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Coluna do João Marcos

JULGANDO OS JURADOS

27 de março de 2014, nº 56, ano IX

ALEXANDRE WANDERLEY - Clique para ler as justificativas

Império da Tijuca: Disse que na segunda do samba, os versos tinham excesso de sílaba que não cabiam na melodia. Não é bem isso - eles são cantados de forma corrida e, por causa do andamento acelerado, fica difícil de cantar. Mas como não é erro na construção do samba, mas opção estética, acho que eventual perda de ponto seria responsabilidade do quesito harmonia.

Grande Rio: O excesso do tema 'índio' na letra do samba não chega a ser uma incoerência. Achei muito formalismo contar linha e comparar com a presença do tópico na sinopse porque não atrapalhou a forma como o enredo foi passado pela letra. Concordo com o resto.

São Clemente: Concordo um pouco com o excesso de rimas em -ão, mas não com a rima do samba/bamba/manda, acho que ali estava bem amarradinho, inclusive com a sinopse.

Mangueira: Concordo.

Salgueiro: Concordo com o excesso de palavras no infinitivo, mas não há problema algum com o "Canta Salgueiro".

Beija-Flor: Interessante o argumento do paradoxo da "Torre de Babel", realmente não tem sentido. Dizer que o verso "Um lado a comunicar, o outro comum" só é compreensível para quem lê a sinopse é estranho - este talvez seja o verso mais direto de todo o samba. Também não vi problema na rima quiser/pé - aliás, é uma rima rica, porque tratam-se de palavras de classe gramatical diferentes. Parece que ele exigia uma palavra com -er no final para rimar, o que é excesso de formalismo e não significa nada, uma vez que o importante é a sonoridade - querer (som fechado), p.ex., não rimaria com quiser (som aberto).

Mocidade: Justificativa baseada em argumento genérico (falta de riqueza poética... pq?). O outro argumento é para ser julgado pelo quesito harmonia.

Vila: Concordo e sempre apontei essa mania dos sambas do Diniz de complicar as letras com soluções poéticas forçadas. Não concordo que a melodia tenha atrapalhado o ânimo da escola.

Imperatriz: Não há o problema apontado. Na verdade, o jurado desconhece a questão de contagem de sílabas na poesia. O AO não é cantado porque o primeiro A se une ao A, sexta letra da palavra EuropA, e o O se une a primeira letra de Oriente. O segundo argumento é relativo ao quesito harmonia.

Tijuca: O verso da internet apontado tem sentido dentro do enredo, mas é esteticamente feio. Ou seja, o erro foi percebido, mas mal fundamentado. Não concordo com a falta de riqueza melódica da segunda parte - pelo contrário, acho que é a parte mais interessante em melodia do samba.


Império da Tijuca: Fundamentou melhor o problema da corridinha nos versos da segunda parte, apesar de eu não achar que sejam truncados. Mas, no desfile, ficou embolado sim.

Grande Rio: Concordo.

São Clemente: Observou e deu parabéns ao excelente fechamento do samba, que foi criticado pelo jurado Alexandre Wanderley. Com relação aos refrões, em melodia, concordo que são mornos. Achei excesso de rigor falar que os versos citados são "lugares comuns", mas não critico a percepção da jurada quanto a isso.

Beija-Flor: Não concordo com a exigência de que falasse de outros tópicos - versos como "um lado a comunicar, o outro comunicou" passam os tópicos apontados de forma interpretativa, e acho que o problema aí é mais a construção do enredo do que do samba em si. Concordo com os versos considerados de gosto questionável.

Ilha: Concordo parcialmente, apesar de achar que algumas coisas de acentuação poderiam passar como uma espécie de 'licença poética'. Quanto ao encaixe da linha melódica, apesar de ser opção estética, realmente causou algum desconforto estético no desfile.

Imperatriz: Conforme disse ao analisar o jurado Alexandre Wanderley, não concordo que exista problema no "Da Europa ao Oriente", mas concordo com o problema do final do samba, como já havia apontado no SAMBARIO. As quebras melódicas apontadas no final da justificativa não existem, mas me pareceu no desfile que o samba ficava meio travado nas partes apontadas. Acho que o erro foi percebido, mas mal fundamentado.

Tijuca: Não concordo - o enredo é facilmente entendível e o que a jurada acha 'falta de continuidade melódica' são justamente as variações que dão riqueza à melodia.



Império da Tijuca: Notou que o samba é muito denso, como dito no SAMBARIO, e reclamou dos versos corridos. Como já dito, não vejo como erro de métrica, mas no desfile ficou embolado por causa do andamento, realmente dificultando o canto.

Grande Rio: Concordo.

São Clemente: Outro que reclama dos versos com "lugares comuns", argumento que eu não concordo inteiramente, mas respeito. Concordo quanto a letra do refrão do meio. Não concordo com a observação de que as estrofes são mais fracas que os refrões, achei os refrões mornos no desfile (e eu gostava do de cabeça no CD) e acho que acabaram esfriando o resto do samba.

Mangueira: Concordo.

Beija-Flor: Concordo, mas achei o desconto, com base na justificativa, muito alto. Basicamente, apontou 3 versos e tirou três décimos - com o mesmo argumento, tirou 0,1 da São Clemente. Com relação à melodia, fundamentação genérica, falando que é pouco original, sem mostrar onde e dar exemplo de casos onde os caminhos melódicos já tenham sido usados.

