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SELEÇÃO DO SAMBA: O IMPACTO POSITIVO E OS PRÓXIMOS PASSOS

15 de novembro de 2021, nº 58

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Pelas últimas cinco semanas, o público em geral, majoritariamente alheio ao processo de construção de um desfile de carnaval, pode conhecer mais a fundo como funciona a escolha de um samba-enredo. "Seleção do Samba", formato desenvolvido pela Globo em parceria com a LIESA e a Endemol, deixa um saldo positivo pra quem é de fora e pra quem já está por dentro do universo das disputas há anos. O programa, que de início foi recebida pelo nicho carnavalesco com bastante preocupação (no temor de que se repetisse o expediente não muito feliz do "Desfile N° 1 Brahma", especial exibido pela emissora carioca em fevereiro), sepultou as desconfianças e entregou toda qualidade que a festa merecia.


Milton Cunha, Teresa Cristina e Luís Roberto comandaram o "Seleção do Samba" (Foto: Leandro Ribeiro/TV Globo)


Em um período que o carnaval costumeiramente possuía de três a quatro minutos semanais nos telejornais, por meio de notas curtas sobre os sambas campeões, ser destaque por quase um mês na maior emissora do país, histórica parceira da festa, é uma glória a quem passou um ano e meio vendo seus profissionais desamparados e sendo achincalhados por pseudo conservadores que a condenaram como a responsável pelo agravo da pandemia. Uma redenção mais do que justa! Claro que o horário não era o desejável, esperar até uma da manhã era tarefa ingrata, uma exibição no horário nobre seria mais condensável, mas é um primeiro passo rumo à ampliação de espaço para o carnaval na televisão aberta pelos próximos anos.

O formato exibido entre 16 de outubro e 13 de novembro foi muito bem feito. Da forma simples e didática com a qual o programa explicou o processo de escolha do samba para o público, que em sua maioria absoluta acompanha o carnaval somente nos desfiles, à condução irretocável de Luís Roberto - com o luxuoso auxílio de Teresa Cristina e Milton Cunha. Aliás, o narrador esportivo, que já apresentou a transmissão dos desfiles na Sapucaí pela emissora entre 2010 e 2016, esbanjou simpatia e conhecimento - e umas doses de suspense típicas de João Kleber na hora dos anúncios, porque não dizer. A produção pecou apenas em algumas derrapadas de edição, com algumas repetições de versos em sambas concorrentes.

E a audiência correspondeu bem: em dados obtidos pelo Notícias da TV, o programa obteve média de 9 pontos no Rio de Janeiro e de 6 pontos em São Paulo, com picos de 11 e 7 pontos, respectivamente.







Passada a primeira experiência por terras cariocas - uma versão do programa com as escolas de São Paulo irá ao ar nos próximos dois fins de semana - a grande questão que se desenha é: em caso de continuidade, como o Seleção do Samba pode se encaixar com o retorno das escolhas de samba em quadra visando o carnaval de 2023? O calendário de finais, historicamente espalhado entre setembro e outubro, sofreria um drástico impacto para se adequar ao programa? Haveria condições técnicas e logísticas de se gravar duas finais numa mesma noite em que, às vezes, a distância pode ser longa? São muitas as questões a se pensar, parar e discutir. Já existem primeiras informações a respeito da produtora manter o formato para o próximo ano, o que ao mesmo tempo é bom e preocupante. Talvez seja o momento das escolas baterem o pé. Que a chegada da modernidade não signifique uma renúncia ao tradicional, o grande termômetro das escolas de samba e o que move a paixão de suas comunidades no segundo semestre.

Unindo o moderno e o tradicional, dá pra continuar fazendo algo bem feito.















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Carlos Fonseca
Twitter: @eucarlosfonseca
Apresentador da Rádio Coisa Nossa