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Editorial Sambario

Edição nº 42 - 8/10/2011

Botando a Mão no Fogo 2012 - Parte 1 - Chegou um dos momentos mais aguardados da fase pré-carnavalesca: as escolhas dos sambas-enredo. E assim como nos anos anteriores, lá vou eu por a mão no fogo mais uma vez e avaliar os finalistas das escolas. Como sempre, tentando cravar o vencedor, que nem sempre é meu favorito particular das disputas, unindo nos palpites razão e emoção ao mesmo tempo. Mas neste ano, faremos algo um tanto diferente. Além das avaliações no Especial, também iremos centralizar atenções no Acesso. E pra isso, faremos uma série de três partes nos palpites.

Nesta primeira, apresentamos as escolas que definirão os sambas até esta segunda-feira, no caso o Salgueiro. Constam também as avaliações de Império Serrano e Paraíso do Tuiuti, que escolherão dentro de algumas horas, e Mangueira e Renascer de Jacarepaguá, que darão o veredicto na madrugada de sábado pra domingo. Na segunda parte, avaliaremos as escolas que definirão na semana que vem: Portela, Porto da Pedra, São Clemente, Unidos da Tijuca, Vila Isabel, Grande Rio, União da Ilha, Mocidade e Cubango. E na terceira e última, será a vez das agremiações da semana seguinte: Imperatriz, Beija-Flor, Santa Cruz, Viradouro, Império da Tijuca, Inocentes de Belford Roxo e Estácio de Sá.

A primeira escola que definiu seu hino foi a Acadêmicos da Rocinha. E fez uma escolha competente, com uma obra de muitos bons momentos melódicos. A primeira parte chega a lembrar o bom samba de 2006 da Borboleta. Superou as expectativas.

MANGUEIRA – A obra 65-A defendida por Tinga creio que se encaixe melhor no estilo dos dois últimos ótimos sambas levados pela Mangueira na gestão de Ivo Meirelles. As duas estrofes têm uma levada dolente, com muitos momentos inspirados melodicamente (sobretudo na segunda parte), mas sem economizar animação e interação com o público através dos cacos. Eu particularmente gosto mais dos refrões do samba 107-E cantado por Igor Sorriso, que foi o primeiro concorrente do ano entre todas as escolas divulgado na Internet. Os estribilhos são o ponto forte da obra, com o principal “Vou caciquear” tendo a virtude de grudar facilmente no ouvido, e também aprecio o estilo do estribilho central “Vai lá, vai lá, mais um pouco já vai clarear”. O 64-A na voz de Pixulé, dos três finalistas, é o que menos investe em aspas referentes às canções do Fundo de Quintal na letra. O samba é bem valente, mas a meu ver é o azarão da disputa.
MINHA PREFERÊNCIA: 65-A
QUEM DEVE GANHAR: 65-A

RENASCER DE JACAREPAGUÁ – Disputa acirrada, com três das quatro parcerias finalistas possuindo triunfos recentes na escola, que este ano faz sua estreia no Grupo Especial. Para se ter uma ideia, duas das finalistas têm como primeiro verso “Divina inspiração”. Os atuais campeões Jayme César, Maurinho Valle e parceiros apresentam uma obra semelhante às últimas que a escola de Jacarepaguá levou no Acesso, feito sob medida para o intérprete Rogerinho Renascer, com muitos trechos em menor (incluindo o refrão principal). É o samba que mais me agrada na disputa, mas por ser pesado, pode não ser recomendado para uma agremiação que será a primeira a desfilar no domingo. Os sambas das parcerias de Cláudio Russo e de Gabriel da Penha, devido ao propósito referido, são mais leves e não apresentam muitas inovações melódicas. Mas vejo um pouco mais de virtude na obra de Russo. O concorrente da parceria de Beto Serpa, aparentemente o menos cotado, tem uma letra mais descritiva sobre Romero Brito, tendo no gingado refrão principal sua melhor parte. O canto das torcidas deverá decidir.
MINHA PREFERÊNCIA: Jayme César e cia.
QUEM DEVE GANHAR: Cláudio Russo e cia.

