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SEIS REEDIÇÕES MARCANTES DO GRUPO DE ACESSO
Liberadas
a partir do carnaval de 2004 como parte das comemorações
dos 20 anos do Sambódromo, as reedições cairam em
desuso no Grupo Especial ao longo do tempo. Nos Grupos de Acesso, da
Série Ouro à Avaliação, tem sido um recurso
presente, seja em maior ou menor proporção - única
exceção ao carnaval de 2012, quando todos os grupos
apresentaram temas inéditos.
Considerando todos os grupos - Especial, Séries Ouro, Prata, Bronze e Avaliação - já foram feitas 54 reedições em 17 carnavais. Esse número aumentará para 57, com as reedições de Estácio de Sá na Sapucaí e Arrastão de Cascadura na Intendente (ambos enredos de 1995) e Em Cima da Hora (1984) - o Arame de Ricardo reeditará o samba de 1981, mas com um enredo atualizado. Esse número subiria para 58 caso a União da Ilha não desistisse da releitura de Fatumbi. E, claro, não consideramos as reedições de Império Serrano em 2008 (1972) e Paraíso do Tuiuti em 2010 (1990), ambas com sambas diferentes dos originais.
Embarcando
nesse universo de reedições do acesso, a coluna decidiu
listar as seis que a editoria considerou marcantes, independentemente
de colocação. É claro que numa lista
difícil de elaborar faltaram algumas menções como
Império da Tijuca 2006 (1986), Jacarezinho 2008 (1992) e
Tradição 2007 (1994 - aqui, numa prova de que
reedições são marcantes também para o mal).
É importante também mencionar que a reedição de 1981 da Imperatriz Leopoldinense,
tão marcante quanto aos seis que formam a lista final,
não foi incluída por ter sido feita no último
carnaval (2020) e pelo parâmetro ser direcionado às
escolas que atualmente estão nos grupos de Acesso.
Introdução feita, vamos ao cartaz principal. Prepara a breja e vamos curtir esse "desfile das campeãs" de reedições no Acesso. "Chico Mendes, o Arauto da Natureza" - Lins Imperial 2007 (original de 1991) Enredo mais famoso da verde e rosa, o tema em homenagem a trajetória do líder seringueiro e ativista ambiental regressou ao Sambódromo dezesseis anos depois de sua apresentação original. O não menos famoso samba-enredo foi interpretado por Celino Dias, o mesmo intérprete de 1991 - era o único a cantar no desfile original e na reedição até Ernesto Teixeira nos Gaviões da Fiel, quando ela reapresentou, em 2019, o enredo de 1994. Se em 1991 a escola acabou rebaixada, em 2007 a sorte sorriu pra Lins, que conquistou o título do Acesso B e o passaporte para o Acesso A no ano seguinte. "Arte Negra na Legendária Bahia" - Estácio de Sá 2005 (original de 1976) Quem imaginaria uma Sapucaí cheia em plena terça-feira de carnaval nos anos 2000? Os desfiles do Grupo B no Sambódromo, historicamente, eram esvaziados de público, com uma ou outra exceção. Uma dessas exceções foi em 2005, graças a uma "ilustre" presença na terceira divisão do carnaval carioca. Numa noite que tinha Lins Imperial, Arranco e Unidos de Lucas, com passagens pela elite, a Estácio de Sá era a escola mais aguardada da noite, mesmo num dos piores momentos de sua história. Para trilhar o caminho da reconstrução, a vermelha e branca do São Carlos revisitou seu enredo de 1976, o único de temática afro da história da agremiação. A histórica obra composta por Caramba, Caruso e Dominguinhos do Estácio embalou o Leão a conquistar o título do Acesso B e a passagem de volta ao sábado de carnaval. Esta conquista, aliás, daria início a exitosa trilogia de reedições do Velho Estácio, continuada com o título do Acesso A em 2006 (com "Quem é Você? (Vem de Lá)", de 1984) e o retorno ao Grupo Especial no desfile de 2007 (com "O TiTiTi do Sapoti", 1987). "Oferendas" - Unidos da Ponte 2019 (original de 1984) 35 anos depois, a agremiação de São João de Meriti revisitou um de seus mais conhecidos enredos para marcar sua volta à Sapucaí após doze carnavais. O considerado "be-a-bá dos orixás" voltou a avenida debaixo de uma chuva colossal que desabou sobre o Rio de Janeiro na sexta-feira de desfiles. E conseguiu o décimo lugar, melhor colocação de uma escola vinda da Intendente Magalhães desde a criação da atual Série Ouro. "Os Sertões" - Em Cima da Hora 2014 (original de 1976) Num expediente que será repetido no próximo carnaval, a azulina de Cavalcanti regressou a Sapucaí trazendo de volta um clássico tema de sua históra. A versão carnavalizada para a obra homônima de Euclides da Cunha passou pela avenida 38 anos depois da apresentação original. O mítico samba-enredo assinado por Edeor de Paula (1932-2020), pela primeira vez ecoado no palco inaugurado em 1984, teve a responsabilidade de embalar a abertura daquele carnaval. Fazendo as pazes com a história, conforme o editor deste site Marco Maciel descreveu à época, a Em Cima da Hora terminou em 13° lugar, conseguindo assim sua permanência no segundo grupo. "Olubajé, a Festa da Libertação" - Difícil é o Nome 2006 (original de 1994) O enredo originalmente assinado por Paulo Menezes, que deu a escola de Pilares o título do Grupo de Acesso B em 1994, voltou a desfilar no mesmo Acesso B - e na mesma Sapucaí - doze anos depois. O belo samba de Deni Poeta, Joel José, Paulo Roberto e Jair Sapateiro até então era desconhecido de boa parte do público, já que na época os sambas do terceiro grupo ainda não tinham registro em CD ou LP, cabendo o privilégio a quem compareceu aos desfiles do então Grupo 2 no Sambódromo e o escutou ao vivo doze anos antes. Na reedição de 2006, a Difícil é o Nome conseguiu o sexto lugar com uma boa apresentação. "O Amanhã" - Boi da Ilha do Governador 2006 (original da União da Ilha de 1978) Um dos maiores clássicos da discografia da União da Ilha e do carnaval brasileiro passou pela primeira vez pela Marquês de Sapucaí quase 40 anos depois de seu desfile original. "Como será o amanhã / Responda quem puder / O que irá me acontecer / O meu destino será como Deus quiser" ecoaram pela primeira vez no Sambódromo em 2006 atráves da vizinha da União, o Boi da Ilha do Governador. No ano com o maior número de reedições num mesmo grupo, o Boi terminou com o décimo lugar.
Carlos Fonseca |
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