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Quem Foi de Aço nos Anos de Chumbo

SINOPSE ENREDO 2019

Quem Foi de Aço nos Anos de Chumbo


Espero que não voltemos àqueles dias.

Dias em que não havia a convicção se possuíamos o direito de ir e vir.

Aliás, tínhamos alguma convicção?

Só um grito preso na garganta: o de liberdade.

E correntes e grilhões de sobra.

Forças ocultas abalavam a democracia combalida.

Que não resistira àquele 31 de março.

Que era pra ser mais uma data daquele distante 1964.

Mas se tornou marcante pela proliferação de armas e tanques.

Que intimidou o povo estupefato.

Estava deflagrado o golpe, iniciando o regime que perduraria 21 anos.

E quem não gostou, que pegasse o primeiro avião.

De algum lugar do mundo, uma lágrima brasileira de saudade escorria.

A arte e o talento eram respostas à truculência.

Melodias e letras inesquecíveis ecoavam nos festivais.

A resistência começava a se formar.

Como retaliação, a assinatura do famigerado ato.

Tantas vidas perdidas, vozes caladas…

Gritos e sangue nos porões.

E tem quem exalte tamanha barbárie…

90 milhões em ação ludibriados.

Pra frente, Brasil?

O forçado ufanismo bradava: ame-o ou deixe-o!

O último a sair apague a luz! Gip gip, nheco nheco.

Todo o tipo de liberdade era sufocado.

Através do crivo de asnos travestidos de censores.

Que tinham o poder do veto mesmo sem possuir cultura alguma.

Aí você ligava a televisão e abria o jornal.

Tudo lindo e maravilhoso.

Falsos milagres nos eram empurrados.

“A grande estrada que passa reinante…”.

 “Leva o progresso ao irmão distante…”.

“A esperança de um novo horizonte”.

“Traduzem festa, integração e amores”.

Afinal, de que país estavam falando?

De um imaginário que celebrava “o grande decênio”, o PIS-PASEP e o FUNRURAL?

Ou daquele oprimido, silenciado e ferido?

Mas o sol haveria de nascer novamente.

Lenta e gradualmente, a esperança equilibrista desponta.

“Vai buscar quem mora longe… sonho meu”

O rabo de foguete nos devolvia o irmão do Henfil e tantos outros.

O choro das Marias e Clarices agora era de alegria.

“Pode ir preparando aquele feijão preto, eu tô voltando”.

Gente humilde se encorajou e correu atrás de seus direitos.

Greves e paralisações expunham a fragilidade do regime.

Chega de tantos generais no poder.

Diretas já! O povo queria votar pra presidente.

Num primeiro momento, o Congresso ainda fez nos sentirmos “inúteis”.

Mas, indiretamente, um civil foi conduzido ao poder.

Pro dia nascer feliz.

Assim como a imagem do Cruzeiro, resplandece a Nova República.

Uma nova Constituição seria promulgada.

A democracia voltaria a pulsar.

Que sua chama permaneça acesa por toda a eternidade.

E nossa tradicional escola celebra quem foi de aço nos anos de chumbo.

Ela está de volta!

Hoje nós somos Camarões.

É da tua inspiração.

Que eu quero ser campeão.

Texto e enredo: Marco Maciel