Entre na comunidade do colunista Mestre Maciel no Orkut
O MELANCÓLICO FIM DO PROJETO "AMAZONAS FILMES"
Box 8 pode ser o derradeiro do projeto
Manhã
de quinta-feira, 4 de dezembro de 2008. Finalmente estava recebendo o
sétimo box da Amazonas Filmes, como parte do pagamento da
empresa aos colaboradores do Fã-Clube Chespirito-Brasil que
ajudaram na adaptação aos textos utilizados na dublagem
dos episódios para os discos. A curiosidade maior: o box 7 havia
sido lançado UM ANO ANTES, em novembro de 2007. E para os
colaboradores e dubladores, o produto só chegou mais de 365 dias
depois... Isso sintetiza o exemplo da (des)organização da
Amazonas Filmes, a principal responsável por enterrar seu
próprio projeto, que prometia ser grandioso e próspero
até para o crescimento da empresa, o que infelizmente não
ocorreu e que acabou, pelo contrário, deflagrando sua falta de
ambição e a ausência de vontade em alçar
vôos maiores.
Vamos voltar três anos antes,
quando
a Amazonas Filmes assumiu a missão de distribuir as
versões em português dos DVD's originais de Chaves,
Chapolin e Chespirito, lançados no México pela Televisa e
Xenon Pictures. Em 2005, a Imagem Filmes enfrentou problemas judiciais
por ter utilizado a dublagem original Maga nos episódios, sem
acertar os devidos direitos autorais com os dubladores, no DVD "O
Melhor
do Chaves". A Amazonas abraçou o projeto, com a
condição imposta pela Televisa de que uma nova dublagem
fosse realizada nos episódios. A empresa acertou com o obscuro
estúdio Gábia, que se tornaria outra bandeira do fim
melancólico do projeto. Menos mal que a Amazonas, por
intermédio do superintendente e também
chavesmaníaco Paulo Duarte, teve o bom senso de
pedir a ajuda do Fã-Clube não só para a
indicação dos dubladores como também para a
realização das necessárias
adaptações no texto, traduzido ao pé-da-letra e
sem as piadas com as quais estamos acostumados.
Primeiro box foi um êxito em vendas, mas a dublagem decepcionou
As primeiras dublagens foram
apoteóticas, com os membros do Fã-Clube acompanhando
passo a passo - maravilhados - do desempenho das vozes dos grandes
profissionais aos nossos tão amados personagens. O primeiro box
com três DVD's foi lançado com pompas e cercado por
expectativas, e pela quantia astronômica de R$ 109,90, cuja
elevação do preço serviria para colaborar no
pagamento aos dubladores. Uma questão surgiu: por que vender os
discos apenas em boxes, ao invés de comercializá-los de
forma avulsa? Assim, poderia pesar bem menos no bolso. Mesmo assim, as
vendas da primeira caixa superaram as expectativas, pelo impacto de ser
o primeiro produto de um total de dez boxes previstos. E o público que adquiriu o primeiro box
certamente esperava pela dublagem com a qual já estava
acostumado a ouvir no SBT. Aí começaram os problemas...
De cara, os chavesmaníacos
se decepcionaram com a dublagem de Tatá Guarnieri para o
Chaves e também ficaram perplexos com a limitação
de recursos dos estúdios Gábia. No ato, foram percebidas
diversas falhas de sincronia nas falas com as cenas, além de
claques e efeitos sonoros inexpressivos. Os dubladores tradicionais
pareciam estar travados, fora de forma, já que não
dublavam os personagens CH há mais de uma década. Pelo
menos os episódios inéditos, nunca vistos antes no SBT,
compensavam. Mesmo assim, a queda das vendas a partir do segundo box
estava desenhada. Até porque esta segunda caixa estava repleta
de episódios já conhecidos pelo público, com poucos
inéditos. Isso sem contar as legendas que não combinavam
com as falas dos personagens (algo que seria corrigido apenas nos
últimos boxes) e o som em espanhol distorcido e em muitos
momentos inaudível. O interesse do grande público
começava a se esfriar.
