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EDITORIAL SAMBARIO

Edição nº 13 - 12/4/2008

Carnaval virtual... ou real? - A farra dos desfiles das escolas de samba virtuais já se tornou uma tradição com o advento da Internet. A cada ano, a festa ganha mais adeptos, mais agremiações... e mais polêmicas. A pioneira LIESV (Liga Independente das Escolas de Samba Virtuais) amargou, no começo do ano passado, um racha que provocou a saída de várias escolas filiadas, proporcionando a criação da liga Virtuafolia. São típicas situações corriqueiras no mundo real que acabam por invadir o cotidiano das relações virtuais, em que tantos choques de idéias e opiniões controversas nos fóruns dos mais diversos assuntos acarretam discussões na base de palavrões digitados no teclado. Há discórdia, mas sem contato físico. Nos bastidores do carnaval virtual, a LIESV sempre prezou pela organização e cumprimento do regulamento nos mínimos detalhes. E não perdoou as agremiações que se julgavam mais descompromissadas. Estas fundaram a Virtuafolia e lá estão livres para colocar online seus desfiles escrachados e repletos de bom humor, ao contrário da LIESV que apresenta temas mais tradicionais. O racha quase provocou a extinção da LIESV, que felizmente se reencontrou com a nova diretoria que colocou no ar, em julho de 2007, o seu mais bem sucedido desfile em cinco anos de história. E, entre outras medidas para manter a credibilidade e a seriedade da Liga, a mais chamativa é a proibição de seus membros de desenvolverem desfiles ou compor sambas para as escolas de outras ligas. Trata-se de uma regra polêmica, mas tudo em prol da fidelidade à LIESV. Eu quase fui prejudicado em função disso, pois resolvi defender sambas de um amigo que compôs para algumas agremiações da Virtuafolia e por pouco não fui alijado por outro amigo, o vice-presidente da Liga e meu próprio colega de SAMBARIO, João Marcos. Este, amoroso à causa da LIESV, sintetiza o conservadorismo LIESViano ao deixar claro que não perdoaria nem sua própria mãe caso ela ou outro mais chegado desobedecessem o regulamento. Ou seja, tolerância zero! Até concordo com a exclusividade aos carnavalescos, porém creio que vetar os compositores de concorrerem em outras ligas como a Virtuafolia já é um pouco de exagero por parte da LIESV, pois vai que alguma agremiação de lá desenvolve um enredo interessante, atiçando a vontade do compositor em fazer um samba-enredo pra aquele tema. E depois, compor um samba não é tão trabalhoso quanto desenvolver ala a ala, carro a carro de um desfile... um samba-enredo pode ficar pronto em apenas uma hora, dependendo da inspiração do momento. Mas é uma regra e, embora um tanto severa, é fundamental para centralizar a organização da Liga.

LIESV x Virtuafolia - Pra se ter uma idéia das diferenças entre as duas ligas, enquanto a liberal Virtuafolia autoriza os compositores a concorrerem usando pseudônimos como Marquês de Pombal, Visconde de Sabugosa, Tiãozinho Cruz Credo, Seu Madruga e Nhonho, a conservadora LIESV exige dos membros de suas agremiações o CPF de cada um. Outro episódio que marca a diferença das duas ligas: o nome da Passarela Virtual da LIESV é João Jorge Trinta, natural homenagem ao grande carnavalesco. Já a galera da Virtua batizou seu Sambódromo de... Sérgio Porteleandro, num reconhecimento ao irreverente forista do Espaço Aberto do site Galeria do Samba fã do Finasa/Osasco, Natália do Vale e Thaeme Marioto que se auto-reconhece como "o único torcedor da Portela e da Leandro de Itaquera ao mesmo tempo". Como a Virtuafolia ainda é uma liga novata, ainda parece um tanto imatura na divulgação de seus eventos, com atualizações bissextas de seu site e uma comunidade no Orkut às moscas. Mas com o carinho e a dedicação de seus membros, a Virtuafolia tende a crescer a fim de chegar ao patamar de organização e seriedade da LIESV. Até porque, mesmo pra uma liga mais liberal e descompromissada, organização é fundamental! Menos mal que a Rádio Manchete AM 760 ajuda na divulgação da Virtuafolia no programa Cidade do Samba, mas fica a dica por minha parte de atualizarem também o site e a comunidade do Orkut com mais freqüência. Neste link há mais detalhes sobre o racha na LIESV que motivou a criação da Virtuafolia. Você também pode conferir a recém-inaugurada Rádio da LIESV, que apresentará não só as notícias e os sambas da LIESV como também mostrará o histórico do carnaval do Rio e de São Paulo. A atual fase no carnaval virtual é de escolha de sambas-enredo, e o SAMBARIO estará acompanhando de perto as obras que levarão o folião virtual ao delírio. Os desfiles estão marcados para o mês de julho. É o carnaval virtual que, em virtude dos fortes acontecimentos nos bastidores, se torna cada vez mais... real!

