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Os sambas de 2011

Os sambas de 2011 por Luiz Carlos Rosa

A GRAVAÇÃO DO CD - Seja sincero amigo sambista: você ficou REALMENTE satisfeito com os sambas do Grupo Especial 2011? Tem algum samba, em especial, que irá ficar marcado na sua memória, daqui há alguns anos? Se você afirma positivamente essas questões, é porque se contenta com pouco, muito pouco. Basta relembrar que em 2010, fomos contemplados com duas obras esplendorosas: Vila Isabel e Imperatriz. E 2011? Sinceramente não há um samba digno de nota superior a 9. ISSO É MINHA OPINIÃO. Talvez porque as disputas de sambas foram de doer. Duas ou três safras se destacaram e em algumas agremiações, o nível de disputa foi tão rídiculo que não tinha outra opção a fazer. O resultado de tudo isso é esse CD, chato pra burro, onde quase todas as obras se equivalem, num nivelamento de mediano para baixo. Eu particularmente só escuto até a faixa 7. Quanto a gravação e produção, prefiro não comentar, por que todo ano é sempre a mesma chatice!!! NOTA 4
 
TIJUCA - Enquanto Paulo Barros estiver na campeã do carnaval 2010 será praticamente impossível a escola abdicar dos enredos complexos, que resulta assim, em sambas de difícil assimilação e que só serão bem compreendios na avenida. É aquele velho ditado que já ouvimos inumeras vezes: PRA QUER MEXER EM TIME QUE ESTÁ GANHANDO??? Com relação ao samba unitijucano, possui uma letra interessante (e que não deixa de ser intrigante), apesar da rima "cartaz/faz" aparecer por duas vezes ao longo da obra. A melodia é bastante fluente, agradável, porem suas soluções não são marcantes. O refrão principal "Eu sou Tijuca/estou em cartaz" é bonzinho. Já o tão badalado refrão central, mesmo com a mudança melódica - ficou reto - não perdeu a ousadia. É evidente que não é uma obra com cara de escola campeã, mas é superior ao samba de 2010. NOTA 8,2
 
GRANDE RIO - A tricolor caxiense optou por um samba, que, em sua versão concorrente era apenas discreta, sem muito alarde. Entretanto, a obra cresceu muito após o BANHO DE ESTÚDIO, tornando o samba viciante, apesar de acelerado. É curto, fácil de cantar e com refrões de ótimo gosto. A obra de melodia extremamente valente ganha uma pegada extraordinária a partir do trecho "Eu tambem sou carijó", que consequentemente prepara com eficiência o irresistível refrão central "Caldeirão vai ferver". A segunda parte é meio vazia em conteúdo por fazer citações da sinopse. Se fosse mais elaborada certamente seria o samba de maior destaque do G.E 2011. NOTA 8,6
 
BEIJA-FLOR - Tive a impressão que o Laíla não estava muito satisfeito com esse samba, mas teve que engolir à seco. Para ele, foi a escolha mais díficil desde que chegou a Beija-Flor. Até por que a safra da escola foi aquém do que o homenageado, Roberto Carlos merecia. Mas vamos analisar o ótimo samba nilopolitano que possui uma letra bastante qualificada onde destaco o bonito verso "De todas as Marias vem as bençãos lá do céu". A melodia é envolvente até o talo, com variações marcantes que proporcionam leveza a obra. Os refrões são bons, apesar do principal ter o apelativo "...de botar pra fora a felicidade". Enfim, não é aquele samba avassalador - marca registrada da escola - mas sem sombra de dúvidas é um dos melhores desta safra. NOTA 9
 