Seleção
irregular de episódios motivou repetição de "O
Último Exame da Escolinha" em boxes diferentes
(créditos da foto: Fábio Barbano)
Não culpo a
seleção de episódios, até porque esta foi
realizada pela própria Televisa e a Amazonas se prontificou em
realizar a distribuição das versões em
português dos discos vendidos pela América Latina. Bem que
os mexicanos poderiam organizar boxes por temporada, ao invés de
promover toda essa miscelânea que provocou até
repetição de episódios em caixas diferentes como
"O Último Exame da Escolinha" (cortado no box 2 e completo no
quarto). Sobre a
distribuição, foi outro ato falho da
Amazonas Filmes. Era raro você encontrar nas lojas as caixas
à venda. A maior insistência da empresa foi, a partir dos
boxes 3 e 4, pelo comércio por telefone, e contando com a ajuda
do SBT, que passou a anunciar os boxes em seus intervalos. Muito tempo
depois é que os DVD's eram lançados nas lojas
(à exceção do oitavo, que sequer deu as caras).
Ora, muitos não têm o costume de adquirir produtos por
telefone. Eu, pelo menos, acho muito mais confortável nós
comprarmos e levarmos na hora. Resultado: quanto mais boxes
eram lançados, mais prejuízos e déficit nos bolsos
da Amazonas.
Outra coisa incrível:
alguns discos têm problemas de reprodução. No
quarto e quinto DVD de Chespirito, os episódios ficam
travando, com a imagem parando, além daqueles mosaicos
desagradáveis (aqueles quadrados pequenos) despontando na tela.
É praticamente impossível assistir ao extra "O Guerra da
Secessão" (DVD nº 5 Chespirito), além de serem
constantes algumas pequenas travadas já no último
episódio do disco, "Trair e Mentir, é só Reagir".
Pior é que o meu caso não foi isolado, pois outros
chavesmaníacos também se queixaram de que seus DVD's
tinham problemas
semelhantes. Esses e outros percalços infelizmente fizeram com
que as divertidas e bem-boladas adaptações realizadas
pelo Fã-Clube Chespirito-Brasil em alguns scripts passassem
despercebidas.
Dublagem de Tatá para Chaves nos DVD's não agradou
Por mais que Tatá Guarnieri realizasse um bom trabalho na dublagem dos personagens Chompiras e Chaparrón e tivesse um desempenho razoável como Chapolin, sua péssima atuação ao emprestar a voz para Chaves, o personagem principal da empreitada, seduzia cada vez menos o consumidor. Tatá, com um trabalho muito irregular no órfão nos estúdios Gábia e não obtendo evolução a cada box lançado, só viria a acertar a voz do Chavinho na Herbert Richers, na dublagem do personagem para o desenho animado. O mesmo vale para o experiente Carlos Seidl, cuja atuação nos boxes, na minha opinião, deixa a desejar. Fora de forma, Seidl não interpretava muito bem as falas do Madruguinha nos DVD's, ao contrário dos tempos áureos na Maga. Como Tatá, o dublador do Seu Madruga reencontraria sua melhor fase na dublagem da animação. "Que desgrama...". Ainda sobre Tatá, eu o absolvo de qualquer culpa, pois todos nós sabemos que é francamente impossível substituir o inigualável Marcelo Gastaldi à altura.
