PRINCIPAL    EQUIPE    LIVRO DE VISITAS    LINKS    ARQUIVO DE ATUALIZAÇÕES    ARQUIVO DE COLUNAS    CONTATO

Os sambas de São Paulo 2024 por Cláudio Carvalho

Os sambas de São Paulo 2024 por Cláudio Carvalho

As avaliações e notas referidas apresentam critérios distintos dos utilizados pelo júri oficial, em nada relacionados aos referidos desempenhos que as obras virão a ter no desfile

Mocidade Alegre: Em que pese o manjadissimo uso da expressão "onde a poesia fez morada", Brasiléia Desvairada é um bom samba, que pode ajudar a escola do nosso querido e saudoso Bruno Malta a conquistar o bicampeonato. Trecho de destaque: Retalho de um delírio insano. Sagrado e profano, por tantos Brasis. Nota: 9.9

Mancha Verde: Se não se destaca por ser um primor de letra e melodia, o samba da escola alviverde tem o mérito de ser simples e eficaz. Trecho de destaque: Escorre à enxada o suor que vem do povo. Em cada grão a liberdade na raiz. Escorre à enxada o suor que vem do povo. Traz na semente o futuro do país. Nota: 9.8

Imperio de Casa Verde: Dono do melhor samba da safra do último carnaval, o Tigre traz para 2024 uma homenagem a Fafá de Belém, assinada por um "dream team" de compositores cariocas. Letra boa e melodia irregular. Trecho de destaque: Estrela que nasce sob o céu de Kanapi. Senhora das águas, tem o lume de Jaci. Nota: 9.8

Tatuapé: Apesar do enredo batido e do tom marcheado, o samba empolga, muito pela performance do Intérprete Celsinho Mody. Trecho de destaque: E lá no mar, e lá no mar pescador. Quando a maré braveia. Balança nego, sorte d'eu ser capoeira. Nota: 9.8

Dragões da Real: Em busca de seu primeiro título no Grupo Especial, feito já alcançado por Mancha Verde e Gaviões da Fiel, outras das principais escolas de samba desportivas, a Tricolor aposta num enredo que exalta a negritude. Marcelo Adnet novamente aparece entre os compositores. O samba não é ruim, mas peça pelo excesso de lugares comuns, soando repetitivo. Trecho de destaque: A passarela é o terreiro e meu pavilhão, o manto ancestral. Reluz no ventre da vida a pele retinta em ritual. Nota: 9.8

Tom Maior: Excelente samba que, em alguns momentos, lembra o hino da Portela que o próprio Gilsinho defendeu em 2020. A bateria é outro show à parte. Trecho de destaque: Lá pelas matas Juremá. São caminhos de Rudá, divino senhor. É flecha certeira no peito. Anahi, um sentimento que Monã me entregou. Nota: 10

Independente Tricolor: O recorte do enredo afro, que aborda as guerreiras agojie, deu origem a um samba que foge do lugar comum e se destaca no grupo. Trecho de destaque: Agojie, neta do axé de Amani. Filha da fé da ginga. Amina e Agotime Agojie, lança da liberdade. A dignidade, mãe da força mais sublime. Nota: 9.9

Águia de Ouro: Letra e melodia pobres numa colcha de retalhos de sucessos do rádio. Talvez o samba mais problemático do grupo. Trecho de destaque: O Guarani, o violino anunciou. No centenário que o brado ressoou. Ao povo iletrado, sabedoria e esperança ao escutar. Nota: 9.7

Gaviões da Fiel: Buscando reviver seus momentos de glória, a alvinegra traz um enredo onde literalmente o céu é o limite. Embora o tema lembre, em algum momento, o histórico Ziriguidum 2001, da Mocidade Independente de Padre Miguel, o samba não empolga. O que não quer dizer que não funcione. Trecho de destaque: Grão de areia no deserto, gota d'água no oceano. Ambição do ser humano pode pôr tudo a perder. Nota: 9.8

Barroca Zona Sul: Um dos melhores, senão o melhor samba da safra. Com interessantes variações melódicas e interpretação magistral de Pixulé, narra a história da escola, que completa 50 anos, no carnaval de São Paulo. Trecho de destaque: Lá na Vila Mariana assentei o teu terreiro. A casa e a raiz do partideiro. Nota: 10

Tucuruvi: Samba de difícil execução, pelo excesso de termos afro ao longo da letra. Traz uma mensagem forte no final. Trecho de destaque: Respeitem minha ancestralidade. Tolere a diferença na raiz. Meu samba luta pela igualdade. No ilê da Cantareira sou Feliz. Nota: 9.8

Rosas de Ouro: Ibira 70, homenagem da Roseira ao parque mais famoso de São Paulo, mantém o nível  recente de bons sambas da escola. Destaque para a interpretação de Carlos Júnior, que substitui o longevo Royce do Cavaco. Trecho de destaque: Trazer a paz no caos. Fazer a nossa essência se expressar. O avesso do avesso ser normal. Nesse solo ancestral. Nota: 10

Vai Vai: De volta ao Grupo Especial, a Saracura traz um samba valente sobre o hip-hop. É pra comunidade desfilar com a faca entre os dentes e ajudar a escola a se manter no lugar de onde nunca deveria sair. Trecho de destaque: Acharam que eu estava derrotado. Quem achou estava errado. Corpo fechado, sou cultura popular. Nota: 9.8

Camisa Verde e Branco: Também voltando ao desfile principal, o Trevo da Barra Funda traz um enredo de desenvolvimento confuso, que homenageia o ex-jogador Adriano. Isso se reflete no samba. Quando você termina de ouvir, não parece o mesmo do começo. A obra marca a volta do cantor Belo a um CD do carnaval paulistano. Trecho de destaque: Enfim a promessa se realiza. Que Deus perdoe quem não é Camisa. Nota: 9.7