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Os sambas da Série Ouro 2026 por Marco Maciel
As avaliações e notas referidas apresentam critérios distintos dos utilizados pelo júri oficial, em nada relacionados aos referidos desempenhos que as obras virão a ter no desfile A GRAVAÇÃO DO CD -
Mais uma vez produzido pela equipe de Macaco Branco, o álbum da
Série Ouro de 2026 mantém as características dos
discos do Acesso desde 2022. A distinção fica por conta
de um clima ao vivo inserido através da locução
anunciando a escola no começo da faixa e uma força maior
no coral. Além disso, os alusivos que aparecem são
diferentes dos que ecoam nos últimos CDs, que costumavam repetir
as músicas que abriam as faixas. A qualidade técnica da
gravação segue acima da média, com bateria,
intérpretes e coro em plena harmonia no registro. Numa safra
mais agradável do que as anteriores no grupo, Estácio de
Sá e Em Cima da Hora são
os destaques positivos. Numa segunda prateleira, pela ordem do CD,
despontam Unidos de Padre Miguel, União de Maricá, Arranco, Botafogo Samba Clube e
Unidos de Bangu.
ESTÁCIO DE SÁ- O Leão de São Carlos abre o álbum em grande estilo. Para exaltar Tata Tancredo, pai de santo umbandista que ajudou a fundar a Deixa Falar, a Estácio traz um samba inspirado, embalado por refrães poderosos que são o ponto forte da obra. O principal ("Macumba é macumba"...) é preparado por um falso refrão ("Coisa de acender, pemba de riscar"...) que fecha o hino em grande estilo. O do meio é antecedido por um estribilho de dois versos, recurso que costuma enriquecer as obras e que não é tão utilizado. A valentia é a marca do ótimo samba-enredo estaciano, com a dupla Serginho do Porto e Tiganá mostrando ainda mais entrosamento. NOTA: 10. PORTO DA PEDRA - O tema sobre as mulheres que recorrem à mais antiga das profissões para colocar comida na mesa gerou um bom samba, cantado com a maestria de sempre pelo veteraníssimo Wantuir. O refrão principal de melodia arrojada é a melhor parte da obra, cuja letra ousa ao utilizar o palavrão "puta" de uma forma tão direta. As demais partes cumprem suas funções corretamente. NOTA: 9,8. UNIDOS DE PADRE MIGUEL - A cabeça do samba ("Quem vem lá é a Unidos de Padre Miguel") é um convite para você apreciar. De volta à Série Ouro, a UPM traz um dos bons sambas do grupo ao exaltar Clara Camarão. O refrão principal tem no primeiro verso uma semelhança melódica com o apresentado pela Estrela do Terceiro Milênio em 2025 ("Vai meu Boi Vermelho, honre a tua história"/"Brilha minha Estrela, faz valer a pena"). O hino é encorpado, de melodia forte que não cai em nenhum momento e com uma grande interpretação de Bruno Ribas. O belo samba-enredo sai do lugar comum ao apresentar um estribilho no meio da segunda parte, um pouco antes do refrão principal. NOTA: 9,9. UNIÃO DA ILHA - Infelizmente, a tão tradicional e querida União da Ilha proporcionou o samba menos inspirado do grupo. Embora adote um recurso interessante ao utilizar o Cometa Halley, fio condutor do enredo, como o eu-lírico na letra, a melodia travada e burocrática não ajuda. São poucos os trechos que se destacam no hino insulano, muito bem cantado por Temtem Jr, que pelo menos fez a sua parte. NOTA: 9,6. UNIÃO DE MARICÁ - A excelente atuação de Zé Paulo Sierra dá um tempero especial para o samba da Maricá, que proporciona uma das faixas de audição mais agradável do CD. O tema dos balangandãs gerou um hino irresistível, com um refrão principal que gruda facilmente no seu ouvido ("Balangandãs, berenguendéns"). O refrão central é valorizado ainda mais pelo cantor, sobretudo pelo arranjo na segunda passada que favorece os conhecidos solos do intérprete. A obra é mais uma a usar o recurso de um refrão no meio da segunda parte, que enriquece ainda mais obra, cuja transição para o refrão principal é um primor através dos quatro últimos versos ("Tantas pretas consagradas"...). Um dos melhores do ano! NOTA: 9,9. VIGÁRIO GERAL - O samba sobre os colonizadores do Brasil é irregular. Embora bem defendido por Danilo Cezar, o hino alterna bons momentos com outros menos inspirados. O refrão principal é simpático, assim como o do meio. Mas as demais partes não têm brilho, com a segunda apresentando alguns problemas de métrica, além de uma citação forçada à presidente da escola Betinha Cunha. NOTA: 9,7. ARRANCO - A escola do Engenho de Dentro contará a vida de mais uma personalidade pouco conhecida do público, ao exaltar Maria Eliza Alves dos Reis, o Xamego, a primeira palhaça negra do Brasil. O samba agradável é um dos melhores da safra, com Pâmela Falcão tendo uma excelente atuação ao lado do estreante na escola Rodrigo Tinoco, que também aparece muito bem no registro. Os refrães são de fácil memorização, com as demais partes sendo pra cima e carregadas de lirismo, e a segunda sendo