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Editorial SAMBARIO
Edição nº 75 - 09/05/2020

A DÉCADA NO SAMBA-ENREDO DA SAPUCAÍ - 2010 A 2015

 .
Coluna Posterior: A Década no Samba-Enredo da Sapucaí - 2016 a 2020

A fim de atualizar o especial Os Sambas-Enredo na Era Sambódromo, que analisou os hinos que ecoaram na Sapucaí entre 1984 e 2009, vamos aproveitar a quarentena para oferecer ao leitor do SAMBARIO uma atualização da série, que se iniciou com Os Sambas-Enredo na Era Pré-Sambódromo (dos primórdios até 1983). Faremos um balanço musical dessa última década que passou no Sambódromo no Rio de Janeiro, abordando os anos de 2010 a 2020. O especial será dividido em duas partes: esta primeira indo até 2015 e a segunda falando de 2016 a 2020, a ser publicada na semana que vem.

O decênio mostrou uma nítida evolução na qualidade com relação aos anos anteriores. As principais características destes últimos 10 anos são a diminuição dos temas patrocinados, a redução das reedições, o expediente da encomenda aos compositores
e os enredos críticos e sociais adotados principalmente na gestão Marcelo Crivella (as polêmicas com o prefeito serão vistas no capítulo seguinte).

O CD de 2010 iniciava a era de gravações "ao vivo" na Cidade do Samba

Logo após a péssima safra de 2009, para muitos a pior de todos os tempos no Grupo Especial, a produção do CD decide sair do estúdio e gravar as bases da bateria e o coral com os componentes de cada escola na Cidade do Samba (o que tornaria o evento tradicional e nos moldes de show ao longo da década), devolvendo ao disco o clima ao vivo que o álbum teve entre 1993 e 1998 nos tempos do Teatro de Lona da Barra da Tijuca, com as vozes finais e as cordas sendo colocadas no estúdio. O expediente seria assim de 2010 até 2019. Naquele primeiro ano, houve uma significativa melhora dos sambas em relação à temporada anterior, mesmo com os patrocínios ainda dando as cartas. Vide Portela e seu pitoresco verso "positivo pra nação" num enredo sobre tecnologia, além da Grande Rio com o refrão "explode o camarote número um" cujo som a Globo tirava em todas as passadas do desfile.



Se um dia na orgia me chamassem
Com saudades perguntassem
Por onde anda Noel?
Com toda minha fé responderia
Vaga na noite e no dia
Vive na terra e no céu

A década começava com Martinho voltando a assinar o samba da Vila, o que não ocorria desde 1993

Mas 2010 fica marcado positivamente por dois grandes sambas. Numa homenagem a Noel Rosa, Martinho da Vila voltava a assinar sozinho na Vila Isabel depois de 17 anos com "Noel: a presença do 'Poeta da Vila'", samba-enredo que Zé Ferreira se inspirou na canção de sua autoria "Presença de Noel", com o reaproveitamento de vários versos da música. Originalmente mais cadenciada, a obra ganhou uma "cara" de avenida nos dias atuais através de algumas mexidas do compositor André Diniz.


A Imperatriz é um mar de fiéis
No altar do samba, em oração
É o Brasil de todos os deuses!
De paz, amor e união...

Já a Imperatriz Leopoldinense levou pra Sapucaí "Brasil de Todos os Deuses", composição inspiradíssima conhecida popularmente como "mar de fiéis", que levaria o Estandarte de Ouro. A Unidos da Tijuca de Paulo Barros venceria o Carnaval depois de 74 anos de jejum, com o enredo "É Segredo", cujo ilusionismo na comissão de frente se tornou um marco. No Grupo de Acesso, cujo álbum voltou a ser produzido por Leonardo Bessa após a experiência com Ivo Meirelles no ano anterior, o melhor samba foi da Império da Tijuca com "
Suprema Jinga - Senhora do trono Brazngola", enquanto a Caprichosos de Pilares reeditava seu clássico de 1985 "E por falar em saudade...". Outras repetições nos grupos inferiores: Tradição - "Rei Senhor, Rei Zumbi, Rei Nagô - 1986" e Lins Imperial - "Folia de Reis - 1976".

A um mês do Carnaval 2011, 
um incêndio de origem desconhecida na Cidade do Samba atinge os barracões de Portela, União da Ilha e Grande Rio, além do museu da LIESA. A escola de Duque de Caxias é a mais prejudicada, perdendo sete alegorias, além de milhares de fantasias. A Liga decide pelo não-rebaixamento de nenhuma agremiação para o Grupo de Acesso, concedendo às três escolas atingidas o status de hors-concours (sendo dispensadas das avaliações dos jurados).

