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Os sambas de 1981

Os sambas de 1981

A GRAVAÇÃO DO DISCO - No disco de 1981, quem mais se destaca na gravação (além da bateria) é o cavaco e a cuíca, que mantêm intensa harmonia com a bateria. O som da bateria tem a característica de estar grave, formado por tamborins de maneira a parecer uma bela e vibrante batucada africana. Ouvindo as faixas do disco de 1981, nos sentimos num autêntico terreiro. O canto possui o formato de sempre: voz do intérprete na primeira passada, com participação do clássico coral de pastoras das Gatas na segunda passada no refrão e definitiva na segunda passada do samba. Temos uma safra de sambas boa em 1981, a maioria deles tentando resgatar um formato clássico de sambas antigos. Ela não tão qualificada como a do ano anterior, mas marcante pelos clássicos da Imperatriz e da Portela, além de um hino não tão aclamado assim: o do Salgueiro, que também é um primor. NOTA DA GRAVAÇÃO: 10 (Mestre Maciel).

Imperatriz, Beija-Flor e Portela eram, evidentemente as três maiores favoritas para a conquista do carnaval de 1981. Alem de terem sido as campeãs do ano anterior, cada uma dessas agremiações contavam com os três melhores carnavalescos da época: Arlindo Rodrigues, Joãosinho Trinta e Viriato Ferreira - respectivamente. A genialidade desses artistas fazia muita diferença. O campeonato, ou melhor, o bicampeonato ficaria com a agremiação que não cometesse erros. Com uma apresentação indiscutivelmente soberba e incontestável, a Imperatriz Leopoldinense garantia o seu primeiro bicampeonato, deixando para sempre o estigma de escola emergente. Na parte de baixo da classificação, Vila Isabel e Império Serrano pareciam não terem aprendido a lição de 1978 - quando caíram para o Segundo Grupo - pois coincidentemente terminaram nas últimas colocaçoes. Por sorte, em 81 não houve rebaixamento devido a incompetência da Riotur que não coibiu a invasão de penetras na pista da antiga Sapucaí. Para se ter uma idéia da falta de organização desta empresa responsável pelo desfile, teve agremiação se apresentando em fila indiana, segundo relato na época do comentarista Haroldo Costa. Com relação ao LP do Grupo Especial de 81, nota-se o marvilhoso swing da bateria ( que show!!!) e o coral mais feminista. Vale ressaltar que a gravadora Toptape, na contra-capa do disco, fez uma menção honrosa aos presidentes das agremiações presentes no Grupo Principal. A safra de sambas é muito boa com destaque para os antológicos sambões da Portela e Unidos da Tijuca. 1981 é o ano muito especial para mim, pois nascera em janeiro, meses antes da "OITAVA MARAVILHA DO MUNDO" como sabiamente mostrou a Beija-Flor. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9,5 (Luiz Carlos Rosa).

1A - IMPERATRIZ - Com este clássico, a Imperatriz Leopoldinense obteve seu primeiro bicampeonato (e também o seu primeiro título sozinha). Um samba de melodia primorosa, cadenciado e de letra curtinha, porém mais do que suficiente para evidenciar a beleza do hino da Imperatriz de 1981. Destaque para a interpretação de Dominguinhos do Estácio que alia lirismo e animação de forma singular. Ressalto que este samba não parece ser de enredo, e sim tradicional, de raiz mesmo. No começo de 2004, Lamartine Babo, o homenageado do enredo, completaria cem anos de estivesse vivo. E durante uma reportagem exibida no Globo Esporte pra celebrar o centenário onde foram evidenciadas as obras-primas de hinos que Lalá compôs para os times cariocas (não presentes, porém, na letra), apareceu por cinco segundos flashes do desfile campeão da Imperatriz de 1981 e, num detalhe no meio da tela, despontou Dominguinhos do Estácio (nem um pouco diferente de hoje) cantando o samba com a garra e o talento de sempre. Lindas imagens! NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel).

