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Sinopse IP 2009

SINOPSE ENREDO 2009

De Como o Aprendiz de Feiticeiro se Encantou com a Magia da Música Brasileira

Autor
João Marcos

Justificativa

Leopold Stokowski foi um dos mais importantes regentes do século passado. Com sua missão de popularizar a música clássica, levou grandes obras a todos os cantos e revelou autores contemporâneos de talento, seja através de excursões de sua orquestra, seja gravando discos, seja através de incursões por outras mídias, como o cinema, p.ex. Além de participar de filmes, foi quem fez a gravação da trilha sonora de “Fantasia”, o revolucionário filme de Walt Disney que aliava desenho animado e música clássica. Quando Mickey, com sua varinha, regia as ondas do mar, na verdade, o “aprendiz de feiticeiro” era Stokowski.

Em plena Segunda Guerra Mundial, Stokowski, por força da Política da Boa Vizinhança, implantada pelos EUA visando aproximar os países da América Latina à cultura e ideologia estadunidense com o objetivo de que eles passassem a defender os interesses dos Aliados, excursionou pelo continente americano. O Navio Uruguai levou sua orquestra por vários países, inclusive o Brasil. Aqui, Stokowski encontrou-se com o amigo Villa Lobos, um dos compositores a que ajudou a popularizar internacionalmente. Stokowski pediu a Villa Lobos que selecionasse a nata da música popular brasileira para fazer a gravação de um disco durante um show a bordo do Navio Uruguai.

Villa Lobos foi um dos grandes pesquisadores da música brasileira. Na criação de sua obra, mergulhou a fundo na cultura do nosso país - estudou seu povo, sua geografia, sua fauna e flora. Foi autor de obras como o “Descobrimento do Brasil”, “Floresta Amazônica”, “Mandu-Çarará”, “Uirapuru” e as “Bachianas Brasileiras”, cujo movimento mais conhecido é o celebradíssimo “Trenzinho do Caipira”.

E Villa Lobos convocou um time de craques para a gravação, artistas que representavam praticamente todo o tipo de música brasileira. A cultura do indígena e do negro foi representada em seu estado mais puro - cânticos tupi e paresi, e a cultura negra, bem como a louvação aos orixás tiveram espaço no disco. Além deles, o frevo, o maracatu, o ijexá, samba e o choro foram representados. A gravação contou com Donga, Pixinguinha, Cartola e Zé Espinguela, dentre outros.

“[...] O salão de música do Uruguai em toda sua existência talvez não tenha abrigado tantas celebridades como o fez ontem à noite.

Às 22 horas, começou a concentração dos conjuntos, escolas de samba, orquestra, gente que ia cantar e gente que ia ouvir. Nesse último grupo, o próprio comandante do navio, que logo tomou lugar em uma cômoda poltrona, de onde acompanhou todo o desfile.

[...], toda essa gente fala, comenta, discute, até que tem início a trabalho das gravações. À medida que os ponteiros dos relógios correm, os passageiros do Uruguai voltam dos seus passeios pela cidade e vão tomando lugar no vasto salão. E os grupos se sucedem diante do microfone na tarefa das gravações.

[...] Os fotógrafos se movimentam, na ânsia de colher os melhores flagrantes, mas o famoso ‘régisseur’ de Filadélfia foge discretamente das objetivas. [...] Pixinguinha [...] absorve a atenção geral com seu famoso “Urubu Malandro”.

E, assim, de número em número, passa a noite e já é a madrugada que surge. O salão de música do Uruguai ainda cheio. Agora, a maior parte da platéia é constituída dos elementos da All American Youth Orchestra, que, curiosos, procuram conhecer os instrumentos típicos. Pela manhã, o homem do controle podia contar mais de uma centena de gravações. Aquilo é o trabalho de uma noite e é, também, a música brasileira na sua expressão mais típica, que vai para os outros países do Continente servir à política pan-americana de aproximação dos povos deste hemisfério.” (MOURA, Roberto - Todo Tempo que Eu Viver, Rio de Janeiro, Corisco Edições, 1988)

Das sessões no Navio Uruguai, saiu um disco, criminosamente relegado a alguns poucos colecionadores, chamado “Native Brazilian Music”, uma verdadeira festa da música brasileira, cuja magia encantou o maestro estrangeiro, que se tornou aprendiz de feiticeiro frente aos nossos mestres.

Setorização

O desfile divide-se em sete setores. No primeiro, fala-se da música como algo divino, angelical; destaca-se, também, os elementos da ópera, como a iluminação, as cantoras líricas e os compositores, decretando que “A Ópera vai começar”, com Stokowski e sua orquestra. No segundo, algumas das óperas regidas pelo maestro: Os Planetas, Pinturas em Exibição, Scheherazade, Turandot, Hamlet e Danse Macabre.

No terceiro setor, vemos a face revolucionária do mastro, tentando levar a música clássica ao povo; ressaltam-se os concertos para a juventude e sua participação no cinema, em especial, trabalhando na trilha sonora de “Fantasia”, filme de Walt Disney, que unia desenho animado e música clássica. Neste setor, uma especial menção ao segmento “Aprendiz de Feiticeiro”, quando Mickey Mouse rege, com sua varinha mágica, o balé das ondas, tal como Stokowski regia sua orquestra.

