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Coluna do Cláudio Carvalho

O RIO DE JANEIRO CONTINUA INDO...

Os amigos que me acompanham nesse espaço hão de me desculpar pela ausência ao longo do ano que passou, mas confesso que, diante do quadro que se instalou nos bastidores do carnaval carioca, não vinha encontrando muita motivação para escrever. Como é do conhecimento de todos, a tal “Operação Furação” não deu em nada, contraventores permaneceram “foragidos” durante a cerimônia de entrega do troféu aos melhores jogadores do último Campeonato Brasileiro e até o Fernandinho Beira Mar teve um ensaio da Mangueira dedicado a ele pelo ex- presidente da verde e rosa.

As vezes me pergunto se não seria bom termos, ao invés do Guimarães, um outro Capitão no carnaval: o Nascimento, de Tropa de Elite. Recebi um e-mail que continha um texto falando sobre isso. Não me lembro quem era o autor, mas cabe dizer que gostei do que li. Devo esclarecer que não sou fã do personagem interpretado por Wagner Moura, mas diante de tanta notícia ruim, a gente acaba perguntando pra si mesmo se o incorruptível capitão do BOPE, ou alguém similar, não seria a solução para o nosso carnaval, já que, como diz Marcelo D2, o momento é de caos. Perto do que temos hoje em dia, um Natal da Portela seria Madre Tereza de Calcutá, e os “anos portelenses”, para as outras escolas, seriam o Diário de Polianna.

Não quero discutir o mérito do título da Beija-Flor. Acho que a escola mereceu, pelo que fez na avenida. A questão é muito mais complexa. Pegue-se o resultado de todos os carnavais da história do Sambódromo e veremos que, com raríssimas exceções, as campeãs não foram escolas ligadas à contravenção. A coisa, portanto, vem lá de traz, mais precisamente do ano de 1984, quando os bicheiros resolveram formar uma liga para dividir o bolo entre eles. De 2005 pra cá, tais mandatários resolveram diminuir o número de escolas no Grupo Especial. O raciocínio é lógico: com menos gente para comer, sobram fatias cada vez mais generosas.

É ilusão da nossa parte achar que escolas como Portela, Mangueira, Império, Salgueiro, Vila Isabel e Estácio (apenas pra ficar nas mais tradicionais) vão ganhar o carnaval por fazerem o desfile mais bonito. As escolas de Madureira passaram duas décadas paradas no tempo, perdendo pra si mesmas e promovendo uma inútil caça às bruxas. Quando resolveram acordar para a vida, já não faziam mais parte do sistema. O tempo de amadorismo, como diz o Capitão Peruca, acabou. Hoje em dia não se brinca carnaval, se disputa carnaval, afinal é o dinheiro que manda. A Mangueira também demorou, mas percebeu isso antes das duas co-irmãs, e hoje é uma escola descaracterizada, que só vende fantasias pela internet. Pagou um preço demasiado alto para se manter na disputa. As polêmicas envolvendo seu ex-presidente e o Ivo Meireles só aumentam o sofrimento dos mangueirenses de verdade. Salgueiro e Vila Isabel já fizeram parte do sistema e hoje reclamam dele. Parecem o Capitão Fábio do filme, que fica se remoendo após perder os pontos de jogo do bicho para o seu comandante. Por fim, a Estácio. Sinceramente, não sei o que dizer dela. Achei que a escola tivesse voltado pra ficar, e não entendi nada quando ela caiu. Parecia estar forte politicamente, o que não é bom sinal nos dias de hoje, mas ficou em último lugar no ano passado. Até a bateria, tida por muitos como a melhor do carnaval carioca, não tirou uma nota dez sequer.

Estranho, como tudo que cerca os bastidores da maior festa popular do mundo. Estranho como tem sido os resultados dos últimos desfiles, tanto no Grupo Especial como no Acesso, ou alguém acha que lá, onde não tem Rede Globo transmitindo, é diferente? Se for, é pra pior. Ouvi dizer que esse ano tudo vai ser diferente. Uma agremiação que está há muito tempo sem ganhar seria campeã. Cheguei a pensar na Portela, afinal o Comandante Nilo conseguiu uma bolada em dinheiro para as escolas junto ao Governo Federal. Pensei em como seria bom se o Império ganhasse o Acesso e Madureira fizesse uma dobradinha, mas não quero me iludir com relação a isso. Acho que vai dar Beija-Flor de novo, afinal, a passarela do samba carioca virou quintal das escolas fluminenses. Os caras vem aqui, “tiram onda”, “dão o jeito” deles e ninguém vai preso! Se for, é só de mentirinha... É preciso chamar o Capitão Nascimento, se ainda houver tempo.

Cláudio Carvalho
clau25rj@hotmail.com