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Os sambas de 2010 por Luiz Carlos Rosa.

Os sambas de 2010 por Luiz Carlos Rosa
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A GRAVAÇÃO DO CD: Sinceramente, a safra de sambas do Grupo Especial 2010 poderia ser trágica se não fosse as obras-primas da Vila Isabel, Imperatriz e o ótimo sambão da Beija-Flor. Esses três sambaços equilibraram a safra, tornando-a razoável. Algumas agremiações persistiram nos erros, medos, escolhendo assim, sambinhas indigentes que não condizem com a história das próprias. Fazer o quê??? Todo ano é assim mesmo!!! Com relação a gravação do CD - que em 2010 voltou a ser ao vivo - tem mais problemas do que virtudes: os sambas estão acelerados, o coral deveria apenas entoar as obras na segunda passada, a sonoridade dos instrumentos de corda é quase nulo... Pelo menos à de se elogiar a capa do CD que está bem apresentável. É sem dúvida a mais bonita desde 1997. Agora faço uma sugestão aos produtores: façam uma faixa exclusiva às baterias logo após o ultimo samba, pois fechará o CD com chave de ouro. NOTA DA GRAVAÇÃO: 7 (Luiz Carlos Rosa).   

SALGUEIRO: A grande campeã de 2009 teve uma disputa de sambas complicada, em que os favoritos caíram um a um. O enredo sobre o livro gerou uma safra burocrática e a obra vencedora não era a melhor da disputa. O samba é mediano, a letra bastante simplória, cheia de citações e com rimas óbvias, além de possuir um espaço vazio após o verso "mistérios, suspense emoção" quando é utilizado um prrovidencial "ôôô" que serve apenas de ponte para o verso seguinte. Entretanto a melodia é razoável, bem animadinha. Destaque para os refrões, principalmente o principal "Uma história de amor / sem ponto final" que é de quebrar-janelas. A irreverência de Quinho tambem ajudou a faixa a ficar bastante audível. É um samba 0,01% superior ao de 2009 , o que não faz dele relevante para a história salgueirense. NOTA DO SAMBA: 7,9 (Luiz Carlos Rosa).     

BEIJA-FLOR: Quem acompanhou as eliminatórias na Beija-Flor sabe que a safra de sambas foi absolutamente decepcionante. Porém, para a felicidade geral dos sambistas, a comunidade nilopolitana fez a escolha certa. A ótima obra que homenageia o Cinquentenário de Brasília tem a cara da escola. Apesar de longo, o sambaço tem um peso absurdo, além de narrar o enredo com seriedade e competência. A melodia é extremamente valente, agressiva (no bom sentido, claro!), com variações soberbas na qual merece menção os versos "a força que fluiu desse amor , é Paranoá / Paranoá" e "vem ver a arte do mestre / num traço poema...". O refrão principal "Sou candango, calango e Beija-Flor" é fortíssimo, conclama o componente a bater no peito e soltar a voz na avenida. Seria o samba do ano se não fosse as obras antológicas da Vila Isabel e Imperatriz. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Luiz Carlos Rosa).     

PORTELA: Quando uma sinopse afirma que a Águia da Portela é um "backbone", o enredo perde total credibilidade. É uma tremenda falta de respeito a um dos grandes simbolos do carnaval interplanetário. E é impressionante o fato da escola estar no processo final de evolução (o popular, agora vai!!!) e escolher o kamikaze tema sobre informática. Com relação ao sambinha, segue a mesma linha simplória adotada pela parceria campeã dos ultimos quatro anos. É só fazer um teste: pegue a letra dos sambas portelenses a partir de 2007. Pegou? Então confira algumas das PALAVRAS-CHAVE inseridas nestas obras: "Minha Águia"(presente de 2007 a 2010), "Sou Portela"(2007/08/10), "passarela"(2007/08/10), "carnaval"(2007/08/10), "raiz"(2007/09/10), "segue os passos..."(2008/10), "Liberdade"(2009/10) e por aí vai. Agora o mais intrigante: sempre na primeira estrofe da segunda parte destes sambas, há uma espécie de mensagem subliminar, pedindo que haja paz e união. Isto não é carcteristica marcante e sim, falta de criatividade. Pra não ser injusto, o samba tem um bom refrão principal "Minha Águia guerreira...", uma melodia agrdável com bons momentos no final da segunda parte. É inegável que o samba ganhou músculos devido a ótima gravação da faixa. Entretando é preciso que a parceria tetracampeã MUDE seu estilo pois já está ficando chato e sobretudo PREVISÍVEL. NOTA DO SAMBA: 7,5 (Luiz Carlos Rosa).     