A bela homenagem ao compositor Lamartine Babo rendeu particularmente ao saudoso carnavalesco Arlindo Rodrigues o seu tricampeonato e consequentemente a segunda vitória consecutiva da agremiação Leopoldinense. A ótima trilha sonora tambem contribuiu pra essa conquista. Sua estrutura é de padrão similar a dos ultimos três anos, com letra simples e curta, porém encantadora e que em nenhum momento foge do tema. A melodia é absurdamente maravilhosa mesclando lirismo, valentia e animação. A estrofe final da segunda parte "Quem dera/se a vida fosse assim/sonhar sorrir/cantar sambar/e nunca mais ter fim" remete o romantismo, e sobretudo, saudosismo a obra. Samba inesquecível mesmo!!! NOTA DO SAMBA: 9,5 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

2A - SALGUEIRO - Samba pouco comentado e lembrado pelos bambas. Mas, na minha opinião, se trata de uma obra-prima salgueirense. Sem exagero, considero o samba-enredo do Salgueiro de 1981 um dos hinos do Rio de Janeiro (nada contra a marchinha "Cidade Maravilhosa", oficializada há pouco tempo como o hino da capital carioca). De melodia clássica em tom baixo (perfeito para Rico Medeiros), junto com uma poesia transformada em letra de samba-enredo, o Salgueiro canta um dos melhores sambas de sua história. Mas parece que apenas eu venero este samba, pois "Rio de Janeiro" nunca sequer é mencionado em listas dos cinco melhores sambas da escola, nem aparece entre os melhores de 1981 (apenas Portela e Imperatriz são lembrados positivamente neste ano). É hora de reparar tal injustiça com o samba salgueirense. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Mestre Maciel).

Assim que terminou o carnaval de 1980, a cúpula salgueirense soubera que o próximo desfile cairia no dia 1º de Março, aniversário da Cidade Maravilhosa. Pronto!!! A escola já tinha nas unhas o enredo para o carnaval de 81: "Rio de Janeiro". Com relação ao samba, possui letra de ótima qualidade poética, principalmente na primeira parte. Os refrões são totalmente distintos. Enquanto o central "Lar doce lar/que o Senhor abençoou/enchendo o Rio de amor" é de um lirismo ímpar (a melhor parte da obra), o de cabeça "Quem pode pode/se sacode explode/se sacode explode/no jogo ô..." é a parte mais animada e contagiante da obra. Concordo em parte com o Mestre Maciel. O ótimo samba salgueirense de 81 é injustamente esquecido pelos sambistas, entretanto não considero um dos cinco melhores sambas da escola. Álias, na minha visão, está abaixo dos dez melhores da história acadêmica. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

3A - UNIÃO DA ILHA - Numa cadência gostosíssima e com um som formidável da bateria, Aroldo Melodia canta com a categoria de sempre um samba de excelente melodia, envolvente, e boa letra. O refrão principal ("No requebrado, bem apertado...") é pra sacudir o esqueleto da mulata. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel).

Apesar de não ser uma oitava maravilha, o bom samba da Ilha empolgou o público presente na Sapucaí em 81. Evidentemente, méritos totais a bateria insulana que deu um show de habilidade e cadência, tanto que conquistou merecidamente o Estandarte de Ouro. "1910 - Burro Na Cabeça" é um enredo sobre um certo sambista, que em sonho, volta no tempo para viver o cotidiano do Rio de Janeiro, no início do sécuo XX. O samba é dotado de uma interessantíssima letra que conta o tema com intenso dinamismo, aliada a uma melodia que de tão leve chega a dar sono na primeira parte da obra. O refrão principal "Num requebrado/bem apertado/o corta-jaca/eu dancei..." é tão delicioso que se fosse uma "pizza família" não sobraria nem uma migalha. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

4A - VILA ISABEL - Entoado de maneira acelerada com um belo swing da bateria, a Vila canta em 1981 um samba de melodia envolvente que conta com um bom refrão principal ("Gira, gira, meu mundo..."), mas a obra não chama tanta atenção na safra. NOTA DO SAMBA: 9 (Mestre Maciel).

