Fogo - O Rastro Iluminado”, usando a fantasia “Brilho de Fogo Revela o Paraíso. Com Fabíola na capa e aquela considerada uma das piores safras de samba-enredo na setlist, o destaque fica à emocionante abertura feita por Neguinho da Beija-Flor, agradecendo pelas orações em prol de sua recuperação de um câncer que enfrentava à época em que o disco foi gravado. E assim terminava a segunda fase da “Era Cia dos Técnicos” na discografia de sambas-enredo da elite carioca, que no ano seguinte pegou a estrada e fez mudança de ares. E a Fabíola só não emplacou a terceira capa consecutiva pois um Tambor bateu mais forte...


Fotos da capa e contracapa: Henrique Matos
Arte da capa: Fabio Oliveira


2010


A discografia do carnaval do Rio adentrou 2010 de casa nova: era na Cidade do Samba que o álbum do Grupo Especial passaria a ser registrado. E o primeiro disco da nova era teve como capa “Tambores da Academia”, abre-alas do desfile campeão do Salgueiro – na imagem eternizada na página um do encarte, ainda aparece uma parte da tradicional ala “Maculelê”, que fazia uma coreografia de passo marcado. Diferente de 1994, a arte da capa apresenta a descrição “Salgueiro Campeão” (no masculino). Quanto aos detalhes técnicos, destaque ao retorno da União da Ilha à elite e os andamentos inexplicavelmente acelerados nas faixas da Mocidade e Portela, além da última vez que Quinho do Salgueiro (1957-2024) cantou a primeira faixa do disco.


Fotos da capa e contracapa: Henrique Matos
Arte da capa: Fabio Oliveira

2011

 
A capa do primeiro CD de samba-enredo da nova década já nasceu histórica: pela primeira vez, a Unidos da Tijuca figurava nela. Para eternizar o arrebatador e inesquecível “É Segredo”, uma imagem do carro abre-alas “E Assim Nasceram Muitos Segredos...”, uma representação da Biblioteca de Alexandria que, literalmente, “pegava fogo”, numa representação do acidental incêndio provocada por Júlio César em 48 a.C. Detalhe: fora do plano, na parte de baixo da imagem, aparece o tripé da inesquecível comissão de frente, além da ala que aparecia a frente da alegoria. No mais, 2011 ficou marcado pela experiência única do recurso de um intérprete chamar o outro para cantar a faixa seguinte. Afinal, “faz barulho pro Wantuiiiiiiiiiiiiiiiiiir”...


Fotos da capa e contracapa: Henrique Matos
Arte da capa: Fabio Oliveira

2012


A Beija-Flor estava de volta à capa do disco do Grupo Especial após três anos. E ela também. Fabíola David, eterna destaque do abre-alas da azul e branco, uma vez mais estampava a primeira página do encarte – agora vestindo “O Beijo na Flor” como figura principal do abre-alas “Das Lembranças que Trago da Vida” - segunda foto – no desfile em homenagem ao cantor Roberto Carlos. Bom, fora mais uma capa estrelada pela de fato nilopolitana, precisa resumir mais alguma coisa?

Fotos da capa e da contracapa: Henrique Matos
Arte da capa: Fabio Oliveira

2013


Literalmente feita ao barro, a capa de 2013 eternizou “Do Barro se Fez a Vida”, terceira alegoria do desfile tijucano sobre Luiz Gonzaga. Mas reparem que a foto utilizada foge do padrão convencional das capas, trazendo um registro da parte traseira da alegoria, focando as esculturas laterais e com os arcos da Praça da Apoteose ao fundo. O pacote gráfico padrão da capa, usado desde 2011 e que sofrera leve alteração no ano anterior, apareceria pela última vez. Particularmente, é uma das capas mais inteligentes já feitas. Pois, aqui entre nós, sintetiza um ângulo pouco usual da passarela do samba – capitalizado pelo fotógrafo, num momento de rara felicidade.


