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Coluna Quesito Bateria

ANÁLISE DAS BATERIAS EM 2008
por Bruno Guedes

Terminado o carnaval, tornou-se comum os dirigentes analisarem os resultados alcançados pelos seus setores, como carnavalesco, harmonia, cantores, bateria e os demais. Com esse pensamento e de propósito igual, também fui analisar os corações das escolas de samba: As Baterias.

O carnaval carioca chegou num grau de equilíbrio e qualidade tão grande, que detalhes separam as agremiações. Nas baterias não poderia ser diferente. Há uma qualidade poucas vezes vista, com diversas baterias sendo apontadas como a melhor de 2008. Não entrarei no mérito de qual foi melhor ou pior, apenas irei construir uma idéia do que foi no carnaval passado. Poucas foram as mudanças para o carnaval 2009, o que prova a aprovação da maioria dos Mestres pelos seus Presidentes.

Eis um pouco do que eu observei, do Setor 11 e da própria pista de desfile:

São Clemente: Abrir o carnaval já é complicado, para uma bateria é pior ainda, pois pega uma arquibancada “fria” e com os componentes muitas vezes “desligados” e tem que reverter o quadro. Mas a bateria da escola de Botafogo se saiu muito bem. Diferente de anos anteriores em que esteve no Grupo Especial, veio fazendo paradinhas e bossas ao longo da avenida inteira. Começou acelerada, mas depois achou um andamento adequado e o manteve até o final. Desfilou correta. Conseguiu apenas uma nota máxima.

Porto da Pedra: Segundo e último ano do Mestre Louro a frente dos ritmistas de São Gonçalo, a escola levou para a avenida três bossas de efeito e com coreografia. Num andamento menos acelerado que anos anteriores, a bateria o manteve até a entrada no segundo recuo, quando teve que fazer uma pequena aceleração para não comprometer a harmonia da escola que se via atrasada. Destaque para as afinações dos surdos e o trabalho nos surdos de terceira. Infelizmente não alcançou nenhuma nota máxima.

Salgueiro: A bateria Estandarte de Ouro de 2008 deu um show. Com um andamento bastante acelerado, que foi mantido até o fim, a escola levou seis paradinhas para a Sapucaí. Todas executadas com maestria. Uma fantasia que ajudava muito os ritmistas e os deixavam soltos e descontraídos, a bateria fez uma apresentação quase perfeita. Destaque para os chocalhos e para a forte afinação dos surdos. Conseguiu todas as notas máximas.

Portela: Incrível a evolução da bateria da escola de Oswaldo Cruz desde que o jovem Mestre Nilo Sérgio assumiu. Relembrando os velhos tempos de Mestre Marçal, a escola veio extremamente cadenciada (no sentido literal da palavra), com as caixas ditando o ritmo. Ritmo aliás, que foi mantido do início ao fim, num andamento próximo ao que considero ideal. Os surdos de terceira, forte marca da escola, vieram dentro das suas características e de forma brilhante. O naipe de tamborim, com um complicado desenho, deu um show na avenida. Injustamente só alcançou duas notas máximas.

Mangueira: Uma das mais tradicionais bateria do carnaval foi para a Sapucaí influenciada pelos problemas na troca de sua direção. Começou num andamento mais “pra trás” que de costume. Apresentou apenas uma convenção rítmica, mantendo a sua forte característica que é de manter o ritmo da escola e somente. Destaque para a volta do grande número de caixas. Também veio correta, o feijão com o arroz que só a Estação Primeira sabe fazer. Atingiu três notas máximas.

Viradouro: A Bateria-Show, no sentido da palavra. O Mestre Ciça que não se limitou apenas em dar uma boa sustentação para escola, inovou na Avenida, trazendo uma paradinha que homenageava os 80 anos da Mangueira e o centenário de Cartola. No refrão principal fazia o “Surdo Um”, bem como a bateria da Estação Primeira. Na bossa que seguia, a bateria interagia com o samba e depois com a platéia, jogando bola para os mesmos, numa alusão ao enredo! É por essas e outras que a bateria da escola de Niterói é para se ver e ouvir! Destaque para as paradinhas e para a boa sustentação de caixa. Merecidamente conseguiu todas as notas máximas.

Mocidade: A mais famosa bateria do carnaval foi para a avenida com um andamento um pouco acelerado. Apresentou quatro bossas e um bom naipe de chocalho. Não esteve tão ousada como em anos anteriores, mas teve o mérito de manter o tão questionado (em anos anteriores) andamento até o fim. Esteve superior ao ano passado. Conseguiu duas notas máximas.

Tijuca: Considerada uma das melhores baterias do carnaval, a Tijuca provou o porquê. Com duas excelentes paradinhas, Mestre Casagrande levou ousadia para a Sapucaí. As caixas de guerra, forte marca da escola, sustentaram o bom andamento do desfile até o fim e novamente a colocou entre as melhores do ano. Esteve muito firme e precisa. Alcançou duas notas máximas.

Imperatriz: Não me recordo de ter visto uma apresentação tão boa da bateria de Ramos. O jovem Mestre Marcone deu uma identidade para a agremiação e principalmente, novo “gás” para a bateria. Marcações precisas, caixas sustentando o bom andamento e um naipe de tamborim bem ensaiado. Executou (e bem) duas paradinhas, uma delas simulando o disparo de canhão das Tropas Napoleônicas. Saí da Sapucaí com dois amigos e disse-lhes ainda na Presidente Vargas que, tinha certeza que seria nota máxima de todos os jurados. E assim foi.

Vila Isabel: Gosto bastante da bateria da Vila. Esse ano achei a bateria num andamento mais lento e bem melhor que em 2007, por exemplo. Foram duas bossas, uma em ritmo africano que teve um belo efeito. Do ponto onde eu estava, Setor 11, achei a bateria correta e até a entrada no recúo, esteve tranqüila. Só achei que ali em frente ao 3ª módulo a bateria fez uma apresentação muito rápida. Destaque para as sempre muito forte marcações da Vila Isabel. Garantiu duas notas máximas para a escola.

Grande Rio: Não tenho o que falar dessa Orquestra de Percussão. Bateria perfeita em todos os sentidos. Instrumentos equilibrados, sem nenhum naipe abafando o outro ou sobressaindo. Ouvem-se todas as peças e ainda proporciona um espetáculo de cadência e andamento. Apresentou duas paradinhas extremamente criativas e arriscadas, que foram executadas com perfeição. Sem dúvidas, uma das melhores baterias da história. Preciso nem completar, merecida as quatro notas máximas.

Beija-Flor: Uma bateria correta. Não vai para Sapucaí dar espetáculo e sim, dar sustentação ao desfile da escola, principal objetivo de uma bateria. Andamento perfeito, na minha opinião, o melhor entre todas as escolas do Rio. Executou duas paradinhas, uma delas era semelhante ao do desfile de 1995. Correta, precisa e com bom andamento. Merecidas as quatro notas máximas.

Ewerton Fintelmann
etho_vp@globo.com

Bruno Guedes
bruno_guedes1986@yahoo.com.br