mais dolente. NOTA: 9,9. UNIÃO DO PARQUE ACARI - A companhia teatral Brasiliana é o tema do Acari, gerando um samba valente, de melodia que não cai em nenhum momento e bem cantado por Leozinho Nunes e Tainara Martins. Tendo Haroldo Costa como um de seus criadores, é uma lástima que o grande comentarista e artista tenha partido sem presenciar o desfile sobre a Brasiliana na Sapucaí. E com um samba-enredo de levada deliciosa. NOTA: 9,8. EM CIMA DA HORA - O enredo sobre as Pombagiras trouxe de volta a velha Em Cima da Hora que historicamente nos proporcionou algumas das maiores obra-primas do gênero. E o samba é o melhor da Série Ouro de 2026, candidato aos principais prêmios do quesito. O refrão principal é um dos grandes do ano no Carnaval do Brasil, com uma melodia de tom nostálgico nos versos "Abre a roda, Em Cima da Hora firma o ponto no tambor", de melodia irresistível. Fruto de uma fusão de dois concorrentes, o hino é muito bem defendido por Igor Pitta e pelo estreante na escola Carlos Júnior (será que conseguirá enfim estrear na Sapucaí?). A melodia valente mantém o excelente nível do primeiro ao último verso, gerando uma obra que, lá do céu, deixou nomes como Baianinho e Edeor de Paula felizes. NOTA: 10. INOCENTES DE BELFORD ROXO - O enredo inspirado na canção "Pagode Russo" de Luiz Gonzaga proporcionou um samba animado, interpretado com categoria pelo multipremiado Ito Melodia. Embalado pela sanfona, o hino é pra cima e bastante gingado, algo característico das obras de temática nordestina. Entretanto, o efeito da excessiva repetição "Era gente dançando daqui/E o russo cantando de lá" pode deixar o refrão do meio cansativo no desfile. NOTA: 9,8. BOTAFOGO SAMBA CLUBE - Uma agradável surpresa o samba da Botafogo sobre o paisagista Burle Marx. O hino é dolente, de bons refrães e com excelentes passagens, em especial na segunda parte. A sequência a partir de "Cada flor que você protegeu/cada espécie que catalogou..." até a transição para o refrão principal é uma das mais bonitas do ano na Série Ouro. Embora Nêgo participe da faixa ao lado do compositor Binho Simões, ambos de estilos bem distintos de interpretação, o resultado final da faixa é bem interessante. NOTA: 9,9. IMPÉRIO SERRANO - O samba valente sobre a obra de Conceição Evaristo tem uma estrutura complexa. A opção da escola por inserir os quatro últimos versos em exaltação às baluartes imperianas antes do refrão principal foi uma solução no mínimo duvidosa. A agremiação justificou que a sequência é de autoria dos compositores vitoriosos, que decidiram deixá-la de fora na disputa. Entretanto, a transição dos versos inseridos para o refrão não é das melhores, com os mesmos serem cantados praticamente sem pausa e emendados, o que pode dificultar a respiração entre um verso e outro. Além disso, o expediente tirou o bis do refrão do meio, com o trecho claramente sentindo a falta da repetição. A parte que mais se destaca é a sequência final da segunda, a partir de "Sou eu quem dá voz à caneta que silencia o fuzil...". Porém, o samba, embora bem gravado por Vitor Cunha (de volta como intérprete oficial imperiano depois de 15 anos), teve um resultado final irregular. Na minha opinião, seria melhor se a versão das eliminatórias fosse mantida. NOTA: 9,8. UNIDOS DA PONTE- O despretensioso samba sobre o funk é outra surpresa. Ainda que não seja um primor técnico, com essa não sendo de fato a intenção da escola, o hino da Ponte é agradável e de fácil memorização. Os refrães são animados, pra cima, com os estreantes na agremiação Thiago Brito e Matheus Gaúcho dando conta do recado. NOTA: 9,7. UNIDOS DE BANGU - A homenagem a Leci Brandão marca a primeira gravação do experiente Freddy Vianna para o Carnaval do Rio, depois de defender o Império Serrano em 2012 e 2013 na Sapucaí, mas sem participar do CD. Ao lado de Pipa Brasey, o intérprete consagrado no Carnaval paulistano conduz um belo hino em homenagem à consagrada sambista, que faz uma participação curta (mas de luxo) no fim da faixa. De refrães vibrantes, a obra é pra cima e ainda conta com uma excelente transição para o refrão principal através dos versos finais inspirados no clássico "Zé do Caroço" ("Chama o morro do Pau da Bandeira"), que ganham o balanço típico do surdo um da Mangueira na faixa. NOTA: 9,9. JACAREZINHO - De volta à Sapucaí depois de 13 anos, a Unidos do Jacarezinho homenageia Xande de Pilares, que participa da faixa. O veterano intérprete Ailton Santos completa 20 anos consecutivos na escola, tendo ao lado Thiago Acácio. Ambos defendem um hino de melodia correta pra abrir de forma adequada os desfiles da sexta-feira, cuja letra recorda versos famosos de canções do sambista, além de algumas aspas de gosto duvidoso como "Andar aí" e "Pilares dessa raiz". NOTA: 9,7. |
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