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Sinopse Acadêmicos do Setor 1 2011

...Por Mãos Negras


A Acadêmicos do Setor 1 lança a sinopse oficial para compositores do Carnaval Virtual 2011: "...Por Mãos Negras". Com isso, fica estabelecido o início do período de inscrição dos sambas para o concurso que escolherá o hino oficial da agremiação para o próximo desfile. As Regras para entrega são simples: basta enviar seu samba - que pode ser sem bateria - para o e-mail academicosdosetor1@hotmail.com, preferencialmente com duas passadas, pois todos os concorrentes serão exibidos na Rádio LIESV.

Há o limite de inscrição de dois sambas por pessoa ou parceria. Ou seja, são permitidas as seguintes situações:

- Dois sambas por pessoa
- Dois sambas por parceira
- Um samba pessoal e outro em parceria

Acima deste limite não será permitida a inscrição, sendo os dois primeiros sambas enviados considerados como os válidos. A data final de entrega de letra e áudio está fixada em 31 de Janeiro 2011. Abaixo, segue a sinopse completa:

JUSTIFICATIVA

África...

Dito berço da humanidade, expurgado pela história, pelo tempo e pelos homens que hoje se dizem civilizados e desenvolvidos. É onde a vida ganhou forma, mas também nuances de descaso, fome e exploração.

Qual negra áfrica julgamos conhecer? Aquela prostrada diante da cobiça do europeu, que pariu escravos para as Américas, ou aquela retalhada pelo furor da modernidade? De fato, não há como fugir das sangrentas e dolorosas páginas da história, mas, hoje, o nosso carnaval traz rosas límpidas que ornam tribos, verdes de um cenário multifacetado e douradas de uma realeza que outrora conhecia o sentido da majestade.

Uma áfrica negra, sutil, efervescente de cultura; que cria e produz arte: isso mesmo, arte... Uma palavra tão simples, tão significativa, mas que parece exclusividade daqueles que marcaram seu nome na história.

A Acadêmicos do Setor 1 convida todos a mergulhar nessa história a qual não é dada a devida atenção. É um tributo aos açoitados pelo destino, uma ode à negritude!

Salve a Arte Negra!

SINOPSE

Brilha a coroa da Academia Verde e Rosa! Que trás a pujança da realeza africana. Das mãos de ouvires artesões, a suntuosidade de reinos que ostentavam poder. Seja nas tortuosas e expressionistas esculturas de Ifé, seja nos trabalhos decorativos de bronze de Igbo-Ukwu, a arte cintila num continente rico, talhado em marfim, ouro e bronze.

As mãos negras esculpem o mundo em sua volta: marcas de luta, lanças, espadas e escudos. É a arte contando a sua história. Nas esculturas, o passado se faz presente e o presente fica tão pequeno...

O negro não se prende às correntes formais para criar. Há sensibilidade! Mostra a figura humana em sua essência, seus valores, sua própria alma. As máscaras guardam toda expressividade do homem, pois este tem face e por ela podem ser vistos seus sentimentos. Tingem o corpo com cores fortes, contrastando com a palidez do lugar. As marcas da face ganham mais vida; as expressões, mais sentido. A abstração nas telas e a força dos retratos são marcas de olhos artísticos que não enxergam limites. É autêntica porque guarda a memória da ancestralidade e exalta as suas tradições.

Entre cantos e danças a alma é inebriada pela ritualística tribal de louvação ao divino. É uma ópera da vida. Vida esta que não fora esquecida. Rufam os tambores em louvor aos Deuses, à Terra , à vida! É a manifestação mais singela e real da arte da contemplação. O corpo entra em transe, em comunicação com as divindades. Os pés, nus, em contato com a terra, absorvendo as forças do chão, os movimentos sinuosos que paralisam olhares. E o batuque constante que exalta a sua história, suas entidades, suas origens.

O negro vê na arte um caminho para expressar a sua voz, suas inquietudes. Enquanto em meados do século XX o mundo respirava o Modernismo, a negra África tentava se despir do arcabouço colonialista: era preciso valorizar a sua identidade. Escolas de artes são erguidas, um movimento de reafirmação da negritude e de seus valores culturais.

Salve Ernest Mancomba! Salve Gerard Sekoto!

Exemplos de artistas negros africanos que lutaram por seus ideais, contra a estrutura de dominação. Relegados e oprimidos pelo apartheid sul-africano, eram a contradição de um movimento de cunho artístico que se dizia pregador da liberdade de expressão. Refugiaram-se num país branco porque sua pátria negra, enraizada na segregação, não os davam o devido valor. Mesmo sem ter retornado à África, pintaram sua terra, lembrança das suas raízes, suas tradições. Mostraram para o mundo o que a própria história tentava apagar. Ela, tímida manifestação, segue lutando por seu espaço. O Ocidente tem a ignorado e segue a ignorar as reais e enormes contribuições da África Negra para a civilização humana.

Moderna, contemporânea... efervescência do século novo, que ganha as amostras culturais pelo mundo, se rende à ousadia que movimenta o gênero artístico africano atual. Traços fortes e abstratos não se sobrepõem às tradicionais manifestações. É uma lição à humanidade. A arte não deve sobrepor a arte, nem o presente ao passado!

É a diáspora artística negra... É ela, genuína, retalhada pelas contradições humanas: não ficara presa aos limites continentais africanos. Do tango ao reggae, o legado africano se faz presente. Das expressões insinuantes e próprias à inspiração de Pablo Picasso para arte cubista. No Brasil o Semba se fez Samba. Entre lundus, afoxés e caxambus, a negritude supera as dores da exploração fincando suas raízes culturais.

É a arte que supera as ambições humanas; que não vê fronteiras nem limitações de um mundo de contornos turvos; que ganha formas e tons de vida. São palhas que viram arte; pedras que viram jóias; tintas que viram faces. Culturas forjadas e traçadas...

... por mãos negras.

Comissão de Carnaval