Ilha: Não vi o problema da letra, e acho que o verso da vitrine é um recurso poético bonito, a criança olhando e desejando o brinquedo. Não digo que o verso do "não é brinquedo, não" é batido, nunca vi em samba. Acho este verso esteticamente feio e acho que o jurado não soube fundamentar sua impressão. Com relação ao "perder ou ganhar, ganhar ou perder", achei que o jurado pegou pesado, apesar de ter sentido pelo fato do recurso ter sido utilizado anteriormente no mesmo samba e com melhor efeito.

Vila: Concordo, apesar de achar que a letra do samba, apesar de complicar desnecessariamente, passa o enredo.

Tijuca: Concordo quanto a letra. Concordo quanto à melodia do refrão, e concordaria quanto ao resto se fosse restrito à primeira parte do samba. Mas no todo, o samba tem algumas variações melódicas interessante, principalmente na segunda, e acabou não sendo cansativo no desfile.

MARIA AMÉLIA MARTINS - Clique para ler as justificativas

Império da Tijuca: Não concordo que exista excesso de rimas em -ão porque a melodia varia muito e a sonoridade não fica repetitiva. Explicou bem o problema da melodia da segunda, inclusive apontando o andamento do samba como um dos culpados.

Grande Rio: Não concordo que a letra possa falar de qualquer cidade praiana e seja genérica. O enredo todo, inclusive o difícil encaixe da história da Maysa, está presente. O problema é que realmente os versos estão meio soltos, como quase todos os jurados perceberam. Concordo que o "Couro vai comer" não segue o discurso poético do samba, mas acho aceitável, é apenas mais um verso solto no meio de vários outros, e pelo menos tem uma função clara no samba de facilitar o canto, por isso não sei se descontaria ponto especificamente neste aspecto.

São Clemente: Reclama dos versos com "lugares comuns". Quanto a ausência de "irreverência da favela", a irreverência está presente em versos como "À miscigenação eu vou brindar / sem régua, sem esquadro / arquiteto da ilusão", e não acho que seria algo fundamental na letra. As rimas em -ela não ficaram ruins e não vejo erro neles, mas aceito parcialmente o argumento quanto as rimas em -ão. O argumento de que o verso do "construí o nosso chão" é parecido com outros, citando um verso de Domingo no Maracanã, é interessante, mas equivocado - existem coisas inerentes ao gênero musical 'samba-enredo' que não dão muito espaço para o compositor fugir, e esse fechamento usado para definir a melodia do trecho para se iniciar o novo tema musical é uma construção característica. E a semelhança não é tanto a melodia, mas o tempo em que ela é cantada. Se for punir isso, vai punir todos os sambas. Achei até a utilização interessante porque é raro a definição ocorrer no meio da estrofe e, por isso, não concordo com a jurado nesse aspecto.

Beija-Flor: Também percebeu a contradição do "Torre de Babel" na letra. Apontou os versos criticados por todos os jurados, reclamando também dos slogans da Globo - em alguns momentos, não achei esse recurso ruim pq, afinal de contas, remete ao homenageado, tem sentido dentro do enredo e contextualiza Boni dentro da história da comunicação, mas como a fundamentação foi a percepção subjetiva de 'vulgarização' da letra, tudo bem. Achou a melodia monótona, reclamando justamente dos pontos de explosão, o que me pareceu um pouco contraditório.

Ilha: Aqui, a jurada foi muito subjetiva. Acho ruim falar que o "enredo precisava de um samba mais alegre", porque a melodia buscou mais o sentimento do encantamento da criança e isso está de acordo com o enredo. Com relação aos refrões, concordo em parte, mas achei que os dois não deram totalmente certo.

Vila: Mais uma que reclama do rebuscamento excessivo dos versos e a dificuldade de entender o sentido. Concordo com o trecho apontado como ambíguo. Não concordo quanto à melodia do samba.

Imperatriz: Concordo com a justificativa.

Tijuca: Reclama do verso da internet, que a letra é pobre e diz que faltou um momento de emoção. Com relação ao último aspecto, acho que o momento de emoção existe na segunda parte, mas realmente a letra exagera na simplicidade.

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Pensando ainda nas justificativas.

É dificil ser compositor na escola que o jurado sabe QUE TEM DE CAIR.

Pego algumas justificativas de Império da Tijuca e São Clemente e o que causa desconto nos sambas são coisas que tem no único samba nota 10 do ano.

Trecho corridinho como do Imperinho, samba da Portela tem.

Rimas seguidas, como São Clemente, samba da Portela tem (traz, musicais, cartaz).

Lugar comum na letra, como São Clemente, samba da Portela tem (sinhô/sinhá).

Tenho impressão que se fosse do Império da Tijuca, o samba da Portela perderia ponto por outras justificativas parecidas com as de outros sambas - em besteirinhas como o ôô, o mareia mareou ("sonho sonhar" da São Clemente não pode).

Ou até mesmo dizer que não tem sentido o verso 'O rio sai da roda de jongo e vai desaguar'. Pense bem, SE VOCÊ ESTIVER COM MÁ VONTADE, isso teria sentido?