VILA ISABEL: Eis aqui o MELHOR samba-enredo da primeira década do novo milênio. O sambaço foi remexido 473 vezes e não perdeu qualidade, continuando a ser uma obra genial. Durante as eliminatórias, o Mestre Martinho foi alvo de severas críticas e piadinhas feitas por alguns internautas. Diziam que a disputa era marmelada, que o samba era encomendado, que por causa desta "injustiça" o Diniz não colocou samba na Vila... Agora faço uma pergunta a esses manés: QUANTAS VEZES O PRÓPRIO MARTINHO FOI INJUSTIÇADO? Em 1974 no auge do regime militar,ele compôs o fantástico "Tribo Dos Carajás" . E aí foi escolhido??? Iguais destinos tiveram os sambas de 1977, 1978 e 1982. Vão ter que aturar pois o Martinho volltou!!! Falando desta antologia, é uma obra imponente, extremamente lírica, de letra poética e verdadeira. A melodia é sublime e passa um alto teor de emoção descomunal. É tanto verso pra destacar que eu prefiro citar apenas um que resume a obra num todo: "Tem a enregia da nossa Vila Isabel". Simplesmente de chorar e ouvi o sambaço de joelhos!!! NOTA DO SAMBA: 10 (Luiz Carlos Rosa).     

GRANDE RIO: O maior responsável por este sambinha ridículo, resultado de uma fusão desnecessária e muito mau feita - tinha samba melhor que os dois vencedores -  é o patrocinador, que em pleno andamento da disputa de sambas, mudou a regra do jogo. Simplesmente, exigiu que nas letras das obras constassem as palavras "guerreiro", "brasileiro" e o inacreditável "camarote nº1", isso faltando poucas semanas para a semi-final. Pobre dos compositores que tiveram que refazer seus sambas. Assim, a safra que já era ruim, ficou pior ainda. A diretoria teve uma tarefa complicada: unir o samba que o patrocinador queria (Arlindo Cruz e cia.) com o da comunidade (Barbeirinho e cia.). A bomba foi construída, muito mal-constrúida!!! A letra é de gosto duvidoso, a segunda parte é completamente desconexa em relação aos desfiles mencionados e a melodia oscila entre bons e maus momentos. O refrão principal "Grande Rio eu sou guerreiro..." tenta ser grudento, mas sem sucesso. Já o refrão central "Meu coração vai a mil..." possui um sérissimo problema de métrica nos versos finais. Num todo a obra é um autêntico samba do "crioulo doido". Do ponto de vista artístico é muito ruim. NOTA DO SAMBA: 5,7 (Luiz Carlos Rosa).     

MANGUEIRA: Muita gente achou surpreendente a vitória da novata equipe de Renan Brandão na Manga. Sinceramente eu já esperava isso. Se o Ivo queria mudanças na disputa da escola, logicamente não escolheria, entre os finalistas, uma parecia cascuda e muito menos a reinante desde 2007. Preferiu dar a vitória pra novata. Quanto ao bom samba mangueirense, possui melodia bastante sofisticada, com variações de extremo bom gosto principalmente a partir da segunda parte. A primeira estrofe da primeira parte lembra samba antigo, melodicamente falando. O verso "Atrás do trio eu quero ver..." sem querer acabou virando uma sacada interessante, já que a obra foi feita muito antes do anuncio dos "três tenores". O unico ponto negativo é a letra do refrão central "Tantas emoções em verde e rosa...", que na versão concorrente com o seu "Corre e olhe o céu em verde e rosa..." era muito mais emocionante que o atual. No mais é uma obra aprazível, e um dos poucos que merece destaque no ano de 2010. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Luiz Carlos Rosa).     

IMPERATRIZ: O tema sobre religiosidade é batidinho mas inegavelmente dá samba. E que sambaço foi gerado. "Brasil De Todos Os Deuses" é a melhor da Gresil desde 1996. A emocionante obra-pima de Guga e sua equipe é dotada de letra suntuosa, poética e uma melodia riquissima, extremamente envolevente com suas subidas e descidas inesperadas. Não há como não se arrepiar ao ouvir o impactante e pegajoso refrão principal " A Imperatriz é um mar de fiéis / no altar do samba em oração". Esse refrão é tão magnífico, que eu já me vejo tremulando as bandeirinhas no Setor 1 da Sapucái e cantando junto com o "mar de fieis" apesar de eu ser mangueirense. Sensacional!!! NOTA DO SAMBA: 10 (Luiz Carlos Rosa).     