Centenário colorado - Solução para o fim da balbúrdia? - Cada vez estou mais apreensivo com a insistência dessa papagaiada do presidente da Viradouro, Marco Lira, em querer alterar a letra do clássico salgueirense de 1969 "Bahia de Todos os Deuses" para o próximo carnaval. Ele chegou a marcar uma reunião com a diretoria da escola, mas mudou de idéia alegando problemas pessoais. Minha esperança é que este adiamento da reunião sirva para conscientizá-lo do crime que este senhor estará cometendo contra o carnaval e sua história. Também acredito que a sempre centrada diretoria do Salgueiro não irá jogar seu glorioso passado pelo ralo por qualquer dinheiro que ofereçam pela liberação do clássico samba-enredo. Bem que o presidente da LIESA, Jorge Castanheira, poderia deixar de lado os interesses financeiros que hoje assolam nosso carnaval a fim de dar o seguinte susto nas duas escolas: se levarem essa história adiante, serão desfiliadas sem dó e sem piedade. Se eu fosse o Castanheira, juro que faria esta ameaça! A Viradouro pela afronta à memória do carnaval e o Salgueiro por permitir esta barbaridade. Como sei que esta dita ameaça não irá ocorrer, até porque deve haver um jogo de interesses por debaixo dos panos, minha outra esperança é o possível enredo sobre o centenário do Internacional. Segundo o colunista de O Globo Ancelmo Góis, o clube gaúcho estaria oferecendo a bolada de R$ 4,5 milhões para a escola que desejar desfilar com o tema. A preferência seria por uma agremiação vermelha e branca do Grupo Especial. E temos Porto da Pedra, Salgueiro... e Viradouro. Tudo bem que sou contrário a enredos patrocinados, embora sejam uma necessidade para a grandeza atual da festa, e também estou consciente de que, até hoje, nenhum enredo sobre futebol foi bem sucedido na avenida (à exceção de "O Mundo é uma Bola", da Beija-Flor em 1986). Mas, pela salvação da história do carnaval, se o Inter realmente estiver oferecendo esta grana (o que a princípio foi negado pela diretoria do clube), o que Marco Lira está esperando para pôr suas mãos nesses R$ 4,5 milhões? Melhor Paulo Barros construir um abre-alas reproduzindo o Estádio Beira-Rio com craques colorados como Falcão, Figueroa, Paulo César Carpeggiani, Valdomiro e Fernandão batendo uma bolinha ou um carro com uma escultura de Adriano Gabiru (acima à esquerda, autor do gol contra o Barcelona no Mundial de 2006) ou até mesmo a bateria do Mestre Ciça vir fantasiada de saci do que ver o clássico "Bahia de Todos os Deuses" ser arruinado por um presidente maluco.

