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Os sambas de 2012 por Luiz Carlos Rosa

Os sambas de 2012 por Luiz Carlos Rosa


As avaliações referidas apresentam critérios distintos dos utilizados pelo júri oficial, em nada relacionados aos referidos desempenhos que as obras virão a ter no desfile

A GRAVAÇÃO DO CD: Indiscutivelmente, a safra de sambas do Grupo Especial 2012 é ... A MELHOR DESTE NOVO MILÊNIO, amigo sambista!!! Talvez, pelo fato dos enredos -em sua maioria- serem de gosto satisfatório. Alguns até batidinhos, como Maranhão, Bahia, Angola, por exemplo... Quando se tem uma temática de ótima qualidade, dificilmente há sambas que não agrade a crítica especializada ou seus admiradores. E nesta bolacha digital você encontra ONZE sambas audíveis, e destes onze audíveis QUATRO são obras-primas com destaque absoluto para o sambaço arrepiante da Vila Isabel e o sambão contagiante da Portela. Quanto a produção do CD, o andamento de alguns sambas ainda está acelerado, mas vejo uma certa melhora neste aspecto. O coral continua povoando a primeira passada, coisa que eu abomino. Ponto negativo para a pavorosa introdução da Beija-Flor e para a roda de pagode na primeira passada da Mangueira. E pra finalizar mais uma vez desrespeitaram os sambistas com uma capa que poderia vir com o Abre-alas da campeã do ano anterior e não com um destaque. NOTA DA GRAVAÇÃO 7,5 

BEIJA-FLOR: A campeã de 2011, teve duas alternativas para embalar seu desfile de 2012: de um lado o samba animado e melodia empolgante de Samir Trindade; do outro, o samba valente e melodia pesada de J.Velloso e Claudio Russo (que não assinou). E Laíla tinha uma terceira opção debaixo de sua barba: simplesmente juntou os dois "finalistas". O resultado é que a junção ficou quase perfeita, pelo simples fato de haver uma pequena quebra melódica na "fronteira" dos trechos "...irmão seu olhar mareja/no balanço da maré..." que é bonito mas ainda incomoda a audição. Tirando isso, o sambaço é simplesmente maravilhoso, de uma pegada fantástica. A obra chega ao ápice em seu fortíssimo refrão central "Na casa Nagô/a luz de Xangô/axé...". É um dos sambas do ano e abre de forma arrebatador o CD. NOTA 9,5 

TIJUCA: O samba é totalmente avesso ao estilo que a escola aderiu na Era Paulo Barros. As letras dessas obras serviam exclusivamente para acompanhar desfile em detrimento a linguagem mais simples, poética e até mesmo coloquial. O enredo sobre a vida de Luiz Gonzaga, deu liberdade absoluta para os compositores que não ficaram engessados com a poética sinopse, tanto que, a disputa de samba foi equilibradíssima. E por falar em disputa, este samba sem dúvida foi o melhor do certame. Possui uma letra que conta bem o enredo e uma melodia pra cima, gostosa de cantar e ouvir. Destaque para dois grandes momentos do samba: a partir do trecho "Chuva, sol/meu olhar" com variações interessantes e o grudento refrão central "Mandacaru/a flor do cangaço...". Este é o melhor samba da escola desde Águdas de 2003. NOTA 9,2 

MANGUEIRA: A Mangueira de Cartola, Jamelão, Carlos Cachaça, Dona Zica, Delegado, entre outros que fizeram história no mundo do samba e na própria escola não é essa Mangueira do Surdo Um mané, do novo palácio do samba, da numeração esdrúxula que esconde o compositor e dos Três Tenores. Tenho receio dessa Nova Mangueira por que é tanto nhem-nhem-nhens que só falta agora trocar as cores... Já pensou em vez do tradicional verde e rosa um verde-limão e rosa chock??? Que beleza, hein??? Sinceramente não gostei dessa primeira passada do samba, com todo respeito aos sambistas que fizeram a gravação. Mas deixa pra lá, os cães ladram e a Carranca passa... Bom, o samba é animadinho, tem uma melodia empolgante, contagiante com variações maravilhosas principalmente a partir dos versos "Chora/chegou a hora eu não vou ligar...". Entretanto o ponto negativo desse samba é a letra. Inseriram sem necessidades as palavras "novo" na primeira parte do samba e "Surdo Um" no refrão central. Pra que mexer??? Será por vaidade??? Deveriam sim, alterar a segunda parte do samba: os trechos "...e o povo a cantar" da primeira estrofe, e "...o povo não perde o prazer de cantar" da ultima estrofe. No mais, é um bom samba, a bateria dará um show com suas bossas e paradinhas, mas que conseguiram a proeza de esfriar a faixa com mais um nhem-nhem-nhem. NOTA 8,3 