A safra considerada fraca não gera nenhuma obra marcante, sendo os sambas mais elogiados: Mangueira ("
O Filho Fiel, Sempre Mangueira" - mesmo com o concorrente de Tantinho sendo superior), Porto da Pedra ("O Sonho Sempre vem pra quem Sonhar") e Imperatriz ("A Imperatriz Adverte: Sambar faz bem à Saúde"), este ganhando mais uma vez o Estandarte de Ouro. A Beija-Flor se sagraria campeã homenageando Roberto Carlos com o tema "A Simplicidade de um Rei". A curiosidade daquele CD é o intérprete no fim da faixa chamar a escola seguinte do disco. Que o diga Bruno Ribas e o seu notório "Faz barulho pro Wantuiiiiiiir...".

No Acesso, a safra era mais interessante. Muitos sambas de ótima qualidade desfilaram no grupo, como Viradouro ("
Quem sou eu sem você?"), Império Serrano ("A Benção, Vinícius"), Alegria da Zona Sul ("Os Doze Obás de Xangô") e Caprichosos ("Gente Humilde"). Um expediente curioso foi adotado pela Unidos da Ponte no Grupo C. Para o enredo "Orixás", a escola utilizou um samba derrotado na disputa visando "Oferendas", tema da Ponte em 1984. O samba vitorioso seria reeditado pela agremiação em 2019. Em dezembro de 2011, o Brasil perde Joãosinho Trinta, um dos maiores nomes da história do Carnaval.



Madureira sobe o Pelô... Tem capoeira
Na batida do tambor... Samba Ioiô
Rola o toque de Olodum... Lá na Ribeira
A Bahia me chamou


Para o Carnaval 2012, a Passarela do Samba passou por uma intensa reforma, caracterizada pelo fim do antigo Setor 2 e seus tradicionais camarotes, com a capacidade subindo de 60 para 72,5 mil lugares. Nas eliminatórias de samba-enredo para aquele Carnaval, uma obra chamou atenção dos simpatizantes da folia desde a primeira audição. O valente samba cantado por Pixulé que seria conhecido como "Madureira sobe o Pelô", repleto de refrães e com trechos que remetem a sambas de roda, caiu na boca do povo. Mas era um hino arrojado demais para aquela época tomada por sambas pasteurizados e pragmáticos, resistência que fez com que o também aclamado "Menina quem foi teu Mestre?" não conseguisse um único voto dos segmentos na final do Salgueiro visando 2009.


No entanto, o samba de Wanderley Monteiro, Luiz Carlos Máximo, Toninho Nascimento e Naldo foi ganhando a confiança dos segmentos e sua vitória na disputa portelense seria um divisor de águas no gênero, que inspiraria os compositores dali em diante a ousarem mais nas melodias. Assim,
"Bahia: E o povo na rua cantando... é feito uma reza, um ritual" foi para o CD oficial (que recebe locuções de Jorge Perlingeiro apresentando as escolas no início de cada faixa) e pra avenida como favorito a abocanhar o Estandarte de Ouro, o que se confirmaria depois dos desfiles. A Vila Isabel não ficou tão pra trás naquela temporada e também ofereceria uma obra-prima: "Você Semba Lá... que eu Sembo Cá! O Canto Livre de Angola". Segundo André Diniz, é o seu melhor samba para a Vila.



Semba de lá, que eu sambo de cá
Já clareou o dia de paz
Vai ressoar o canto livre
Nos meus tambores, o sonho vive


2012 talvez tenha sido o ano em que os patrocinadores nos temas tenham se arrefecido. Já que a Beija-Flor, ao homenagear São Luís do Maranhão, abusou de alegorias representadas por monstros. E num caso lembrado até hoje, a Porto da Pedra cairia para o Acesso por conta de um inusitado enredo sobre iogurte bancado por uma notória indústria alimentícia. Do outro lado da tabela, Paulo Barros ajudaria a Unidos da Tijuca a conquistar mais um título, numa homenagem a Luiz Gonzaga.

No desfile do Acesso, ocorrido pela última vez numa única noite (a de sábado), o Império Serrano exaltou uma de suas maiores personalidades com um sambaço à sua altura, destaque absoluto do grupo:
"Dona Ivone Lara, o Enredo do meu Samba". Mas a contestada vitória da Inocentes de Belford Roxo aliada ao cancelamento do rebaixamento naquele ano fez com que a LESGA (Liga das Escolas de Samba do Grupo de Acesso) fosse dissolvida pela Riotur. A Unidos da Ponte é a única escola em 2012 a reeditar um enredo antigo: "Vida que te quero viva", levado pela agremiação originalmente em 1989.