VILA ISABEL - Não vou questionar a escolha deste samba, até por que sabemos que o André Diniz é um baita compositor. Mas é evidente que a Vila precisa reformular, ou melhor, renovar sua Ala de Compositores, e dar chance a ótima garotada que está surgindo na escola. É preciso, mais do que nunca dar atenção e não desestimular essa turma, não só na Vila, mas em todas as outras agremiações. Com relação a esta maravilhosa obra, o ponto forte é sem dúvida sua estupenda melodia, diferenciada, com variações e soluções de alto nível. A letra é inspiradíssima, entretanto alguns versos da primeira parte estão meio sem nexo. O verso "Adornam o Rei Sol" tem a métrica alongada. A partir do trecho "Aqui/entrelaçado em ouro vi florir" o samba passa por um processo formidável de inspiração com direito a "bis" (algo inimaginável em sambas atuais) e um espetacularrefrão final "Modéstia parte, amigo sou/da Vila". Infelizmente, o samba fora prejudicado na gravação pelo seu andamento, bastante acelerado. Mesmo assim é o grande destaque de um ano bastante nivelado...por baixo NOTA 9
 
SALGUEIRO - Indiscutivelmente, a grande virtude deste empolgante samba salgueirense é a sua melodia de qualidade soberba, com suas descidas e subidas interessantíssimas. A letra conta o enredo de forma leve e divertida, fruto de uma sinopse bastante criativa e de fácil leitura. Na segunda parte do samba, o trecho "Em um simples instante/Orfeu vence as dores/em som dissonante/e as cores do seu violão/silenciam para o amanhecer" é absolutamente espetacular, num casamento perfeiro entre letra e melodia. Só o final da mesma segunda parte é que ficou meio confuso contendo termos como "King-Kong" e "toca o bip-bop" que soam totalmente estranho num samba-enredo mesmo estando de acordo com a temática. Mas isso não tira o mérito deste samba salgueirense. NOTA 8,7
 
MANGUEIRA - Esse samba nunca foi o melhor do ano, isso é fato!!! A Manga tinha sambas melhores que este "azarão", mas o Ivo, corajoso que é, deu a cara a tapa e abraçou até o final, mesmo sendo bombardeado por críticas, algumas severas. Na verdade, assim como a Grande Rio, o samba da Manga recebeu um BANHO DE ESTÚDIO "daqueles" que o deixou com pinta de escola campeã, ainda mais com o emocionante discurso da madrinha Beth Carvalho e as interpretações fantásticas de Luizito, Zé Paulo e Ciganerey. A obra é classuda, com letra que narra o enredo com simplicidade e poesia. Aliás, é como se o próprio homenageado Nelson Cavaquinho, contasse sua própria história. O trecho "Sonhei/que folhas secas cobriam meu chão..." é de ARREPIAR. O refrão principal "Mangueira é nação/é comunidade" é chamativo, enquanto o central "Trago o violão/no Zicartola/Opinião" não tem força e é o ponto fraco do samba. Enfim, é um belo samba, um dos destaques do ano, mas NÃO o destaque único. NOTA 8,8
 
MOCIDADE - O samba segue o mesmo padrão do ano anterior e igualmente fora abraçado pela comunidade. A grande diferença é que esta obra causou indiferença a boa parte dos sambistas não-padremiguelenses, simplesmente por não ter impacto que o samba de 2010 obteve. Apesar do refrão arrasta-bairro "Tá todo mundo aí levante a mão" o resto do samba é uma marchinha totalmente inoperante, com uma letra sem nexo com o enredo, e mais, repletas de tiradas de gosto duvidoso como "O que era gelo se tornou realidade" e "Até a nobreza teve que engolir". É evidente que a escola precisa de um SAMBA-ENREDO DE VERDADE e não fazer como o Salgueiro fez a pouco tempo: tentar repetir o estilo e sucesso de um bom samba, mas que acabou trazendo obras genéricas atrás de genéricas. Tinha boas opções em sua disputa mas acabou escolhendo este aqui que está muito distante da grandeza da escola. NOTA 7,1
 