Um tiro pela culatra: box do Kiko também encalhou
Com a queda vertiginosa nas vendas, a partir do fim de 2007 os DVD's começaram a aparecer de forma avulsa nas lojas... em balaios. O primeiro preço cobrado era de R$ 12,99. Hoje, esse valor varia, mas raramente passa disso. Há quem tenha comprado até por módicos R$ 4,95. Como o primeiro preço sugerido foi de R$ 109,90, a intenção era que cada disco custasse R$ 36,63. Prejuízo óbvio! Até porque a Amazonas Filmes resolveu apostar também na produção dos boxes do programa "Ah, que Kiko!", e realizando dublagem própria. Como o esperado, apenas a presença do filho da Dona Florinda e de Seu Madruga em poucos episódios de uma série fraca não conquistou o consumidor, e as vendas também foram pífias. E nunca vi o produto à venda em box nas lojas, provando de vez a precária distribuição da Amazonas Filmes. Assim, os discos do Kiko também passaram a figurar nos balaios das lojas com preço promocional. Mais déficit à vista! Isso sem contar a pirataria...
Os quadros do Programa Chespirito não entusiasmaram o público
A inclusão insistente dos
DVD's do Programa Chespirito nos boxes também pode ter
representado um problema. Como essas séries, infelizmente,
não são populares no Brasil, o consumidor não quis
desembolsar tanta grana num box completo, sabendo que só
aproveitaria os discos de Chaves e Chapolin. Assim, o preço
total das caixas despencou a partir dos últimos lançados,
sendo cobrado algo em torno de R$ 60. A péssima
distribuição já citada se resumia ao
comércio dos boxes em empresas desconhecidas como WKPG,
além da compra direta com a Amazonas Filmes. Sites consagrados
de vendas como Americanas e Submarino não possuem em estoque as
caixas mais recentes.
Assim, lamentavelmente, o projeto
da Amazonas Filmes deve se encerrar de forma melancólica.
Segundo relatou Valette Negro em sua última coluna,
a
tendência é que o box 9 não seja lançado,
assim como a décima caixa. O mesmo deverá ocorrer com o
segundo box do Kiko. Não há como negar que a
intenção da empresa foi boa. Faltou, portanto, um
melhor planejamento e mais organização. O trabalho
acabou sendo de principiante, feito nas coxas, de qualquer jeito...
Graças a Deus que a Amazonas tinha Paulo Duarte e suas boas
idéias, senão tudo poderia ser ainda pior... Por que
não
optaram por um estúdio de dublagem mais qualificado? O Uniarthe,
responsável pelos trabalhos em "Ah, que Kiko!", realizou um
trabalho mais aceitável. Afinal, o Gábia mostrou-se uma
negação. Como seria se a Imagem Filmes continuasse com o
projeto? Quem sabe esta poderia indicar um estúdio melhor,
apenas para os episódios inéditos, mantendo a dublagem
original aos capítulos conhecidos.
Tendência é que os brasileiros percam a chance de ver o primeiro episódio da escolinha dublado
(créditos da foto: Eduardo Rodrigues)
É uma lástima
que poderemos não assistir a episódios
inéditos como "Aula com Cândida, Malicha e Elizabeth",
"Dona Florinda Doente", além de perdidos como a primeira
versão de "O Despejo do Seu Madruga", que iriam aparecer nos
dois últimos boxes. Pelo menos deu pra lançar a oitava
caixa, com os lindos desenhos de Maurício Melo ilustrando as
capas e a inclusão do tão esperado DVD nº 8 do
Chaves, com pérolas como "A Venda da Vila parte 2", "Festival da
Boa Vizinhança parte 4" e "A Explosão do Nhonho".
Pra finalizar, algo que sintetiza
o sentimento dos chavesmaníacos de que a Amazonas ficou
devendo é uma frase que Bruno Sampaio - fundador do extinto site
Mundo Chespirito (hoje Clube do Chaves) e autor
do célebre e-mail à empresa sugerindo a
produção dos DVD's brasileiros do Chaves - postou
recentemente no FUCH: "Me arrependi de ter mandado a mensagem para a
Amazonas Filmes".