VILA ISABEL: O enredo sobre Angola é de uma felicidade tremenda, proporcionando e gerando uma obra-prima, emocionante acima de tudo. A obra começa de forma espetacular com seu único refrão: ''Semba de lá/que eu sambo de cá...". Logo depois a exaltação a escola e seus componentes, relembrando "Kizomba". A parte central deste sambaço "Reina Ginga ê matamba..." é fantástica, preparando assim uma segunda parte extraordinária em termos melódicos. E é aí, amigo sambista que pinta a parte mais ousada das obras de 2012: os polêmicos mas desafiadores contracantos. Que se danem os críticos, É DE ARREPIAR, sim! E eu, que em 2011 fiz uma pequena apreciação a Vila por não dar chance a garotada, felizmente, pra 2012 fizeram a escolha certa. É mais um sambaço pra ouvir de joelhos, assim como os de 1968, 1972, 1976, 1980, 1984 e 1988, coincidência ou não, todos em anos bissextos! NOTA 10      

SALGUEIRO: O samba é muito bom, mas não é a última Coca dois litros da padaria, que muito apregoam por aí. Teve até um internauta engraçadinho que afirmou que esta obra é uma das dez melhores da história salgueirense. Discordo plenamente. Mas temos que respeita sua observação. Afinal, opinião é igual bunda; todo mundo tem a sua. Voltando a falar do samba, tem uma letra bem elaborada, divertida, alternando irreverência e poesia. A melodia é bastante agradável, principalmente na segunda parte. Chama atenção a sua meiuca em ritmo de forró, uma sacada louvável. Só acho o refrão central muito simplório em termos de letra, mas que não compromete o bom samba num todo. NOTA 8,7

IMPERATRIZ: O banho de estúdio e a monumental interpretação do genial Dominguinhos colocaram o sambaço da GRESIL no meu TOP 4 dos melhores sambas do G.E 2012, definitivamente. Falo isso, por que na versão concorrente, o samba era morno, mas tinha potencial, o que acabou se confirmando na versão original. A obra possui uma primeira parte curta mas quando cai direto no refrão central "Olha o acarajé!!!/Quem vai querer?'' sai de baixo... é simplesmente um espetáculo!!! Na segunda parte, destaque positivo a partir do trecho "Ê Bahia, ê Bahia..." dando um toque afro na obra. A melodia é excelente, extremamente variada. Impressionante que ouvindo essa obra, na hora, lembro-me do segundo melhor samba da história da Imperatriz do distante ano de 1980; "O Que A Bahia Tem?" NOTA 9,4

MOCIDADE: Durante as eliminatórias, afirmei que esse samba era moderninho, e, além de mais um politicamente correto que a Mocidade poderia levar pra avenida. Errei profundamente na minha avaliação. A audição demorou, mas percebi que esta é uma das obras mais lindas do ano, principalmente do ponto de vista melódico com variações de extremo bom gosto. O refrão principal "É por ti que a Mocidade canta..." possui uma sacada previsível, mas é bonitinho melodicamente. O samba caiu como uma luva para o interprete Luizinho Andanças que valorizou muito a faixa. Um bela obra numa safra que tinha pelo menos cinco do mesmo nível que este. NOTA 9,1 

PORTO DA PEDRA: Esse sambinha nunca foi de boa qualidade. Nunca mesmo!!! Porem, na versão concorrente era audível, o famoso TRASH DO BEM!!! Mas o que seria o tal TRASH DO BEM??? É aquele tipo de sambinha que não tem culpa do enredo ser tão complicado, resultando numa sinopse bastante esdrúxula. Fora isso, algumas exigências do carnavalesco, ou nesse caso, do patrocinador que adora dar pitacos em composições: "COLOCA ESSA PALAVRA "X" AÍ... O SAMBA VAI RENDER COM ISSO AQUI...'' E é aí que eu tiro meu chapéu pro pobre do compositor que numa situação dessas fica cheio de interrogações na cabeça e mesmo assim consegue tirar leite de pedra. Nota-se que os compositores tentaram de tudo pra dar certo. Voltando ao samba, na sua versão concorrente, a obra era absolutamente trash do bem, tinha versos totalmente de gosto duvidoso, entretanto era risível, gostoso de cantar!!! Você cantarolava feliz da vida "No calor dessa receita/deixa coalhar..." e fora outras tosquices. Já na versão do CD oficial o sambinha teve a letra e melodia alterada, apesar de alguma escorregada aqui ou ali e ficou com ar de politicamente correto. Alias, ficou sem graça demais. A única coisa que salva na faixa é a ótima interpretação do Wander Pires. Sem dúvida, o pior samba do G.E 2012. NOTA 6,6