IMPERATRIZ - Foi interessantíssima a disputa de sambas na GRESIL, porque, mesmo com um enredo árido, totalmente fora do contexto carnavalesco, a safra foi muito boa. Os compositores conseguiram tirar a inspiração das entranhas devido a sinopse pra lá de complexa. Possui uma letra competente onde destaco o belíssimo trecho "É a minha escola a me chamar, doutor!/posso ouvir o som da bateria/o remédio pra curar a minha dor". A melodia embora bonitinha, oscila bastante e algumas soluções não chamam muita a atenção. Os dois refrões são de intenso agrado. É um bom samba, mas muito inferior ao de 2010. NOTA 8,4
 
PORTELA - Em uma disputa nebulosa e bastante previsível, a Portela escolheu um samba superior ao de 2010 mas que nunca foi a melhor obra do certame. A letra descreve muito bem o enredo mas o grande pecado do samba está lá, como uma bosta boiando na privada e ninguem deu descarga. Existe alguma explicação para o incrível verso "A ambição do europeu se encantou???" AFINAL DE CONTAS, QUEM SE ENCANTOU? O EUROPEU OU A AMBIÇÃO DO EUROPEU? Um descuído absolutamente infeliz da cúpula portelense que não consertou, prefrerindo deixar do jeito que está. A melodia chama a atenção do ouvinte a partir da segunda parte , onde destaco o verso "oi leva mar, oi leva" que dá um efeito espetacular ao samba. É um samba bonzinho, mas a escola precisa dar uma chacoalhada em suas eliminatórias para não desanimar a rapaziada, por que assim fica FACÍL de saber quem ganha e DIFÍCIL de outras parcerias vencerem! NOTA 8
 
PORTO DA PEDRA - Impressionante como este samba, apenas regular, vem sendo apontado por muitos sambistas, como um dos grandes sambas de 2011. Discordo completamente!!! Talvez por que o Tigre em 2010, apresentou uma obra tão ridícula, que esse samba de 2011 serviu para curar as feridas, totalmente abertas que o sambinha do ano anterior. Não é essa coca-cola que estão falando por aí. É um samba que tem virtudes: uma melodia extremamente leve, tem bons momentos de ousadia como no trecho "vai, vai, vai, vai/vence logo esse medo". Mas tambem seus defeitos como a letra que não se resolve, não é tão clara (não é trocadilho, hein). A obra cai de produção na ultima estrofe da segunda parte. E o que me dizem do verso desafiador "um samba de verdade vai passar" ??? DE QUAIS SAMBAS ESTÃO SE REFERINDO? Evidentemente, este samba aqui é o grande vencedor do simbólico prêmio "Me engana que eu gosto 2011". NOTA 7,4
 
ILHA - Numa safra muito ruim o resultado não poderia ser outro: um sambinha extremamente burocrático. A melodia não chega a ser desagradável, longe disso. O refrão principal "Hoje eu queo brindar/com a Ilha" é bom. O central "No fundo do mar/eu vi brotar" é até razoável. O grande problema do sambinha é sua letra totalmente claudicante. Tecnicamente ela não existe. O excesso de palavras terminadas em "ar" (são inacreditavéis 18 ao todo) aliados a versos toscos como "Trazendo Darwin na memória", "Lindos animais na passarela" e o mais trash do ano "Do alto surgiu diferente/não sei se é bicho/não sei se é gente" maculam qualquer samba-enredo. Por tudo isso, infelizmente que o samba insulano é o pior do G.E 2011. NOTA 6,9
 
SÃO CLEMENTE - Que a fusão foi totalmente desnecessária isso ninguem discute. A safra clementiana foi muto satisfatória, e, não é que os dois sambas fundidos (eu disse FUNDIDOS) rendeu uma obra de boa qualidade musical? Apesar do enredo manjadíssimo -trocentas agremiações já abordaram o Rio- a letra conta o enredo de forma competente e sua melodia é bastante agradável com variações de extremo bom gosto. O refrão central"Nas suas aguas me banhar" apesar de requentadinho é muito bonito. A segunda parte é meio enjoativa mas nada que comprometa a obra. Destaque individual para Igor Sorriso que mostra a ser um interprete de futuro promissor. Samba que encerra bem a chatíssima bolacha digital do G.E 2011. NOTA 8,3