PRINCIPAL    EQUIPE    LIVRO DE VISITAS    LINKS    ARQUIVO DE ATUALIZAÇÕES    ARQUIVO DE COLUNAS    CONTATO

NOCA DA PORTELA

NOCA DA PORTELA

           

         

Nome Completo: Osvaldo Alves Pereira

       

Ano de nascimento: 1932

           

                                                                     

Muitos conhecem o grande compositor Noca da Portela como autor de pérolas da música popular brasileira, sambas memoráveis da águia de Madureira, da Paraíso do Tuiuti, de sambas de quadra, de blocos carnavalescos de enredo e de blocos de embalo do Rio de Janeiro. Poucos sabem que Noca também já "arranhou" de puxador de samba. Tá certo, foi uma vez só. E ainda por cima em uma gravação. Mas puxou samba, gente!

Mineiro, nascido em Leopoldina, ainda pequeno se mudou para o Rio de Janeiro. Na infância, trabalhou como feirante e seu pai, professor de violão, não queria o pequeno Osvaldo envolvido em música. No entanto, o menino enveredou justamente por esse caminho, estudando teoria musical e violão na Ordem dos Músicos do Rio de Janeiro.

Aos 14 anos começou a compor: foi na Escola de Samba Irmãos Unidos do Catete, onde ganhou seu primeiro samba-enredo "O Grito do Ipiranga" e obteve sua primeira nota dez. Em 1958, participou da fundação do GRES Paraíso do Tuiuti, do bairro de São Cristóvão. O sambista morava no Morro do Tuiuti, bem próximo à Estação Primeira de Mangueira, e confessa que no início era mangueirense. "Infelizmente era muito difícil fazer parte da ala dos compositores da verde e rosa", afirma o sambista.

No Tuiuti, Noca começou compondo sambas de quadra. Durante oito anos consecutivos seus sambas de quadra foram eleitos os melhores na escola azul e dourado. "Para participar do concurso de samba enredo o compositor tinha que fazer um samba de quadra antes para provar que realmente sabia compor. Pelo menos comigo foi assim", explica o mestre. Tanto que várias composições suas serviram de trilha sonora para os desfiles da Paraíso do Tuiuti nas décadas de 60 e 70.

Em 1967, já fazendo relativo sucesso no meio do samba, seu amigo Paulinho da Viola lhe recomendou para integrar a ala de compositores da Portela. Na azul e branco de Madureira também era difícil entrar naquele seleto elenco de sambistas que na época era presidido por ninguém menos do que Antonio Candeia Filho. Mesmo Noca já tendo uma certa tarimba no meio do carnaval, Candeia propôs-lhe um teste para ingressar na ala: deu ao novato uma nota de 10 cruzeiros para almoçar no bar do Nozinho (irmão do presidente Natal da Portela) e pediu que retornasse com um samba pronto. Depois de três horas, Noca voltou não com um, mas com dois sambas: "Portela querida" (em parceria com Colombo e Picolino) e "Malhador". Pronto, Noca estava admitido. Logo em seguida, formou o Trio ABC da Portela com Picolino e Colombo, seus amigos e parceiros, também oriundos da escola.

A partir de 1967 os discos com os sambas enredos das escolas de samba do Grupo Especial (na época Grupo 1) começaram a serem gravados e lançados anualmente. O Grupo 2 (a segunda divisão, o grupo com as escolas postulantes a ascender ao Grupo 1) passou a ser gravado e lançado a partir do carnaval de 1970. O puxador da Paraíso do Tuiuti era Sirley, um sambista da escola. Noca assumiu o microfone para cantar no LP de 1973 o samba de autoria dele e de seu compadre Poliba, "Os imortais da música brasileira". Na Portela, foram dez anos compondo sambas de quadra e sambas exaltação até vencer a primeira disputa de samba enredo, "O Homem do Pacoval", para o carnaval de 1976.

O próximo samba a ser levado na avenida pela Portela, já no sambódromo foi em 1985, quase dez anos depois, com o enredo saudosista "Recordar é viver". No final dos anos 90 apresentou, na rádio 94FM do Rio de Janeiro, o programa Na Casa de Noca, em que entrevistava expoentes do samba e divulgava seus recentes trabalhos. A partir do início dos anos 2000, começou a incluir seu filho Noquinha - um dos autores do samba vencedor em 1998 na Caprichosos de Pilares - em suas parcerias. Noca passa a concorrer tanto na Portela quanto na Caprichosos.

Ao todo, Noca participou de 13 finais de concurso de samba enredo na Portela (incluindo a de 2014) e foi campeão seis vezes, abocanhando dois estandartes de ouro: em 1995, com o enredo "Gosto que me enrosco" e em 1998, com "Os olhos da noite". O sambista foi homenageado pela escola de samba Souza Soares, de Niterói, que desfilou no carnaval de 2011 com o enredo "O comendador do samba".