A escola apostou num desfile extremamente rico, de grande impacto visual, estabelecido pelo carnavalesco Sílvio Cunha, mas que não transmitiu alguma emoção para o público, tanto que o desejo de todos era que a mórbida apresentação terminasse o mais rápido possível. E com toda certeza do mundo, o sambinha ajudou nesse aspecto, já que não empolgou - diferentemente do sambaço do ano anterior. Embora a letra descreva bem o enredo sobre a "Era de Aquarius", a obra peca pelo peso de informações. Não tem conteúdo. Fora que a uma gritante discrepância de tamanho entre a primeira e a segunda parte da obra. A melodia é totalmente genérica, não tem nada demais. E para piorar a faixa, o intérprete Marcos Moran solta um desprezível "UHH!!!" ... que é isso??? Enfim, sambinha chato até o talo e que logicamente passa despercebido no bom bolachão de 81. NOTA DO SAMBA: 7,3 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

5A - PORTELA - A obra-prima de 1981 e um dos melhores sambas-enredo de todos os tempos. A poesia, contudo, está mais presente na letra do samba em relação às onomatopéias de David Corrêa que incrementam ao samba uma pitada de animação, evidenciando a característica do compositor de não se prender à sinopse. Mas a sua melodia é toda lírica e, sobretudo, fantástica. Seus dois refrões maravilhosos, principalmente o principal "E lá vou eu pela imensidão do mar...", enriquecem ainda mais este primor de samba-enredo. NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel).

A obra mais perfeita de David Corrêa juntamente com seu parceiro Jorge Macedo. "Das Maravilhas Do Mar" é um samba imortal, ou seja, daqui há cem anos ainda estará na ponta da língua de nossos tataranetos. A letra é de uma simplicidade fantástica, repleta de imagens poéticas, diferentemente de alguns sambinhas atuais que contam com dispensáveis clichês e rebuscamentos idiotas afim de iludir a mente dos sambistas. A melodia é sublime, de variações antológicas. O refrão principal "E lá vou eu/ pela imensidão do mar..." é um autêntico arrasta-muvuê. Lindo, lindo, lindo mesmo!!! É samba pra brincar em qualquer carnaval. Pena que no desfile, a bateria capitaneada pelo Mestre Cinco tenha atravessado vexaminosamente a ponto da escola perde preciosíssimos pontos, deixando na terceira posição. O samba é com toda certeza do universo, um dos melhores de toda a história e isso não tem o que discutir. NOTA DO SAMBA: 10 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

1B - BEIJA-FLOR - Graças a este samba, sei de cor e dizer sem gaguejar ou trancar na sexta maravilha do mundo todas as sete. São essas (redijo sem consultar a letra): os Jardins Suspensos da Babilônia, a Estátua de Zeus, o Templo de Diana, o Colosso de Rodes, as Pirâmides do Egito, o Farol de Alexandria e o Túmulo de Helicarnasso. Isso mesmo, Túmulo de Helicarnasso e não a Muralha da China, destacada no enredo de Joãosinho Trinta e presente no refrão central do samba. O próprio site não-oficial da escola (infelizmente extinto) reconhece o grave erro cometido pelo carnavalesco. A Muralha da China não é exatamente uma maravilha. Na enciclopédia Larousse Cultural, notei que ela é considerada junto com o Túmulo de Helicarnasso uma das sete, mas, oficialmente, cabe a este o papel de maravilha do mundo. É que a Muralha da China é tão simbólica que todos acabam por se confundir e achar que ela é uma das maravilhas, e foi isto que veio à mente de Joãosinho Trinta. Portanto, a maravilha restante não é a Muralha da China, e sim o Túmulo de Helicarnasso. A Muralha, porém, seria eleita uma das Sete Novas Maravilhas em 2007 numa votação pela Internet (juntamente com o Cristo Redentor). Por essas e outras, o hino da Beija de 1981 é considerado um dos mais didáticos sambas-enredo do carnaval, pois, graças a eles, sei responder, sem gaguejar, as sete maravilhas na hora. O samba é bem envolvente e, ao mesmo tempo, animado. Joãosinho Trinta pode ter trocado uma maravilha por outra, mas numa coisa o notável carnavalesco acertou: o Carnaval do Brasil é a oitava das sete maravilhas do mundo. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel).

