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Sambando por aí...
     
EM ÚLTIMA ENTREVISTA, PAULO STEIN DETALHOU COBERTURA DO INCÊNDIO EM ALEGORIA DA VIRADOURO

28 de março de 2021, nº 53

Aqueles que são da Geração 97, como é o caso deste escriba, só assistiram Paulo Stein comandar a transmissão do Grupo de Acesso A de 2009, sua última, quando a recém-criada LESGA alugou espaço na CNT para exibir as dez apresentações do grupo, substituíndo o exitoso projeto do Carnaval do Povão, liderado pelo agora presidente da LIESA Jorge Perlingeiro. Os mais velhos, aqueles que hoje têm 35, 40, 50 anos, vê no Stein um herói de infância, de juventude, como aqueles vistos nos desenhos animados. Para eles, Stein não foi apenas uma voz. Foi a voz. A voz que embalou tantos carnavais na televisão, dos desfiles na Marquês de Sapucaí até mesmo aos trios elétricos em Salvador, num longínquo 1993 em que o Axé estava em ascensão no cenário nacional. A voz que, junto de Fernando Vanucci na Globo, sabia como ninguém comandar a transmissão da maior manifestação cultural do país pela televisão. A voz que liderou uma equipe de Fernando Pamplona, Roberto Barreira, José Carlos Rêgo, Haroldo Costa e tantos outros. A voz que comandou um supertime que aconteceu e virou mais que manchete, virou história.



Paulo Stein comanda a transmissão da apuração de 1991 (Foto: Reprodução/YouTube)


No último sábado, Paulo Stein foi se juntar a Pamplona, Barreira, João Saldanha e tantos outros com quem fizera imbatíveis parcerias aqui neste plano. O narrador foi mais uma das mais de 310 mil vítimas da Covid-19 no Brasil. Foi o fim de uma trajetória de 52 anos na imprensa escrita e televisionada iniciada em periódicos como Jornal dos Sports e Estadão e encerrada em 2019 nos Canais Globo, não retornando mais ao vídeo desde então.

Por um capricho do destino, sua última aparição pública foi aqui neste SAMBARIO, no último dia 22 de fevereiro, uma segunda-feira. Dias antes, contudo, Stein deu uma entrevista ao canal Só Esportes que repercutiu bastante, principalmente ao dizer que havia sido demitido do Grupo Globo por estar acima do peso. "Na TV Globo, locutor e narrador não podem ser gordos, lá não pode. Você conhece algum? A razão pela qual eu fui demitido, ano passado, foi por causa disso", esbravejou.



Última entrevista de Paulo Stein foi ao SAMBARIO no último dia 22 de fevereiro (Foto: Reprodução/YouTube)

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Voltando ao 22 de fevereiro, Stein, após fazer pomposos elogios à série sobre a história do carnaval na televisão brasileira, escrita pelo Gerson Brisolara (um dos decanos do site), contou várias passagens de sua carreira, tanto no carnaval - destacando-se, por óbvio, o período que foi a voz do Carnaval da Manchete - quanto no futebol - foi dele as narrações dos históricos gols de Cocada pelo Vasco em 1988 e de Maurício pelo Botafogo em 1989, ambas contra o Flamengo no Campeonato Carioca. Uma dessas histórias ao longo de 15 anos no comando das transmissões carnavalescas na emissora dos Bloch foi a da cobertura do trágico momento em que uma alegoria da Viradouro pegou fogo ao cruzar a pista da Sapucaí no carnaval de 1992, destruíndo um desfile considerado postulante ao título.

"E o carro pegou fogo, aquilo parou o desfile, bombeiro entrando na pista e eu no comando. E tinha gente pra ser retirada, e chama repórter. Quer dizer, foi uma angústia muito grande, um trabalho de jornalismo na transmissão que me obrigou a ter mais atenção. E eu trabalhava com os fones, de um lado eu ouvia a coordenação, o cara que estava no caminhão me passando detalhes. E do outro lado eu tinha o som do ar. Eu já tinha toda essa coordenação comigo. Foi o ano que mais deu movimentação, porque entrava no meu ouvido: "Paulo, chama lá que o carro tá pegando fogo". Foi assim talvez o desfile de mais agitação que eu fiz."







Em outro momento da live, Paulo Stein lamentou a falta de convites para narrar os desfiles das escolas de samba no Grupo Globo enquanto contratado do SporTV e do Premiere, canais esportivos da empresa, chegando a criticar a transmissão do Desfile das Campeãs de 2014 feita pelo canal Viva - na ocasião, a ancoragem ficou por conta da jornalista Vanessa Riche e do radialista Alexandre Araújo.

"Eu estive lá durante nove anos, no SporTV, nunca me chamaram. Teve um ano que o VIVA fez o sábado das campeãs. Fizeram um troço horroroso, mal feito, aí não fizeram mais. Podiam ter me chamado. Não tiveram interesse em me chamar. Também fiquei na minha, mas eu sou profissional. Se for uma coisa que tenha respeito, que seja feita sobretudo para respeitar o telespectador, que seja feito com a verdade, com jornalismo puro e me pagar, eu vou fazer. Na Globo, no SBT, onde for."







Estas e mais outras histórias foram contadas em mais de 2 horas e 40 minutos de bate-papo que pode ser conferido de ponta a ponta aqui embaixo, apertando o play. A Paulo Stein, todos os aplausos e todos os confetes por ajudar a povoar a memória afetiva, carnavalesca e televisiva de tanta gente. A voz de tantos carnavais na telinha da Manchete aconteceu e virou história.





Carlos Fonseca
Twitter: @eucarlosfonseca
Apresentador do Carnaval Show na Rádio Show do Esporte todas às quartas-feiras às 20h
www.radioshowdoesporte.com.br