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Os sambas de 2013 por Cláudio Carvalho
As avaliações referidas apresentam critérios distintos dos utilizados pelo júri oficial, em nada relacionados aos referidos desempenhos que as obras virão a ter no desfile A GRAVAÇÃO NO
CD: A safra de 2013, onde se destacam num primeiro plano os
sambas de Vila Isabel, Portela e Imperatriz, e num segundo, os de
Salgueiro, Beija–Flor e Mangueira, ajuda bastante. Mesmo os
sambas de gosto duvidoso soam bem aos ouvidos. Um ou dois, no
máximo, não agradam. Como destaque positivo, a melhora do
áudio dos instrumentos de percussão, que permite
diferenciar as peculiaridades de cada bateria. Como negativo, o excesso
de alusivos e cacos fora do contexto, em parte motivados pelo excesso
de intérpretes à frente do microfone principal das
escolas. Nota
da Gravação: 9,6
UNIDOS DA TIJUCA: Na Era Paulo Barros, a escola do Borel especializou–se em sambas politicamente corretos, que ousam pouco na letra e na melodia, mas que funcionam bem na avenida. O de 2013 não escapa à regra, sendo os versos do primeiro refrão, alusivos ao muro de Berlim, a exceção que a confirma. Nota do Samba: 9,6 SALGUEIRO: Pelo segundo ano consecutivo, Marcelo Motta e companhia vencem na escola com sambas valentes, que confirmam o quão feliz foi o Salgueiro ao valorizar sua nova safra de compositores em busca de bons sambas. Fazer um samba brioso e ao mesmo tempo irreverente, diante de um enredo polêmico desde sua elaboração, foi o grande mérito da parceria. De negativo, apenas o já comentado excesso de intérpretes, engrossado esse ano pela participação especial de Xande de Pilares. Nota do Samba: 9,8 VILA ISABEL: O que esperar da parceria de Martinho da Vila, Arlindo Cruz, André Diniz, Tunico e Leonel além de um grande samba? O dream-team da Vila, campeoníssimo na escola e em co–irmãs, não decepcionou, e trouxe uma obra de simplicidade e lirismo sem par, desde já candidata ao Estandarte de Ouro. Nota do Samba: 10 BEIJA-FLOR: Sempre fiel à tendência de trazer sambas sóbrios, de letra rebuscada e melodia em tom menor, a escola nilopolitana resolveu ousar um pouco em 2013, e pode–se dizer que o resultado foi satisfatório. Sobretudo se levarmos em conta a dificuldade de se fazer um bom samba diante deste enredo. De negativo, o verso Chegou a hora de gritar é campeão! e o grito de É campeã! ao final da faixa. Independente do resultado de desfile, desde já soa como apelativo. Nota do Samba: 9,8 GRANDE RIO: Muito se falou de ruim a respeito deste samba, chamado de marchinha e tido por muitos como o pior do ano. Em que pese mais um enredo politicamente correto (pro carioca), no entanto, trata–se de um hino leve e até agradável, se ouvido de forma descompromissada. Em tempos nos quais o desfile se torna cada vez mais uma disputa, e não uma brincadeira, é bom ouvir um samba despretensioso, que pode ter resultado surpreendente na avenida. Nota do Samba: 9,4 PORTELA: Wanderley Monteiro, mais uma vez, mandou bem. O samba não chega a ser a obra–prima do ano anterior, mas o critério não é comparativo, e trata–se de uma obra com letra rebuscada e melodia cadenciada, à antiga. Samba e enredo ideais para a Portela pisar forte na avenida e mais uma vez superar com seu chão a crise financeira que atravessa. Nota do Samba: 10 MANGUEIRA: Esse ano a Mangueira trouxe uma safra de sambas concorrentes que deixou a desejar em relação aos anteriores. Menos mal que prevaleceu o bom senso na escolha do melhor deles, um samba que fala de Cuiabá sem deixar de fazer alusão à escola e mexer com os brios de sua comunidade, no momento difícil que a instituição atravessa politicamente. De ruim, apenas o excesso de intérpretes (alguns deles, de performance duvidosa). Nota do Samba: 9,6 UNIÃO DA ILHA: Outro samba muito criticado, que na avenida pode surpreender e calar a boca de muitos. Quando se trata de Vinícius de Morais, todos esperam um sambaço, como Império 2011. Vindo da Ilha, então, nem se fala... Mas deixe–se de lado a demanda e ouça–se o samba sem preconceitos, e se reconhecerá nele uma obra de letra simples e melodia agradável, que se encaixam bem. Nota do Samba: 9,4 MOCIDADE: Este sim, uma decepção. Anunciada, é verdade. Um enredo pouco afeito ao carnaval e o corte inusitado de sambas em fase prematura da disputa foram o prenúncio do que estaria por vir. A letra deixa a desejar, e não se encaixa bem na melodia. O resultado é uma obra arrastada, que tende a minguar durante o desfile. Além disso, é muito estranho ouvir guitarra numa gravação de samba–enredo. Nota do Samba: 9,2 IMPERATRIZ: Outro grande samba da escola de Ramos. Muito afeito ao enredo, Dominguinhos esbanja categoria com o auxílio luxuoso de Wander Pires. Letra e melodia emocionam, sobretudo nos últimos versos, e inevitavelmente nos remetem à fase áurea da verde e branca. Pelo segundo ano consecutivo, a Imperatriz traz um grande samba. Espera-se que, em 2013, o mesmo sirva de inspiração para um grande desfile, ao contrário do que aconteceu esse ano. Nota do Samba: 10 SÃO CLEMENTE: Tá certo que a escola da Zona Sul é simpática e tal, mas às vezes exagera na irreverência e beira o patético. Viuva Porcina sambando igual mulata, com todo respeito, é de doer. Não dá... No mais, é uma colcha de retalhos de bordões misturados numa melodia que não anima. Nota do Samba: 9,2 INOCENTES: A escola de Belford Roxo surpreende em sua estréia no Grupo Especial, com um samba de letra rica e melodia correta à despeito do enredo, que nada tem a ver com o carnaval. Nota do Samba: 9,6
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