Um inusitado erro de Joãosinho Trinta no enredo "Carnaval Do Brasil - A Oitava Das Sete Maravilhas" pode ter custado o bicampeonato para a escola. O genial carnavalesco equivocou-se ao trocar o Túmulo de Helicarnasso por Muralha da China que obviamente e oficialmente não é uma das sete maravilhas. Possivelmente a escola perdeu pontos em no quesito enredo. Apesar deste erro, Joãosinho Trinta, com a criatividade que Deus lhe deu, auto-rotulou o carnaval brasileiro como a oitava maravilha do mundo. Alguem duvida??? Quanto ao ótimo samba nilopolitano possui melodia agradabilíssima proporcionando ao sambista uma tremenda vontade de sair cantarolando até mesmo num velório. A letra é de um didatismo impressionante, porem, possui sacadas interessantes como está registrado no excelente refrão central "E a muralha/de longe fascina/quem tem olho grande/não entra na China". Samba que dá gosto de ouvir quantas vezes for preciso!!! NOTA DO SAMBA: 9,2 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

2B - MANGUEIRA - O samba da Mangueira de 1981 possui um formato bem antigo, daqueles cantados na década de 50 e 60. A começar pelos versos iniciais: "Em verde-e-rosa/a Mangueira vem mostrar/um fascinante tema/de Nonô a JK...", sem contar que o nome completo de Juscelino Kubistchek de Oliveira é citado logo depois. Era característica marcante das letras dos sambas de outrora iniciarem dizendo que "a escola apresenta, na avenida colorida, a vida deste notável fulano de tal...", sem esquecer do nome completo de batismo da personalidade. A melodia é bem clássica, de tom baixo. O "Brasília, um sonho dourado" lembra muito o verso "Candeias, a cidade petroleira" de um samba da Mangueira composto 25 anos antes deste que também homenageava um ex-presidente. Os dois sambas até podem ter alguma semelhança (obviamente pelo enredo), mas pelo menos Padeirinho, o autor de "O Grande Presidente" (1956) - disponível para download no nosso site - não precisou apelar, na sua homenagem a Getúlio Vargas, para uma cantiga a fim de servir como refrão principal. "Como pode um peixe vivo/viver fora da água fria/como poderei viver/como poderei viver/sem a tua, sem a tua/sem a tua companhia" tudo bem que era a musiquinha favorita de JK, mas era totalmente dispensável no samba-enredo. Os compositores creio que fizeram uma frustrada tentativa de imitar Martinho da Vila, que sempre adicionava em seus sambas mais antigos cantigas famosas como refrão principal (em 1967, tome Ciranda Cirandinha e críticas de Chico Buarque; em 1970, foi a vez de Prenda Minha; e em 1972 a canção do Cirandeiro). Lembra até as tristes imitações que a dupla da Tradição Lourenço "Poeira" e Adalto Magalha - que graças a Deus não ganharam em 2005 - compõe tentando imitar David Corrêa, resultando em fiascos. A canção do peixe vivo na água fria no samba de 1981 seria o equivalente a adição de Padeirinho, em seu clássico de 1956, da canção que consagrou Getúlio na eleição de 1950: "Bota o retrato do velho no mesmo lugar...". Mesmo com tantas críticas por minha parte, a bela cadência que o samba mangueirense foi gravado o deixa bem audível, tanto que sempre repito o samba quando ele toca. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Mestre Maciel).

"De Nonô a JK" seria o enredo da Manga pra o carnaval de 1978, já que era de praxe a escola homenagear os "mais queridos" presidentes do Brasil pós-morte, assim como fizera com Getúlio em 1956. Entretanto o nosso país vivia no processo da censura. A diretoria mangueirense com certo receio de uma possível retalhação dos militares, preferiu adiar o tema e consequentemente exaltou o seu cinquentenário com o enredo sobre "Dos Carroceiros Do Imperador Ao Palácio Do Samba". Demorou três anos para a Manga homenagear Juscelino, justamente no ano de 1981, no quinto ano de sua ausência definitiva. Quanto ao samba, é de forte apelo emocional, com uma melodia extremamente envolvente até o pescoço. A letra é de formato antigo mas que explora o tema com sagacidade. A única parte preterida da obra é seu refrão principal "Como pode o peixe vivo/viver longe da agua fria..."que sem vergonha alguma apela para a canção do Peixe Vivo. Os experientes compositores Jurandir, Comprido e Arroz tiveram uma má ideia e deveriam ter usado mais inspiração neste ponto da obra. Infelizmente 1981 marca o primeiro carnaval sem o Mestre Cartola. NOTA DO SAMBA: 8,1 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

3B - MOCIDADE - O único samba-enredo composto pelo lendário intérprete Ney Vianna possui uma melodia clássica. O laralará e o ôôô eram bem presentes nos sambas antigos. No mais, a letra é poética e, aliada a uma bela melodia, constitui um bonito samba de enredo. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel).