Foto da capa: Mario Samagaio
Foto da contracapa: Diego Mendes
Arte da capa: Fabio Oliveira


2014


Mudança temática (do barro para as flores) e de pacote gráfico (das letras retas para o título ondulado) marcaram a capa do Carnaval da Copa. A “Festa no Arraiá” da Vila foi eternizada na capa através da quarta alegoria do desfile, “Os Girassóis”. Os brilhantes Claudinho e Selminha Sorriso representavam a Beija-Flor na contracapa. Mas, incrivelmente e infelizmente, a parte bonita do disco parou aí pois a produção do álbum, numa daquelas síndromes de “reinventar a roda”, teve a brilhante (pra não dizer o contrário) ideia de colocar as explanações dos carnavalescos antes da execução dos sambas. Algumas ficaram para a eternidade, como o “Maricá, essa grande cantora” largado por Fábio Ricardo na faixa da Grande Rio sobre a cantora Maysa, notória moradora da cidade fluminense, numa “memorável” trapalhada da edição que rende muitos memes até hoje.

Foto da capa: Diego Mendes
Foto da contracapa: Henrique Matos
Arte da capa: Fabio Oliveira


2015


E a temática mudou de novo. Desta vez, a rural deu lugar a esportiva. Com o desfile sobre Ayrton Senna que sacramentou o quarto título da Tijuca, a capa de 2015 eternizou o abre-alas “Boxe dos Compositores”. A arte gráfica da capa seguiu a mesma do ano anterior, com a “sutil” diferença nas cores ilustradas, em total alinhamento com a campeã vigente – em recurso usado nos biênios 2007-2008 e 2012-2013. Outro “detalhe diferente” é que o selo de campeão da capa passou também a informar o ano correspondente ao título - ficando, portanto, a legenda “Tijuca campeã 2014” – o mesmo foi feito na contracapa, com o “Salgueiro vice-campeã 2014”, em recurso usado até hoje.


Fotos de capa e contracapa: Henrique Matos
Arte da capa: Fabio Oliveira


2016


Retratando e eternizando mais um título da Beija-Flor (com o polêmico enredo sobre Guiné Equatorial, país africano que vive sob ditadura), a capa de 2016 apresenta uma imagem fechada do abre-alas “A Árvore da Vida e a Floresta Tropical Africana”. Alegoria daquelas que, citando e adaptando a frase daquele famoso episódio do Pica-Pau, “onde tudo é verde, inclusive o tronco”. Aliás, a capa de 2016 acabou, involuntariamente, entrando para a história por ser a última foto de capa feita da antiga torre de TV, derrubada meses depois em prol das provas de maratona dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que terminariam no Sambódromo. Tal como a Tijuca na bolacha digital do ano anterior, o título da Deusa também foi legendado com o ano da conquista do troféu, ficando “Beija-Flor campeã 2015”.

Pra que ninguém dê falta: Fabíola David estava presente na capa, como destaque no abre-alas. Mas, com menos destaque em relação as anteriores.

Fotos de capa e contracapa: Henrique Matos
Arte da capa: Fabio Oliveira

2017


 
Longos e intermináveis quatorze longos anos depois, a Estação Primeira brilhava novamente na capa do CD. Mas o resultado, num geral, foi dos mais decepcionantes dos últimos anos - parecia até um prenúncio do que viria depois. A montagem da nova torre de TV deu um ângulo bastante diferente em relação à antiga, dando uma dimensão mais aberta dos desfiles. Talvez até por isso rolou uma estranheza. Além do mais, a arte gráfica, numa tentativa falha de remeter as capas dos anos 80, não foi feliz na tentativa - a legenda “Mangueira campeã 2016” ficou totalmente em segundo plano sendo colocada abaixo do título do disco. Falando do principal: a alegoria escolhida para retratar a homenagem à Maria Bethânia foi o abre-alas “Oyá e Oxum - Orixás de Frente”, com destaque para os búfalos de Iansã.