No quarto setor, fala-se sobre a política de boa vizinhança, que os EUA estabeleceram para fortalecer seus laços culturais e ideológicos com os demais países da América, durante a Segunda Guerra Mundial. Por causa desta política, Stokowski veio ao Brasil, onde, ao encontrar Villa Lobos, resolver convocar o compositor a selecionar os músicos mais representativos da música popular brasileira para a gravação de um disco.

O setor cinco fala, especificamente, de Villa Lobos, mostrando a preocupação do compositor de retratar um Brasil verdadeiro em sua obra, exaltando sua história, seu povo, sua cultura e sua geografia.

Os setores sexto e sétimo enumeram os estilos e músicas gravadas no disco produzido por Stokowski. No sexto, as canções indígenas e as ligadas à cultura africana. O sétimo setor está calcado na música mais miscigenada - o maracatu, o frevo, o ijexá (que embala os blocos de afoxé), o samba e o choro, terminando o desfile com uma grande festa da música popular brasileira.

Observação aos Compositores

Para a elaboração do samba, a direção da escola dá ampla liberdade aos compositores, que poderão se basear no que foi exposto na justificativa e na setorização, ou na sinopse abaixo. A sinopse dos compositores tem o objetivo de ajudar os compositores que necessitarem de um direcionamento poético, mas não é o único caminho para a elaboração do samba. O importante é a criatividade e, acima de tudo, fazer uma obra que cause emoção. Esta emoção pode estar na melodia, pode estar na letra, mas tem de existir. Todos os sambas da Imperatriz Paulista causam alguma emoção, seja de amor ou de ódio, e, temos certeza de que, neste ano, não será diferente.

Pedimos, também, que seja evitada a rima Imperatriz/feliz, a utilização da palavra "virtual" e qualquer menção ao "vai pelo mar", do samba de 2007.

Sinopse dos Compositores

Sintam as notas musicais. E é para sentir, pois elas inebriam os sentidos e nos levam a um êxtase tamanho que ficamos mais perto do Criador. A Ópera vai começar. A melodia que sai dos instrumentos da orquestra nos remete a outros tempos, de aventuras, de príncipes e princesas, e, também, de medo e morte. Numa cena de magia, a Paulista vai, com o maestro, reger as ondas do mar.

Lá vem o Navio a marejar o meu olhar. Se, pelo Brasil, o sonho navegar... a arte, vai encontrar!

E o maestro encontra a arte, estampada nas cores verde e amarela, na brasilidade que brota da nossa fauna e flora, do cantar do Uirapuru, do apito do Trem. Com Villa Lobos, convoca a nossa gente - índios, negros, brancos, mestiços. É frevo, é maracatu, é choro, é samba. Perto dos nossos gênios, o maestro, enfeitiçado, é apenas aprendiz.

E, assim, a mágica das nossas canções estará, para sempre, eternizada.

Venham para a festa da música brasileira! Encantem-se com a Imperatriz!

Bibliografia

. ALVES DE ARAUJO, Salatiel - Pantanal - Povos Indígenas, 1996, in: Pantanal - Descobrindo a Natureza, acessado no endereço, http://www.geocities.com/rainforest/1820/indios.htm, em 06.12.2008.

. CORTI, Ana Paula - Segunda Guerra Mundial. Conflito matou milhões de pessoas in: UOL Educação, acessado no endereço, http://educacao.uol.com.br/historia/ult1704u63.jhtm, em 02.12.2008.

. KLÖCKNER, Luciano - O Repórter Esso e a Globalização: a produção de sentido no primeiro noticiário radiofônico mundial - XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação - Campo Grande /MS - setembro 2001

. LAGE, Renato - Villa Lobos e a Apoteose Brasileira, sinopse do enredo apresentado pela G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel, em 1999 in: Academia do Samba, acessado no endereço, http://www.academiadosamba.com.br/passarela/mocidade/index.htm, em 06.12.2008.

. MOURA, Roberto - Todo Tempo que Eu Viver, Rio de Janeiro, Corisco Edições, 1988

. PERCÍLIA, Eliene - Quem foi Tio Sam? in: Brasil Escola, acessado no endereço http://www.brasilescola.com/geografia/tio-sam.htm, em 06.12.2008

. PRANDI, Reginaldo - Mitologia dos Orixás, 2001

. SALVADORE, F. - Turandot - O Olhar E A Voz, endereço www.gehspace.com/arte31a35.htm, acessado em 02.12.2008.

. SEVERIANO, Jairo e HOMEM DE MELLO, Zuza,  A Canção no Tempo, in: História do Samba - Ed. Globo.

. THOMPSON, Daniella - Caçando Stokowski, in: Música Brasiliensis, acessado no endereço http://daniellathompson.com/Texts/Stokowski/Cacando_Stokowski.htm, em 02.12.2008.

. Wikipedia, a Enciclopédia Livre, endereço http://pt.wikipedia.org, acessado em 02.12.2008.