O CD duplo da Série A de 2013 no primeiro ano da LIERJ: maratona de 19 sambas

A partir de 2013, o Grupo de Acesso seria gerido pela LIERJ (Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro). A principal medida da nova sigla seria a unificação dos Grupos de Acesso A e B, formando a Série A, uma única chave com 19 escolas, sendo divididas em duas noites no Sambódromo: sexta e sábado. Os desfiles das escolas mirins passariam de sexta para terça-feira, data antes destinada ao antigo Grupo B na Sapucaí. Na gigante safra (em quantidade), a Império da Tijuca é campeã cantando o melhor samba da chave: "
Negra Pérola Mulher". Outro samba muito bonito que disputou aquela maratona de 19 agremiações foi o da Viradouro, numa letra em tributo ao Salgueiro. "Nem melhor nem pior, que não sai da minha mente... Inspiração para o meu samba, eu também sou diferente". Algumas reedições apareceram, com as escolas pegando dois sambas emprestados da Portela: "Quando o Samba era Samba" de 1994 cantado pela União do Parque Curicica e "Das Maravilhas do Mar, Fez-se o Esplendor de uma Noite" de 1981 levado pra Sapucaí pela Tradição. Nos grupos inferiores da Intendente, a Lins Imperial reeditou seu samba de 1986 "Por um Lugar ao Sol".



Festa no arraiá
É pra lá de bom
Ao som do fole, eu e você
A Vila vem plantar
Felicidade no amanhecer
Festa no arraiá
É pra lá de bom
Ao som do fole, eu e você
A Vila vem colher
Felicidade no amanhecer


No Grupo Especial, a Portela seguiu a fórmula bem-sucedida apostando na mesma parceria vitoriosa do ano anterior. O hino "Madureira... Onde meu Coração se Deixou Levar" manteve o estilo gingado e fez jus à bela discografia da década da Águia. Mas o grande samba do ano viria do bairro de Noel. Um dream-team de compositores formado por 
Martinho da Vila, André Diniz, Arlindo Cruz, Tunico da Vila e Leonel geraria o antológico "Festa no Arraiá" para o enredo "A Vila Canta o Brasil, Celeiro do Mundo - "Água no Feijão que chegou mais um".

Segundo relatos de Tunico para o SRZD, seu pai Martinho relutou em assinar o samba, só aceitando após ser convencido a inserir na composição a palavra "partilhar" ao invés de "reformar", já que esta era vetada pelo patrocinador da escola e Zé Ferreira, como militante socialista, exigia que se abordasse a reforma agrária na letra. O samba-enredo promoveu um sacode na pista e embalou a azul-e-branco a mais um campeonato. Alguns temas levados para a Sapucaí naquele 2013 foram curiosos, como o do Rock in Rio para a Mocidade e, principalmente, o da divisão dos royalties do petróleo por parte da Grande Rio. Em setembro de 2013, morre Fernando Pamplona, carnavalesco revolucionário, comentarista dos desfiles na extinta TV Manchete e figura ímpar na história das escolas de samba do Rio de Janeiro.



Meu samba vai tocar seu coração
É um alerta ao mundo inteiro
A vida em nossas mãos
Buscando a solução... canta meu Salgueiro
O bem que a gente planta
Floresce nesse chão... canta Salgueiro


O Carnaval 2014 marcou a década no samba-enredo por inaugurar dois expedientes que se tornariam peculiaridades no período. O primeiro: os falsos refrães. Melodias mais chamativas, que pedem bis, porém sem repetição da letra. O Salgueiro venceria o Estandarte de Ouro na categoria depois de 36 anos com o excelente "
Gaia, a Vida em Nossas Mãos", cujo bis principal é um falso refrão, então um recurso de raríssima utilização.

Outros bons sambas do Grupo Especial daquela temporada (vencido pela Unidos da Tijuca numa homenagem a Ayrton Senna): "
Um Rio de Mar a Mar: Do Valongo à Glória de São Sebastião", cujo desfile solidificou a retomada da Portela, "Pernambucópolis" da Mocidade - que marcou a entrada de Dudu Nobre nos concursos de samba-enredo - e "Batuk" da Império da Tijuca (ainda que o concorrente da parceria de Samir Trindade derrotado na final da escola fosse ainda melhor). O fator negativo do CD 2014 foi a ideia de jerico da inserção, na abertura de todas as faixas, de explanações dos carnavalescos sobre os enredos, muitas delas com som precário.

O segundo expediente: a encomenda. Se na década anterior, as reedições em excesso foram as responsáveis por cancelar os outrora religiosos concursos de samba, dessa vez se tornaria mais constante a partir dali o pedido das diretorias a um determinado grupo de compositores para que este criasse a obra que iria pra avenida, sem precisar passar por eliminatória.