Num triste ano marcado pelos acidentes nos desfiles de Tijuca e Tuiuti, quem sorriu foi a Portela, que enfim foi campeã do carnaval após 33 anos. Ou seja, por si só a capa de 2018 já seria histórica, já que em 1970 a presença da campeã na capa ainda era inexistente, em 1980 a Águia dividiu-a com Imperatriz e Beija-Flor e em 1985 foi preterida pela supercampeã Mangueira. Mas o sonho da capa solo portelense foi embora no tapete do Aladdin, após a LIESA confirmar o título da Mocidade e a divisão do troféu de campeã um mês depois da apuração após o julgador Valmir Aleixo tirar um décimo da verde e branca tendo como base uma versão desatualizada do livro Abre-Alas.

Foto da capa: Alexandre Vidal
Foto da contracapa: Luiz Alvarenga
Arte da capa: Fabio Oliveira

2018

 

19 anos depois, uma nova capa dividida na discografia de samba-enredo. Para eternizar os dois desfiles campeões de 2017 na primeira página, foram escolhidos os abre-alas – “Fonte da Vida”, da Portela, e “Bem-Vindos ao Reino Encantado do Marrocos”, da Mocidade. Na arte, os dois carros estão em imagens fechadas e foram “divididos” ao meio na diagonal pelo título do álbum. A exemplo de 99, a mesma arte estampa a contracapa, ignorando a terceira colocada – no caso, o Salgueiro. O disco de celebração dos 50 anos da produção dos álbuns de samba-enredo apresentou (mais) uma capa contestada pelos bambas. E foi aberto por uma interminável introdução de voz e violão com Wander Pires (a Mocidade ocupou a primeira faixa, superando a Portela num sorteio), pra completar o “parabéns”.

Fotos de capa e contracapa: Henrique Matos
Arte da capa: Fabio Oliveira

2019


 
Mais uma vez a Beija-Flor na capa, mais uma vez com um campeonato até hoje discutível. Pelo conjunto visual nada luxuoso que fora apresentado, despertou-se a curiosidade de qual imagem eternizaria o Frankenstein mais teatralizado e menos carnavalesco na capa de 2019. Se alguém pensou que seria Fabíola David novamente... não foi dessa vez: a estrela escolhida foi “A Ambição”, segunda alegoria daquele desfile, que apresentava réplicas do Congresso Nacional e da sede da Petrobras, fazendo uma analogia aos casos de corrupção na política que permearam pela década. Pela primeira vez o Paraíso do Tuiuti figurava na embalagem do disco como vice-campeã. Pela última vez (até agora) o Grupo Especial teve 14 faixas. Pela única vez a ficha técnica no encarte teve três (!) páginas. Também pela última vez, o disco foi gravado na Cidade do Samba. E mais uma vez o resultado do projeto gráfico do CD foi criticado pelos bambas e colecionadores.

Foto da capa: Henrique Matos
Foto da contracapa: Alexandre Vidal
Arte da capa: Fabio Oliveira


2020


Dezenove virou vinte-vinte, e o CD do carnaval carioca fez o caminho inverso de 10 anos antes: voltou a ser feito integralmente em estúdio. A ficha técnica foi de três para cinco (!) páginas. Na composição dos sambas, as primeiras incursões de pesos pesados como Marcelo Adnet, Sandra de Sá e Jorge Aragão. Com o projeto gráfico diferente (quarta troca em 4 anos), o histórico desfile mangueirense em louvação aos heróis esquecidos pela história oficial foi eternizado numa foto frontal e destacada do abre-alas “Mais Invasão do que Descobrimento” – num recurso bem semelhante à capa de 2001. Pela primeira vez (acabaria sendo a única), a Viradouro estampava a contracapa – com uma imagem alta de “Histórias e Mistérios Sem Fim”, seu abre-alas. E assim, 2020 fechava capítulos importantes: o CD do último carnaval antes da pandemia também foi o último a ser produzido por Laíla (1943-2021) e com direção de Zacarias Siqueira de Oliveira (1931-2020).