SALGUEIRO – A safra para 2012 ficou devendo, confesso que esperava mais em virtude do belo enredo. O conjunto melódico da parceria de Marcelo Motta é interessante. É um samba-enredo denso e coeso, e sua valentia para cantar o cordel nordestino pode contar pontos importantes. Já Xande de Pilares e parceiros também despontam com uma obra forte, a que mais se enquadra na voz de Quinho, embora eu o considere um pouco arrastada em alguns trechos. O samba do veteraníssimo David Corrêa e parceiros em alguns momentos nos remete a obras mais antigas. Não citar o nome da escola no refrão principal já causa um certo estranhamento (apesar disso ocorrer no samba de 2011). Os refrões e a segunda parte, no trecho que faz menção ao lema salgueirense, me agradam bastante. Mesmo assim, por ser um tanto diferente dos padrões atuais, creio que sua vitória seja improvável. O concorrente da atual parceria campeã, de Dudu Botelho, não possui a mesma força da belíssima obra de 2011. A obra da parceria do veterano Demá Chagas também não me chamou muito a atenção. Um dos cinco concorrentes deve ser cortado antes da final na próxima segunda-feira.
MINHA PREFERÊNCIA: Marcelo Motta e cia.
QUEM DEVE GANHAR: Marcelo Motta e cia.

IMPÉRIO SERRANO – A cada ano, eu não só parabenizo a Ala de Compositores imperiana como também a agradeço. Um dos concorrentes mais aclamados da temporada é da parceria de Arlindo Cruz. Suave e simples, com uma leveza impressionante, passa uma emoção ímpar do primeiro ao último verso, para enfim explodir no apoteótico e nostálgico refrão “Dona Ivone Lara Lalaiá Lara laiá”, nos remetendo às antigas obras-primas do Império Serrano. Seu triunfo na madrugada desta sexta para sábado seria uma celebração ao nosso carnaval. A obra de Aluízio Machado, Henrique Hoffmann e parceiros, atuais campeões da Serrinha, igualmente é de excelente qualidade e também poderia representar muito bem o Império. Destaque para o refrão central fora-de-série. A parceria encabeçada pelo jovem Lucas Donato, de apenas 15 anos, é naturalmente a zebra da finalíssima. O samba é inferior aos dois concorrentes, mas é evidente que uma final para esta garotada contra monstros sagrados do samba-enredo como Arlindo Cruz e Aluízio Machado será uma marca inesquecível para o futuro destes jovens compositores.
MINHA PREFERÊNCIA: Arlindo Cruz e cia.
QUEM DEVE GANHAR: Arlindo Cruz e cia.

PARAÍSO DO TUIUTI – Outra disputa equilibrada que reúne três parcerias que já ganharam na escola em anos anteriores. Mas justamente a única com compositores sem vitória no Tuiuti desponta com o samba mais forte. Poético, valente e com boas variações melódicas, a obra de Thiago Meiners e parceiros julgo como a melhor que representaria Clara Nunes no retorno da escola ao Grupo A. O hino da parceria de Luís Caxias também seria uma qualificada opção, com destaque para a excelente melodia do refrão principal, que além de bela também é chiclete. A parceria de Aníbal disputa com um samba competente, que caberia como uma luva na voz de Daniel Silva, mas que não traz tantas inovações melódicas. Ainda é um tanto estranha a transição da primeira pro refrão central, mas já surte algum efeito diferenciado. Eric Souza e parceiros apostam numa obra que não investe tanto na força do refrão principal, mas que tem bons momentos como o estribilho central.
MINHA PREFERÊNCIA: Thiago Meiners e cia.
QUEM DEVE GANHAR: Aníbal e cia.

Até o próximo Editorial Sambario com as análises seguintes, a ser publicado na próxima sexta-feira.