Evandro Malandro e Diego Nicolau: a dupla defendeu com classe os belos sambas encomendados pela Renascer

A Renascer de Jacarepaguá deu início à onda de encomendas (que seria seguida por outras escolas) solicitando a Moacyr Luz e Cláudio Russo que fizessem o samba-enredo para o tema "
Olhar Caricato. Simplesmente, Lan", iniciando uma belíssima sequência da simpática agremiação no Grupo de Acesso, que na ocasião estreava os intérpretes Diego Nicolau e Evandro Malandro. A dupla de cantores, de ótima química e sintonia, deu entre 2014 e 2017 uma cara perfeita para os lindos sambas da vermelho-e-branco de Jacarepaguá, até hoje compostos por Russo e Luz, além de Nicolau (que entrou depois na parceria) e Tereza Cristina (compositora por dois anos).

O Grupo de Acesso seguiu com um grande contingente de escolas, ainda que tivesse reduzido de 19 para 17. A Cubango cantou o melhor samba inédito da chave com "
Continente Negro - uma Epopeia Africana", num ano repleto de reedições. A Em Cima da Hora voltou pra Sapucaí cantando seu clássico "Os Sertões" (1976 - o sexto samba reeditado daquela magnífica safra desde 2005). O Paraíso do Tuiuti utilizou "Kizomba, a Festa da Raça" da Vila Isabel de 1988. E a Tradição mais uma vez pegou um samba emprestado: da Beija-Flor de 1976 "Sonhar com Rei Dá Leão". Foi a última vez do Condor na Passarela do Samba, caindo para a vizinha Intendente pela primeira vez, onde até hoje desfila.



Axé! Candeia, axé!
A luz do quilombo no chão do terreiro 

Axé! Irmão de fé!
Orgulho do sambista brasileiro


Para o álbum de 2015 no Grupo de Acesso, Leonardo Bessa promoveu uma revolução técnica na gravação dos sambas, num álbum caracterizado por arranjos mais sofisticados, com cordas e teclados dando mais requinte aos registros. O intérprete e produtor manteria este patamar nos CD's dos anos seguintes. A ótima safra foi ainda melhor valorizada com este estilo fonográfico. Na sua segunda encomenda para Moacyr Luz e Cláudio Russo (mais Teresa Cristina), a Renascer de Jacarepaguá levou pra Sapucaí um dos grandes sambas da década até então no Acesso: "
Candeia! Um Manifesto ao Povo em Forma de Arte". Outros ótimos hinos do grupo em 2015: "O Império nas Águas Doces de Oxum" (Império da Tijuca), "Cubango, a Realeza Africana de Niterói" (Cubango), "De Braços Abertos, de Janeiro à Janeiro. Sorrio, sou Rio, sou Estácio de Sá!" (Estácio) e "Poema aos Peregrinos da Fé" (Império Serrano).



Foi um grito que ecoou, Axé-Nkenda!
A luz dentro de você... Acenda!
Nada é maior que o amor, entenda


No Grupo Especial, mais uma vez a Imperatriz Leopoldinense faturou o Estandarte de samba com o esplêndido "
Axé Nkenda - Um Ritual de Liberdade - E que voz da igualdade seja sempre a nossa voz", que traz o recurso do falso refrão para o meio da obra, o que seria uma tendência nos anos seguintes. O desfile da Portela se tornou inesquecível devido à imponência e grandiosidade da Águia Redentora do abre-alas. O gigantismo da alegoria era tamanho que a cena da águia se curvando pra passar na torre da TV (que seria derrubada em julho daquele mesmo ano de 2015) é uma das mais memoráveis da história recente dos desfiles. E o samba portelense "ImagináRio - 450 Janeiros de uma Cidade Surreal" era outro destaque da safra, junto com "Um Griô conta a história: um olhar sobre a África e o Despontar da Guiné Equatorial - Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade", que embalou a Beija-Flor na conquista de mais um título, e "Agora chegou a vez, vou Cantar: Mulher de Mangueira, Mulher Brasileira em Primeiro Lugar!", entoado no último desfile de Luizito pela sua Mangueira. O intérprete morreria de infarto em setembro de 2015, logo após um evento no Palácio do Samba.

De volta à elite do Carnaval, a Viradouro adota um expediente curioso e sem precedentes (até então) para o samba que representaria o enredo "
Nas Veias do Brasil, é a Viradouro em um Dia de Graça". O presidente Gusttavo Clarão faz uma junção de duas canções "de meio de ano" do saudoso Luiz Carlos da Vila: "Nas Veias do Brasil" serve de base pro samba-enredo, incrementado por alguns versos de "Por um Dia de Graça". A inusitada fusão não consegue impedir o rebaixamento da vermelho-e-branco de Niterói. Na Intendente, o Arranco repete seu tema de 2001 "Oh, que Saudades que eu Tenho!".

No segundo e último capítulo da série, abordaremos os sambas na Sapucaí no período de 2016 a 2020. Até lá!