Foto da capa: Léo Queiroz
Foto da contracapa: Fábio Costa
Arte da capa: Fábio Oliveira

2022


Após um ano sem disco de samba-enredo e sem desfiles por conta da pandemia de Covid-19, o carnaval voltava a tona – e de cara nova – para 2022. Eternizando o desfile vencedor de 2020, a Viradouro voltava à capa do disco representada por Verônica Maciel, integrante da ala “Terno de Reis (O Palhaço)”, que fazia referência à grupos de musicistas que fazem apresentações músico-teatrais dos palhaços do Reisado. Uma notável novidade estava no título do álbum: assim como a data dos desfiles foi mudada, de fevereiro para abril, a frase “Sambas de Enredo”, usada desde 1970, foi trocada por “Rio Carnaval 2022”, em referência a marca oficial dos desfiles, lançada em outubro de 2021. A mudança duraria apenas um ano, como veremos adiante.

Mas a personagem da capa do carnaval da volta tem por trás uma história emocionante: Verônica perdeu o pai no dia em que a Viradouro conquistou seu segundo campeonato – 26 de fevereiro de 2020. Já debilitado, um de seus últimos pedidos foi que a filha não desistisse de desfilar na escola de Niterói. Ela atendeu o pedido. Foi campeã. E virou estrela da capa. Uma história significativa para um carnaval tão significativo.



Foto da capa: Renata Xavier
Foto da contracapa: Fat Press
Arte da capa: Tátil Design


2023


O ano de duas capas para uma campeã estreante. Não captou? A gente explica: a Grande Rio enfim conquistou o seu sonhado título e teve direito a primeira capa de CD na sua história. Para eternizar o “Exu venceu”, foi escolhida uma foto traseira da histórica comissão de frente (“Câmbio, Exu”), trazendo o ator Demerson D'Alvaro interpretando a figura central do enredo em cima de um globo terrestre de ferro – uma das imagens marcantes daquele desfile – com os arcos da Apoteose aparentes ao fundo. Tudo certo? Nem tanto. A arte da capa foi duramente criticada pelos bambas, por destacar menos o desfile campeão em prol da identidade visual da Rio Carnaval. Diante da rejeição uníssona, uma nova versão da capa foi divulgada às vésperas da divulgação do álbum completo, corrigindo os pontos criticados – a primeira não foi descartada, sendo a versão das plataformas digitais. Ao menos, a frase "Sambas de Enredo" voltou para o título do disco, se unindo a marca Rio Carnaval.
 
Selminha Sorriso representava a vice-campeã Beija-Flor na última contracapa da história. Sim, última. Pois foi em 2023 (com um lançamento bem tardio) que os sambas do Grupo Especial carioca foram lançados em CD pela última vez. Dali pra frente, a modernidade seria – definitivamente – maior do que a tradição.


Foto da capa: Ricardo Almeida
Foto da contracapa: Eduardo Hollanda
Arte da capa: Caio Marcelino

2024


E chegamos a 2024. O álbum do Carnaval dos 40 anos de Sambódromo trazia um mix de modernidade e nostalgia no inédito expediente de gravação na Cidade das Artes. Do moderno, a primeira vez que os sambas eram lançados exclusivamente nas plataformas de streaming, abolindo definitivamente a bolacha digital e a tradicional contracapa com a vice-campeã vigente. Do passado, a inspiração para a capa. De volta ao nobre espaço após 22 anos, a Imperatriz Leopoldinense viu a arte gráfica de 2024 redesenhar sua capa de 2002 para eternizar o desfile campeão de 2023, com destaque para um integrante da comissão de frente. Se lá no tri foi Jamerson Oliveira, o escolhido da vez era Michel Henrique, vestido como um cangaceiro do bando de Lampião em “Pelos Cantos do Sertão”.


Foto da capa: Vitor Melo

E as capas do amanhã, como serão? A avenida e a criatividade responderão.

Fotos: Blog Espaço Carnaval Carioca (embalagens), O Globo, Wigder Frota, Blog Ouro de Tolo, Acervo Mocidade Independente, Henrique Brazão (encarte de 98), Blog Escolas de Samba do Rio de Janeiro, All Music, Reprodução/YouTube, Acervo Beija-Flor, Acervo Pessoal Carlos Fonseca, Folhapress, G1, Veja, Sabrina Albuquerque, Cris Gomes, Sputnik, Divulgação/LIESA, Flickr, Fernando Grilli/Riotur, Vitor Melo/Rio Carnaval e Autor Desconhecido