O samba mais animado de 1981. "Abram Alas Pra Folia" é o enredo que exalta os antigos carnavais, representado pelos blocos e ranchos, grandes sociedades... A letra é simples, bem explicada e com uma boa sacada no verso inicial da segunda parte "E na avenida colorida/o Sol/enche a folia de luz e calor..." pois a Mocidade foi a última a desfilar - conseqüentemente na manhã de segunda-feira de carnaval. Os refrões são os famosos arrasta-quarteirão. É um samba bem funcional para a época. Se a Manga desfilava sem Cartola, a Mocidade tambem perdia meses antes do carnaval o grande e inigualável Mestre André. NOTA DO SAMBA: 8,7 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

4B - IMPÉRIO SERRANO - Mais um samba que lembra muito os antigos. Só o timbre clássico de Abílio Martins confirma mais uma tentativa de resgate a uma época mais antiga. A melodia é muito bonita, mas o samba-enredo de 1981 da escola da Serrinha possui algumas limitações. A escola ficou em último no desfile, mas o regulamento não previa rebaixamento. Isso fez com que a Império Serrano desse uma grande reviravolta no ano seguinte e invertesse as pontas, levando o título em 1982. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Mestre Maciel).

Ainda bem que Pero Vaz Caminha tambem não OUVIU esse fraquíssimo sambinha do Império. Após "Berço Dos Imigrantes" - obra-prima de 1977 - a agremiação da Serrinha não conseguia emplacar um sambaço à altura de sua gloriosa história. E este aqui é totalmente ruim, sem conteúdo em se tratando de letra. O refrão principal "Canta gente/esta linda canção/exaltando o Brasil/em sua dimensão" pede carecidamente o povo a cantar. Em vão. Outro fator negativo são os apelativos "ôôôs" e "lálaíás" que só constam na obra pra preencher os espaços vazios. Muito fraco mesmo!!! Uma curiosidade: o lendário intérprete Abílio Martins gravou seis faixas em 1981. No Grupo Principal o sambinha do Império Serrano, no Acesso A o do Marangá, no Acesso B Grande Rio, Em Cima da Hora e Engenho da Rainha e no Acesso C a Unidos de Padre Miguel. UFA!!! NOTA DO SAMBA: 5,9 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

5B - UNIDOS DA TIJUCA - A escola, campeã do longínquo carnaval de 1936, voltava ao desfile principal depois de 22 anos (desde 1959, quando fora rebaixada) e de amargar grupos inferiores. E voltou com tudo, com um samba super envolvente e muito qualificado, aliado ao timbre marcante do excelente intérprete Sobrinho. O enredo sobre o herói Mitavaí, um vaqueiro que representa metaforicamente o povo, e seu desafio contra o monstro Macobeba, representante dos ricos e das multinacionais, é uma crítica atualíssima e um dos mais cultuados temas pelos amantes momescos. O swing da bateria nesta faixa é maravilhoso. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Mestre Maciel).

No ano do seu cinquentenário de fundação, e tambem, da estréia do carnavalesco Renato Lage no Grupo Especial, a agremiação do Borel apresentou um dos melhores sambas de todos os tempos. "O Que Dá Pra Rir, Dá Pra Chorar", popularmente chamado de "Macobeba" nem parece que é resultado de uma fusão entre três sambas, pois a obra-prima é absolutamente perfeita, do começo ao fim. Renato Lage criou talvez o primeiro enredo crítico e veemente do carnaval carioca. O carnavalesco imaginou o Brasil transformado no herói Mitavaí que vai combater o monstro Macobeba - logicamente representado pelas empresas multinacionais. O sambaço possui desenhos melódicos de cair o queixo, impactando quem ouve, emocionando quem canta. Destaco o impecável refrão final "Maldito bicho/se não me ouviu/e não gostou do samba/vai pra longe do Brasil". Simplesmente de chorar!!! Vale lembar que o competente diretor de harmonia Laíla tambem contribuiu para o ascensão da escola uni-tijucana. NOTA DO SAMBA: 10 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

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