Ainda em 2011, Noca da Portela surpreendeu o mundo do carnaval ao inscrever um samba na disputa da Estação Primeira de Mangueira para 2012. A justificativa foi a sua identificação com o Cacique de Ramos, que foi o enredo da Manga naquele ano. Por esse motivo, o sambista não participou da disputa em sua escola de coração. A parceria era formada por Sereno, Ubirany e Fredinho, integrantes do grupo Fundo de Quintal. 
Noca é um sambista de engajamento político ativo, sendo militante do Partido Comunista Brasileiro. Em 2011, recebeu das mãos do ex-presidente Lula a Ordem do Mérito Cultural.


Em 2014, Noca chegou à final na Portela e na Caprichosos, pela Série A, sendo derrotado em ambas. Na Portela, ironicamente, sua parceria foi derrotada para a obra que tinha entre os compositores seu amigo e mais freqüentes parceiros, Toninho Nascimento. Ao ser questionado após a divulgação do resultado e a conseqüente vitória da parceria concorrente do amigo, Noca simplesmente respondeu: "a partir de agora na condição de portelense eu irei cantar a plenos pulmões o samba vencedor, que é o que vai nos representar no carnaval". No ano seguinte, Noca derrotaria o amigo Toninho, voltando a vencer na Águia dez anos depois.

Noca da Portela é a verdadeira majestade do samba!



Início: Escola de Samba Irmãos Unidos do Catete. Depois, ajudou a fundar o GRES Paraíso do Tuiuti.
1973 - Paraíso do Tuiuti (cantor principal)

GRITO DE GUERRA: Noca é do tempo que os puxadores não tinham grito de guerra.

CACOS DE EMPOLGAÇÃO: "simbora minha gente"; "é isso aí"; "alô Tuiuti"; "olha o refrão!";

SAMBAS DE SUA AUTORIA: "O grito do Ipiranga" (Irmãos Unidos do Catete/1946); "Uma formatura nas Agulhas Negras" (Tuiuti/1964); "Rio, carnaval e batucada" (Tuiuti/1971,com Poliba); "Os imortais da música brasileira" (Tuiuti/1973, com Poliba); "Vida e obra de Cecília Meirelles" (Tuiuti/1975, com Poliba); "O Homem do Pacoval" (Portela/1976, com Colombo e Edir); "Recordar é viver" (Portela/1985, com J. Rocha, Edir e Poly); "Gosto que me enrosco" (Portela/1995, com Colombo e Gelson); "Os olhos da noite" (Portela/1998, com Colombo, J. Rocha, Darcy Maravilha e Celino Dias); "De volta aos caminhos de Minas Gerais" (Portela/1999, com Colombo, J. Rocha e Darcy Maravilha); "Nós podemos: oito idéias para mudar o mundo!" (Portela/2005, com Darcy Maravilha, J. Rocha e Noquinha) e "ImagináRio - 450 Janeiros de uma Cidade Surreal" (Portela/2015, com Celso Lopes, Charlles André, Vinicius Ferreira e Xandy Azevedo).

ESTANDARTES DE OURO: 1995 e 1998 (Melhor samba-enredo).

ALGUNS DE SEUS SUCESSOS:

"Portela querida" (com Colombo e Picolino, gravada por Elza Soares),
"Vendaval da vida" (com Délcio Carvalho, gravada por Alcione)
"Virada" (com Gilpert, gravada por Beth Carvalho)
"Caciqueando" (gravada por Beth Carvalho e pelo Grupo Fundo de Quintal)
"É preciso muito amor" (com Tião da Miracema, gravada por Chico da Silva e por Dudu Nobre)
"Celular" (com Toninho Nascimento e Tranka, gravada por Wander Pires)
"Dinheiro vem, dinheiro vai" (com Vovó Ziza, gravada por Jorginho do Império)
"Onde a cobra é bicho manso" (com Edinho Biólogo, gravada por Agepê)

-    Noca da Portela também compôs sambas para diversos blocos carnavalescos do Rio de Janeiro, como Cacique de Ramos (no qual freqüenta há 37 anos), Foliões de Botafogo (cuja ala de compositores tinha gente do quilate de nada mais, nada menos do que Paulinho da Viola, Geraldo Babão, Anercarsinho do Salgueiro, Niltinho Tristeza, Délcio de Carvalho, Jair Cubano, Mauro Duarte, entre outros), Simpatia é quase amor, Barbas, Dois pra lá dois pra cá, Bloco de Segunda e Clube do Samba (este, fundado por João Nogueira, no final dos anos 70).


OUTRAS FOTOS DE NOCA DA PORTELA


Capa do disco Mãos dadas (1980)


Trio ABC da Portela, no final dos anos 60: Colombo (à esq), Noca (ao violão) e Picolino


Aos 80 anos, distribuindo a letra de seu samba na disputa da Portela, em 2013


Noca durante desfile de "sua Portela querida"


Noca no desfile da E.S. Souza Soares, de Niterói, em sua homenagem em 2011 (Blog Na Cadência)


Noca está de chapéu, à direita de Luizito (E) e Dudu Nobre (C), no desfile da Mangueira em 2012


Noca recebe do ex-presidente Lula a Ordem do Mérito Cultural (2011)

Voltar à seção Intérpretes