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BIRA QUININHO

BIRA QUININHO

       

    

       Nome completo: Ubirajara Brás Augusto

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       Ano de nascimento: 1942     

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       Ano de falecimento: 1975

       

                                                                   

   
Alguns nomes da MPB ficaram marcados na história por terem composto canções alinhadas ao ufanismo que interessava ao regime militar (1964-1985), como, por exemplo, a dupla de cantores irmãos Dom e Ravel, que, no final dos anos 60, fizeram a música “Eu te amo meu Brasil”, criticada até hoje por ter sido utilizada como propaganda da ditadura.

O mesmo ocorreu no carnaval, com uma então pequena escola de samba da Baixada Fluminense, a Beija-Flor de Nilópolis, que em 1975 entrou na avenida com um enredo intitulado “O grande decênio”, no qual exaltava as realizações da primeira década do regime militar implantado no país 11 anos antes.

Coube ao compositor Bira Quininho ter sido o autor e o intérprete do samba que embalou a escola naquele desfile e que surpreendentemente – ou não – classificou a escola em 7º lugar (entre 12 concorrentes) e manteve a azul e branco de Nilópolis no Grupo Especial.

O sambista nasceu no bairro de Santa Eugênia, na cidade de Nova Iguaçu, também município da Baixada, e iniciou na ala de compositores do então bloco Leão de Nova Iguaçu. Um ano antes do “grande decênio”, Bira participou da coletânea “Samba é isso aí, gente boa!”, pela gravadora CBS. O LP reuniu nomes ligados às escolas de samba, mas que não eram muito conhecidos do grande público, como o próprio Bira (Leão de Nova Iguaçu e Beija-Flor), Antonio Grande (compositor e puxador da Vila Isabel nos anos 70), Luis Grande (que anos depois fora compositor de vários sucessos de Bezerra da Silva e integrante do Trio Calafrio), Joãozinho da Pecadora (portelense, que também participou da histórica série de partido-alto “Partido em 5” e “Partido em seis”), e Dinalva (salgueirense, que em 1976 registrou sua voz no disco dos sambas enredo interpretando “Valongo”). No disco, Bira participou de quatro faixas, entre elas, “Eneida, amor e fantasia”, samba derrotado de Zuzuca para o Salgueiro em 1973 e que fez um estrondoso sucesso na voz de Jair Rodrigues naquele carnaval.

A cabeça do polêmico samba da Beija-Flor de 1975 tinha como versos: “É de novo carnaval/ Para o samba este é o maior prêmio / E o Beija-Flor vem exaltar / Com galhardia / o grande decênio / Do nosso Brasil que segue avante / Pelo céu, mar e terra / Nas asas do progresso constante / Onde tanta riqueza se encerra / Lembrando PIS e PASEP / E também o FUNRURAL / Que ampara o homem do campo / Com segurança total”. Plenamente adequado com o que se propunha a escola: exaltar a primeira década do governo militar. No entanto, a Beija-flor ficou marcada justamente por escolher enredos que fizessem propaganda da ditadura, como na trinca 1973-74-75. E o nome de Bira Quininho, um sambista de bela voz e que cantava batucando em uma caixa de fósforos, conforme a estirpe da velha malandragem (que não se fabrica mais), ficou estigmatizado por ter composto o terceiro e último samba dessa trilogia de ode à gestão verde oliva.

No entanto, Bira (que ocupava o posto de puxador de samba da agremiação de Nilópolis) não teve tempo de ser hostilizado em vida, falecendo precocemente, logo após o carnaval de 1975. Após sua morte, Cabana, compositor histórico da Beija-Flor, apresentou ao patrono, Aniz Abraão David (Anísio), para ocupar o posto de cantor da escola, um jovem também oriundo do bloco Leão de Nova Iguaçu, que atendia pelo apelido de Neguinho da Vala. O novato disputou e venceu o concurso que escolheu o samba para o enredo “Sonhar com rei dá leão”, assumiu o microfone da escola e mudou o nome para Neguinho da Beija-Flor. O resto é história.

No ano de 2013, Bira Quininho foi citado em verbete no livro "Frutos da terra: sambas e compositores iguaçuanos", organizado por Otair Fernandes e Edna Inácio da Silva e Silva, publicado pelo Núcleo LEAFRO (Laboratório de Estudos Afro-brasileiro e Indígenas), da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/UFFRJ. Na publicação, aparecem, nomes de sambistas como Jairo Bráulio, Pinga, Adilson Magrinho, entre outros.

 
Início: bloco carnavalesco Leão de Nova Iguaçu, na década de 60. Depois, passou a frequentar a Beija-flor de Nilópolis.

GRITO DE GUERRA:
não tinha. Bira Quininho é do tempo em que não era característica dos intérpretes terem grito de guerra.

CACOS DE EMPOLGAÇÃO:
“simbora gente”; “é isso aí minha gente”; “ó o beija-flor aí”; “e diz de novo aí”; “de novo”; “vai”.

SAMBAS DE SUA AUTORIA:
“O grande decênio” (Beija-Flor/1975)

DISCOGRAFIA:
- Samba é isso aí, gente boa! – gravadora CBS (1974). Coletânea de partido-alto com Bira Quininho, Antonio Grande, Luis Grande, Léo Costa, Dinalva e Joãozinho da Pecadora.
- Disco Sambas enredo Grupo 1 (1975)


MAIS FOTOS DE BIRA QUININHO



Capa do disco "Samba é isso aí, gente boa" (1974)

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