VIRADOURO: O sambinha da Viradouro, é o grande vencedor do simbólico troféu "Me engana que eu gosto 2010". A ótima gravação e a inspirada atuação de Wander Pires ajudaram a maquiar esse fraqúissimo sambinha. Para o meu espanto, essa obra vem sendo quase que aclamada nos foruns de carnaval da internet. A letra apesar de contar bem o enredo tem sérios problemas técnicos. É repleta de "aspas" e possui inacreditaveis QUINZE palavras terminadas em "ão". Os refrões são absolutamente genéricos. O erro de métrica no verso "vai raiar o sonho de felicidade" chega a doer os tímpanos. As variações melódicas na segunda parte são de gosto duvidoso, talvez pelo excesso de versos longos. A impressão é que a parte final foi feita ás pressas. A única virtude é que não abusaram das palavras em portunhol como a Vila fez em 2006. Enfim, o México merecia mais do que isso. NOTA DO SAMBA: 7,2 (Luiz Carlos Rosa).     

UNIDOS DA TIJUCA: O pior samba da Tijuca desde 1998, mas mesmo assim não é uma obra ruim, até por que a escola mantem uma regularidade impressionante de bons sambas nesta década. "É Segredo!!!" é mais um daqueles enredos desenvolvidos por Paulo Barros que faz os compositores coçarem as suas cabeças. O samba é bonzinho, tem refrões razoáveis e uma melodia que não compromete. Destaco o verso "Unidos da Tijuca / não é segredo eu amar você", que evidencia todo amor que o sambista unitijucano sente pela sua escola de coração. O grande problema é que a obra não tem pegada e nem vidasentimento. É politicamente correto e logicamente não ficará marcado na cabeça de outros sambista co-irmãos. Mesmo assim é superior a algumas obras de 2010. NOTA DO SAMBA: 8 (Luiz Carlos Rosa).     

PORTO DA PEDRA: O enredo sobre moda gerou uma safra terrível na Porto da Pedra. O tricampeão David de Souza inexplicavelmente não participou das eliminatórias. Assim os escritórios dominaram a disputa, já que os concorrentes "da casa" não tiveram criatividade e inspiração em suas obras, além do famoso "cascalho" para ao menos igualar nas condições. Acabou ganhando o sambinha que a cúpula da escola queria. O sambinha vencedor é muito fraco e sobretudo tosco. A letra é tão miserê que é dificil até de escolher o verso mais trash do ano. São três opções: a)"Há muito tempo o homem deu no couro". b)"Eu sei que a arte caminhou". c)"Eu sou o rococó dessa folia". É só escolher amigo!!! A melodia não combina com o sambinha, num divórsio de dar medo, pois a letra pedia animação. É daqueles sambinhas que a gente ouve só pra se divertir e fazer piadinhas de tão risível. Muito fraco!!! NOTA DO SAMBA: 6,1 (Luiz Carlos Rosa).     

MOCIDADE: "Se a Imperatriz é o mar de fiéis, a Mocidade é um mar de piranhas!!!" A inusitada frase de um forista do E.A. é o reflexo do que essa animadíssima marchinha transmite. A comunidade de Padre Miguel precisava disso, de um samba que sacudisse o esqueleto e que ao mesmo tempo recuperasse a auto-estima perdida por desfiles mórbidos e sambas Marias Joanas. A obra em si não é nenhuma obra-prima, longe disso. Do ponto de vista técnico é bastante burocrática. Porém, é descompromissada, de melodia embalante e possui um refrão principal ARRASTA-BAIRRO: "Meu coração vai disparar / sair pela boca..." que é, sem ser literal a coqueluche do ano. A letra é complexa, de dificil compreensão pra quem não tem a sinopse em mãos. O grande exemplo é o trecho "sem trégua, nem légua / a idade média a se transformar" que ficou forçado. Os dois versos inicias do refrão central "Entre lendas e mistérios / Prestes João me ensinou a navegar" é fraco melodicamente. A bem da verdade, o samba é tão viciante que esses defeitos não comprometem essa marchinha por inteira. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Luiz Carlos Rosa).     

UNIÃO DA ILHA: Após quase uma década ausente, a Ilha retorna ao Grupo Especial graças a conquista da LESGA 2009. O bom samba da escola, assim como o da Grande Rio, é resultado de uma desnecessária junção, afinal, a obra da equipe de Arlindo Neto era a melhor de uma safra insatisfatória. Por conta disto, o valente e fortíssimo refrão central de Arlindo "Sou destemido e vou lutar / a minha espada é justiceira" foi trocada pelo atual refrão oba-oba "O gigante moinho / quando viu deu no pé" que na minha visão quebrou totalmente o ritmo do samba tanto em melodia quanto em letra. Outro equívoco é o verso "meu escudeiro é Sancho Pança" que está num tom muto baixo em comparação a versão concorrente. No mais, a obra é leve, a letra conta o enredo com clareza e a melodia é bastante agradável. Enfim, é um bom samba mas que está muito aquém das melhores obras insulanas. NOTA DO SAMBA: 8,3 (Luiz Carlos Rosa). 

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