MESTRE MACIANDO NA
SAPUCAÍ
As
últimas do meio CH
Nesse sábado, dia 13 de dezembro, acontecerá o evento "Vamos ao Chilango com o Polegar Vermelho", promovido
pelo Fã-Clube Chespirito-Brasil. Marcarão presença
os dubladores Carlos Seidl (Seu Madruga), Cecília Lemes
(Chiquinha), Gustavo Berriel (Nhonho no desenho) e... Silton Cardoso. O
dono da eterna voz do Godinez enfim foi localizado, depois de anos de
procura. Silton, que voltou ao ofício de dublador na novela
"Sonhos e Caramelos" - exibida pela CNT -, deverá ser, de agora
em diante, mais requisitado para eventos CH e tomará
conhecimento do quanto é tão querido por nós.
Entre outras atividades, ocorrerão os concursos de
bilboquê e de equilíbrio de vassoura, além do bingo
da Dona Neves e comércio de produtos como o legendário
Óculos do Chaves. Quem comparecer também poderá
assistir a episódios variados das séries e saborear
comida mexicana. O evento começará ao meio-dia no
estabelecimento "Chilango", na rua da Consolação, 2731
(esquina com a alameda Jaú), no bairro Jardins em São
Paulo-SP, próximo ao Metrô Consolação. Mais
informações você encontra em http://www.sitedochaves.com/chilango.htm. Compareça! A entrada é franca!
Recentemente, Florinda Meza realizou uma bem sucedida cirurgia plástica no rosto, procurando se sentir melhor consigo mesma, segundo suas próprias palavras. "Com o bisturi, retiraram peles pequenas em volta dos meus olhos e nas bochechas",
disse a intérprete da Dona Florinda. Já seu marido
Roberto Gómez Bolaños, que a princípio não
era favorável à operação da
esposa, sofreu um desmaio no início de dezembro, depois de
mais uma apresentação da peça "11 y 12" em Cuidad
Obregón, no México. Com baixa pressão arterial,
foi socorrido pela Cruz Vermelha. Como já diria Chavinho: "todos
podem precisar dela um dia". Recuperado, Chespirito mais uma vez
afirmou que poderá desembarcar em terras tupiniquins para dar
prosseguimento à turnê de "11 y 12" (cujo elenco -,
incluindo na imagem Rubén Aguirre, que acabou ficando de fora da
peça -, está na foto à direita). "Iremos
à Argentina, ao Chile, AO BRASIL, à Colômbia, e se
Deus quiser, concluiremos os trabalhos na Cidade do México". Estaremos ansiosamente no aguardo!
Mal "Chaves" deixara a programação vespertina do SBT e
a série já retornou de novo ao horário das
18h15min, depois de apenas um dia de ausência. Como se adiantasse
o estendimento do "Olha Você", um programa já fadado ao
fracasso. Lá vai o eterno talismã do titio da caixinha
(obrigado!) ter que salvar a lavoura. E Chapolin, como já vem se
mantendo há quase seis meses na programação
diária, bem que merecia uma chance em rede nacional, né?
Falando
em Chapolin, creio que, infelizmente, episódios clássicos como "A Troca
de Cérebros com Ramón Valdez", "Papaizinho", "O Verniz Invisibilizador",
"Dr. Chapatin no Casamento" (E), "O Pistoleiro da Marreta Biônica", "Para
Fugir da Prisão versão 1" e outros tenham se tornado perdidos. Estes capítulos
não dão as caras no SBT desde 2003, e como a emissora já está próxima
de concluir as segundas exibições de todos os episódios desde junho de
2008, a tendência é que esses clássicos tenham sido simplesmente
jogados para escanteio depois da remasterização. Vai entender o SBT...
E o Turma CH está disponibilizando em primeira mão os novos episódios do desenho animado que estão estreando no SBT. Esta conclusão da segunda temporada está sendo marcada por enredos novinhos em folha, nunca utilizados na fase clássica das séries CH. Quem perdeu, pode baixar episódios como "Um Bebê na Vila" (D) clicando aqui.
Mestre Maciel
marcofelgueiras@brturbo.com.br
Arquivo:Título | - | |
.:Salve a Dublagem de 1984! | Coluna 78 | |
.:Cinco Anos Depois - A Era Pós-Remasterização | Coluna 77 |