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Sambe Agora ou Cale-se para Sempre - Psiu, Brasil!
ENREDO 2014

Sambe Agora ou Cale-se para Sempre - Psiu, Brasil! 

SINOPSE DO ENREDO

O enredo "Sambe Agora ou Cale-se Para Sempre - Psiu, Brasil" vem para a avenida homenagear um dos mais contraditórios e questionadores momentos da alegria do Carnaval: o silêncio.

Ei, você! Silêncio aí, pois vamos lhe contar algumas histórias.

 

Sabia que desde o surgimento do universo, na calma absoluta do espaço sideral com o repentino Big Bang e a formação das partículas, o silêncio está presente na vida da sociedade? Pois é... nos tempos de caverna, o Homo Erectus já parava para observar quieto a vida, o crescimento do plantio, o sossego da natureza, as primeiras manifestações de comunicação nas paredes sem dizer absolutamente nada, e pasmem, a falta de som do crescimento de seus longos cabelos.

E assim, os momentos quietos passam a fazer parte do dia-a-dia. Aliás, dizem na boca-pequena que Adão e Eva também eram bem caladões.

No início da odisseia terrestre, após ninguém ouvir, o espermatozoide fecunda o óvulo e gera vida. E desta vida, o bebê vive silenciosamente no ventre da mãe, que dá a luz na calma de um hospital! PSIU, diz a enfermeira em várias placas coladas pelo hospital, com seus intrigantes estetoscópios.

Bebê, este, que quando chega em casa, dorme como um anjinho quieto do Reino dos Céus e os pais, mimando-o, dizem: Psiu, o bebê está dormindo. Cresce, se desenvolve, aprende, e alguns anos depois, espera silenciosamente a chegada do Bom Velhinho na noite de Natal...dizem que ele chega bem quietinho pela chaminé... Psiu! Não vá acordar as crianças!

O fim da odisseia na Terra também é marcado por momentos silenciosos. O luto, a tristeza, a oração, a meditação transformam em sublime a hora do adeus. Assim também como as missas, cultos, manifestações religiosas, o muro das lamentações e o Dalai Lama, que passa a ser um mundo de concentração total em quietude absoluta.

No Mundo da Natureza, o silencioso céu é o limite? Ou, quem sabe, o mar? Talvez o ar? Conquistar os limites da natureza e entender os animais fez com que o homem se silenciasse por completo. Tentar ouvir o inaudível ruído da vida. A caça. O duelo predatório. Quem emitir som, é a caça. Quem se cala, é o caçador.  Ou seria a própria Natureza, sem poder dizer nada, a grande caça do Ser Humano, no desmatamento?  No grande baile natural, o ser humano se torna quieto e pensativo pra tentar entender estas questões. O nascer do Sol e o apogeu da Lua. Afinal, qual é o som que move o universo, o tempo e o vento? O dia, a tarde e a noite. As flores e as frutas. E então, qual seria o som do limite? Poder descobri-los, e no futuro, com o avanço e a modernidade voltar a estes limites para estudá-los. Foi preciso calar-se para entender tudo isso.

Na Tecnologia, o homem descobre, no fundo do mar a linguagem dos golfinhos e o código MORSE. E, nas silencioso Espaço Sideral, retorna ao céu e chega a enigmática Lua.  Num toque de um botão, a dúvida: quem é mais rápido? A velocidade da luz ou do som? Elas passam e você nem vê.

No bolso, ele vibra. Não é preciso tocar nem cantar. Shhhhhh! Seja trabalho ou lazer, há momentos que é preciso se calar.

Na tela do computador ou do mobile, um :)

Não fala nada. Apenas sorri, dizendo tudo.

Nas ruas, um outdoor vermelho, uma garrafa e uma onda branca. É a propaganda, que não precisa dizer uma palavra sequer pra você pra significar muita coisa.  A comunicação atual e a modernidade invade as nossas vidas feito um luar entre as montanhas. Imita a vida. Ganha o seu cotidiano sem alarde.

Paralelo as décadas do crescimento da tecnologia, também havia a repressão e a Ditadura Militar. Não falo, não ouço nem vi. Fique quieto, sem chiar. Nada de flores ou festivais até um certo Vandré quebrar o cala-boca dos Milicos. Outros silenciados caminharam contra o vento, sem lenço, sem documento e sem poder dar um piu por causa do Governo Militar. Governo Militar que também nos implantou o MOBRAL, que por sua vez, tinha como objetivo findar o silêncio intelectual dos analfabetos.