Danielle Nascimento na Portela - A contratação por parte da Águia da herdeira de Vilma Nascimento está enchendo os portelenses de orgulho, pois a aquisição da porta-bandeira não deixa de significar uma volta às origens. Danielle havia sido dispensada pela Tradição dias antes do carnaval, o que acaba por reacender o já tradicional debate sobre a provável fusão da combalida escola de Campinho com a Portela. Chega a constranger o fato do presidente da Tradição, Nésio Nascimento, ter de desmentir anualmente a dita fusão, que na verdade não passa de um desejo dos portelenses em voltar a contar com os sambistas que deixaram a Águia depois do carnaval de 1984. Confesso que até eu acho a fusão uma boa idéia, pois a Tradição, infelizmente, amarga uma trajetória descendente e a tendência é cair cada vez mais... É difícil negar que a união à Portela seria positiva para os dois lados. Até porque a Águia comemora 85 anos de fundação (contando a época em que se chamou "Vai Como Pode") vivendo uma fase próspera graças ao equilíbrio financeiro proporcionado pelo presidente Nilo Figueiredo (E), que resultou no festejado quarto lugar de 2008 e a volta ao Sábado das Campeãs depois de dez anos.

O celular do Quinho - Essa pérola carnavalesca da Internet bate de frente com clássicos da ignorância virtual comoo rapaz que queria "baixar" um leitor de DVD ou o infeliz que pensava que o Google Earth era ao vivo e mandou o amigo acenar pra ele pra ver se o enxergava em tempo real no software. Às vésperas do carnaval de 2006, um usuário do fórum Espaço Aberto do site Galeria do Samba alertou para todos da curiosidade que SÓ ele havia percebido: que era possível ouvir o celular do Quinho (D) tocando durante a faixa do Salgueiro no CD de 2006. Segundo nosso estimado amigo, o celular tocava quatro vezes entre os trechos "infinito mundo colorido" e "o divino dom de renovar" nos tempos de 1:26, 1:40, 3:32 e 3:46 da faixa. Não se pode considerar isto ingenuidade. Vou além: é burrice mesmo! Ele se referia à sonoplastia colocada no samba neste trecho, no disco. Até porque, nos álbuns atuais de samba-enredo, essas sonoplastias (dispensáveis) são corriqueiras. E depois, nunca um toque de celular vazaria numa gravação de disco, em função dos recursos de mixagem. E ainda mais ecoando exatamente no mesmo trecho cantado. Conclusão: ou o cidadão estava a fim de tirar uma de nossa cara ou simplesmente não sabe onde fica seu nariz. São "causos" folclóricos como este que cultuam cada vez mais a emergente era da informática.

Links de downloads corrigidos - Recebi algumas reclamações de links quebrados na seção Downloads. Não seja por isso: todos foram corrigidos. Este contratempo ocorreu em função da irregularidade de servidores como RapidShare e TurboUpload, que deletaram os arquivos originais com a inatividade dos downloads. Agora, todos os discos e sambas pra download do SAMBARIO passam a estar disponibilizados unicamente pelo 4shared, que possibilita o controle dos arquivos a quem possui a conta, ou seja, não há a possibilidade dos sambas serem deletados automaticamente, estando sempre à disposição do internauta. Assim, voltam ao ar os discos do Grupo Especial de 1976, 1979 e 1990, o Esquenta na Sapucaí de 1998, e os discos com faixas de bateria "Batucada Brasileira" e "Obrigado Bateria", até então todos offline. Ao mesmo tempo, o SAMBARIO está adicionando o inigualável álbum do Grupo de Acesso de 1983 (capa à esquerda), um dos melhores discos de sambas-enredo de todos os tempos em função do soberbo registro fonográfico de cada obra. Obras-primas como "A Visita de Ony de Ifé a Obá de Oyó" (Unidos do Cabuçu), "Santos e Pecadores" (Império da Tijuca), "Senta que o Leão é Manso" (Unidos de Lucas), "Vamos Falar de Amor" (Tuiuti) e "Orfeu do Carnaval" (São Carlos) são entoados numa cadência esplendorosa que representa o ápice da qualidade dos álbuns de samba-enredo na época. Também somos brindados com uma senhora interpretação de Sobrinho para o samba da Unidos de Bangu "Obrigado, Brasil". Enfim, esta preciosidade é mais um presente que o SAMBARIO fornece a todos os bambas.

Muito obrigado, Mestre Louro!