SÃO CLEMENTE: A faixa da São Clemente é a melhor produzida da bolacha digital. A obra ganhou músculos após o banho de estúdio, além da belíssima performance de Igor Sorriso, que já é uma realidade. O samba tem uma letra simplória para um enredo que pedia uma linguagem mais poética, apesar de sabermos que a grande característica da escola é a irreverência. Achei forçado e bem apelativo o verso "Puxa, aqui Paris é avenida!", porem, gostei do inusitado verso do refrão principal "Tem bububu no bobobó", que é tosco à pampa, mas gruda no ouvido. Aliás, 70% da conquista da disputa é desse verso-slogan aí, que ganhou o mundo. A melodia é ótima, principalmente na entrada da segunda parte, que, diferentemente de muitas obras por aí, é animadinha, pra cima. O refrão central "Põe a máscara pra mim..." é melodicamente bonito, apesar de requentado pois tenho a ligeira impressão de ter ouvido em algum samba do Acesso. Não é um primor, mas é o melhor samba da escola nos últimos anos. NOTA 8,5

GRANDE RIO: Não dá pra entender como a cúpula da Grande Rio consegue dá um mole desses em seu próprio samba. Apesar de forçar um pouco uma emoção de forma até exagerada, a bela letra era o ponto alto desta obra. Era...pois alteraram o verso "...faço da vida um grande festival..." pelo inacreditável "Em Parintins um grande festival..." em alusão a um dos homenageados do enredo. Quem não leu a sinopse pensa que o tema é uma exaltação a Parintins. É aquela velha história da maça podre que contaminou o cesto cheio de outras maças. A melodia é ótima na primeira parte juntamente com os refrãos de boa qualidade. Já na segunda parte do samba a situação se inverte, e a melodia é totalmente burocrática causando certa indiferença principalmente depois do refrão central. Enfim, um samba que poderia ser um dos destaques da safra e que, infelizmente fizeram burrada. NOTA 8    

PORTELA: Nunca se viu um samba tão aclamado, como este aqui, desde o inicio das eliminatórias até Deus sabe quando. Nunca se viu manifestações de apoio tão maciço, seja pelos próprios portelenses, ou não-portelenses, sambistas em geral, internautas, zés-das-quadras e por aí vai... E não é para menos amigo sambista!!! Este é um samba que foge completamente dos padrões atuais, com três refrãos irresistíveis além de possuir uma letra de beleza singular que a muito não se via na Portela. Possui uma melodia agradável, com um gingado fantástico, variações interessantes apesar de ter sofridos alguns ajustes que, a meu ver, não comprometeram o sambaço. Tem todas as qualidades para ser transformar numa obra atemporal - daqui há 50 anos falaremos desse samba. Além do mais, tem uma incrível capacidade de alternar imponência e simplicidade. É um samba que toca na nossa alma, um sentimento bastante incomum no carnaval de hoje. E é por isso que esta obra-prima se transformou na coqueluche do ano. NOTA 10

ILHA: Atualmente em se tratando de samba-enredo, ''qualquer coisa" tá de bom tamanho pra Ilha. Não importa se o samba é apenas legalzinho ou se é mais uma fusão. Os simpatizantes da escola não estão nem aí. E isso me preocupa, afinal, a mais de uma década que a escola insulana não apresenta um grande samba (superior a nota 9). ''Fatumbi" do carnaval de 1998, é a ultima obra-prima da escola -apesar do samba de 2005 sobre o Corcovado também ser belíssimo. A bem da verdade, a Ilha se acostumou com "qualquer coisa". Esse samba, fruto de uma junção bem feitinha até tem uma melodia bacana e uma letra fiel ao enredo. A frase "...de um santo guerreiro" lembra demais "...do santo guerreiro" da obra do Império Serrano 2006, melodicamente falando. Os refrãos são de bom gosto. O central tem uma sacada inteligentíssima em seus dois versos iniciais. Já os seus dois versos finais tem melodia requentada. Como disse lá em cima, a obra é até legalzinha, simpática, mas tá mais do que na hora da Ilha apresentar um samba enredo de verdade. NOTA 7,9  

RENASCER: Estreando no Grupo Especial, a Renascer encerra o CD com um sambinha que leva sua principal característica: melodia pesada e em tom menor. O burocrático enredo que homenageia o artista plástico Romero Brito gerou uma safra de sambas regular na Pomba de Jacarepaguá, da qual esta obra, era sem dúvida a mais fraca entre os finalistas. O samba não tem problemas graves, mas é muito chato, além de audição estranha. A letra é exagerada de informações, culpa de uma sinopse sem conteúdo. A melodia alterna bons e maus momentos, tentando ser diferenciada. O único ponto positivo é a ultima estrofe da segunda parte tanto em letra como em melodia. A impressão é que a parceria capitaneada por Claudio Russo queria apresentar uma obra ousada, impactante, mas que lamentavelmente acabou se perdendo. E sendo assim, é o vencedor do prêmio Me Engana Que Eu Gosto 2012. NOTA 6,8 

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