Analfabetos, que, ao quebrarem o tal silêncio intelectual, descobrem o universo do conhecimento. O acesso as estantes e bibliotecas, até então, cerceados, enfim é permitido com o término da Ditadura Militar e o adeus para a Censura.

Quanto conhecimento nos livros, exposições e arte! O cinema, que começava mudo, com Chaplin. Os pensadores gregos, que apenas em poses, nos faziam refletir milhões de palavras.

"Só sei que nada sei?" - Questionavam.

E os até então, analfabetos culturais, diante tantas bibliotecas silenciosas, agora sabem mais que o nada dos pensadores.

Nos palcos, a ópera, de Rossini e Puccini também nos deixa calado. Shhhhh! Não desrespeite o Maestro.

Porém, para encontrar o saber, foi preciso mergulhar na arte. O que tanto dizia "O Grito" silencioso de Edward Munch no Expressionismo? E a Mona Lisa, enigmática sem usar uma palavra sequer. Apenas olhe. Não diga nada.

No Oriente, a quietude é parte do Teatro de Sombras e da arte Kabuki, que nos cala.

Desta vez, não por obrigação, mas por admiração. É o ato final do silêncio admirado diante de um palco ou uma luz.

E quando adentrar numa biblioteca, não se esqueça de ficar quietinho.

Na Cultura Pop, o silêncio se fez presente. Quem não se lembra de Gigghia, camisa 7 uruguaio, que silenciou o Maracanã na Copa de 1950? Assim como fez o Papa e Frank Sinatra, deixando o maior do mundo emudecido por admiração, rejeição ou simplesmente por estar incrédulo com algo. Parecia que o Maracanã estava adivinhando. Décadas depois de Gigghia, Sinatra e o Papa, o Maraca voltou a sentir um calafrio silencioso pela Modernização do Futebol. Sem bagunça, senhores! Comportem-se sem barulho. Shhhh!!

E, falando em ensino, quantas vezes na escola, não fomos obrigados a calar diante de uma prova, exercício ou explicação? Para soltar o grito de "Bixo", é preciso, muitas vezes, calar.

Enquanto isso, a TV nos ensina a se comunicar com surdos-mudos, na novela "Sol de Verão", com o personagem Abel, de Tony Ramos. Nascia ali o alfabeto para deficientes auditivos, distribuído muitas vezes nas escolas. Surdos-mudos, que, por sua vez, jamais se calaram, mesmo sem usar a voz.

No mundo da música, a Bossa Nova nascia de um banquinho, um violão e um lugar bem quieto. João Gilberto que o diga.  A propósito, a própria Bossa Nova, conforme diria Tom Jobim, era o "silêncio entre uma nota e outra". No mundo do pop, Arnaldo Antunes, os Paralamas e os Titãs também conseguiram a façanha de "cantar" o dito cujo de diversas formas.

Só que chegou a hora de quebrar tudo isso. Chega!

Nos dez anos de Imperatriz Paulista, estourem os balões, decorem em preto e branco, rufem os tambores, toquem os pratos, soltem os bichos, alimentem os macacos, preparem as baterias, reencontrem a nossa história.

Nossa alma é a única que não se cala neste carnaval! O grito de Campeã, ecoado por três vezes na João Jorge Trinta, e, por maldade do destino, calado nos últimos Carnavais, está pronto para novamente ser merecidamente ouvido. Relembre os Carnavais, se prepare para o novo.

Nosso amanhã começa hoje. Fazendo muito barulho depois de trabalhar calado no Pré-Carnaval.

Só depende de você. Grite. Vibre. Cante. Extravase sua emoção nos nossos 10 anos.

Sambe agora, ou cale-se para sempre.

Este é o ideal da Imperatriz Paulista nesta avenida, que veio em cores mostrar como é possível ficar calado e entender tudo isso diante da maior festa do planeta.

 

P.S. Esta sinopse foi escrita em silêncio.

 

Luís Butti

Pres. do G.R.E.S.V. Imperatriz Paulista

Enredista do G.R.E.S.V. Imperatriz Paulista