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Coluna do Ostelino

DE CARNAVAL A CARNAVAL: MODERNO, TRADICIONAL E EMOCIONANTE

17 de janeiro de 2015, nº 20, ano XI

A festa momesca gera uma baita ansiedade no povo do samba e é tradicional, nesta época, acompanhar os críticos com suas colocações sobre sambas, enredos e suas espiadas nos barracões da Cidade do Samba. Atenção e expectativas que nos direcionam ainda mais para o modo de produção das escolas e refletem inclusive os desejos do público mais fiel aos desfiles.

As agremiações, de modo geral, buscam simultaneamente a diferenciação, criando valores – muitas vezes até inexpressivos, se esforçam para seguir exemplos umas das outras, com fórmulas de sucesso e outras já minguadas. Obviamente que se diferenciar num universo tão dinâmico e que comporta uma pluralidade artística é algo bem desafiador. Muitas alternativas inclusive não alteram substancialmente a experiência carnavalesca, preenchem momentaneamente e poucas das muitas lacunas existentes.

Atrair carnavalescos ou coreógrafos famosos é prática rotineira e até pode não mudar muita coisa. Claro que a competência desses profissionais não está sendo colocada em questão, mas o tipo de resultado do conjunto do desfile e da diferenciação efetiva sim.

É aqui que entra o desejo do folião fiel às escolas de samba, aquele que sabe, ano após ano, tudinho do que ocorre nesse universo, e mesmo que algumas vezes seja ignorado, funciona como um termômetro para festa. Nesse campo, o desejo por uma tradição capaz de superar qualquer tipo de espetacularização, ou mesmo ser a própria espetacularização, é latente. O samba (canto e dança) em primeiro plano, com bom visual e de forma emocionante marcando as arquibancadas. Mesmo com o sério risco de não ser legitimado pelos julgadores, os apocalípticos da quarta de cinzas. Mas torcemos para que seja mais uma rara vez!

Por mais previsível que alguns fatos possam ser, 2015 promete ser um ano daqueles. As doze agremiações realmente estão trabalhando muito e não há como, nesse contexto, acreditar nas pseudocastas do carnaval, pelo menos a metade dessas escolas têm chances reais de beliscar o campeonato. Isso desconsiderando as surpresas. Otimismo? Sim e muito. Gerado pelo último carnaval é claro!

Se iremos adentrar no período da festa, nos é permitido desejar profundamente. Que esse carnaval seja então o misto de tradição e inovação. Tradição sim, pois as escolas mais antigas possuem uma relação direta com o sambista em seu tempo, traduzem uma história presente no cotidiano e todo um processo de mudança.

O sambista fiel às escolas de samba, na sua maioria, quer mesmo que sejam priorizadas as raízes dos desfiles. Uma fusão de passado e presente, recriação da narrativa carnavalesca e síntese das mudanças ocorridas no tempo. Quer ter a alma lavada por um desfile emocionante, ver a passista dando sua alma com o samba no pé e o folião, mesmo escondido numa ala gigantesca, cantar até ficar rouco. Que seja triunfal, inesquecível, que nossos olhos enchem de lágrimas e que a Portela surja maravilhosa na avenida e finalmente vença o carnaval!

Alessandro Ostelino
ostelino@hotmail.com